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História Soulmate - First love


Escrita por: myavengedromanc

Capítulo 2 - First love


Estava no meu último ano do ensino médio quando me vi completamente cego de amor por Robert McCracken. Como alguém conseguia ser tão desleixado e atraente ao mesmo tempo? Às vezes eu pensava que seus olhos azuis tinham algum tipo de feitiço, ou seu sorriso de lábios finos era o que me encantava... Bom, realmente não sei, mas eu era totalmente louco por aquele garoto e estava determinado a fazer algo para chamar sua atenção.  

 A formatura estava chegando e com isso vinha o baile. Estávamos naquele momento em que as garotas vestiam as melhores roupas para chamar atenção de qualquer rapaz para ser seu par. E os garotos disputavam a atenção das mais bonitas e faziam o impossível para ter coragem de convidar para aquela maldita noite. E tinha eu, que ajudava os amigos e em troca eles precisavam descobrir se Bert tinha alguma atração por garotos.  

Graças a Frank, meu melhor amigo, consegui a incrível informação de que McCracken não via problema em beijar meninos. Sabe, Frank é esse tipo de pessoa que conhece todo mundo, apenas por ser simpático, e no meio de alguma festa que frequentava em uma noite qualquer... Lá estava o meu Bert beijando outro. E como meu melhor amigo é alguém muito controlado, saiu correndo da festa, invadiu minha casa, mais precisamente entrou pela janela do meu quarto aos berros, apenas para dizer que a porcentagem de minhas chances havia aumentado bastante. E desde aquela noite, acho que sou o cara mais esperançoso daquele colégio.  

 -Você já convidou alguém para o baile? –Perguntei apenas para quebrar o silêncio na nossa mesa do almoço, que por sinal se encontrava muito vazia, não fazia ideia de onde meus amigos estavam. Frank pareceu se assustar um pouco com a pergunta, mas parou de comer para responder.  

 -Ainda não. –Deu de ombros, e suspirou. –Acho que não vai ser tão fácil assim. –Abaixou o olhar, cutucando a comida com o garfo.  

 -Do que você está falando?  

 -Quem eu quero, não me quer. –Eu quase ri com sua frase clichê, mas vi que não era uma boa ideia por ele ter suspirado entristecido. –Mas vamos esquecer isso, vou deixar o tempo passar, se sobrar alguém até o final do mês, eu convido. –Umedeceu o lábio e se ajeitou melhor na cadeira. –Ou vou sozinho mesmo.  

-Frank, você está me escondendo algo? –Me curvei um pouco, apoiando os cotovelos na mesa para ficar mais perto. Ele apenas negou com a cabeça e voltou a comer. –Não estou acreditando que você realmente vai ficar de frescura.  

 -Você deveria estar pedindo a mão do Bert em casamento em vez de ficar aqui me enchendo o saco.  

 -Não mude de assunto! –Minha voz ameaçadora foi o suficiente para fazê-lo parar de comer novamente e me fitar, recostando-se no assento da cadeira e cruzando os braços. –Quem você quer?  

 -Gerard Way, eu quero você. –A voz raivosa e sua expressão fechada me fez estremecer. Odiava quando ele agia assim, Frank realmente sabia ser sarcástico de uma forma irritante. –Satisfeito?  

 -Para de brincadeiras e fala logo. –O imitei, sentando-me encostado e cruzando os braços. –Tem centenas de garotas bonitas que você conversa todo dia, eu não sou nenhum adivinho, sabia?  

 -Você deveria prestar mais atenção em mim as vezes, isso seria o suficiente para você saber de quem estou falando. –Nossos olhares pareceram entrarem em uma batalha, mas ele desviou para olhar algo por cima de meus ombros. –De qualquer modo, seu namorado está vindo para cá. –Ele pegou sua bandeja e levantou. –Boa sorte.  

 Olhei para trás e vi Robert McCracken vindo em minha direção com aquele maldito sorriso encantador. Senti minhas bochechas esquentarem imediatamente, o pânico tomou conta de mim e... Droga, eu nem sequer tinha Frank para me dar um apoio moral. O que eu faria?  

-Oi, Gerard. –Ele parou em pé ao meu lado, fazendo-me estremecer com sua aproximação. Abri a boca para cumprimenta-lo, mas minha voz tinha sumido. Ele notou meu nervosismo e riu baixinho. –Posso me sentar aqui com você?  

 Eu assenti como um débil mental e quis me matar por estar agindo assim, afinal, essa não era a primeira vez que eu falava com ele, essa com certeza não era a primeira vez que eu ficava perto dele, mas essa era a primeira vez que eu estava sozinho com ele. E como se não bastasse isso, Bert não se sentou onde Frank antes estava, fez questão de se acomodar na cadeira ao meu lado, deixando nossos ombros com uma distância mínima.  

 Via pela minha visão periférica que ele estava olhando diretamente para minha face, ou melhor, para a lateral de meu rosto, já que eu não tive coragem de parar de olhar para frente. Tinha certeza que aquele sorriso estampado no rosto dele era por saber que eu estava vermelho por causa de sua presença, mas o que realmente estava me matando, era o silêncio que se seguiu, não conseguia me mover nenhum centímetro sabendo que ele estava me observando daquela forma.  

 -Então... –Foi ele quem começou a falar. –Você já pode respirar, desse jeito vai acabar morrendo. –Meus olhos quase saltaram de meu rosto quando notei que eu realmente estava prendendo a respiração, como se o oxigênio não fosse tão importante assim, soltei o ar um pouco envergonhado e escutei mais uma vez sua risadinha. –Sabe, eu sou o tipo de cara que gosta de fazer a diferença. –De repente ele começou, eu assenti mostrando que eu estava prestando atenção no que dizia. –E acho que esse baile de formatura precisa de algo que ninguém espera. –Fez uma pausa, e eu por impulso virei meu rosto para olhá-lo. Senti um choque percorrer minha espinha quando o azul de seus olhos foi tudo o que consegui enxergar. –Tipo... Um casal gay. –Ele sussurrou e mordeu levemente o canto do lábio inferior, eu sabia que estava sendo um pouco invasivo, olhando seus lábios daquele jeito, mas meu coração estava acelerado, o desejo parecia crescer cada vez mais e eu não tinha certeza se ainda estava vivo. –O que você acha da minha ideia?  

 -Ahn... E-eu acho bem legal. –Foi tudo o que consegui dizer por ainda estar muito encantado com o quão próximo nossos rostos estavam.  

 -Mas tem um pequeno problema.  

 -Qual?  

 -Eu notei que os garotos daqui do colégio não gostam muito de outros garotos. –Ele fez uma expressão teatralmente entristecida. –Quer dizer, acho que você é o único. –O sorriso voltou a tomar conta de seus lábios vermelhos. –E seria um grande problema para meu plano se você já tiver um namorado.  

 -Eu não tenho um namorado. –Minha voz era mínima e apressada, a expectativa para o que estava por vim crescendo.  

 -Sério? –Agora a surpresa tomou conta de seu rosto, e eu tive a visão privilegiada de como seus olhos pareciam brilhar com intensidade. –Então acho que hoje é meu dia de sorte, não é todo dia que garotos bonitos assim estão solteiros... –No momento em que escutei aquilo, pensei “Eu estive aqui o tempo todo, idiota!”, mas preferi ignorar minha mente, afinal, não é todo dia que temos um flerte de Robert McCracken. –E o baile já é mês que vem, acho que já está mais do que na hora de eu ter a coragem de te perguntar isso. –Sabia que eu estava parecendo uma garotinha apaixonada naquele momento, mas meu mundo realmente parou, não conseguia acreditar que estava vivendo aquilo. Meu estômago deu cambalhotas com a ansiedade do que estava por vim. –Gerard, você... –Ele fez uma maldita pausa, enquanto seus olhos passeavam por meu rosto, fitando intensamente os meus, para depois olhar minha boca e voltar aos meus olhos. –Você aceita ir ao baile comigo?  

Soltei um suspiro leve, seguido de um sorriso aliviado. E ele sorriu de volta, prendendo o lábio inferior com os dentes, em um ato de nervosismo, esperando por minha resposta.  

-Sim. –Minha resposta veio em uma voz firme, que nem eu mesmo esperava. Mas caralho, estive sonhando com isso por tempo demais, agora que era realidade parecia ser menos absurdo do que sempre imaginei. –Eu aceito ir ao baile com você.  

Assim que Bert deu um beijo em minha bochecha e se levantou da mesa sorrindo, voltando a se sentar com seus amigos, me deixando atônito em meu lugar, vi o quanto tínhamos chamado atenção. O refeitório estava em silêncio, todos olhando para minha cara, mas eu ainda não estava raciocinando direito. Eu só precisava de Frank. E não demorou para ele aparecer em meu campo de visão, todo afobado, me puxando para que eu me levantasse e o seguisse para qualquer outro lugar onde não tivesse os olhos curiosos me observando. E eu não sabia se ele estava muito feliz por mim ou triste por ainda não ter com quem ir ao baile, mas estava surtando junto a mim e realmente parecíamos dois idiotas.  

De qualquer modo, passei o dia inteiro nas nuvens. Até deixei Frank dirigir meu carro para me levar para casa, porque era capaz de eu sofrer um acidente e morrer antes de conseguir beijar Bert.  

Frank passou a tarde comigo, fez questão de contar para meu irmão o quão otário eu ficava perto de Bert, o que resultou em uma tarde inteira de comentários estúpidos. Mas eu não ligava, porque eu estava feliz demais para me importar com os dois.  

 

 

-Olha, eu realmente amo você do jeito que você é, mas para com essa cara de garotinha apaixonada, está começando a me assustar. –Mikey precisava dizer isso no jantar, é claro que precisava, ele não perderia a oportunidade de me envergonhar na frente de nossos pais. Frank, que estava jantando com a gente, soltou uma risadinha, recebendo uma cotovelada de minha parte. –Não sou obrigado a aguentar seus suspiros por causa do novo namorado.  

Meus pais ficaram em alerta, ambos me fitando como se eu tivesse o segredo mais fascinante de todos, e eu quis rir da cara deles, mas, eu já estava sorrindo todo bobo ao ter certeza que essa era a hora de contar pra eles sobre Bert.  

Nunca houve problema algum sobre minha sexualidade, meus pais aceitaram bem o fato de eu ser gay e acho que ficariam felizes por eu poder ir à formatura com um garoto. Então não me surpreendi quando minha mãe abriu um sorriso enorme e meu pai me analisou esperando que eu falasse algo.  

-Não é nada demais. –Dei de ombros um pouco envergonhado. Frank colocou a mão em minha coxa por baixo da mesa, me encorajando a continuar. –É só que um garoto do colégio me convidou para ir ao baile de formatura.  

-Preciso ressaltar que é o garoto que o filho de vocês está perdidamente apaixonado a alguns meses. –Frank disse, fazendo todos rirem e eu ficar mais vermelho.  

-Para de ser idiota. –Dei um tapa leve em sua mão, e ele tirou de minha coxa enquanto ria. –É somente um baile, não é como se a gente tivesse namorando ou algo do tipo.  

-Vocês quase se beijaram hoje. –Frank continuou. –Acho que as coisas podem acabar evoluindo.  

Observei seu rosto perdendo o sorriso enquanto voltava para sua refeição. Por um momento fiquei triste por Frank, se alguém ali merecia estar feliz, com certeza era ele, mas eu não sabia como ajuda-lo, eu realmente não fazia ideia de quem ele queria convidar para o baile.  

 

Durante o mês que se seguiu, me senti um tanto incomodado por ouvir meu nome em toda parte nos corredores do colégio. Todo mundo só sabia comentar sobre o “novo casal” e isso me aborrecia. Mas sim, eu estava completamente feliz por ganhar olhares cúmplices e sorrisos maliciosos toda vez que Bert me via passando na troca de aulas, ou até mesmo fazer dupla com ele no laboratório e com certeza estava adorando tê-lo almoçando em minha mesa. Mas... Era realmente necessário que todos ficassem nos olhando como se fossemos aliens?  

 Apesar disso, havia outra coisa que estava me deixando desconfortável. Frank estava estranho, e eu sabia que era por ainda não ter alguém para o baile, então depois de muita insistência de minha parte, foi atrás de alguém... E ele escolheu uma garota incrivelmente bonita e estupidamente popular. E quando eu digo popular, estou falando de uma líder de torcida que já namorou o melhor jogador de futebol americano do time do colégio. E do mesmo jeito que todo mundo pareceu se esquecer das fofocas sobre mim e Bert, Frank se esqueceu da minha existência. E eu realmente não o culpo, a garota não largava do pescoço dele.  

 Em meio ao meu “relacionamento” com Bert e as ignoradas de Frank, o dia do baile chegou mais rápido do que eu poderia imaginar. Para evitar qualquer tipo de constrangimento familiar, eu e Bert decidimos nos encontrar na porta do evento.  

 Ele estava lindo naquele terno preto e gravata azul, me senti muito sortudo por poder ter o privilégio de ser acompanhado por um garoto tão atraente e que eu verdadeiramente gostava. Também me senti sortudo por ganhar um beijo intenso e demorado antes mesmo de entrarmos na festa.  

 É, Robert McCracken soube me fazer sorrir como ninguém naquela noite. Desde o momento em que dançamos aquela música mais lenta, recebendo olhares desaprovadores e alguns admirados, até o momento de nossa saída ao qual ele fez questão de marcar com mais um beijo apaixonante e depois me levar para algum lugar mais reservado, onde conseguimos um pouco de privacidade para trocar caricias mais intensas e conversar tranquilamente.  

 Foi no exato momento em que suas mãos estavam apertando minha cintura enquanto beijava meu pescoço, me deixando com as calças cada vez mais apertadas e o calor aumentando, que escutei vozes chegando próximo de onde estávamos.  

 -Porra, tem alguém vindo. –Bert disse, me empurrando levemente para que me afastasse dele. Ele riu ao olhar para minha roupa bagunçada, enquanto a dele estava no mesmo estado. –Impossível disfarçar. 

Se era óbvio o que estávamos fazendo ali, então não vi nenhum mal em me aproximar de novo, encaixando minhas mãos em sua cintura, enquanto ele ria e falava para eu parar. Mas o que realmente me fez parar foi a voz de Frank.  

-Ops, acho que aqui já está ocupado, princesa. –Me voltei para trás, encontrando Frank e a garota, que eu nunca fiz questão de decorar o nome, de mãos dadas. Ele olhou diretamente para mim, curvou os lábios em uma tentativa de sorriso, mas logo seu semblante se tornou entristecido quando franziu a testa e deu um passo para trás. –Desculpe, eu não queria atrapalhar. –Disse em quase um sussurro dolorido.  

A sua “princesa” puxou-lhe a mão em um pedido mudo para que saíssem dali. Ele se virou imediatamente, seguindo adiante com ela. Fiquei parado, vendo seus passos apressados e seu último olhar para trás, antes de se virar decidido a apenas sair de perto de mim. Eu realmente não entendia o que eu havia feito de errado, queria apenas ter meu melhor amigo de volta, era tão difícil assim?  

As mãos de Bert rodeando meu corpo, seu peito pressionando minhas costas e o beijo estalado em minha nuca foi o suficiente para que eu voltasse a me sentir bem. Pelo menos por enquanto. Queria esquecer essa confusão com Frank.  

-Vocês brigaram? –Bert perguntou inocentemente, recebendo um resmungo em resposta. –Okay, não pergunto mais nada sobre isso.  

-Isso não importa agora. –Girei meu corpo, para poder ficar rente a ele e capturar seu lábio inferior com meus dentes, em uma mordida carinhosa. –Onde nós paramos?  

Nossas risadas ecoaram pelo local e eu tive o pressentimento de que Frank estava escutando o som de minha felicidade, seja onde ele estivesse no momento. Mas preferi não me importar, porque agora eu tinha Bert e ele sem sombra de dúvidas me tinha. E não foi apenas aquela noite que nos tornamos um só, mas por outras tantas noites que se seguiram enquanto nosso relacionamento foi ficando cada vez mais forte e eu o amava todos os dias como se ele fosse minha primeira e única alma gêmea.  

Bom, primeiro ele realmente foi, mas único... Não, ele somente foi um capítulo muito especial. 


 

 



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