História Soumis - Despertando

Um movimento brusco.

Dois movimentos bruscos.

Três movimentos bruscos.

Sons de gritos e de um nome foi o suficiente para acordar o garoto de dezenove anos, a luz que brilhava intensamente no teto fazia os seus olhos arderem e se fecharem automaticamente. Sentia o seu corpo pesar, todos os seus músculos latejarem e uma dor de cabeça infernal que o fez soltar um gemido de dor. Logo a vista do garoto se acostumou com a luz que acabou por passar a sua mão pela sua testa, tirando os fios do seu cabelo que grudava por causa do suor. Lentamente, o garoto se sentou, sua cabeça doía junto com a sua nuca queimava como o inferno. Passou a dedilhar lentamente sobre a nuca e sentiu algo diferente. Ofegou ao saber o que era...

Eram pontos. Pontos que seguia até o fim da sua nuca e o começo de sua coluna. O garoto recolheu a sua mão tão rapidamente que acabou pulando da cama onde estava, os lençóis brancos da cama perfeitamente arrumada estavam aumentando a sua dor, as paredes brancas estavam lhe causando tontura e por mais que procurasse no vale de suas memórias, não encontrava nada. Estava se sentindo sufocado. Nada dizia onde estava, o porquê de estar ali ou até mesmo o seu nome. Nada o fazia lembrar, era como se ele nunca estivesse existido. Logo um som preencheu o local, fazendo o garoto se virar bruscamente em direção ao que parecia uma porta.

– Uhn... Você acordou. – Um garoto de cabelo verde – que estava com uma tiara de orelhas de gatinho – entrou no pequeno quarto, ele tinha um par de roupas em sua mão e uma sacola de papel totalmente decorativa em outra. – Trouxe isso para você. Feito especialmente pelo Seokjin. – O garoto de cabelos esverdeados estendeu a sua mão com a sacola de papel em direção ao garoto, o fazendo se assustar e tropeçar para trás.

– Qu-quem é você? – O garoto perguntou olhando para os lados em busca de alguma coisa que servisse de arma para se defender, cause o garoto estranho decidisse lhe atacar.

– Aish... me desculpe, esqueci que você é novato. Me chamo Min Yoongi, mas pode me chamar de Suga. — O garoto respondeu colocando as roupas em cima da cama. Ele vestia um short curto que mostrava as suas pernas tão brancas que pareciam alvas, uma camisa preta tão justa no seu torsocorpo magro, um par de suspensórios e meias coloridas nos pés.

– E você sabe quem eu sou? – Perguntou andando um pouco e se aproximando do garoto estranho. Ao se aproximar viu que as bochechas do garoto eram acompanhadas ao que parecia adesivos coloridos e brilhantes, os olhos cobertos de um delineado preto que destacava a beleza do rosto do garoto estranho.

– Bom, você não deve se lembrar de nada e isso é bom. Regra número um: não tente se lembrar de nada do seu passado, isso vai lhe dar uma tremenda dor de cabeça e talvez até um sangramento nasal. – Ele respondeu esticando a sacola. – Vamos pegue, não é veneno caso esteja pensando nisso. – O esverdeado falou e o garoto pegou relutantemente a sacola e abriu ela, sentindo o cheiro de frango e algum tipo de molho invadir as suas narinas. – O procedimento para esquecer quem você é ou quem você foi é algo bom, Jimin ou o Hoseok hyung nunca nos faria algo maldoso. – Ele explicou e o garoto assentiu. – Certo, irei falar somente o que você deve saber. Seu nome é Jeon Jungkook, tem dezessete anos e nasceu na antiga Seul.

– Antiga Seul? – Perguntou confuso mordendo avidamente o sanduiche e gemendo prazerosamente. Ele estava com tanta fome.

– Sim, sabe, a alguns anos atrás, logo acima de onde estamos agora, existia uma cidade chamada Seul, uma capital bem desenvolvida e rica, não sei muito bem sobre ela. O hyung me disse que ela está totalmente destruída, não tem como viver lá. Então as pessoas que chamamos de ‘ricos’ os nossos pais fundadores tiveram a ideia de morar nos pequenos esconderijos subterrâneos, eram bem pequenos no começo, mas conseguiram expandir e agora temos a Base Um. Entendeu?

– Algo me diz que não estamos na Base Um. – Jeon respondeu mordendo o lábio inferior e vendo Yoongi concordar sorrindo fracamente.

– E não estamos. Bom, termine logo e vista essa roupa. Irei chamar o Mark, ele vai ser como um tutor para você no começo. Vai te ajudar no que precisar e depois vai te ensinar como tratar o seu dono. – Yoongi falou colocando a roupa em cima da cama.

– Meu dono? – Jungkook questionou confuso. Agora ele era uma propriedade? – E por que não você?

– Porque eu já tenho que cuidar de alguém, meu hyung me castigaria se algo acontecesse com Taehyung, aquele garoto é um problema sozinho. – Yoongi bufou e Jungkook continuou comendo enquanto encarava o garoto ainda estranho.

– Yoongi...

– Me chame de Suga. – Yoongi parecia bem desconfortável com o seu nome.

– Suga... o que é um dono? Eu fui vendido por acaso. – Jungkook perguntou e Yoongi negou prontamente.

– O Mark vai te explicar. – Ele caminhou até a porta e sorriu. – Até logo, Jungkook.

Jungkook estava lambendo os seus dedos gorduroso quando Yoongi se foi. Jeon pegou a roupa bem dobrada de cima da cama e encarou. Um suéter grosso caiu no chão, era grande e bem bonito. Tinha faixas pretas e vermelhas por todo suéter e , Jeon por algum motivo gostava daquela cor. Pegou um short curto de couro da cor preta, parecia muito com o mesmo short que Yoongi usava, ele apenas deu de ombros. Nada de meias ou suspensórios, apenas aquilo. O som da porta se abrindo soou novamente no quarto e, um garoto de cabelos loiros entrou. Ele deu um sorriso para Jeon, que rapidamente relaxou e permitiu que o desconhecido entrasse no quarto por completo. O garoto percebeu que a franja de Mark tinha uma parte pintada de rosa, e os mesmos adesivos que Yoongi tinha, os adesivos ficavam estavam espalhados pela a parte de baixo dos olhos do garoto e junto com uma porção de brilho que fazia a beleza do garoto ser percebida a metros de distância. O garoto abaixou a cabeça em um sinal de timidez.

– Olá, Jeon Jungkook, me chamo Mark Tuan. Serei o seu acompanhante até o seu dono retornar. – O garoto estendeu a sua mão e Jeon segurou dando um sorriso fraco.

– Pode me chamar de Kook, ou Jungkook... acho que fica mais fácil. – Mark assentiu e deu um sorriso.

– Claro, mas em frente dos hyung, é melhor chamar pelo o seu nome. Sem apelidos, somente nomes inteiro. Eles costumam ser bem possessivos. – Mark explicou e Jeon franziu a testa.

– Como assim?

– Yoongi explicou alguma coisa para você? Relacionado a esse assunto... – Jeon negou e Mark revirou os olhos fazendo Jeon dar uma risada. – Como sempre... o trabalho é todo meu. Vamos Kook, se vista ainda tenho que colocar a sua marca. – Mark se sentou na cama do garoto. Relutantemente Jeon assentiu, pegando a roupa e vestindo.

Seu corpo antes estava apenas coberto por uma cueca box completamente branca, então, não teria problema em vestir aquela roupa por cima da outra.

– Espera, você tem que tirar a sua cueca. – Mark interrompeu ele envergonhado e Jeon soltou um gemido de reprovação.

– Não! Por que eu tenho que tirar? – Perguntou sendo que já estava vestido com o suéter e ele era grande o suficiente para cobrir toda a cueca e deixar as pernas do mais novo exposta para quem quiser vê.

– É a regra, essas foram roupas escolhidas e compradas especialmente pelo o seu dono. Vestir ela por cima dessa cueca é uma ofensa para para ele. E como um conselho de alguém mais experiente, nunca se deve ofender o seu dono. – Mark explicou calmamente e Jeon bufou revirando os olhos.

– Aish! Poderia me explicar o que é um dono? – Perguntou esperando que daquela vez Mark respondesse a sua pergunta. Já que Yoongi ignorou a pergunta completamente e pediu para o garoto comer.

– Bom, para te explicar isso primeiramente tenho que explicar onde estamos e a cadeia na qual isso funciona. – Mark falou se deitando na cama e brincando com o seu cabelo loiro.

– Cadeia?

– Isso, é quase parecida como a antiga cadeia alimentar, mas ninguém come ninguém aqui, claro se você não levar para o lado malicioso. – Mark corou falando e Jeon soltou uma risada, o garoto voltou a encarar a pequena peça e bufou revirando os olhos. – Somos um grupo de garotos aqui, tentando sobreviver. O mundo não é mais o mesmo e apenas pessoas de bem pode viver aqui. Quer dizer... eu não sei quem eu fui e eu gosto disso, sabe? É como um alivio. – Mark falou se sentando novamente. – Sinto que posso ser quem eu realmente sou. Vivemos em uma espécie de comunidade subterrânea, temos uma boate na qual trabalhamos e é de lá que o hyung tira o dinheiro para continuar cuidado de nós. E é ai que os donos entram, muitas vezes homens vêm e até mesmo mulheres, se divertem e se quisermos a gente se diverte com eles.

– Como uma casa de prostituição. – Jungkook falou e Mark negou.

– Não, aqui nós temos o nosso direito de querer ou não. O dinheiro que nos sustenta vem das bebidas e das entradas, não vendemos nossos corpos. – Mark explicou olhando para os seus pés. – Mas temos donos, são as pessoas que nos ama e nos quer para eles. Mas infelizmente não podemos sair daqui e é somente aqui que devemos nos encontrar. Por isso o nome dono, porque somos deles.

Jungkook não falou ou expressou algo, apenas tirou a cueca branca sem ao menos se importa se Mark estava ali ou não, vestiu o short e sentiu o couro se agarrar a sua pele. Se sentia estranho, e sentia as suas partes de baixo sendo apertada e o desconforto era enorme. Ele olhou para Mark que se levantou e sorriu, o mesmo segurava alguns papeis e ao abrir, Jeon pode perceber que era uma folha inteira repleta de adesivos iguais ao de Mark, mas o dele tinha uma outra forma. Eram estrelas, brilhantes e chamativas.

– Esses adesivos são usados pelos os submissos, os seus donos gostam de ver isso nos seus submissos. Mostra um sinal de inocência e pureza, e claro que pertencem a eles. – Mark explicou e Jeon assentiu.

– Deixa eu adivinhar, meu dono que escolheu para mim? – Jeon perguntou mesmo sabendo a resposta. Mark assentiu dando uma risada e o garoto revirou os olhos.

– Venha Kook, primeiramente tenho que fazer o seu delineado. – Mark mostrou um lápis preto e Jeon fez uma careta, por dentro algo o dizia que ele não gostava daquilo. Mas ele estava em um local totalmente desconhecido, não sabia onde estava ou exatamente com quem estava. Mas ele percebeu algo, ele não tinha nada a perder. Mark começou a passar o lápis pela a linha d’água do garoto e depois fez a sua mágica. O loiro pegou as estrelas adesivas e colocou elas sobre as maças da bochecha do garoto, fazendo com que a face de bebê de Jeon transpirasse inocência. Pegou o pequeno pote de brilho e com o dedo espalhou lentamente sobre as estrelas e sobre as pálpebras do garoto. – Pronto Kook, está lindo.

Mark pegou a mão do garoto e explicou que não podia se soltar ou afastar dele. Jeon assentiu sentindo as suas pernas tremerem e o estômago embrulhar. Mark caminhou até a porta e abriu ela, mostrando um corredor feito de concreto com uma cor na tonalidade cinza. Jeon engoliu em seco e apertou firmemente a mão de Mark. O mais velho caminhou na frente de Jeon pelo o corredor extenso e frio, Jungkook não sabia que lugar era aquele, o corredor tinha várias portas como a do seu quarto, e logo deduziu que tinha muitos garotos ali. No fim do corredor encontrava-se uma porta negra, a maçaneta era de uma cor escarlate que fez Jeon se sentir ainda mais nervoso.

Estava na hora!