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História Soundtrack - Track 4: If You Can't Hang


Escrita por: MiaLehoi

Notas do Autor


If You Can't Hang é uma canção da banda Sleeping With Sirens (link nas notas finais)

Capítulo 4 - Track 4: If You Can't Hang


Stay the hell away
(Mantenha distância)
While I sit here by myself
(Enquanto eu fico aqui sozinho)
And figure out how I got this way
(E tento entender como eu fiquei desse jeito)
Before you go
(Antes que você vá)
There's one thing you oughta know
(Tem uma coisa que você precisa saber)
If you can't hang then, there's the door, baby
(Se você não pode aguentar, ali está a porta, baby)

 

Na manhã de segunda-feira o motorista deixou Carmem na faculdade e ela desfilou pelos corredores como se nada tivesse acontecido. Perfeitamente maquiada, vestindo um combo de camiseta estilosa, calça jeans rasgada nos lugares certos e botas de cano curto feitas de camurça marrom. Encontrou Denise no mesmo café de sempre, tomou um cappuccino com caramelo, cumprimentou os meninos (que usavam suas camisetas e gorros verde e preto da atlética) pelo jogo de sábado e assistiu suas aulas de estatística aplicada e introdução à contabilidade sem muito interesse.

A única coisa incomum em seu dia, até então, foi o momento em que Do Contra a puxou pela mão de um jeito desajeitado, bem na saída de sua última aula, parecendo não saber uma maneira melhor de atrair sua atenção.

- Preciso falar com você. – ele disse, simplesmente. Como se fosse normal ou esperado os dois conversarem um com o outro no meio do campus.

- Sobre? – ela perguntou, arqueando as sobrancelhas e puxando a própria mão para si. – Se você não se importa, eu preferia não ser vista aqui no meio do pátio com... Você. – o olhou de cima abaixo, fazendo uma expressão de desdém.

- Como se eu quisesse que achassem que eu tenho qualquer coisa em comum com a patricinha chata. – ele girou os olhos – Mas é sério, preciso falar contigo.

A garota fechou a cara e o seguiu quando ele começou a andar até o estacionamento. Só pela hostilidade na voz dele ela já sabia que não devia esperar nada de muito bom daquela conversa. Será que ele a chantagearia por conta do segredo sobre Cebola? Ou lhe daria alguma lição de moral? Qualquer uma das opções parecia péssima. Ela não tinha nada contra ele, mas também não tinha muito a favor. O achava irritante. Talvez por ele sempre ter sido o único menino da turma que sempre a ignorava, ou porque aquela mania de ser diferente em tudo era um saco, não importava. Só preferia que ele parasse de atravessar seu caminho.

- Eu espero que isso não demore, porque eu tenho mais o que fazer. – ela murmurou, entrando no carro dele e sentando-se no banco do passageiro com os braços cruzados.

- Tá bom, vossa alteza. Da próxima vez eu marco na sua agenda. – ele respondeu, com um tom de voz totalmente irônico. Já era a segunda vez que ele a chamava assim, ela reparou. Era ridículo e ela odiava a maneira com que soava como uma zombaria. – Você teria mesmo coragem de fazer aquilo? Quer dizer, o plano pra separar a Mônica do Cebola?

- Eu não acredito que você me trouxe aqui pra isso. – respondeu, ainda mais irritada – Por que não teria? Eu não sou a vaca megera do Limoeiro?

- Não foi isso que eu quis dizer. – ele rebateu, na defensiva.

- Olha... – suspirou pesadamente – O Cebola faz planos pra conseguir o que quer há eras. Até ela, que é uma sonsa, já fez planinho. O único idiota que fica esperando as coisas acontecerem por milagre é você, querido.

- Qual é o teu problema, hein? Pra quê ficar falando de todo mundo desse jei... – ele começou, enraivecido.

- Ah, me poupa desse discurso, vai! – ela o interrompeu – Como se fosse todo mundo santinho e não falasse de mim pelas costas! – riu debochadamente – E você, Do Contra? Qual é o seu problema? Me chamou aqui pra quê? Me convencer a ser amiguinha da Songa-Mônica? Acorda garoto! Se você não quisesse separar eles tanto quanto eu quero, nem tava aqui me fazendo perder meu tempo! – praticamente gritou, apontando o dedo bem para o menino. Sabia que ele provavelmente odiaria aquela atitude, mas não se importou porque queria mesmo atingi-lo. Azar o dele, de ter se metido com ela e cutucado suas feridas. – Agora vai pra sua casa chupar dedo pensando nela porque eu não vou mais...

- Não! – ele disparou, travando as portas antes que ela pudesse pensar em sair. Dava para ver a raiva em seus olhos, mas mesmo assim não a deixou ir embora. – E se eu quiser fazer isso aí com você?

- O quê? – a loira o encarou por alguns instantes, perplexa. Não esperava que ele sequer cogitasse a ideia realmente. Na verdade nem estava pensando em fazer nada de fato. Fora só um delírio bêbado bobo que rapidamente seria esquecido. – Não, você não quer.

- Você nem me conhece pra vir dizer o que eu quero ou não. – ele olhou para o outro lado, aparentemente constrangido por ter explodido. – Eu nunca pensei que fosse querer fazer uma coisa merda dessas. Eu não sou esse cara. Mas... Eu tô cansado de ver ele sendo um imbecil com ela e todo mundo batendo palma só porque é ele. Eu só quero que ela seja feliz, mas aquele cara sempre estraga tudo! – completou, voltando a olhar para ela.

- Tá ok. – ela respondeu, simplesmente. Depois daquele discurso, ela não sabia mais ao certo o que dizer. – Mas eu não vou ficar me escondendo nesse carro feito uma das suas namoradinhas. – continuou – Me encontra no Empire, às sete. Dá o meu nome na entrada, vai pro último andar, sobe a escada de serviço e entra pela porta vermelha. Tem um aviso de restrição, mas vai estar aberta. – ela explicou, antes de encará-lo como se ordenasse que ele destravasse as portas.

Ele obedeceu e ficou lá, estático, sem acreditar no que tinha acabado de fazer. Ela saiu sem nenhum tipo de despedida, mas voltou segundos depois, parecendo ter esquecido de dizer algo muito importante.

- Ah... – ela sorriu, se debruçando na janela do motorista – Você acabou de se tornar esse cara. Bem-vindo ao clube. – ironizou, antes de sair como se nunca tivesse falado com ele.

Do Contra a assistiu indo embora, ainda sem saber o que fazer. Nesse instante, ele percebeu várias coisas, uma avalanche de pensamentos tomando conta de sua mente de uma vez. Em primeiro lugar, ele tinha mesmo se metido naquela enrascada. E pior, tinha procurado por isso. Em segundo, aquela garota era completamente maluca, mas sabia dizer as coisas certas para atingir onde mais doía. E em terceiro, ela tinha razão. Ele tinha acabado de se tornar aquele tipo de cara que jurou que nunca seria.

Ainda com raiva (dela, mas principalmente de si mesmo) ele ligou o som do carro e deu a partida. Colocou seu CD mais barulhento e agressivo e aumentou o volume até não conseguir ouvir mais nada do que se passava na rua. Estava ciente dos olhares de reprovação que algumas pessoas pelo caminho lhe lançavam, mas não se importou. Entrou em casa feito um furacão e bateu a porta do quarto raivosamente. Nimbus, que chegara mais cedo porque só tinha aula até as dez da manhã naquele dia, assistiu àquela cena sem entender nada.

- Cara, você tá péssimo. – ele comentou, entrando no quarto atrás do irmão. – Tá tudo bem?

- Tá. – o mais novo respondeu, suspirou pesadamente. – Tu acha que eu sou uma pessoa escrota?

- Todo mundo é meio escroto de vez em quando, né. – Nimbus riu displicentemente – Relaxa. Seja lá o que você fez, a Mônica vai te perdoar. – completou, antes de sair correndo do quarto, já prevendo que o outro tentaria acertá-lo com algum objeto aleatório, o que ele realmente fez.

Quando se viu sozinho novamente, o garoto encarou o teto, perdido. Não era daquele jeito que ele tinha planejado as coisas. Só queria perguntar para Carmem sobre o plano porque a curiosidade não estava deixando-o em paz. Só isso. Mas alguma coisa no jeito com que ela falava, como se tivesse certeza de que ele não teria coragem, fez o sangue lhe subir à cabeça.

Talvez aquela maluca estivesse mesmo certa. Não foi um de seus melhores momentos, mas ele teve que admitir que no fundo a procurou porque teve interesse em separar Mônica e Cebola. Porque viu nela uma oportunidade de pelo menos uma vez na vida ter o que queria, mesmo que não fosse de um jeito correto.

Analisou o que tinha a perder e ganhar com aquilo. Sabia que se arrependeria em algum momento, isso era fato. Não era o tipo de coisa que ele faria em circunstância alguma. O que mudara justo agora?

Mônica era a garota de seus sonhos há muitos anos. Quando era criança tinha uma paixonite nela que todo mundo jurava que só existia porque nenhum outro garoto a queria. Aquele sentimento foi crescendo junto com os dois, porque diante de seus olhos ela foi se tornando cada vez mais uma garota inteligente, determinada, diferente, cheia de atitude. E linda, é claro.

Por fim ele prometeu para si mesmo que mesmo participando desse esquema (e ele até agora nem mesmo sabia no que raios aquilo implicava) não faria nada que causasse nenhum sofrimento para ela.

Podia até estar tentando conseguir isso de um jeito meio errado, mas no fim só queria vê-la feliz. 


Notas Finais


If You Can't Hang - Sleeping With Sirens: https://www.youtube.com/watch?v=_UwWYtLWEZg
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Oi gente!
Quanta hostilidade nesse capítulo, não é mesmo? Gostei muito de escrever essas cenas e explorar esse lado explosivo desses dois.
Essa história de plano não tem como dar em coisa boa, né? Ah, as decisões idiotas que a gente toma por conta de amores não correspondidos...
Espero que gostem! ♥
Kisses


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