Com o papel do exame dobrado e amassado em suas mãos trêmulas, Letícia Lamartine senta no sofá de sua casa, sua mãe, Marie Lamartine, e seu pai, Juan Lamartine, estão sentados em sua frente.
Lety não tem ideia de como fará isso. Recebera a notícia de sua gravidez sozinha em um consultório médico, desde então a única coisa que queria fazer era chorar no colo de sua mãe. Respirou fundo uma, duas, três vezes, arrancando olhares curiosos e ansiosos de seus pais.
Sua mãe parecia estar adivinhando seus pensamentos, enquanto a olha com misericórdia, já Juan, seu pai, a olha com seriedade e mistério.
- Sim, Letícia, diga o que quer. - seu pai falou, fazendo-a estremecer.
- Papai, mamãe… Eu… - suas mãos ergueram o papel, tremendo mais do que nunca.
Marie pegou o papel das mãos da filha, pegou seu óculos de leitura que estava na mesa de centro, colocou-os e abriu o exame. Juan se aproximou da esposa para ler junto.
A mãe largou o papel em seu colo e colocou suas mãos em frente aos seus lábios, sua expressão era pura indignação e surpresa, já o pai continuava com a expressão dura.
Os três ficaram se encarando por minutos, quando as lágrimas no rosto da adolescente começaram a sair, seu pai se pronunciou:
- Grávida, Letícia? - ele levantou, passando as mãos no cabelo. - Grávida? Não foi essa a educação que eu te dei, menina.
- Pai, eu…
- Cale-se! Também não te ensinei a me responder! - a menina calou-se. - Eu te vesti, te criei, te mimei, te dei tudo do bom e do melhor… E você me vem com um filho? Um bebê? Eu não mereço isso. - o silêncio reinou no local, Juan foi para o lado do sofá, olhando para o teto.
Letícia, em um momento de pura intuição, foi até o pai e se ajoelhou em sua frente.
- Papai, me perdoe. - ela pegou em suas mãos e em seus braços.
- Você não é mais minha filha.
E Letícia recebeu o maior golpe de sua vida. Juan estendeu sua mão e acertou o rosto da filha. Um tapa certeiro e barulhento, que levou a morena ao chão. Marie correu até a filha, mas o marido a puxou e disse:
- Se você se atrever a acolher esta vagabunda, esqueça que tem marido.
Marie encarou Juan e permaneceu calada. O homem, por sua vez, largou a esposa e saiu da sala.
- Filha, eu sinto muito. - Marie ajoelhou-se e acolheu a filha em seu colo.
- Mamãe, me perdoe. - Lety não conseguia conter suas lágrimas. - Eu vou sair daqui.
- Eu vou com você, Letícia.
- Não, mamãe. Se você for, não terá como se sustentar, fique aqui com papai. Eu me viro.
- Mas Lety, e o bebê?
- Eu me viro, mamãe. Tenho amigos com quem contar.
Sem olhar para trás, Letícia recolher o máximo de roupas possível, colocou em uma mochila, e pegou o primeiro trem para Paris, cidade onde sua amiga Lynn está morando.
- Lynn com certeza irá me ajudar.
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