História Sozinha e Grávida - Sem rumo

Lety saiu apressada pela porta do ginásio, vestido as roupas de basquete de Castiel. Nathaniel a deixou seguir seu caminho, enquanto o ruivo se preparava para segui-la.

- O que você disse a ela? - Nathaniel agarrou o braço do ruivo com força.

- O que?

- Pra ela sair correndo assim! O que você disse? - Castiel conseguiu se soltar.

- Olha aqui seu representante idiota - Castiel segurou o loiro por sua gola - Eu não disse nada! Você, como namorado dela, não devia deixá-la sozinha! Seu idiota! - Castiel o empurrou.

- Você não tem o direito de me dizer como agir com a minha namorada. - Nathaniel faz menção de dar um soco no ruivo, mas Armin o interrompe, segurando seu braço.

- Ele tem razão. Para com esse ciúme idiota e pensa na Lety. - o moreno olhou nos olhos do amigo, seriamente.

Armin nunca havia falado tão sério em sua vida.

- Eu concordo com o Nathaniel. - Pryia, que até então estava em silêncio, se pronunciou. - Ela precisa ficar sozinha, pensar, entender. Depois vamos atrás dela.

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Lety saiu do ginásio sob os olhares de alguns curiosos. Ela pôs uma de suas mãos em sua barriga e com a outra mão tentava conter algumas lágrimas que insistiam em cair de seus olhos.

Ela passou pelos portões da escola e saiu andando sem rumo, virou uma, duas, três esquinas e parou em uma praça, sentou em um banco vazio e começou a chorar.

Chorou por minutos que pareciam horas. Até que, levantou seu olhar e olhou ao seu redor, não havia ninguém naquela praça, apenas ela e alguns pombos. Suspirou e limpou suas lágrimas e fitou os pombos que lutavam por um pedaço de pão que estava jogado ali no chão.

Sem perceber, uma pessoa se aproximou dela, sentando ao seu lado.

- O que uma moça bonita como você faz aqui sozinha?

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Lynn ainda permanecia no ginásio. Ela havia sido deixada sozinha por seu namorado, Kentin, e agora assistia Nathaniel e Castiel brigarem por sua talvez-ex-melhor-amiga. Assistiu Pryia e Armin tentarem acabar com a briga com sucesso. E, por fim, assistiu a todos irem embora, ficando enfim sozinha naquele lugar enorme.

Sentou em uma das arquibancadas e continuou a chorar. Por que aquilo estava acontecendo? Já não basta tudo aquilo que Ambre lhe fez no refeitório? Por que ela faria algo assim? Algo tão grave!

Lynn suportaria qualquer coisa que Ambre fizesse, mas não suporta a ideia de ver seus amigos machucados por uma birra de uma garota mimada que se acha dona do mundo. Mas o que ela faria? O plano de Ambre havia sido perfeito demais, a loira se aproveitou da semelhança entre as duas para forjar uma foto, depois se aproveitou do afastamento entre Lynn e Lety para conquistar a amizade da morena. Lynn sentia, algo a estava perturbando já havia algum tempo, e por isso, tentou falar com Lety no outro dia, no banheiro, mas a morena não quis lhe ouvir. E com razão.

Kentin havia lhe dito que ela havia sido muito dura com Lety, e que não precisava tratá-la mal por conta do passado, Kentin já a havia perdoado e assim Lynn também deveria fazer.

Ah, Kentin.

O menino que sempre esteve lá para ela, nos piores momentos, quando chegaram juntos ao colégio, quando Debrah apareceu, quando houve o problema com os pais do Nathaniel… Ele sempre esteve lá por ela. Os meses em que ele estava no colégio militar foram sem dúvida os piores. E Lynn não fez o principal: não seguiu o exemplo dele. Ele havia sido gentil, havia a perdoado, jamais desistiu de Lynn mesmo quando ela parecia não se importar com ele. E o que ela fez com sua amiga? A abandonou quando ela mais precisou.

Em sua mente, passou um flashback com tudo que havia acontecido naquele ano, desde a sua chegada em Sweet Amoris, e, involuntariamente, mais lágrimas rolaram em seu rosto.

E ela estava sozinha, ali, no ginásio.

Ou não.

- Lynn? - Lysandre se aproximou dela, sentando ao seu lado, segurando seu bloco de notas.

- Lys? - ela tentou limpar suas lágrimas, sem sucesso.

- Você sabe que eu odeio me meter nos assuntos pessoais de meus amigos, mas você quer conversar? - ele segurou uma das mãos da loira e sorriu de forma amigável.

Lynn apenas se jogou nos braços dele, apertando-o em um abraço apertado, enterrando seu rosto nas vestes vitorianas do rapaz. Ele retribuiu o abraço e entendeu que ela não queria conversar, apenas a aconchegou em seu abraço e afagou seus fios loiros. Permaneceram ali por alguns minutos.

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Pryia e Armin foram para a aula de física, sentaram lado a lado, em silêncio.

Armin sequer pegou seu PSP e estava muito pensativo, sério, preocupado. Pryia observou aquilo e não pôde deixar de ficar apreensiva. Começou a imaginar onde Lety estaria, e desejou que sua amiga não fizesse nenhuma besteira e que apenas tivesse ido para casa.

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Nathaniel não tinha cabeça para ir para a aula.

Foi até o grêmio, arrumou alguns papéis para tentar se acalmar mas de nada adiantou.

Cansado, guardou suas coisas e saiu do colégio. Entrou em seu carro, colocando sua estação favorita na rádio para tocar, e nela estava tocando La Vie En Rose, a música preferida de Lety.

Fechou os olhos e colocou seus pensamentos mais positivos em Lety, jurando que quando a encontrasse, a abraçaria com toda sua força e jamais a deixaria ser machucada novamente.

Estacionou em seu prédio e cumprimentou o porteiro, entrando no elevador em seguida. Adentrou seu apartamento e viu Marie varrendo o chão enquanto Branca a seguia, tentando brincar com a vassoura. Nathaniel sorriu ao ver a cena, enquanto deixava sua chave atrás da porta.

- Nathaniel! Tão cedo? Onde está minha filha? - nesse momento, o sorriso que o loiro possuía em seu rosto desapareceu.

- Ela não voltou pra cá?

- Como? Não! - Marie encostou a vassoura na parede e foi até Nathaniel. - O que houve com ela?

- Aconteceram algumas coisas hoje… - Nathaniel resumiu o ocorrido - E então ela saiu do ginásio, me pediu para não segui-la, e assim eu fiz…

- Você deixou a minha filha sozinha, Nathaniel? Depois d’ela ter sido chamada de prostituta? - ela segurou os braços do rapaz, apertando-os de leve.

- Eu não sabia o que fazer, Marie! Achei que ela viria direto pra cá! - ele passa as mãos no cabelo - Onde ela pode estar?

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Castiel passou pelo portão do ginásio, e caminhou apressado até o porão. Lá, sentou no sofá e acendeu um cigarro que havia em seu bolso.

Sugou o conteúdo e o segurou em seu interior, pensou em toda a raiva que estava sentindo de Lynn, Peggy e Nathaniel. Misturou tudo e soltou junto da fumaça que agora sai de sua boca. Ele achou que fazer isso faria a raiva passar, mas nada disso aconteceu.

Como a Lynn pôde fazer isso? Logo ela que sempre foi tão amável, tão caridosa, tão prestativa… Como a menina por quem ele estava apaixonado podia ser uma completa mentira?

O ruivo dá mais um trago, dessa vez se sentindo um trouxa, um idiota, por ter se apaixonado por alguém tão mesquinho e egoísta.

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Kentin havia ido para o clube de jardinagem. Sentou e analisou a situação. O que seu pai faria? O que um homem de verdade faria nessa situação? Ele conhece Lynn, sabe que ela não seria capaz daquilo. Mas aquelas fotos, aquilo havia sido a gota d’água sobre tudo.

Certo, ficar remoendo isso tudo não vai solucionar nada. O que um militar faria? Seguiria um plano B, tentaria desvendar a fundo esse mistério, não deixaria alguém inocente ser acusado de forma injusta. Mas como ele faria isso?

Viu Nathaniel saindo do colégio e resolveu segui-lo, para passar despercebido pelos portões.

Colocou as mãos no bolso e saiu andando por aí, totalmente sem rumo.