História Sozinha e Grávida - Lei de Murphy

Letícia sabia que estava certa em “dar um tempo dos rapazes”, decidira isso antes de visitar sua amiga Lynn, semana atrás, quando foi até Sweet Amoris assistir à exposição de Artes, mas a morena jamais saberia que havia feito a decisão tarde demais.

Na exposição, finalmente desencanou de Dake, o loiro que conheceu no shopping em Paris, e que também é super apaixonado por Lynn, e ainda descobriu que sua amiga está namorando Ken, ou melhor, Kentin, o ex-garoto nerd que sempre estudou com elas, que sempre seguia Lynn para onde quer que ela fosse. No fim das contas, Lety estava feliz por sua amiga, apesar de Kentin não ser muito receptivo com ela; Mas também, como ser receptivo com alguém que sempre tirou sarro de você desde sempre? A morena sabe que não será fácil ganhar a confiança do garoto.

Quanto aos outros amigos de Lynn, ela não conhecia muitos, apenas Alexy, o amigo gay, com quem conversou durante a exposição do colégio.

Agora, a morena está sentada na estação de trem, esperando algum que a leve para Paris, ela ligou para sua amiga mas a mesma não a atendeu, está rezando para que ela e seus pais a recebam em sua casa.

Lety está morrendo de vergonha. Como farei isso? Ela pensa. Como contarei para os pais da minha amiga que estou grávida? O que pensarão de mim? E o pior: Como direi que não sei quem é o pai do meu bebê?

Mil e um questionamentos passam pela cabeça da adolescente, mas uma coisa ela sabia: não poderia ficar na mesma casa que seu pai, ela não sobreviveria ao ser ignorada e escorraçada por ele.

(...)

 

Quando chegou na estação de Paris, foi até o primeiro telefone público que achou e discou o número do telefone fixo de sua amiga.

- Alô? - a mãe de Lynn, Lúcia, respondeu ao atender o telefone.

- Alô? Lynn?

- Não, aqui é a mãe dela.

- Dona Lúcia, sou eu, Lety. Posso falar com a Lynn?

- Puxa, ela acabou de sair. É urgente? - Lety exitou antes de responder.

- É sim…

- Espere um momento. - Lety ouviu Lúcia chamar por Lynn - Ela está voltando pra falar com você.

- Muito obrigada. - Lety aguardou um pouco até Lynn atender.

- Alô? Lety?

- Oi Lynn, eu queria falar com você…

- É muito urgente mesmo?

- Sim… Podemos passar um tempo juntas hoje? - Lety mordeu seu lábio inferior, esperando a resposta.

- Lety, podemos nos falar outra hora? Eu já tenho planos e já estou atrasada, visitarei meu amigo Lysandre no Hospital.

- Oh, eu posso ir com você, se não incomodar.

- Não, eu prefiro encontrar você outro dia.

- Oh, claro. Até outro dia então.

- Até. - Lynn desligou.

Merda… E agora? O que farei? Ela pensou.

Lety contou o dinheiro que tinha na mochila e resolveu comprar algo para comer, mas aonde, em um domingo de manhã, haveria alguma lanchonete aberta? Shopping, claro!

Pegou um ônibus e desceu em frente ao shopping, apertou a alça de sua mochila e criou coragem para entrar

Finalmente entrou na praça de alimentação e parou na primeira lanchonete de fast food que encontrou, fez seu pedido e o comeu, desesperadamente, como se não comesse há dias.

- Lety? - a morena ouviu uma voz masculina pronunciar seu nome e levantou seu olhar em todas as direções, até encontrar Alexy acenando para ela, que acenou de volta.

- Olá, Alexy! - ele sentou em sua frente enquanto ela morde mais uma vez seu sanduíche.

- Uow! Calma, gata! O sanduíche não vai fugir de você.

- É que eu tô com muita fome. - o azulado riu.

- Está tudo bem? - ela exitou antes de falar.

- Está sim. - mentiu - E como andam as coisas? Alguma novidade do amigo de vocês? Lysandre, certo?

- Isso. Bem, eu não soube de mais nada, espero que esteja tudo bem. Está fazendo o que aqui em Paris?

- Ah, estou enjoada da minha cidade. - ela sorriu abertamente - Alexy, você é novato em Sweet Amoris, não é?

- Sim, meu irmão e eu somos. Por que?

- Gostaria de me matricular… - ela tomou um gole de seu refrigerante. - Como fizeram para entrar no meio do ano?

- Fizemos uma prova. - ele sorriu - Puxa, seria muito legal ter você na nossa escola, seríamos um quarteto e tanto!

- Quarteto?

- Sim! Você, Lynn, Rosa e eu. Ah, você não conhece a Rosa, não é?

- Ainda não. Mas não sei se a Lynn ficará muito conosco agora que está com o Kentin.

- Então você sabe sobre ela e o Kentinho? - ele sorriu malicioso.

- Ela me contou no dia da exposição. - ela acabou de comer, pegou sua bandeja e colocou no local em que as bandejas sujas ficam.

- Vai fazer o que agora? Estou vendo que está com uma mochila.

- Ah, eu não sei… - ela colocou as mãos nas alças da mochila, puxando-as.

- Quer ir comigo encontrar meu irmão? Ele deve estar na loja de jogos.

- Claro, por que não?

E a dupla seguiu até o segundo piso do Shopping, pararam em frente algumas vitrines de lojas masculinas e Alexy obrigou Lety a esperá-lo enquanto experimentava diversas camisas e calças. No fim, comprou apenas uma camisa e seguiram até a loja onde estava o irmão do azulado.

Lety passou o caminho inteiro observando Alexy, realmente Lynn tinha razão em tê-lo como amigo. Lembrou-se da conversa que teve com a amiga quando lhe contou que queria dar um tempo dos rapazes, e agora se sente feliz em enfim achar amizade em um deles.

Entraram na loja de jogos e a morena apenas seguiu Alexy, ele parece saber de cor onde fica cada coisa na loja, inclusive onde seu irmão sempre fica, e pelo que Lety pôde entender, ele sempre fica jogando nos consoles de teste das lojas.

- Armin! - ela viu Alexy acenar para um menino alto, idêntico a ele se não fossem os cabelos negros e seus olhos azuis.

- Rapidinho, Alexy, vou só vencer essa! - o moreno disse sem olhar para o irmão

- Que mal educado você, tenho aqui alguém pra te apresentar. - Alexy fez bico e cruzou os braços.

- Alexy, não precisa atrapalhá-lo… - murmurei para ele.

- Precisa sim, esse menino é um viciado!

- Eu ouvi isso! - Armin falou, vibrando logo após a mensagem “VOCÊ VENCEU” aparecer na tela do jogo. - Prontinho, irmão. - Alexy lhe mostrou a língua e ele correspondeu da mesma forma, fazendo Lety rir baixinho ao assistir. - Olá. - ele disse a ela.

- Olá, sou Lety. - ela acenou.

- Armin. - ele sorriu.

Por um momento, aquele fogo, já conhecido por Lety, acendeu-se quando encarou os olhos azuis de Armin, passou o olhar para seu sorriso e suas covinhas, que ficaram evidentes, depois olhou para seu corpo. É nada mal… Pensou. Concentre-se Letícia! Você está dando um tempo dos garotos, lembra?

Ela balança sua cabeça, afastando seus pensamentos impuros e volta a olhar para os gêmeos.

- Aconteceu alguma coisa? - Alexy perguntou.

- Oi? Não, não aconteceu nada… - ela sorri.

- Ah, Armin, ela é amiga da Lynn, ela estava na exposição de artes. - o moreno arqueou as sobrancelhas.

- Ah, então você viu aquele desastre que foi o projeto do meu grupo. O filme da Ambre… - ele fez cara de nojo.

- Oh! - ela riu - Lembro sim! A cara dela foi ótima! - ele riu junto dela, sob o olhar atento e malicioso de Alexy.

- Então, Lety. - Alexy disse - O que vai fazer agora? Quer ir lá pra casa?

- Oh, eu posso? Na realidade eu não iria fazer nada agora.

- Claro, vamos. - ele entrelaçou seus braços e seguiram para a saída do shopping,  seguidos por Armin.

Armin observa a cena e ri, seu irmão gêmeo parece empolgado com sua nova amiga. Na saída do Shopping, Alexy e Lety se separam, ele vai até uma vitrine e ela fica esperando por ele, junto de Armin. Como o fluxo de entrada e saída do shopping estava intenso, algumas pessoas esbarravam com outras, e com Lety não seria diferente. Afinal, é a famigerada Lei de Murphy: Tudo que pode acontecer, acontecerá.

Lety foi empurrada para cima de Armin, que a segurou. Quando olhou para a pessoa que a empurrou, deu de cara com um rapaz ruivo de olhos acizentados com a feição emburrada, sem pensar duas vezes, ela o puxou pelo braço, fazendo-o regressar.

- Olha por onde anda! - ela gritou, estressada.

- Tenta não ficar parada no meio do caminho! - ele lhe disse de volta.

- Ei, Castiel. Não precisa falar assim com ela. - Armin falou.

- Diga pra sua namorada não ficar parada no meio do caminho.

- Não sou namorada dele, senhor TPM. - ela cruzou os braços, encarando-o e ele fez o mesmo.

Enquanto se encaravam, ela mergulhou fundo naquele olhar cinza e então reparou no quanto o Senhor TPM é bonito. Seu corpo, escondido embaixo da jaqueta escura, é atlético, e seu cabelo com certeza ficaria mais sexy preso em um coque-samurai.

Foco, Letícia, foco!

O ruivo revirou os olhos e virou-se, indo para dentro do shopping.

- Você o conhece? - ela bufou.

- Sim, estudamos no mesmo colégio.

- Ah não… Quando eu estava me empolgando para entrar em Sweet Amoris, você me joga essa bomba? - ele riu.

- Nem tudo é perfeito, né? - ele deu de ombros, fazendo-a rir.

- O que eu perdi? - Alexy voltou, com mais uma sacola em suas mãos.

- Castiel e Lety tiveram um mini confronto. - ela revirou os olhos.

- Puxa, queria ter visto isso! - ele fez bico - Enfim, vamos?

Esperaram alguns minutos na parada de ônibus e enfim chegaram na casa dos gêmeos. No meio do caminho, Armin pegou a mochila de Lety e a colocou em suas costas, aliviando-a do peso. Já em sua casa, VItória, mãe dos gêmeos, recebeu Lety com animação e tratou logo de arranjar uma cama para a mesma dormir, alegando que não deixaria a menina andar sozinha tão tarde.

Lety acomodou-se no quarto de hóspedes e deitou na cama. Pela primeira vez no dia, sentiu-se aliviada por ter um lugar para dormir, estava temerosa de ter que dormir na rua, já que Lynn não a ligara de volta.

Falando nela, falarei com ela amanhã. Preciso desabafar com alguém, e não poderei ficar aqui pra sempre. Ela pensou.

Suspirou, cansada, e foi tomar banho. Vestiu o pijama que havia em sua mochila e deitou novamente, acariciou seu ventre e pensou: Tudo irá se resolver, bebê, eu prometo.

E em seguida, adormeceu.