História Sozinha e Grávida - Aurora Blanche

Sentados perante a diretora estavam Nathaniel, Ambre, Francis, Adelaide, Eric, Geraldine e Peggy. Ambre tinha em seu rosto uma expressão de desespero pela primeira vez em sua vida, Adelaide segurava as mãos da filha em seu colo enquanto Francis praguejava contra Nathaniel.

- Isso tudo é culpa sua. - ele começou. - Virou rebelde, saiu de casa, mudou o jeito de se vestir… Sua irmã obviamente se sentiria tentada a ser rebelde também. Ah, claro, ainda foi engravidar uma garota que nem conhecia. Sério, Nathaniel, onde foi que eu errei com você?

Adelaide observava aquilo calada, como sempre. Ambre começou a chorar e Nathaniel rebateu:

- Culpa minha? Vocês sempre a mimaram! Enquanto pra mim era só esporro, só porrada, pra ela eram carinhos e chamegos! Ela não sabe quando parar porque VOCÊS não souberam impor limites a ela! Vocês sabiam que ela cometeu um crime? Bullying é crime! Sendo a garota minha namorada ou não, sendo eu o pai do bebê ou não! Está na lei! Já imaginaram se algo pior acontecesse? Se essa menina perdesse o bebê por conta da filha mimada de vocês? - Francis e Adelaide não responderam - Hein? - houve um silêncio novamente e Nathaniel riu, sarcástico - Do papai eu não esperava nada, mas de você, mamãe? De você eu esperava ao menos um pedido de desculpas por todo o seu silêncio durante esses anos. O que ganhei? Vários nadas: nenhuma visita, nenhuma ligação, nada. Agora querem dizer que a culpa pelos atos da Ambre é minha? Eu não vou mais aguentar isso calado.

A sala ficou em silêncio.

Aquilo havia atingido Adelaide mais do que ela imaginava. Ali lhe caiu a ficha do quanto aquele menino loiro estava sofrendo com a sua ausência, Ela finalmente se deu conta do quão péssima mãe ela sempre foi para aquele menino, agora um homem formado, mas que parecia uma criança carente em busca de alguém para protegê-lo.

A diretora resolveu quebrar o silêncio:

- Vejo que temos aqui uma situação muito delicada e grave. Fiz uma reunião rápida com o conselho do colégio para que fosse decidido o que fazer sobre o assunto e a decisão foi unânime: Peggy e Ambre devem ser expulsas de Sweet Amoris.

- Não há nada que possa ser feito, sra. Shermansky? - Eric questionou.

- Infelizmente não, senhor. Com uma decisão unânime, fica impossível recorrer. Peggy tem até o final da semana para pegar seus pertences em seu armário e na sala do jornal da escola.

- Vamos, temos muito o que conversar, Peggy. - Geraldine levantou e puxou a filha para a saída da escola.

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Depois de Lety ir embora, Alexy, Rosalya, Armin, Pryia e Lysandre saíramos juntos até a parada de onibus. Logo o onibus que Lysandre devia pegar chegou e ele saiu apressado, deixando seus amigos bem curiosos, principalmente Rosalya.

- O que será que ele vai fazer no hospital? - Alexy pensou alto.

- Minha sogra disse que ele está bem, não precisa mais nem tomar remédio…

- Deus me dibre ficar visitando hospital sem precisar. - Armin fez uma careta e Pryia revirou os olhos.

- Vocês ainda não perceberam que ele está apaixonado?

- Lysandre? Apaixonado? - Rosa ficou pensativa.

- É claro, ele vive pelos cantos escrevendo naquele bloquinho, ele até parou de perder as coisas pela escola, e também vive sorrindo que nem um bocó pelos cantos. - Pryia complementou.

- É verdade, mas o que o hospital tem a ver? - Armin questionou.

- Tem a ver que a crush dele deve ser de lá do hospital, né burro? - Alexy tapeou a nuca do irmão.

- AI! - Armin ia revidar quando Rosalya se meteu na frente.

- Vocês não vão brigar aqui! Será, Pryia?

- É a única explicação que posso achar pra tanta pressa…

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Enquanto os quatro estavam fazendo especulações sobre a pressa do platinado, este estava caminhando apressado para o Hospital onde ficara internado depois de seu acidente. Por que? Realmente Pryia estava certa, Lysandre está apaixonado, e não é pouco.

Ele adentrou o hall principal e acenou para a recepcionista, que já estava habituada com suas visitas quase diárias. Cruzou alguns corredores até chegar no hall de espera, onde haviam algumas salas de encontro dos grupos comunitários.

E lá estava ela.

Aurora Blanche é voluntária no grupo que atende mulheres que sofreram qualquer tipo de abuso no passado, e Lysandre a conheceu quando ela substituiu uma enfermeira que estava lhe cuidando durante a internação.

Aurora Blanche, como explicar Aurora?

Um nome tão forte, tão revigorante, que significa “amanhecer”, sempre um novo dia, como se nada abalasse o seu sorriso tão bonito que tanto encantava Lysandre.

Ele, por sua vez, é voluntário no grupo de leitura das crianças, Lysandre lê poemas e histórias infantis para os pequeninos que estão em tratamento no hospital.

Sem perceber, Lysandre ficou a encarar Aurora enquanto a mesma trabalhava e ela notou, encarando-o de volta, sorrindo para ele. Lysandre acordou de seu transe e reparou que estava sendo indiscreto, por fim corou, acenando para ela, morrendo de vergonha, ela soltou aquela risada gostosa que ela tem e voltou a se concentrar em seu trabalho.

Os dois tinham algo em comum: nenhum deles foi parar ali porque queria.

Aurora cometeu uma infração - danificou uma estátua de mármore em frente a prefeitura da cidade - durante um protesto contra um crime de ódio cometido contra um homem negro da cidade, que fora espancado por puro preconceito e acusado de ladrão, ela foi detida e sua pena escolhida foi prestar serviço comunitário no hospital, para ajudar o time de enfermeiros que estava ficando escasso diante de tanta demanda de pacientes. E assim foi parar no quarto de Lysandre.

Ela fazia as trocas dos curativos dele.

Mas sabe o que ela não sabia?

O pai de aurora trabalha na fazenda de Josiane e George, e a senhorinha sempre falava de seus filhos para ela, e como os dois meninos vivem na cidade, Aurora nunca tivera a chance de conhece-los, até conhecer Lysandre no hospital.

Já Lysandre estava ali por estar apaixonado. Queria estar perto de Aurora mas não poderia estar sempre visitando o hospital sem um bom motivo, então resolveu entrar no trabalho voluntário.

E acabou se apaixonando também por isso. Ver o brilho no olhar daquelas crianças, criar ali um pouco de esperança e de vida em cada uma delas fez Lysandre perceber o quanto um pequeno gesto importa para cada um dos pequeninos.

Lysandre então adentrou a brinquedoteca do hospital e as crianças correram para lhe abraçar. Em seguida, ele pegou o livro da princesa Rapunzel e sentou no chão, algumas crianças sentaram também, e algumas com cadeira de roda apenas permaneceram em seus lugares.

O vitoriano começou a ler, e a cada diálogo ele interpretava cada personagem de maneira diferente, tentando passar o máximo da história para os pequenos. Enquanto isso, eles riam, ficavam sérios com as tensões da história, ficavam ansiosos pelo ato de heroísmo no final e por fim comemoraram o “felizes para sempre”.

No final da hora da leitura, as crianças tinham de voltar para seus quartos e Lysandre arrumou a sala, guardando os livros e alguns brinquedos, cantarolando sua nova canção ainda não concluída.

- Bonita canção, Lys. - Lysandre deixou alguns livros caírem, com o susto que levou.

- Oh, obrigado, Aury. - ela o ajudou a juntar o resto das coisas. - Obrigado.

- Como foi hoje?

- Foi maravilhoso, as crianças são ótimas. E o seu?

- Foi bem, só não é tão leve quanto lidar com crianças, mas eu amo ouvir o que as mulheres têm a dizer, você sabe.

- Sim, eu sei.

- Falei com Dona Jo hoje, ela sente saudades de você, devia visitá-la.

- Irei, mas só depois das provas…

- Tudo bem, só te dei uma dica. - ela riu e olhou para a porta.

Na porta, havia um rapaz observando a cena, assim que o viu, Aurora correu para abraçá-lo. Lysandre observou aquilo e seu sorriso desmanchou.

- Armani!

- Oi Aury, vamos?

- Vamos. - ela se virou - Até semana que vem, Lys!

- Até, Aury…

Os dois foram embora e Lysandre apenas aceitou sua friendzone.