1. Spirit Fanfics >
  2. Special Needs - Romance Gay >
  3. Teenage Angst

História Special Needs - Romance Gay - Teenage Angst


Escrita por: Amadeo

Notas do Autor


Meu Deus, mais um capítulo!!! *-*
Nem acredito, to empolgado escrevendo, espero que todos gostem e deixem um comentário!

Capítulo 2 - Teenage Angst


Sábado – 23:30

 

- Aaaahh, caralho, que dor nas costas – me espreguicei ao descer do ônibus na rodoviária movimentada.

Odiava andar de ônibus, não por status nem nada, mas pelo fato de ser desconfortável e ainda ter de dividir um espaço com uma pessoa totalmente aleatória e, no meu caso, SEMPRE inconveniente. O escolhido dessa vez passou a viagem toda ao meu lado falando alto no celular sobre os assuntos mais absurdos possíveis.

                Sai do estacionamento onde os ônibus paravam e peguei as escadas rolantes para o segundo andar da rodoviária, conhecia o lugar, mesmo tendo vindo poucas vezes pra cá eu sabia aonde tinha que chegar para encontrar meus tios. Fui andando devagar, carregando uma mochila grande nas costas e mais uma mala pesada nas mãos. Ao chegar próximo do ponto de encontro combinado, uma lanchonete fast-food dentro da rodoviária, não vi ninguém conhecido.

                Olhei para os lados, para ver se pelo menos havia alguém parecido com o que eu lembrava da minha tia ou do meu tio. Nada. Várias pessoas comendo, várias passando de um lado para o outro, mas nada da morena baixinha e magra de cabelo curto que eu conhecia tão bem na minha infância. De repente sinto uma mão no meu ombro.

- Hector?

- Tio? – falei me virando e levando um susto.

- Oi! Não sei lembra mais do seu primo mais velho não? – E o rapaz me sorriu

- Caralho! Marco como tu ta diferente mano! – Eu não o reconheci para ser sincero, ele não parecia nada do que eu me lembrava dele.

- Eu mudei né, a última vez que a gente se viu foi a mais de seis anos. – Ele disse pegando a mala da minha mão e se aproximando para um abraço.

Eu estava tão surpreso por ver aquele homem de 27 anos na minha frente que eu o encarei mais um momento antes de ver que era ele mesmo e o abraçar com força. Fazia realmente muito tempo que eu não o via, depois desse primeiro impacto eu comecei a imaginar como é que estariam meus outros primos.

Marco era o meu primo mais velho, ele era alguns centímetros mais alto do que eu, tinha o cabelo liso, preto e os olhos também. Percebi que ele havia ganhado alguns músculos, estava bem mais encorpado do que me lembro, usava uma barba rala e tinha um charme todo próprio. A pele branca como sempre, parecia que não tomava sol nunca e aquele sorriso largo no rosto.

- Quer dizer então que você realmente não me reconheceu? – disse ele incrédulo.

- Não, eu não havia te visto e quando você chamou, eu jurei que fosse a voz do tio Paulo!

- Haha, eles não puderam vir, como você ia chegar tarde e eles tinham um jantar para ir eu me ofereci para vir te buscar. – Ele sorria tão facilmente que eu fiquei aliviado. Finalmente havia chegado.

- Desculpa o horário – eu disse abaixando a cabeça meio constrangido – mas morar no interior não te dá muitas opções nem em horário de ônibus!

- Que isso Thor, não precisa ficar preocupado cara, eu não tinha compromisso algum e fazia tempo que a gente não se via! – Ao falar isso ele colocou uma mão em meu ombro e me deu uma chacoalhada.

- Até você usando esse apelido besta? – Falei com falsa indignação, ele riu

- Coisas da tua mãe...

- Pois é, não sei porque ficar contando isso pra todo mundo – eu revirei os olhos em sinal de tédio

- Aaah, não sou todo mundo – ele me deu um tapinha na cabeça que me fez rir – você sabe que todo mundo lá em casa gosto de você.

- Gostavam né, faz um bom tempo que ninguém vê minha cara, vai saber como vão reagir – eu ri, mas tinha nervosismo na minha voz.

- Não se preocupa, muita coisa mudou, mas muita coisa continua igual – ele disse piscando um olho pra mim

- Er...se você diz!

- Vem vamos, vamos sair daqui, meu carro está no estacionamento me segue.

                Fui andando atrás dele, olhando de relance para suas costas. Nossa, ele realmente tinha mudado, estava mais maduro, e parecia também meio cansado. Talvez a vida adulta não seja assim tão empolgante, pensei. Chegamos no carro e ele abriu o porta malas, carregou todas as minhas coisas e seguimos para a casa dos meus tios.

                No meio do caminho passamos por diversas avenidas movimentadas, prédios altos, pessoas, praças, comércios, tudo era muito diferente da minha cidade. Eu era acostumado a fazer tudo que precisava andando, não precisava de carro mesmo tendo carta. Ele notando minha cara de turista olhando pela janela do carro perguntou:

- Você ta bem? Parece meio perdido

- É, eu tô. Fazia realmente muito tempo que não vinha pra cá, não te reconheci e não reconheço a cidade quase. – disse rindo

- Calma, nada que umas semanas morando aqui não te deixem acostumado, você vai ver – Ele sorriu um sorrisinho de canto de boca e me olhou

- Espero que sim viu, to muito ansioso com tudo, não tem problemas mesmo eu ficar lá na sua casa?

- Na minha não, na casa dos meus pais. Eu não moro mais lá faz uns dois anos, aluguei um apê que ficava mais perto do meu trabalho.

- Erm...é...eu não sabia, foi mal haha – eu comecei a achar que era melhor ficar quieto.

- Não se preocupa Thor, não tem problema algum você ficar na casa dos meus pais ou na minha se quiser – nisso ele me deu mais uma piscadinha – mas acho que minha mãe ficaria puta porque ela já arrumou meu quarto pra você haha

- Palhaço, para de me chamar de Thor – disse rindo – eu não agüento esse apelido que minha mãe inventou

- Mas combina com você, só falta ganhar uns músculos e um martelo – ele gargalhava

- Aaah vai se fuder marquinho – eu disse, ficando cada vez mais vermelho mas ainda assim rindo.

- Oooh, marquinho não heim! Faz tempo que eu não escuto mais isso – e ele me deu outro tapinha na cabeça como ele sempre fazia quando éramos menores.

                De repente ele ficou sério, eu notei que a gente já estava próximo ao condomínio dos meus tios. Ele parecia meio tenso e até sua respiração mudou, era uma coisa mais profunda, como se ele estivesse tentando se preparar pra alguma coisa.

- Humm – ele disse – a tia Maria te disse algo sobre o Théo? – Ele parecia meio nervoso ao me perguntar sobre seu irmão mais novo.

- Não, ela não me disse nada, quando ela ligou para conversar com a tia Ester ela só me disse que ela havia amado a idéia e que estava tudo bem eu vir pra cá. – disse franzindo a testa e olhando pra ele com uma cara séria – Por quê? Aconteceu alguma coisa com o Théo?

- É porque talvez você não o reconheça muito da nossa infância... - ele fez uma pausa e me olhou com preocupação - eu sei que vocês eram muito ligados quando criança, mas pode ser que você o ache meio estranho hoje em dia...
 

- Como assim? - Théo era como um melhor amigo pra mim, mesmo nos vendo 2 vezes por ano no passado.
 

- Minha mãe passou por vários problemas depois da morte da vó - ele disse como se falasse mais com ele do que comigo - ela entrou em depressão e a vida ficou bem difícil lá em casa, na época eu ja estava na faculdade, mas ele e a Cecília ficavam mais em casa.
 

- Você acha que ele vai ter algum problema em me ver morando lá? - arrisquei perguntando com a sobrancelha levantada.
 

- Pra ser sincero Hector, eu não sei - e me encarou mordendo o lábio em preocupação
 

- Nossa, mas então deveriam ter me falado se ele teria algum problema com isso - eu disse já quase me desculpando
 

- Não, não é assim que funciona, a casa é dos meus pais e eles e minha irmã vão ficar realmente muito felizes de ter você lá, mas o Théo anda meio problemático ultimamente - ele fez uma curva e parou na portaria do condomínio - Boa noite Mauro, tudo bem?
 O porteiro acenou e o cumprimentou de volta, a cancela abriu e nos seguimos pelas ruas do condomínio antes de ele retomar a conversa em tom sério.
 

-  Não é que ele te odeie nem nada, é mais como se ele quisesse chamar a atenção dos meus pais. Na época em que minha mãe estava doente e quase não saia de casa, eles se desentendiam muito e ele começou a sair e dormir fora sem avisar, apareceu com tatuagem causando uma briga monstruosa com meu pai...No fim eu acho que ele se sentia mal com tudo que tava acontecendo e não sabia se expressar direito, ou se sentia sozinho porque ele sempre foi ligado a nossa mãe né, e ela não estava bem, às vezes passava dias trancada no quarto e não conversava com ninguém.
 

- Nossa, não sabia de nada disso Marco. Se for o caso eu arranjo alguém para dividir um apê...- eu ia dizendo quando ele parou o carro
 

- Chegamos, e não, você não precisa arrumar um apê, relaxa! - Ele colocou a mão no meu ombro e me olhou
 

- Mas quero que saiba de uma coisa, você estando aqui pode ser que ele queira ainda mais chamar a atenção dos meu pais, então queria te pedir pra não levar ele muito a sério se ele começar a pegar no teu pé.
 

- Okay, não tem problemas... - eu ia dizendo quando alguém acendeu as luzes da garagem e abriu a porta da sala
 

- Hector? É você mesmo? Meu Deus como você tá diferente - era Cecília, a irmã mais nova
 

- Meu Deus, olha quem fala! Você tá linda Ceci!  Se eu te visse na rua não te reconheceria - disse saindo do carro e indo dar um abraço apertado nela
 

Minha prima sempre foi linda desde criança. Ela tinha o cabelo liso e comprido até o meio das costas, era loira de olhos azuis e tinha 1,60m de altura. Lembrava muito meu tio Paulo que também era loiro de olhos claros, porém puxou a altura da minha tia Ester.
 

- Aaaah como você tá lindo primo! Se eu te visse na rua teria te cantado, isso sim! - Ela riu e me abraçou de novo
 

Eu ri, ela sempre foi atirada. Minha tia sempre dizia que ela daria mais trabalho que os dois meninos juntos, mas Cecília sempre foi um doce de pessoa, ela sempre estava lá quando você precisava contar um segredo ou aprontar alguma coisa escondida. Lembrei dos velhos tempos em que nós e o Théo pregavamos peças na família inteira.
 

- Nem acredito que você já está aqui, eu estava ansiosa! Achei que você fosse chegar mais cedo e que a gente fosse poder comemorar indo pra alguma balada
 

- Nossa, não. Eu já bebi demais ontem numa festinha de despedida com amigos, se eu beber mais hoje eu não levanto amanhã.
 

- Aaaaah, que bobo! Como se fosse fazer muita diferença, amanhã é domingo! - ela sorriu - mas não se preocupe, a gente marca outro dia para sair, eu imagino que além de tudo você deve tá cansado da viagem até aqui né! Veem, entra, vou te mostrar seu quarto!
 

- Hey, não diz oi pro teu irmão mais velho não? - Marco estava entrando na sala com as malas atrás da gente - você já foi mais educada sabia...
 

- Aaah meu Deus, ele tá com ciúmes! Só porque a irmãzinha preferida dele não deu um beijinho nele quando ele chegou! Tadinho - ela correu até ele e o abraçou e deu um beijo estalado no rosto do Marco que começava a rir - Pronto, agora posso continuar?
 Ela foi entrando pela sala, a casa era grande, tinha dois andares e um belo quintal nos fundos.

Pelo menos era o que eu me lembrava, como tudo tá mudando tanto eu acho que até a casa eu não reconheço mais. Ela me guiou pela mão e foi me levando, passamos da sala pela cozinha, sala de estar e fomos para o segundo andar onde os quartos ficavam.
 Passamos por um corredor com cinco portas, a primeira o quarto de Cecília, a segunda de frente ao quarto dela era o quarto dos meus tios, logo depois vinha a porta do quarto do Théo e de frente pra ele a do quarto do Marco, ou melhor, do meu quarto e no fim do corredor havia um lavabo para visitas, já que todos os quartos eram suítes.
 

- Eu sei que você provavelmente lembrava o caminho mas eu quis te trazer até aqui priminho!

- ela disse tirando sarro da minha cara
 

- É, eu lembrava sim - disse rindo com ela - mas vocês estão todos tão diferentes que eu... - nisso a porta do quarto do Théo abre e eu fico calado
 

 Ele ficou parado na porta olhando pra minha cara, meu Deus, ele era o mais diferente de todos. Tinha o cabelo preto meio comprido e bagunçado, os olhos azuis iguais do meu tio e da Cecília, estava pelo menos uns 10 cm mais alto que eu, uma tatuagem pegava todo seu braço direito e ele tinha alguns brincos em uma das orelhas. Fora isso ele estava com cara de poucos amigos, a boca carnuda cerrada e ele me encarava como se não soubesse muito bem quem eu era.
 

- Théeo! - Cecília disse numa voz de reprovação - vai ficar ai parado olhando? Não vai dizer nem "Oi"?
 

- Você é o Hector? - ele me perguntou com uma voz grave e rouca
 

- Erm, é...sou eu, você não lembra de mim? - perguntei sem jeito
 

- Um pouco, sim... - ele levantou a sobrancelha me estudando
 

- Théo, para de ser cretino - Ceci falou dando um tapa no braço dele
 

- Eu não estou sendo cretino e nem mentindo - ele olhava pra ela com cara de tédio, virou e entrou no quarto sem dizer mais nada.
 

- Eu, é... - eu comecei a falar, mas fui interrompido
 

 

- Olha, não esquenta com esse escroto - Ceci ascenava pra mim entrar no quarto enquanto ela abria a porta - bota suas coisas aí, se você quiser fique a vontade pra tomar um banho, as toalhas estão no armário do banheiro.
                Senti uma mão no meu ombro e olhei assustado para o lado, havia me esquecido que o Marco ainda estava ali do lado, ele me olhou e perguntou:
 

- Você tá bem? Eu te disse que ele era difícil, não se preocupa não. Ele sabe com certeza quem você é, ele foi avisado que você viria.
 

- Okay, tá tudo bem, acho melhor eu tomar um banho... - falei enquanto colocava as malas em um canto do antigo quarto do Marco.
 

- Fica a vontade Thor - e ele me deu mais um tapinha na cabeça - depois desce lá na cozinha, a gente vai pedir uma pizza pra poder comer, você deve tá morrendo de fome!
 

- Thor? - Ceci interrompeu antes de eu responder.
 

- Ah é...coisas da minha mãe, ela disse que eu parecia o Thor, o deus sabe - falei envergonhado
 

- Aaah que gracinha Thor, não sabia que tinha um deus nórdico na nossa família - ela disse em tom de deboche quase rindo enquanto o Marco começava a gargalhar tendo cumprido a missão de me envergonhar
 

- Ah vai se fuder mano, eu mato minha mãe
 

- Mata nada, para de ser besta menino - ela ria - vai lá tomar banho, eu e o Marco vamos pedir umas pizzas, você quer do que?
 

- Pra mim tanto faz Ceci, qualquer coisa é bem vinda.
               

Entrei no quarto e fechei a porta, sentei na cama e fiquei pensando em como o Théo havia me tratado, fiquei magoado porque ele sempre foi o primo que eu mais tinha contato. Não conseguia entender como ele podia ser tão indiferente comigo, mas como meu primo ja havia dito, era melhor não levar a sério. Se ele não queria conversa, que assim seja.
                Tomei um banho demorado pois estava morrendo de dores nas costas depois de toda a viagem e de carregar as malas pesadas pra lá e pra cá. Sai do chuveiro, me sequei e fui colocar uma roupa pra ficar mais à vontade. Escolhi uma camiseta básica preta e um shorts que parecia moletom, era bem confortável.
                Sai do quarto e desci para a sala, meus dois primos estavam lá sentados no sofá esperando a pizza, sente do junto com o Marco no sofá menor.
 

- A tia e o tio voltam hoje? - perguntei
 

- Acho que sim Thor - ele disse sorrindo novamente - mas só mais tarde, esses jantares da empresa do papai demoram pra acabar.
 

- Porra, para de me chamar assim Marquinho - e deu um soquinho no joelho dele.
 

- Iiiiiiiiiiih, Marquinho, que fofo! - zoou Cecília
 

- Ahh não enche pirralha, é você quem tem apelido de bicicleta antiga - disse ele rindo mais ainda.
                Eu havia sentido falta dos meus primos, só agora me dava conta do quanto. Eles eram como meus irmãos que eu via no final do ano, ser filho único sempre foi muito solitário e estar com eles me fez ficar muito feliz, exceto talvez pelo episódio com o Théo mais cedo.
                Ficamos ali na sala conversando e passando tempo em frente à TV até que a pizza chegou, Marco levantou e foi pagar a pizza enquanto a Cecília levantou correndo e foi pra cozinha botar a mesa pra gente comer. Me levantei e fui ajudá-la, quando estava colocando os talheres na mesa ela colocou uma das mãos em cima da minha.
 

- Hector - ela disse parecendo envergonhada - eu gostaria de pedir desculpas pelo escroto do

Théo, ele mudou muito nos últimos anos. Acho que você nem deve mais reconhecer o que ele já foi algum dia. - Ela parecia realmente preocupada.
 

- Tudo bem Ceci, o Marco havia me avisado no caminho pra cá que talvez ele fosse ser diferente do que eu me lembrava.
 

- Ele só anda aprontando sabe, nem parece com aquele garoto tímido e legal que ele costumava ser quando era mais novo. Meus pais não sabem muito o que fazer com ele porque ele se fecha no próprio mundo e não tá nem aí com quem tenta conversar com ele.
 

- Deve ter sido um tempo difícil... - eu comecei a falar
 

- Foi - disse o Marco colocando as pizzas em cima da mesa -  aliás, ainda é. Mas acho melhor a gente ir comer, o que vocês acham? - levantou as sobrancelhas olhando de mim para Ceci.
 

- Acho uma boa - eu estava morto de fome, mas não consegui reprimir um pensamento - e o Théo, não é melhor chamar ele pra comer?
 

-Humm... - Cecilia olhou com uma cara um pouco desconfiada, parecia não achar uma boa idéia.
 

- Gente, desculpa, vamos comer. Eu só achei que seria melhor, mas eu me acostumo - disse envergonhado pegando um prato.
 

- Tudo bem, sirvam-se crianças - Disse Marco abrindo os braços como se aquele fosse um grande banquete.
 Comemos muito, as pizzas eram uma delícia e eu fiz questão de experimentar uma de cada sabor que eles pediram. Comi pelo menos uns cinco pedaços e ficamos ali conversando sentados na mesa da cozinha. Quando o relógio bateu duas horas da manhã, Cecília levantou e disse que iria dormir, pois estava cansada e amanhã tinha coisas a fazer.
 

- Boa noite meninos, espero que vocês durmam bem porque euzinha aqui tenho que ter meu sono de beleza - e saiu desfilando da cozinha
 

- Mas é exibida mesmo né... - disse Marco também levantando - eu preciso ir também Thor, não moro tão longe mas não quero chegar tarde, espero que você fique bem aqui e qualquer coisa você pode me ligar - Nisso ele tirou um cartão da carteira e me entregou dando uma daquelas piscadinhas.
 

- Tudo bem primo, se precisar eu ligo sim! Nem que seja pra te encher o saco - Falei pegando o cartão e rindo da cara dele.
 

- Aaah, não vai encher nada não pode ter certeza - Ele deu a volta na mesa e me abraçou apertado - foi bom te ver.
 Após me despedir dele e ele sair com o carro, eu entrei e decidi ficar mais um pouco na TV, queria ver meus tios, estava ansioso para dar um beijo na minha tia e ver como eles estavam. Estava no meio de um filme de terror aleatório que eu achei e como estava interessado estava muito concentrado nas cenas e não percebi quando alguém se aproximou da sala atrás de mim.
 

- O que você ainda faz acordado? - Disse aquela voz rouca
 Meu susto foi tão grande que eu simplesmente esbarrei no copo de refrigerante ao meu lado na mesa de canto e derrubei tudo no chão, fazendo barulho quando o copo caiu e estilhaçou no chão.
 

- Você tá loco muleque? - Disse Théo me encarando com cara de bravo
 

- Erm...desculpa mano, eu não tevi, tava assistindo filme de terror e você falou do nada eu me assustei - falei ficando vermelho igual um pimentão, eu odeio quebrar qualquer coisa, ainda mais na casa dos outros.
 

- Você não vai limpar essa sujeira não? - Ele disse sem se mexer do lugar com aquela cara de bravo.
 

- Vou sim, só me fala onde tem um pano, por favor? - Falei olhando pra ele novamente.
 

- Se vira... - Ele saiu andando e foi pra cozinha.
 

 Eu fiquei mais assustado com essa grosseria do que com o susto que levei antes, levantei e fui calmamente até a cozinha. Comecei a procurar nos armários para ver se eu achava algo com o que eu pudesse limpar a sujeira que havia feito. Enquanto isso Théo estava sentado na mesa da cozinha olhando tudo que eu fazia enquanto comia um pedaço de pizza.
 Enquanto eu procurava um pano ou guardanapo de papel que eu pudesse usar eu escutei a porta da salar abrir, devia ser minha tia e meu tio chegando, eram quase 3 da manhã. Eu queria mais que tudo achar o pano e limpar tudo antes que eles chegassem, mas logo em seguida ouvi a voz da minha tia lá da sala.
 

- Que bagunça é essa aqui na minha sala? - Disse ela em tom de reprovação.
 Quando ela chegou na cozinha com cara de brava e me viu abaixado com a porta do armário aberta ela deu quase um grito de felicidade. O problema foi que eu assustei de novo e levantei rápido demais batendo minha cabeça com tudo na porta do armário que estava aberta acima de mim.
 

- AI! - Sufoquei um PUTA QUE PARIU
 

 Meu primo Théo começou a gargalhar, mesmo estando com a boca cheia de pizza. Ele simplesmente não parava, ria com gosto. E eu ficando cada vez mais irritado e com vergonha. Tudo que eu não queria era uma situação dessas logo depois de chegar de viagem.
- Hector? Meu Deus, você tá bem meu filho? - Disse ela vindo em minha direção, novamente com cara de preocupada. Meu tio chegou na cozinha em seguida.
 

- Hector, quanto tempo... - ele dizia com um sorriso no rosto até que viu minha cara de dor e o sangue escorrendo de um pequeno corte em minha testa.
 

- O que aconteceu aqui - disse meu tio Paulo olhando de mim para o Théo - você tá bem Hector?
 

- Desculpa tio, tia - falei com cara de dor, com a mão na testa para não deixar o sangue escorrer no olho - eu tava procurando um pano pra limpar a sujeira que eu fiz sem querer na sala, eu assustei com o Théo falando comigo e derrubei um copo - eu falava com um nó na garganta que já não sabia se era vergonha ou irritação com meu primo que ainda ria da minha cara.
 

- THÉO! CALA A BOCA! - Meu tio havia virado pro lado e estava vermelho como um tomate e gritando a plenos pulmões com meu primo que agora parava de rir e o encarava como se fosse uma águia perseguindo a presa.
 

- O que é que eu fiz dessa vez? Se ele bateu a cabeça é problema dele, eu não tenho nada a ver com isso, porque você tem que gritar comigo? - disse ele com a voz carregada e uma cara fechada.
 

- Vai limpar a sala AGORA! - Meu tio atravessou a cozinha, saiu na lavanderia e pegou um pano e um rodo - VAI, ANDA MULEQUE!
 

- Tio, não, eu limpo... - eu comeci a dizer mas fui interrompido pelo meu primo
 

- VAI SE FODER, EU NÃO FIZ NADA, SE ELE SE ASSUSTA COM QUALQUER COISA A PORRA DA CULPA NÃO É MINHA! - Ele gritava ficando vermelho, seus olhos brilhavam de raiva.
 

- Olha como fala comigo muleque, eu sou teu pai e não essa merda desses amigos que você anda pra ficar falando esse monte de palavrão aqui debaixo do meu teto - ele falava com a voz fria, como se fosse expulsar meu primo a qualquer momento de casa.
 

- Théo - minha tia abriu a boca meio tremendo, ela estava envergonhada pela cena toda na minha frente - vai, limpa a sala. Você assustou seu primo e pelo jeito nem ajudou o coitado a pegar algo pra limpar lá...anda, vai.
 

Théo bufou, levantou arrastando tudo que via pela frente, jogou o prato e os talheres na pia quase quebrando tudo. Pegou o rodo e foi para a sala, meus tios respiraram mais aliviados e se viraram pra mim.
 

- Meu querido, me desculpa por você ter que ver essas coisas logo no primeiro dia que você chegou - ela disse passando a mão carinhosamente no meu braço - vem cá, eu vou fazer um curativo na sua testa.
 

 Minha tia me arrastou pela mão até a sala, eu não queria ficar lá, Théo me fuzilava com o olhar enquanto minha tia me colocava sentado no sofá e me disse para esperar, que ela ia pegar o kit de primeiro socorros.
 

- Théo, me des... - eu comecei a dizer
 

- Olha, na boa, fica quieto. - ele disse ríspido - Não adianta pedir desculpas, já limpei tua sujeira.
 

 Ele saiu marchando da sala em direção a cozinha e depois o vi passar voando e subir as escadas e escutei a porta do seu quarto batendo depois. Minha tinha saia do quarto dela e eu a vi baixar a cabeça e a balançar desconsolada.
 

 Ela se aproximou de mim com uma cara que beirava choro, ela devia estar muito envergonhada. Ela sempre amou demais o Théo e ve-lo agir dessa forma quebrava o seu coração. Quando ela se sentou, fez sinal para que eu me deitasse levemente no encosto do sofá para que ela pudesse fazer o curativo.
 

- O meu anjo, não fica mal não tá? - Disse ela enquanto limpava o sangue que já começava a secar.
 

- Tia, a culpa realmente não foi dele - eu a olhei enquanto limpava o galo dolorido na minha testa.
 

- Mas ele não te ajudou também, não é? - Ela parou e me encarou.
 

- Erm...é, não. Eu havia perguntado pra ele se tinha algum pano que eu pudesse usar pra limpar a sujeira, mas ele estava comendo e acho que não deu tempo de responder. Foi tudo muito rápido... - eu falei rapidamente para que ela não me interrompesse, mesmo mentindo sabia que não tinha sido culpa dele. Não queria criar caso.
 

- Hector - ela disse ainda me encarando - não precisa se desculpar por ele, eu conheço bem o filho que ele se tornou. Ele não precisava rir da sua cara, ou responder o pai dele naquele tom.
 

Eu fiquei calado, olhando para baixo como se tivesse levado um esporro dos meus pais. Me sentia péssimo pelo que havia acontecido, mas não sabia o que fazer. Eu sempre gostei muito do meu primo e a gente sempre foi muito ligado, mas não conseguia entender o que acontecia com ele e a cada conflito eu só ficava mais curioso.
 

- Pronto - ela disse colocando um band-aid no meu machucado - já tá pronto pra outra
 Eu ri, e a abracei. Ela ainda me lembrava a tia maravilhosa que ela era na minha infância. Gostava muito de estar perto deles novamente, depois de tanto tempo. Mesmo com alguns imprevistos e brigas eu me sentia em casa.
 

- Bom meu querido, eu vou me deitar - ela se levantou e me deu um beijo na testa - durma bem e tenta não se importar muito com seu primo, okay?
 

- Okay, tia. Pode deixar, eu tô bem.
 

 Logo a após ela subir as escadas eu ainda estava sentado no sofá. Meu tio já havia subido enquanto minha tia fazia o curativo. Estava lá sozinho, respirei fundo e decidi ir dormir. Estava cansado tanto física como mentalmente, achei melhor dar aquele dia por encerrado.

 

 

 


Notas Finais


E aí, que acharam? HAHAHA
Théo é lindo né *-*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...