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História Special Needs - Romance Gay - Too many friends


Escrita por: Amadeo

Notas do Autor


Aiii meu Deus!!! Esse cap. está enorme!!!
Espero que todos gostem, se tiverem paciência pra ler!
Comentem pls, quero saber o que vcs acham!

*-*

Capítulo 3 - Too many friends


Domingo - 10:23

Logo que acordei, virei para o lado piscando para evitar a luz do sol que entrava pela janela. Havia esquecido de fechar as cortinas, na minha casa nunca me preocupei com sol na cara logo de manhã. Me estiquei, escutei alguns estralos e me sentei coçando a cabeça. 

Sai da cama, e fui tomar um banho. Eu geralmente só acordo depois de tomar um bom banho. A água estava quente e caia sobre as minhas costas e sobre meu cabelo. Fiquei embaixo da água por uns cinco minutos, só sentindo ela cair sobre meu corpo. Me ensaboei, lavei o cabelo e sai. Escovei os dentes enquanto tentava deixar meu cabelo de uma maneira socialmente aceitável. Eu nunca penteava, meu cabelo por ser bem ondulado funcionava melhor na base da mão mesmo.

Escolhi outra roupa de ficar em casa, não queria fazer nada de diferente mesmo. Um shorts preto de nylon e uma regata branca, era tudo que eu precisva. E chinelos. Quando me dei por satisfeito decidi descer para cozinha pra poder tomar um café. Meus tios já estavam sentados ali fazia um tempo.

- Bom dia tia, bom dia tio. Tudo bem com vocês? - falei tentanto ser educado

- Bom dia meu querido, você dormiu bem? - minha tia dizia enquanto me acenava pra sentar ao lado dela - Senta aqui, olha, tem leite, pão, os frios estão aqui separados e se você quiser eu posso fazer alguma coisa pra você.

- Não tia, imagine, não precisa. - eu ja estava sentado me servindo de leite e achocolatado - Eu só queria tomar um cafézinho depois, tem?

- Oh meu amor, lógico que sim, tá na garrafa ali em cima do balcão, pode ficar à vontade!

- Obrigado tia.

- Hector, bom dia, você dormiu bem? - meu tio deixou o jornal de lado e começou a me olhar

- Dormi sim tio, tava bem cansado pela viagem. Mas já estou bem novamente.

- Isso aí garoto, tem que descansar mesmo. Amanhã começam as aulas e você precisa estar bem, tá ansioso? - disse ele sorrindo.

Antes de eu abrir a boca pra responder um vulto entra na cozinha e eu olho pro lado. Era o Théo, eu quase me assustei só de ve-lo ali, parado olhando pra mim. Ele me olhou mais um pouco, estava com a cara fechada, a boca carnuda apertada de raiva.

- Você está no meu lugar... - ele me disse com um tom baixo e tenso

- Théo não começa - meu tio virou pra ele ficando vermelho - ele não vai sair, se você quiser tomar café com a gente senta aqui do meu lado.

Eu não sabia exatamente o que fazer, se levantava ou se ficava ali mesmo. Ele ainda me olhava de lado, bufando. Eu imagino que ele tinha ciúmes da mãe às vezes, por tudo que ela passou. Ele respirou fundo, deu a volta na mesa e sentou a minha frente, do lado do meu tio.

- Isso, quando você coopera é fácil - meu tio retorquiu olhando de lado.

- Me desculpa, eu não sabia que era seu lugar, foi sua mãe quem me disse pra sentar aqui - eu ia dizendo e então percebi que ele começou a olhar pra mãe, como se realmente estivesse magoado. Decidi ficar quieto e olhar pro meu leite e o resto do meu pão com frios.

- Não se preocupa Thor - minha tia disse encarando ele de volta - ele sabe que não foi exatamente muito agradável ontem a noite, e ele se arrepende, não é mesmo Théo? - e ela cerrou os olhos.

- Thor? - foi tudo que ele disse

Depois disso, ele abaixou a cabeça e se concentrou em comer. Nem a sua respiração eu escutava mais. Ele parecia estar em outro mundo, e sua cara demonstrava um pouco de dor. Eu não conseguia mais falar nada e só olhava para ele quando meus tios não estavam prestando atenção. Ele ainda ainda se parecia muito com o velho Théo, que quando levava esporro dos pais ficava cabisbaixo e quieto, às vezes ficava sem falar o dia todo.

- Bom meninos - disse minha tia enquanto saia da mesa - eu vou ao super-mercado logo mais, alguém gostaria de me acompanhar? - e ela olhou fixamente para o meu tio.

- Obrigado pelo "menino" Ester, você sabe que eu te amo - ele riu - mas sim, eu te acompanho sem problema algum.

- Obrigado meu amor, também te amo - e ela sorriu de volta.

Théo ainda encarava o prato e o copo de suco como se estivesse pensando em algo distante, talvez no passado? Não sei, ele parecia estranho mesmo estando mais calmo que na noite anterior.

- Thor - minha tia disse olhando pra mim enquanto colocava algumas louças para secar. Quando ela mencionou meu apelido, meu primo levantou a cabeça e me olhou - você pode ficar à vontade em casa heim, se sentir fome ou quiser alguma coisa, pode pedir ajuda pro seu primo aí, okay? E você me avise se ele não colaborar.

- Não tia, tudo bem, não precisa se preocupar - eu disse encarando-o de volta - eu estou bem e qualquer coisa eu peço ajuda sim - eu ja devia estar vermelho de tanto que ele me olhava, parecia querer ler algo na minha cara. Dei um sorrisinho de canto de boca de nervoso e pra minha surpresa ele levantou uma sobrancelha em sinal de surpresa. Eu olhei pro outro lado por que já estava com muita vergonha.

Meus tios sairam meia hora depois para fazer compras, Cecília estava em algum lugar da cidade fazendo sabe-se lá o quê. Logo, estávamos eu e o Théo sozinhos em casa. Eu estava no "meu" quarto tirando algumas coisas da mala para colocar no guarda-roupas e quando eu me viro para a porta o Théo estava lá. Ele era bem bonito quando se parava pra olhar. E eu estava fazendo isso mais do que gostaria de admitir nessas últimas horas.

O cabelo levemente ondulado, preto e bagunçado. Lindos olhos azuis e uma boca bem desenhada, ele não usava barba mas deveria ficar tão bem quanto sem. A tatuagem no braço direito começava logo acima dos dedos e subia até quase o ombro, agora conseguia ver melhor que na noite anterior. Ele estava de regata vermelha e um shorts parecido com o meu de jogador, porém branco. Ele tinha um corpo muito bem treinado pelo que eu via, não era tão forte quanto o Marco mas era bem mais atlético do que eu, e aquela tatuagem se esticava desafiadora sobre seu bíceps e ante braço.

Eu não sou de ficar reparando em outros caras, confesso que só namorei meninas até hoje. E nunca beijei um cara, mas uma vez quase aconteceu. Era uma festa de um amigo muito chegado e no meio da madrugada ele quase me beijou antes de ir embora. Fiquei confuso, não sabia se ele realmente teria me beijado ou se foi coisa da minha cabeça.

- Você tá me escutando? - ele me disse de repente e eu franzi a testa sem entender.

- Desculpa, o que você me perguntou? - eu disse ficando vermelho

- Eu só chamei seu nome, Thor... - e ficou mudo

- Thor não é meu nome e você sabe disso - eu soltei a respiração - isso é coisa da minha mãe, não sei como sua mãe sabe disso.

- Ah, da sua mãe...tá. - e ele me encarou de novo.

- Olha, desculpa tá, não gosto nem que me chamem assim. No começo era só ela mas...

- Não gosta? Porque Thor? Não é um nome bonito? - ele me interrompeu cruzando os braços e dando uns passos à frente. Agora ele parecia bravo novamente.

- Não é que eu não gosto, mas é uma coisa íntima - disse tentando não entrar em conflito

- Então eu vou te chamar só de Thor, okay? - disse ele sentando na minha cama e me olhando com a testa franzida.

- Erm...olha, é...okay, se quiser pode me chamar assim, você é da família - Eu disse tentanto parecer convencido.

Ele me olhava sentado na cama, era como se me estudasse. Comecei a colocar roupas no armário enquanto ele ainda me olhava sem parar, aquilo começava a me incomodar. Percebi que sua cara era de raiva misturada com algo mais, não sabia ler as expressões do Théo. De repente vejo que ele se levantou e começou a mexer na minha mochila que estava mais próxima da cama.

- O que você ta fazendo? – eu perguntei com surpresa

- Nada, só curioso – ele começou a tirar algumas roupas minhas da mochila sem cerimônia.

- Théo, deixa isso aí, eu to arrumando as coisas ainda e... – ele me encarou segurando uma cueca vermelha na mão.

- Cuequinha linda primo – e começou a rir da minha cara novamente – deve ficar bem gay em você Thor – e ele fez questão de dar ênfase no meu tão amado apelido.

Eu fui pra cima dele, não agüentava mais esse filho da puta rindo da minha cara. Arranquei a cueca da mão dele e a mochila, joguei tudo no canto com a maior força possível. Ele me olhava como se estivesse surpreso, havia parado de rir e agora estava lá me encarando com a boca meio aberta e o cenho franzido.

- Por favor Théo, eu já to de saco cheio cara. Se você não gosta de mim ou não quer me ajudar, pelo menos me deixa em paz valeu? – disse olhando sério naqueles olhos azuis que me encaravam.

- Você fica ofendido fácil heim, priminho – ele disse chegando mais perto e me olhando de cima.

- Não é isso Théo, eu não sou palhaço pra você ficar tirando sarro da minha cara mano – apesar da proximidade eu continuei onde estava e segurei o olhar dele.

- Tanto faz... – nisso ele se virou e saiu andando pela porta do quarto, entrou no dele e bateu a porta.

- Eu juro que eu não entendo esse muleque – murmurei por entre a respiração.

Voltei aos meus afazeres, mas já não estava animado como antes. Ele me tirava do sério, por mais que eu tentasse não me envolver em brigas e nem nada parece que nada adiantava. Eu não entendia porque ele tinha que ser tão escroto comigo mesmo depois de tudo que já havia acontecido na noite anterior.

Meia hora depois terminei de guardar tudo que eu havia trazido, o quarto estava finalmente arrumado e com minhas coisas espalhadas por todo canto. Era um quarto bonito, tinha uma cama de casal espaçosa e alguns objetos do meu primo Marco. Quadros, fotos, um ou outro acessório e alguns CDs e DVDs que ele deve ter esquecido.

Desci para a sala e decidi ficar assistindo TV já que não havia nada mais interessante pra fazer. Estava lá trocando de canais que nem louco e nada parecia interessante, mesmo com TV por assinatura eu não estava contente. Algo me incomodava e eu não conseguia parar de pensar nessa última cena com o Théo. Ele realmente estava muito bonito, mais do que eu gostaria de acreditar, mas ao mesmo tempo era insuportável. Conseguia transformar meu humor sempre que chegava perto ou entrava no mesmo cômodo.

Com o passar do tempo eu estava jogado no sofá da sala, assistir TV e pensar demais no Théo estava me deixando cansado. Fechei os olhos por uns instantes e acabei cochilando sem demoras. Comecei a ter um sonho estranho, eu estava caindo em um abismo no qual eu não conseguia enxergar o fundo, só conseguia ver a luz acima de mim. E eu caia e caia cada vez mais, aquele frio na barriga crescendo como se a qualquer momento eu fosse me espatifar no chão. Eu não conseguia fazer nada, só gritar, eu tinha muito medo de altura e essa sensação de queda era uma das coisas que mais me aterrorizavam na vida.

-...hor! – eu escutei uma voz ao longe me chamando, mas a queda não parava

- ME AJUDA – foi tudo que eu consegui gritar

- THOR! – e duas mãos me seguraram pelos ombros e me levantaram.

Eu abri os olhos, estava no chão. Eu devia ter caído do sofá durante o pesadelo. As mãos eram do Théo. Ele estava agachado ao meu lado de joelhos e me segurando pelos ombros, seu aperto era firme, mas não me machucava. Ele me olhava com a boca entreaberta e algumas rugas na testa.

- Que aconteceu? – ele me disse olhando diretamente nos meus olhos.

- Nada, eu é...eu tava tendo um pesadelo – desviei o olhar com vergonha de tudo.

- Você ta bem? Você gritou pedindo ajuda... – Ele ainda me segurava e me olhava nos olhos.

-Eu...eu to sim. Eu só sonhei que estava caindo – Eu me sentei e acabei bem próximo do rosto dele. Ele ainda me segurava pelos ombros.

- E isso é um pesadelo pra você? – Disse soltando meus ombros e subindo a sobrancelha.

-Erm...é, eu tenho pavor de altura. – eu olhei pros meu pés.

- E eu aqui achando que era uma coisa realmente grave – ele se pôs de pé me olhando, mas ele não ria, só me olhava.

- Não quis te assustar, mas eu realmente estava apavorado – disse colocando a mão sobre meu coração que estava acelerado.

Se não bastasse o sonho, ele me surpreendeu ainda mais estendendo a mão para me ajudar a levantar do chão. Eu fiquei olhando praquela mão grande estendida na minha frente e depois para os olhos dele. Ele parecia mais curioso do que outra coisa. Aceitei a ajuda e segurei firme em sua mão, ele prontamente me puxou pra cima com uma facilidade incrível. Eu agora estava de pé em frente a ele e o encarava.

- O..obrigado – gaguejei.

- Me desculpa – ele piscou lentamente.

- Oi? – eu disse incrédulo.

- Por antes, eu não tiro sarro da sua cara por que você é palhaço, só te acho inocente e atrapalhado às vezes. Ainda parece uma criança. – e ele me encarava e respirava lentamente, a boca entreaberta.

- Erm..okay, desculpado – eu olhava para os seus olhos e parecia que poderia me afogar ali naquele azul.

Ele se virou, parecia meio corado. Mas foi rápido demais para que eu pudesse notar alguma coisa. Meu coração ainda batia acelerado, eu já não sabia se era por causa do pesadelo ou por tudo que havia acontecido ali naquele ultimo minuto. Théo era imprevisível, mas ainda parecia restar um pouco da boa pessoa que ele já foi. Nada da timidez ou do humor bobo, mas pelo menos ele ainda sabia se desculpar como sempre fizera.

Fiquei parado olhando ele se dirigir até a cozinha, provavelmente era difícil para ele pedir desculpas para alguém. Eu me sentei novamente no sofá e respirei profundamente, ele me afetava demais. Como isso era possível? Eu não sabia responder essa pergunta, mas cheguei à conclusão que ele despertava algum tipo de curiosidade em mim. Seja por não nos falarmos a tanto tempo ou então por toda essa mudança repentina no comportamento dele. Só sei que me afetava como eu nunca imaginei.

Enquanto eu pensava em diversas coisas escutei a porta da sala abrir, e algumas vozes vindo de lá de fora. Me virei achando que seriam meus tios voltando das compras mas não, era Cecília, ela estava com amigos. Ela entrou, veio correndo me dar um beijo e logo depois eu vi uma menina e um cara entrando pela porta.

- Priminhooo! – e me beijou no rosto – como você está? Dormiu bem? – ela sorria

- Oi Ceci, dormi sim! Tava muito cansado por causa da viagem – retribui seu sorriso de maneira sincera.

- Olha, trouxe uns amigos! Vem cá que eu vou te apresentar – ela me pegou pela mão e saiu me puxando até a porta.

- Essa aqui é a Júlia – e me apresentou a uma morena um pouco mais alta que ela, linda. Olhos cor de mel, corpo escultural, e cabelos castanhos e ondulados até os ombros.

- Prazer Júlia, sou o Hector – disse dando um beijo no rosto da bela menina.

- Prazer Hector – ela disse sorridente, e que sorriso lindo – você que é o famoso primo do interior?

- Esse mesmo – disse rindo pelas palavras que ela usou.

- E esse aqui, priminho, é o Arthur – ela disse me apresentando a um cara que sinceramente eu fiquei constrangido. Ele parecia modelo ou algo do gênero, era bem loiro com os cabelos lisos e curtos, uma barba igualmente loira, olhos verdes e um sorriso lindo e largo. Ele também era mais alto do que eu e mais forte, porém ainda mais branquelo.

- Opa, prazer Arthur – disse eu estendendo a mão nervoso.

- O prazer é meu Hector – e ele apertou minha mão, mas me puxou. Ele me abraçou e eu não sabia o que fazia. Não esperava aquela atitude, então abracei de volta dando alguns tapinhas nas costas largas dele.

Nesse momento o Théo saia da cozinha e entrava na sala. Ele ficou parado entre os dois cômodos só olhando pra cena do abraço. Segurava um copo de água na mão e tinha a sobrancelha meio levantada.

- Théeeo – disse Júlia abrindo um sorriso e indo em direção a ele – você está lindo como sempre.

Eu me soltei do abraço e assustado, olhei pra trás, eu havia até me esquecido de tudo que aconteceu alguns minutos atrás. Ele agora abraçava a Júlia de uma forma um tanto quanto íntima e dava um beijo em sua bochecha.

- Ela é louca por ele – disse Ceci num sussurro para que só nos três escutássemos.

- Sério? – perguntei incrédulo.

- É sim, ela sempre fala dele, de como ele é lindo e tudo mais – disse ela rolando os olhos pra cima.

- Eu achei que vocês fossem... – eu disse olhando da Júlia pro Arthur.

- Não, não – ele fez um sinal negativo com a mão – nós somos só amigos – e ao terminar ele deu uma piscadinha pra mim. Já começava a achar que essas piscadinhas eram algo muito utilizado pelo povo da capital, algum costume sei lá.

- Você achou tudo errado priminho – disse a Ceci com um sorriso de canto de boca no rosto – o Arthur...

Mas o que ela iria falar eu não descobri, porque nesse momento a Júlia voltava radiante para perto da gente, depois de ter tirado algumas casquinhas do Théo pelo que eu vi.

- Ai, seu irmão é um lindo – disse ela segurando as duas mãos em frente ao corpo como se fosse uma menininha da pré-escola.

- Só você acha minha querida – disse a Ceci em tom de ironia.

- Não é não, tenho certeza que tem muita gente que acha. Ele é um gato – e ela deu uma ultima olhada pra ele enquanto ele subia as escadas.

Enquanto elas discutiam eu notei que o Arthur ficava me olhando de relance. Não sabia o que era, mas percebi que ele sorria quando via que eu encontrava seu olhar. Ele parecia ser uma pessoa bacana, mesmo não o conhecendo ele demonstrava ser bem amigável.

- Gente, o que vocês acham da gente assistir um filme e fazer umas pipocas? – Cecília já estava toda empolgada.

- Eu topo – respondi sorrindo.

- Então eu também – Arthur disse me olhando

- Eu não vou nem discutir pelo jeito – Júlia fez uma careta

- Ai que lindinhos, amo quando aceitam minhas idéias – Ela riu – Arthur, você e o Thor podem escolher um filme, eu e a Jú vamos fazer algumas coisinhas pra comer!

- Ah Cecília dá um tempo mano – eu disse pra ela envergonhado.

- Que foi? Não posso contar do seu apelido pros meus amigos? – ela riu mais ainda e me abraçou.

- Aff... – eu rolei os olhos.

- Thor? Tá aí, gostei do seu apelido – Arthur disse me dando um sorriso de capa de revista – qual o problema com ele?

- Problema algum – Ceci me interrompeu ainda abraçada comigo – ele que é bobo e fica com vergonha.

- Coisas da minha mãe – eu respondi olhando pro outro lado.

Cecília me soltou, agarrou a mão da Júlia e saiu correndo pra cozinha. Desgraçada, não bastava me deixar vermelho de vergonha na frente dos amigos ela ainda me deixa sozinho com o Arthur que eu não faço idéia de como manter uma conversa. Quando virei pra falar alguma coisa ele me encarava com uma sobrancelha levantada e um semi sorriso no rosto. Droga, ele deve ter percebido a cor do meu rosto.

- Você tem algum filme em mente Thor? – ele disse agora sorrindo de vez.

- Ahn...é, não. – eu disse nervoso – você quer escolher algo no Netflix?

- Acho uma boa idéia – ele deu a volta e sentou no sofá em frente à TV – senta aqui, vamos escolher.

Me dirigi até o sofá e sentei ao lado dele. Não tão próximo, mas não tão distante pra ele não achar que eu estava morrendo de medo dele. Não era medo, mas ele me intimidava, ele era muito bonito e ficava me olhando, eu estava achando tudo aquilo muito estranho. E ele me abraçou, eu fiquei pensando naquilo. Na hora pareceu estranho, mas agora eu já não achava que tinha sido algo ruim. Só diferente, meus amigos geralmente não me abraçavam, a não ser os realmente próximos.

Ficamos olhando pelos próximos dez minutos em silêncio para o catálogo de filmes à nossa frente. O Arthur se vestia bem, estava de bota de couro preta, uma calça jeans clara e uma camiseta preta um tanto quanto agarrada que mostrava bem os músculos do peito. Seu cabelo jogado meio para o lado, não totalmente bagunçado, mas com estilo. E um perfume amadeirado que era realmente uma delicia.

- O que você acha desse aqui – disse ele me olhando e indicando a TV com a cabeça – parece ser bem bacana – e deu uma piscadinha.

- Eu não sou muito bom pra escolher filmes, o que você escolher tá bom – respondi encarando ele, não tinha visto qual era o filme, mas estava meio desconfortável então aceitei qualquer coisa.

Ele sorriu, e eu não conseguia parar de olhar pra sua boca. Aquele sorriso devia causar estragos nas baladas da vida. Os dentes brancos, alinhados. A boca desenhada e aquela barba clarinha cobrindo o rosto. E os olhos verdes eram quase tão hipnotizantes quanto os do Théo. Eu pisquei olhando para a cozinha e interrompendo o contato visual antes que eu voltasse a ficar vermelho.

- Vamos ver o que as duas estão aprontando na cozinha? – eu disse sem graça.

- Claro, vamos lá – ele se levantou

Fomos até a cozinha e chegando lá estavam as duas rindo e sussurrando. Como se estivessem compartilhando todos os maiores segredos da vida. Quando nos viram chegando riram ainda mais e mal conseguiam respirar.

- Posso saber o que as duas estão rindo tanto? – disse Arthur cruzando os braços e levantando a sobrancelha.

- Nada não meninos – disse a Júlia rindo e olhando pra mim e pro Arthur em seguida.

- Vou fingir que acredito e que não conheço vocês duas – disse ele apontando pra elas e sorrindo.

- Thor, me ajuda aqui com as pipocas – disse Ceci me chamando pra pegar os baldes de pipoca que pareciam versões extra-grande daqueles de cinema – essa é pra vocês e essa aqui é nossa, eu vou levar os copos de refrigerante. – Ela me entregou os grandes baldes me fazendo ocupar os dois braços.

Sai andando da cozinha, tomando o maior cuidado pra não derrubar nada no chão. Era realmente muita pipoca, imaginei que ela deveria estar com fome pra fazer tanta coisa assim. Logo atrás vieram os outros três, a Júlia e a Ceci com seus copos de refrigerante e o Arthur trazendo o meu copo e o dele. Sentei no sofá em frente à TV, era daqueles sofás grandes e largos, era quase uma cama. Eu estava bem no meio, colocando as pipocas na mesa de centro quando as meninas se sentaram do meu lado esquerdo e o Arthur deu a volta pela mesa e sentou do meu outro lado.

- Aaaah não acredito no filme que vocês escolheram – disse Cecília e ela e a Júlia começaram a gargalhar novamente.

- Ué, qual o probl... – eu disse olhando pra TV, quando me dei conta do filme que estava selecionado eu fiquei vermelho igual a um tomate. Era o segundo filme do Thor, que havia sido lançado há algum tempo.

- Você disse que não tinha problemas... – disse o Arthur me olhando e dando uma risadinha – achei que você fosse gostar.

- Erm... – eu fiquei um momento mudo – realmente esse eu não assisti, e não, não tem problema – desviei o olhar em direção às pipocas na minha frente tentando não ficar ainda mais vermelho.

As duas ainda riam, pareciam estar se divertindo muito às minhas custas. Maldita hora que eu fiquei reparando no que o Arthur vestia e não olhei pro filme que ele havia escolhido. Respirei calmamente e decidi não ligar para a zoeira das meninas. Ele não havia feito por mal, ele achou que eu curtia o Thor, e não que eu achava estranho as pessoas me chamarem assim. Peguei finalmente um dos baldes de pipoca e comecei a mastigar para manter minha cabeça ocupada.

- Ai priminho, como você é bobo – Ceci tava passando a mão nos meus cabelos, bagunçando tudo, ela estava sentada ao meu lado e me olhava com cara de felicidade – vai gente, dá o play aí – e ela pegou o outro balde de pipoca e sentou-se encostada no sofá, deixando as pernas esticadas a frente.

Decidi também me sentar mais confortavelmente, me encostei e dobrei as pernas a minha frente, como quando era criança, coloquei o balde apoiado no meu colo e fiquei esperando. Arthur pegou o controle e deu o play, logo depois sentou-se próximo a mim com as pernas um pouco dobradas, nossos joelhos quase se encostavam. Nós dividíamos o mesmo balde de pipoca, creio eu que por armação da minha prima, e logo na primeira vez que ele foi pegar uma porção ele colocou a mão sobre a minha. Eu me assustei e olhei pra ele com olhos arregalados.

- Desculpa – ele me disse sorrindo – eu tava prestando atenção na TV.

- Não tem problema – e estendi o balde na direção dele sorrindo de volta – fica a vontade.

- Pode deixar – e ele ainda sorrindo piscou um olho.

Durante todo o filme eu permaneci meio tenso, não sabia como agir. As meninas hora ou outra soltavam comentários de como o ator que fazia o Thor era lindo, e que músculos ele tinha e tudo mais. Elas ficavam rindo e imaginando situações durante o filme. E eu ria nervosamente, mas sem perder a atenção ao Arthur do meu lado. Ele parecia interessado no filme, mas hora ou outra eu percebia que ele me olhava, e em certo momento ele se arrumou no sofá e encostou o joelho na minha perna. Eu não me mexi, só respirava.

Era tudo muito estranho estar tão consciente daquele cara ali sentando do meu lado. Eu nunca fui de reparar em outros caras, e desde que cheguei primeiro foi o Théo e agora o Arthur. Eu não sabia o que acontecia, mas não era exatamente uma coisa que eu não gostava, ou que eu achasse ruim. Mas era diferente, e eu ficava ansioso ou assustado por pouco.

- Thor, eu acho que eu sei o porquê sua mãe te chama assim – disse Ceci me olhando – você lembra ele, só que com cabelo mais encaracolado e menos músculos. – ela riu.

- Obrigado pela parte que me toca Ceci – eu disse mostrando a língua pra ela e rindo também. Ela sempre foi uma fofa, mesmo sendo zoeira.

- Sabe que eu também achei – Arthur disse, dando uma risadinha – parece mesmo com você. Não que eu ligue para os músculos, você está bem assim – e agora ele sorria e me olhava.

- Aaah parem vocês dois – eu disse ficando vermelho novamente – não tenho nada a ver com ele, nem de longe.

- Alguém ta sendo modesto – disse a Júlia rindo – se até o Arthur disse que parece, você não tem do que reclamar.

Nisso meus tios chegaram e foram entrando pela porta da sala, minha tia e meu tio cumprimentaram os amigos da Ceci, que pelo jeito já eram de casa. Minha tia então virou pra mim e pro Arthur e pediu ajuda para descarregar algumas coisas do carro, mais do que depressa o Arthur pausou o filme, levantou e seguiu ela até o carro. Eu também levantei e fui atrás deles. Descarregamos sacolas e mais sacolas do porta-malas. Quando só faltava uma caixa de leite para levar para a cozinha eu peguei coloquei nos ombros e fui levando, por estar distraído trombei com o Arthur que estava saindo pela porta.

Eu cai. Eu realmente não o vi ali e provavelmente nem ele. Cai sentado no chão com tudo, a caixa de leite caindo do meu ombro e indo parar no chão. Ele ficou rosa, acho que era o equivalente a estar com vergonha. Muita vergonha. Ele se abaixou correndo colocou a mão no meu ombro me olhando nos olhos.

- Você está bem Thor? – ele apertou a mão no meu ombro.

Eu fiquei tão surpreso com a cara dele toda rosa e tão perto que eu comecei a rir. Gargalhava, eu simplesmente não conseguia parar. Ele me olhava surpreso, com cara de quem não entendia o que tinha feito de errado. Eu continuava a rir quando minha prima e a Júlia saíram na porta olhando espantadas de me ouvirem gargalhar.

- Calma Arthur – eu disse inspirando fundo – eu to bem cara, mas você ta rosa mano. – e eu comecei a rir de novo olhando a cara dele ficar ainda mais rosa.

Minha prima e a Júlia se olharam e começaram a rir novamente, uma encarando a outra. O Arthur coitado, todo vermelho começou a rir com todos e ainda segurava meu ombro e apertava levemente como se pra se apoiar. A mão dele era quente, e mesmo sendo forte ele não estava me machucando.

- Seu filho da... – ele riu – eu te mato Thor. Você me deixou sem jeito.

- Foi mal cara, eu não agüentei. Eu tô bem, e não perdemos a caixa de leite – eu disse olhando pro lado pra constatar que a caixa ainda estava inteira.

Ele levantou e me estendeu a mão com um sorriso no rosto, ainda rosa pelo constrangimento. Eu aceitei e ele me puxou num aperto de mão firme. Eu recolhi a caixa do chão e fui em direção à cozinha, passando pelas meninas na porta. Ao entrar na sala dou de cara com o Théo olhando pro que acontecia lá fora. Ele tinha uma cara fechada e estava com os braços cruzados.

Eu parei, não sei porque mas a expressão na cara dele me assustou. Eu não esperava ele ficar ali parado olhando pra mim rindo de alguém. Como parei bruscamente,o Arthur que vinha entrando logo atrás trombou levemente comigo, colocou a mão no meu ombro livre novamente.

- Me desculpa Thor, não vi você parando – e me olhou, sem ver o Théo no outro canto da sala.

- Thor? – foi o Théo quem disse com uma voz grave – achei que só a família te chamava assim? – e ele continuava me encarando.

- Qual o problema? Ele já é meu amigo Théo – o Arthur começou a dizer notando quem mais estava na sala, ainda com a mão no meu ombro.

- Foda-se – ele disse e foi para a cozinha com todo seu mau humor.

- Sério, qual o problema do seu irmão Cecília – o Arthur disse num tom mais baixo.

Enquanto Cecília explicava de maneira bem agressiva que ele deveria ter vários problemas mentais e coisas parecidas, eu fiquei ali parado pensando no que tinha acabado de acontecer. Porra, ele tava bravo comigo porque alguém me chamava de Thor? Não fui nem eu quem falou nada pro Arthur. Eu não saio por aí falando dessa porra desse apelido.

- Pois sabe o que eu acho? – Disse o Arthur já sentado no sofá – Isso é ciúmes...

Eu olhei pra onde ele estava sentado com cara de quem não tinha ouvido direito.

- Como assim ciúmes? Ciúmes de quê? – a caixa estava pesando no meu ombro mas eu não segurei a pergunta.

- De você ué. – Ele disse sorrindo – Ele deve estar com ciúmes de eu ser amigo do priminho dele. – e riu.

- Pior que eu até que não duvido viu – Cecília disse ao sentar com Júlia e voltar a comer pipocas.

- Vocês estão loucos – eu sacudi a cabeça em negação com cara de incrédulo.

Sai da sala e fui para a cozinha deixar a caixa que já não agüentava mais segurar no ombro. Coloquei junto com as outras sacolas e pacotes. Théo estava sentado na mesa da cozinha comendo alguma coisa que eu não me atrevi a olhar. Eu sabia que ele me olhava desde o momento que eu entrei na cozinha. Mas estava rezando para que ele não abrisse a boca, infelizmente eu nunca rezei muito bem.

- Você reclama de um apelido, mas qualquer um te chama por ele – Ele disse enquanto eu ainda estava de costas.

- O Arthur não é qualquer um – eu disse virando e olhando pra ele, e ele fez uma expressão de surpresa e estreitou os olhos azuis.

- Ele é amigo da sua irmã, foi ela quem me apresentou e foi ela quem contou dessa merda de apelido pra eles. – Eu disse antes que ele soltasse qualquer coisa da boca aberta que ele mantinha.

Ele só meu olhou fechando a boca, parecia confuso entre continuar a falar ou sair da cozinha. Antes que ele tomasse mais alguma atitude eu sai andando e voltei pra sala. Não queria mais discussão ou briga, nada. Só queria ter um domingo tranqüilo e até então estava tudo indo bem. Ao voltar pra sala, todos estavam me esperando pra continuar o filme. E ficaram me olhando com cara de dúvida enquanto eu sentava no sofá.

- Ele não te encheu o saco não, né? – Disse Ceci passando a mão na minha testa, nesse momento ela viu o meu curativo da noite anterior – Nossa Thor, você se machucou? O que aconteceu?

- Você ta bem? – Disse Arthur colocando a mão no meu ombro novamente enquanto eu me virava e ele via o curativo afastando o meu cabelo bagunçado como minha prima havia feito. Ele me encarava.

- Calma gente, eu to bem sim. Foi só uma pancada na festinha de despedida – menti, não queria contar todo o episódio da noite passada. E eu já estava ficando vermelho com o Arthur passando a mão na minha franja.

Eu me assustei e virei em direção às escadas quando escutamos uma porta bater com tudo, provavelmente era o Théo. Ele devia ter passado pela sala enquanto o Arthur checava meu curativo.

- Iiih, ciúmes... – A Cecília disse com um ar divertido na cara.

- Ah para de graça Ceci – eu disse dando um tapinha na cabeça dela, enquanto ela ria – vamos terminar esse filme por favor? – eu disse me acomodando no sofá.

O filme rolou tranquilamente pelo resto da tarde. Logo após o término, todos almoçamos o resto das pizzas de ontem, só as pipocas não iriam ser suficientes. Ficamos pela casa até 16h quando o Arthur e a Júlia decidiram ir embora. Nos despedimos e o Arthur fez questão de me abraçar forte antes de ir embora. Dei outro beijo em Júlia e eles partiram no carro do Arthur.

Passei o resto do domingo no quarto, lendo. Eu ainda estava um pouco cansado de não ter dormido muito na sexta e pela viagem de sábado. Tomei outro banho no final da tarde e desci para jantar. Todos comeram relativamente quietos. Théo só olhava pra comida e vez ou outra eu percebia ele me olhando de relance. A noite não foi muito longa, decidi ler mais uns capítulos do meu livro e quando era 21h eu já estava morrendo de sono. Não pensei duas vezes, virei pro lado e dormi ainda com o livro na mão.


Notas Finais


:D

Espero que estejam vivos e que tenham gostado!!
Arthur <3


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