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História Special Needs - Romance Gay - Pure morning


Escrita por: Amadeo

Notas do Autor


Ooooooooooooi!
Nossa gente, desculpa! hahaha
Eu demorei porque o fds foi meio cheio e não deu pra escrever nada u_u
Mas...TÁ AQUI! Espero que gostem, amem, curtam, compartilhem e principalmente comentem!

Aaai, emoções <3

Capítulo 9 - Pure morning


Sábado – 11:49

 

Eu estava no quarto do Théo e ele havia acabado de sair do banho, quando me viu veio em minha direção e me beijou. Aquele beijo que eu lembro tão perfeitamente misturado com aquele corpo ainda úmido e cheirando a xampu e sabonete. Ele tirou a toalha e eu pude ver seu corpo todo antes que ele começasse a me despir o mais rápido que ele conseguia.

Ele ainda me beijava com aquela boca quente quando me levou até a cama. Quando me deitei ele retirou minha cueca e se deitou por cima de mim. Eu conseguia sentir cada centímetro de pele junto a minha. Ele estava quente e eu suava embaixo do seu corpo conforme ele continuava a me beijar. Quando ele segurou meu pau em sua mão e começou a me masturbar eu estremeci e gemi baixo.

Ele atacava meu pescoço e me fazia ir à loucura com suas carícias, e tudo que eu fazia era me contorcer por entre seus dedos. Ele aumentou o ritmo e foi descendo sua boca, até encaixá-la calorosamente em minha ereção. Eu gemia, eu me contorcia de prazer e ele me sugava, engolia. Até que em uma explosão de calor eu gozei em sua boca, ele ainda me sugava eu parecia perder o ar. Foi quando eu acordei. PUTA QUE PARIU! Que porra de sonho foi esse, eu disse abrindo os olhos com a respiração ofegante.

Foi quando eu percebi algo melado por entre as minhas pernas, coloquei a mão dentro do meu shorts e não acreditei. Eu havia sonhado e eu havia gozado. Era a primeira vez que isso me acontecia. Antes que eu pudesse tirar a mão do shorts a porta do meu quarto abriu e o Théo entrou. Eu assustei e puxei minha mão toda melada de dentro do shorts, sem saber o que fazer em seguida.

- Minha mãe pediu pra avisar que o almoço ta quase pronto – ele disse surpreso – o que você ta fazendo? – ele franzia a testa.

- Você não sabe bater na porta? – eu disse vermelho.

- Você tava batendo uma? – ele parecia querer rir.

- Não...não foi bem isso, eu acabei de acordar – eu olhava pro lado envergonhado.

- Aaah...foi um sonho então?

- É... será que você poderia me dar licença – eu dizia ainda vermelho.

- Foi comigo? – ele disse sério.

- Théo, por favor...me dá licença. – eu disse balançando a cabeça.

- Foi? – agora ele sorria de canto de boca.

- Sai logo daqui porra! – eu estava puto, mas não queria gritar.

Ele saiu fechando a porta e eu me levantei e fui correndo pro banheiro. Puta que pariu, que sorte de merda que eu tenho. Tomei um banho rápido pra me limpar e escovei os dentes. Eu estava tão constrangido com aquele sonho, era meu primo fazendo sexo oral em mim. Aquilo nunca passou pela minha cabeça, mas depois da noite passada eu já nem sabia o que pensar. Desci para a sala e como não havia ninguém lá fui para a cozinha.

A mesa já estava posta e meu tio e o Théo já estavam sentados, quando me sentei notei que Théo me encarava, mas tentei evitar olhar pra ele, não queria lembrar do sonho e nem ficar vermelho como um tomate do nada. Ele iria perceber. Minha tia terminava de colocar algumas coisas na mesa e logo depois se juntou a nós para almoçar. Meus tios não podiam nem imaginar o tipo de sonho que eu havia acabado de ter com o filho deles. Pervertido, pensei.

- Thor você está bem meu querido? – ela disse se servindo de lasanha.

- Estou sim tia, por quê?

- Ontem quando a gente chegou você já havia subido – ela sorria – só queria saber se está tudo bem querido.

- Está sim – eu disse olhando pro prato – eu estava com sono, me desculpem.

- Não tem do que se desculpar Hector – meu tio ainda me chamava pelo nome – você pode ficar a vontade.

- Obrigado tio.

- E a festa na sexta, foi boa? – agora ela se dirigia ao Théo.

- Foi mãe, foi tranqüila – ele disse me olhando.

- Vocês chegaram juntos?

- É...eu dei carona de volta pro Thor.

- Hum, que bom. Assim a Isa não precisou fazer essa viagem toda – ela olhou sorrindo pra mim – não que eu acho que ela iria se importar né, Thor?

- Como...como assim? – eu disse com a testa franzida.

- Oras, ela pareceu gostar bastante de você.

- Não...não tia não é bem assim. Ela é minha veterana e virou minha amiga – eu já estava vermelho.

- É assim que começa – ela ria.

- Mãe, para. – Théo estava sério.

- Você ta com ciúmes da Isa, Théo? – ela ainda ria – Você já teve sua chance.

- Porra, para de falar isso mãe. Eu não estou com ciúmes dela – ele me olhou de relance, mas logo baixou o olhar.

- Théo, sem palavrão na hora do almoço, por favor – meu tio encerrou o assunto.

Continuamos a comer falando sobre assuntos aleatórios e quando todos haviam terminado eu me propus a lavar a louça pra minha tia. Ela agradeceu me dando um abraço e logo em seguida ela e meu tio subiram para tirar um cochilo. Théo ainda estava na cozinha quando comecei a lavar os pratos.

- Porque você correu pro quarto ontem? – Théo me perguntou e eu não me virei.

- Théo você tem noção do que o seus pais quase viram? – eu disse concentrado na louça.

- Eu tenho noção que você estava curtindo bastante – ele parecia mais próximo e meu coração acelerou.

- Théo, mesmo que eu estivesse. Não dá. Não posso. Eu quase não consegui olhar na cara dos seus pais agora de pouco.

- Você vai continuar negando o que sente? – a voz rouca dele já estava quase na minha nuca.

- Eu não sei o que sinto, provavelmente foi só tesão...

Nesse momento eu senti os lábios dele na minha nuca. Eles simplesmente encostaram na minha pele e eu me arrepiei inteiro lembrando do sonho dessa manhã. Com o susto eu soltei o prato que eu segurava e ele espatifou no chão. Eu olhei para baixo e então me virei, ele me olhava com um sorriso de satisfação.

- Olha o que você fez! – eu disse vermelho.

- Desculpa, eu te ajudo a limpar.

- Não...não, sai daqui me deixa sozinho por favor – eu não sabia onde enfiar a cara.

- Você tem cert...

- Tenho! – eu disse sério.

Ele ainda me olhava meio sorrindo, provavelmente porque ele deve ter visto o estado do meu rosto todo vermelho. Ele parecia se divertir me deixando sem jeito e eu começava a achar que ele tava fazendo tudo isso só pra me constranger. Que porra de beijinho na nuca é essa? Se controla porra...pensei enquanto ele saia e eu catava os cacos de vidro no chão.

Théo parecia tão certo sobre essa coisa de aceitar o que sente, como se ele fizesse isso. Duvido que ele não tinha dúvidas ou medos, como é que ele pode ser tão direto assim. Terminei de recolher todos os cacos, varri o chão e terminei de lavar o resto da louça em paz. Não que minha própria mente me deixasse em paz, mas eu ignorava os pensamentos que surgiam.

Quando estava entrando na sala vi que Théo estava assistindo alguma coisa na TV e antes de qualquer coisa a porta da sala se abriu. Era Marco, o primo mais velho. Quando ele me viu veio sorrindo me dar um abraço apertado. Fazia uma semana que eu o havia visto e tanta coisa já tinha acontecido. Ah se ele soubesse.

- Como você ta cara? – ele disse me dando tapinhas nas costas

- Até agora vivo – eu respondi rindo e foi quando ele viu meu olho.

- Porra, que que aconteceu? – ele dizia olhando pro hematoma e logo em seguida pro Théo – Isso não é coisa tua não né?

- Não, não é. Foi na universidade, longa história – eu disse enquanto Théo olhava sério para mim.

- Porra, você já se meteu em confusão Thor?

- Eu fui defender uma amiga de um escroto lá.

- Ah, então tu já ta de olho em alguém? – agora ele sorria botando a mão no meu ombro.

- Ele defendeu a Isa – o Théo respondeu levantando e indo cumprimentar o irmão.

- Porra a Isa é gata, você não perde tempo heim.

- Porque todo mundo tem que achar que eu quero alguma coisa com ela? – eu cocei a testa sem saber o que dizer.

- E você não quer? – ele dizia com a testa franzida.

- Não, ela é minha veterana e minha amiga. Só isso.

- Hummm, então você já deve ter alguém em mente se não se interessou por ela – e ele piscou pra mim.

- Ah...é...não... – eu disse olhando de relance pro Théo e ele me analisava.

- Eu sabia – e ele ria – você não sabe mentir muito bem sabe...

- O que você veio fazer aqui? – foi Théo quem me salvou.

- Vim visitar ué, ainda tem almoço? Sai de manhã de casa e ainda não comi nada.

- Tem, ta lá na mesa da cozinha – eu disse – e se eu puder, eu gostaria de lavar algumas roupas minhas – eu disse olhando pro Théo.

- Você não quer separar, minha mãe tem uma empregada sabe... – ele disse com a testa franzida.

- Não, eu prefiro fazer isso hoje... – eu queria era ficar sozinho isso sim.

- Fica à vontade Thor – Marco me disse – você sabe onde é a lavanderia.

Subi as escadas e fui direto para o quarto. Peguei todas as roupas que eu precisava lavar, incluindo a cueca melada dessa manhã que era o motivo pelo qual decidi lavar minha própria roupa. Quando desci Théo e Marco estavam na cozinha conversando sobre alguma coisa que eu não prestei atenção, fui direto para a lavanderia que ficava numa parte externa da casa.

Fui colocando as roupas na máquina e checando cada bolso de shorts e calça pra ver se eu não tinha esquecido nada dentro. A última peça era a cueca dessa manhã, era uma boxer preta e era bem visível o que aquela mancha era, ainda mais pela quantidade. Eu devia estar mais necessitado do que eu imaginava.

- Era por isso que você queria lavar sua roupa né... – Théo me surpreendeu falando atrás de mim.

- Puta que pariu, para de fazer isso, você vai me matar de susto.

- Você não precisava lavar sua roupa por causa disso...

- Eu quero. Eu não me sinto bem – e joguei a cueca dentro da máquina ficando vermelho – de outras pessoas verem esse tipo de coisa.

- Esse tipo de coisa acontece sabe – ele indicou a máquina com a cabeça – não precisa ficar com vergonha.

- Foi...foi a primeira vez. E eu gostaria que ninguém soubesse – eu o censurava com o olhar – mas alguém não sabe bater na porta antes de entrar.

- Estamos quites – ele riu – você também viu algo que não era pra ter visto.

- Vai se foder Théo – eu acabei rindo – eu já disse que não vi nada e eu bati, quem não escutou foi você.

- Não viu nada mesmo? – agora ele franzia a testa.

- Não porra, não vi. Você estava de costas lembra?

- Que que você não viu Thor? – era o Marco saindo na porta que dava na cozinha.

- Nada – Théo disse tão surpreso quanto eu.

- Hum, tão de segredo agora? – ele sorria.

- Não, era sobre a festa de ontem, nada demais – emendei.

- Vocês estão indo em festas juntos? – Marco perguntou incrédulo.

- Qual o problema? – Théo estava sério.

- Nada...só achei que você fosse ser um porre com ele.

- Não...não é assim Marco, não se preocupa – eu disse ficando vermelho porque o Théo me olhava.

Nós entramos novamente pela cozinha e eu deixei os dois conversando na sala e subi para o meu quarto. Eu queria ficar um pouco sozinho, deitei na cama e fiquei lendo meu livro que por sinal logo acabaria. Depois de um tempo escutei a campainha tocando na sala, mas nem me incomodei já que um dos dois atenderia. Alguns minutos alguém bateu na minha porta e eu levantei e fui ver quem era.

- Oi – disse Arthur sorrindo.

- O..oi – eu estava espantado de vê-lo ali.

- Tô te atrapalhando? – ele disse sem jeito.

- Não Arthur, que isso. Só não te esperava aqui mesmo – eu sorri depois do susto.

- Será que a gente pode conversar? Desde o churrasco e daquele dia que eu vi teu olho, eu...eu preciso falar com você.

- Claro... – nesse momento o Théo abriu a porta do quarto dele e ficou estático - ...entra.

- Obrigado.

Antes que eu pudesse fechar a porta eu vi a expressão na cara do Théo do outro lado do corredor. Ele parecia pálido e com a boca aberta, mas seus olhos queimavam. Eu sabia que ele não gostava do Arthur por qualquer motivo que fosse, mas eu não podia negar a conversa com ele já que ele decidiu vir até aqui para isso. Deve ser importante, pensei.

- Se você quiser sentar, fica à vontade – eu disse sentando na cama.

- Obrigado Thor – ele sentou na cadeira da escrivaninha.

- Então...o que você quer conversar? – eu disse franzindo a testa.

- Eu... bom primeiro eu queria te pedir desculpas por quase ter te beijado aquele dia – ele já estava rosa.

- Não se preocupa – eu disse tranqüilo – a gente tinha bebido demais.

- O problema...é que eu já queria te beijar antes – eu arregalei os olhos surpreso – e eu ainda quero.

- Arthur...eu...

- Eu acho que eu to apaixonado por você – ele disse me olhando profundamente enquanto eu estava paralisado.

- Arthur...você...você tem certeza? – foi tudo que eu consegui dizer.

- É o que parece, desde que você chegou você fica nos meus pensamentos. Olha eu sei que deve ser estranho para você um cara confessar assim pra você, mas eu precisava ou não ficaria em paz – eu tinha os olhos arregalados ainda.

- Por favor, fala alguma coisa – ele disse depois do meu silêncio.

- Me desculpa...eu...realmente eu nunca tive um cara confessando que gostava de mim. Eu estou surpreso, achei que você queria só me beijar...

- No começo eu também pensei que fosse só isso, mas te ver com esse hematoma na cara fez alguma coisa comigo. Eu me dei conta que eu realmente me preocupo com você, mesmo mal te conhecendo. – ele dizia olhando pro chão e mexendo as mãos nervosamente.

- Arthur você é um cara incrível sabia – eu disse sorrindo – mas eu não acho que eu possa te corresponder no momento.

- Eu...eu já imaginava, você é hétero afinal – ele ainda olhava pro chão.

- Não é essa a questão, é que eu já tenho alguém na minha mente e isso não seria justo nem com você e nem comigo.

- Thor...eu não queria te aborrecer com isso sabe – finalmente ele me olhava – mas eu tinha que te falar. Me desculpa ta.

- Queria eu ter me apaixonado por um cara como você – eu sorria pra ele sinceramente.

- Você fala sério?

- Sim, eu te acho lindo não tenho porque esconder isso. Mas eu não sinto como se a gente fosse mais que amigos e quem te pede desculpas agora sou eu – eu estava sério.

- Tudo bem...se um dia você mudar de idéia – ele sorria de leve – pode falar comigo.

- Você tem algum problema se nós continuarmos amigos?

- Não, claro que não – ele disse sério – eu nunca pensei em deixar de ser seu amigo, eu só...eu só precisava desabafar e tirar esse assunto da minha cabeça. Eu já não conseguia pensar direito.

- Eu sei como é...

- Você está bem? – ele parecia preocupado.

- Sim...por que?

- Parece que você tem alguém na sua mente que também te tira o sono – ele disse me encarando.

- É...algo do gênero. É uma situação complicada e eu realmente não sei bem o que fazer. Por isso não acho justo ficar com você sendo que nem eu sei o que eu quero...você é melhor do que isso sabe.

- Você ama me deixar sem jeito – ele estava rosa.

- Você fica lindo de qualquer jeito, não se preocupa – eu ria.

Nós ficamos um tempo conversando sobre outras coisas até que o Arthur decidiu ir embora, quando nos despedimos ele acabou não agüentando e chorou no meu ombro. Eu o abracei mais apertado e sussurrei um “me perdoa” no ouvido dele. Ele só conseguiu assentir com a cabeça ainda enterrada no meu ombro enquanto eu sentia algumas lágrimas molharem minha camiseta.

Quando abri a porta ele ainda tinha lágrimas nos olhos e foi saindo assim mesmo. No caminho até a sala cruzamos com o Théo subindo as escadas. Ele olhou de relance para o Arthur e então pareceu ficar estático, devia ter notado que ele chorava. Ele então me olhou de uma maneira estranha quando eu passava por ele, não o correspondi. Arthur foi embora e já parecia mais aliviado quando saiu com o carro.

- O que você fez? – era Théo ainda na escada.

- Théo...eu não estou muito afim de falar sobre isso agora – eu estava mal pela situação.

- Ele tava chorando...

- É...e a culpa é minha – eu disse passando por ele na escada e indo para o quarto.

Entrei no quarto o quanto antes e fechei a porta. Eu realmente precisava ficar sozinho, falar com o Arthur me deixou mal. Eu não queria fazer ele sofrer e realmente me passou pela cabeça de como eu teria sorte se eu ficasse pensando nele e não...e não no Théo. Estava tudo tão confuso na minha cabeça no momento que eu não sabia nem no que pensar. Eu estava realizando pela primeira vez que eu talvez estivesse apaixonado pelo Théo. Apaixonado? Não, por ele não, tudo menos isso...

Fiquei perdido nos pensamentos e nas músicas que ecoavam em meu fone que não vi o tempo passar. Saí do quarto já era quase noite para pegar algo pra comer, quando entrei na cozinha que me lembrei das roupas na máquina. Peguei tudo e estendi no varal para secar, se eu tivesse lembrado antes já estariam até guardadas. Voltei para a cozinha e preparei um sanduíche com presunto, queijo e coisas da geladeira. Logo teria algo pra comer no jantar e eu não queria comer demais antes.

Estava lá sentado na mesa sozinho comendo quando o Théo entra na cozinha com um copo na mão. Eu não levantei meu olhar do prato, eu sabia que ele ia me questionar sobre o Arthur e eu não queria falar sobre isso. Não com ele...Ele lavou o copo e colocou pra secar, puxou a cadeira do meu lado e sentou em silêncio, nesse momento eu olhei pra ele e ele estava sério.

- Você ta bem?

- Acho que sim... – eu ainda comia.

- Por que....por que ele tava chorando?

- Théo...ele disse que estava apaixonado por mim – não ia adiantar fugir eu concluí.

- O QUÊ? – ele arregalou os olhos.

- É...é isso mesmo, mas eu o dispensei.

- Eu não acredito que ele teve a cara de pau de vir até aqui e... – ele ia dizendo ainda espantado.

- Théo, o que ele fez foi muito corajoso da parte dele. E ele entendeu quando eu disse que não iria rolar – eu estava sério.

- E porque não vai? – ele falava em tom de deboche – Vocês quase se beijaram, lembra?

- Eu realmente deveria ter beijado ele e não você, quem sabe... – eu disse me levantando bruscamente.

Coloquei o prato na pia e saí da cozinha antes que ele pudesse falar mais alguma coisa. Como é que ele podia ser tão escroto? Ele viu o Arthur chorando e ainda quer ficar indignado pelo motivo dele vir aqui? Ah vai se foder...Eu estava subindo as escadas quando aconteceu, ele segurou meu pulso com força.

- O que você quer Théo? – eu olhava pra cara dele.

- Porque é que você ficou bravo – ele franzia a testa em confusão.

- Porque você viu que ele saiu daqui mal e mesmo assim quer falar merda.

- Eu...

- Théo, eu preciso tomar um banho. Depois a gente se fala... – soltei minha mão e subi a escada.

Fui direto para o quarto e depois de trancar minha porta fui para o banho. Às vezes eu tomava banho só pra tentar colocar a cabeça no lugar. Eu quase havia deixado escapar algo que não deveria para o Théo. Quem sabe...eu não pensaria tanto em você. Mesmo sabendo que se tivesse beijado o Arthur, não mudaria muita coisa. Tinha algo no Théo que mexia comigo, algo único dele. Não sei se o olhar, ou o cheiro ou até o jeito dele mesmo. Eu ainda vou ficar louco até o final da universidade...

O banho não resolveu muita coisa com meus pensamentos, porém eu estava mais calmo e decidi terminar de ler meu livro. Acho que eu preciso visitar a biblioteca da universidade...Continuava deitado na cama com meus fones mesmo depois de ter lido até a última página. Foi quando eu notei que a maçaneta da minha porta girava desesperadamente. Tirei os fones e escutei alguém batendo nervosamente na porta.

Me levantei e destranquei a porta, logo em seguida Théo estava na minha frente ainda segurando a maçaneta e me encarando com cara de bravo. Não entendi muito bem o porquê, mas não demorou pra descobrir.

- Que porra você tava fazendo que eu to te chamando há quase meia hora e você nem responde? – ele dizia respirando rápido – tava achando que você tinha morrido no banho...

- Calma... – eu disse surpreso – eu tomei banho e terminei de ler meu livro, mas tava de fone e não escutei você na porta. Só levantei porque vi a maçaneta se mexendo.

- Vem comer, meus pais já estão na cozinha...só faltava você – ele parecia meio envergonhado.

Deixei meu celular no quarto e desci junto com ele, meus tios já estavam até se servindo. Minha tia fazia coisas mais simples no jantar, mas ela cozinhava bem e eu sempre acabava comendo demais.

- Thor meu querido – minha tia me disse quando me sentei – você lavou sua roupa?

- Ah...lavei tia. Eu precisava lavar algumas coisas pra semana que vem – eu disse ficando vermelho.

- Você podia ter deixado pra Neide, você sabe né? – ela sorria.

- Mãe eu já avisei ele sobre isso... – Théo parecia sério.

- Aah que bom. Então ótimo, quando você precisar ou quiser você pode separar e deixar pra ela – ela me olhava.

- Tudo bem tia, só lavei porque precisava mesmo...

- Théo, você ta bem? – foi meu tio quem perguntou encarando meu primo.

- Tô...por que? – Théo tinha a testa franzida em dúvida.

- Você ta mais caseiro, não ta saindo tanto. Aconteceu alguma coisa?

- Não...não aconteceu nada pai – ele ficou vermelho.

- Isso é culpa sua Thor – minha tia disse rindo – antes ele mal jantava com a gente, ainda mais de fim de semana...

- Mãe para... – ele estava muito vermelho.

- Que isso tia, não fiz nada... – eu ri nervoso.

- Eu me lembro quando vocês eram crianças, toda vez que a gente ia visitar vocês o Théo ficava mais comportado, parecia outra criança.

- Sério? – eu estava surpreso e vermelho, mas não mais que o Théo.

- Sério – ela ainda sorria – lembra Paulo? Era impressionante...

- É, é verdade – meu tio deu um sorrisinho – ele ficava agindo como se fosse adulto só pra impressionar o primo mais novo.

- Erm...eu não sabia disso – eu olhei de relance para o Théo ele parecia querer afundar na cadeira.

- Sabe quando a gente precisou parar de ir pra sua casa ele sentiu muita falta – ela dizia séria – chegou a chorar...

- Mãe! – Théo se exaltou – por favor, para...

- Eu...eu também sentia muita falta das visitas... – eu disse sério como se a memória voltasse só agora – Eu passava o ano todo esperando por elas e eu me lembro que quando minha mãe disse que aquele ano vocês não viriam, eu arrumei uma mala e queria fugir pra cá. Me acharam na rodoviária... – Théo me olhava boquiaberto.

- Oh meu querido, você deve ter ficado de castigo por isso... – ela sorria.

- Eu fiquei... – Théo me encarava fixamente - ...por quase um mês. Mas eu realmente teria vindo sozinho se não tivessem me pego a tempo, eu estava decidido.

- Sua mãe nunca me contou isso...

- Deve ser porque ela não queria te preocupar tia – eu sorri.

Terminamos de comer logo em seguida e eu sentia como se algumas memórias antes perdidas tivessem sido jogadas na minha mente. Aquela história da rodoviária me rendeu um baita castigo, sem TV ou vídeo-game e sem sair por quase um mês. E eu havia me esquecido disso, eu havia me esquecido da dor que era saber que o Théo não me visitaria naquele ano. E de como cada ano seguinte eu esperava pela notícia de que eles viriam, até que comecei a não me importar.

Eu decidi subir para o quarto ainda pensando em tudo isso, não queria que meus tios notassem que eu estava calado demais. Quando abri a porta do meu quarto me deparei com o Théo sentado na minha cama, ele me olhava ainda parecendo envergonhado.

- Desculpa entrar aqui assim – ele disse – mas a história da rodoviária é verdade?

- Claro...porque eu mentiria? – me sentei ao lado dele.

- Eu não quis dizer isso...mas eu nunca fiquei sabendo dessa história.

- Pelo mesmo motivo que eu nunca soube que você chorou – eu franzi a testa – tudo mudou muito rápido. Pra ser sincero essas memórias voltaram agora, na hora do jantar...Eu tinha me esquecido de como foi difícil.

- Eu gostaria que você tivesse vindo...quando você fugiu – ele olhava para o chão envergonhado.

- Eu também, minha mala estava pronta pra passar um mês aqui – eu ri lembrando de alguns detalhes – pelo menos o que eu achava que era uma mala né. Na verdade era só minha mochila com algumas roupas e umas revistas que eu queria te mostrar e alguns jogos de vídeo-game.

- Você realmente tava preparado – ele riu sem jeito.

- É, eu quebrei meu cofrinho para poder pagar a passagem – ele me olhava surpreso – mas não consegui chegar nem no guichê...

- Thor...o que você disse para o Arthur que o fez chorar? – ele me perguntou depois de uma longa pausa.

- Eu...eu disse que não podia corresponder ele... – eu não conseguia olhar nos olhos do Théo.

- Só isso?

- Eu também...falei que eu já tinha alguém na minha cabeça... – eu suspirei - ... e ele viu que era verdade.

- Você... – ele colocou a mão dele sobre a minha e eu olhei assustado para ele - ...você tava falando de mim?

- Théo...por mais que isso seja errado eu não podia mentir, o que aconteceu entre a gente me deixou muito confuso você sabe disso... – eu só queria sair do quarto nesse momento.

- Então você pensa em mim...nesse jeito? – ele parecida chocado.

- Com tudo que anda acontecendo, como é que você poderia achar que não? – eu disse sério – A gente se beijou três vezes Théo, você tem noção disso? E você é meu primo...

- Mas você gostaria de ser mais que isso... – ele estava sério.

- Não...Théo eu sonhei com você hoje e isso me deixou morto de vergonha! – eu disse tirando minha mão da dele.

- Então realmente foi comigo – ele dizia com a sobrancelha franzida.

- É, mas me fez perceber o quanto isso é...é estranho.

- Por que? O que aconteceu no sonho? – ele segurava meu braço.

- Nada...eu não quero falar sobre isso. E não é que eu esteja apaixonado por você nem nada...eu só to confuso com tudo isso – meu rosto queimava.

- Eu não disse nada sobre você estar apaixonado...você que parece que não aceitou isso – ele me olhava fixamente.

- Théo...me deixa sozinho. É melhor...

- Não, eu não vou sair daqui – ele ainda me segurava.

- O que você vai fazer então? Dormir no meu quarto? – eu disse rindo desesperado.

- Sabe...não é uma má ideia – ele disse e deitou na cama.

- Théo...por favor – eu olhava pra frente.

- Não Thor, eu não quero e eu não vou sair...eu sei que no fundo você também não quer...

- Théo, seus pais estão em casa...eles podem ver alguma coisa – eu dizia desesperado.

- Eles não vão ver, nem que de manhã eu tenha que levantar e voltar pro meu quarto...

- Théo, você tem noção do que você tá falando? – eu ainda tentava discutir.

- Tenho e eu não vou mudar de opinião.

- Okay, você quer ficar tudo bem...eu...eu vou tomar um banho – eu disse levantando da cama.

- Você já tomou...

- Eu preciso – eu disse encarando ele sério.

Peguei uma roupa pra dormir e entrei no banheiro. Aquilo tudo era loucura, ele não podia dormir no meu quarto. Ele vai entender isso e vai sair daqui antes de eu terminar...Enrolei um pouco antes de entrar no chuveiro tentando achar uma maneira de convence-lo a sair, mas parece que minha cabeça prefiria pensar na visão dele deitado na minha cama toda vez que eu tentava.

Por fim entrei no chuveiro e enquanto a água quente caia na minha cara eu só conseguia pensar que eu realmente não conseguiria expulsá-lo. Depois de alguns longos minutos eu decidi sair da água e me enxuguei com a toalha que ainda estava molhada. Coloquei uma cueca boxer, um shorts de moleton e uma camiseta larga pra dormir. Antes de sair do banheiro desejei uma última vez que ele não estivesse ali, mas foi em vão.

- Você demorou – ele estava deitado só de shorts na minha cama.

- Eu achei que talvez você fosse desistir... – disse secando o cabelo para disfarçar minha surpresa.

- Eu já disse, eu não vou sair daqui.

- Eu já entendi – suspirei.

- Você já vai dormir? – ele me encarava.

- Vou, se você quiser pode fazer outra coisa...

- Não, eu te acompanho – ele tinha um sorriso no canto da boca.

Eu deixei a toalha estendida sobre a cadeira da escrivaninha para que secasse e dei a volta na cama. Ainda bem que era uma cama de casal, a gente poderia dormir muito bem cada um no seu lado. Se eu tivesse sorte o Théo não estaria me encoxando na manhã seguinte...Sorte? Deitei do lado dele e percebi que ele fazia questão de ser bem espaçoso enquanto me olhava.

- Boa noite – disse.

- Boa... – ele me puxou e me abraçou – ...noite.

- Théo...

- Não reclama, só dorme – ele dizia na minha nuca – eu já disse que não vou fazer nada que você não queira...

- Então você poderia me soltar? – eu disse olhando pra frente.

- Você não quer isso, isso eu sei – ele parecia rir.

- Puta merda quem é você pra saber o que eu quero ou não? – eu disse me exaltando.

- Eu sinto... – ele disse me segurando firme com o braço em volta do meu peito.

Eu conseguia sentir o calor do corpo dele próximo ao meu. Era algo inebriante, assim como seu cheiro. Eu podia sentir sua respiração através de seu peito que se encostava levemente em minhas costas. Ele parecia calmo, tranquilo. Era como se nada daquilo fosse ou parecesse estranho pra ele. E eu me deixei levar, fiquei ali deitado sentindo o braço em volta do meu peito e sua respiração em meu pescoço.

- Você cheira bem – ele disse com a voz rouca.

- Eu tomei três banhos hoje, o que você esperava – o tom da minha voz era de sarcasmo, mas meu rosto queimava novamente.

- Não é disso que eu estava falando...dorme bem – e ele me puxou um pouco mais.

- Espero que sim... – foi tudo que eu consegui responder.

 


Notas Finais


AI MEU CORASSAAAAUM <3

Me digam, o que acharam???
*---*

Espero que continuem acompanhando e comentando seus lindos! Muito obrigado a todos até hoje!
E uma curiosidade que eu não sei se alguém percebeu...Cada capítulo é o nome de uma música de uma banda chamada Placebo! Não que elas sejam relacionadas exatamente ao cap. mas algumas são hahahahaha

bjs


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