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História Spectrum Legion - Last chance


Escrita por: Bipolarize-se e kcmiladream

Capítulo 25 - Last chance


Fanfic / Fanfiction Spectrum Legion - Last chance

Pov Narrador

15 de julho de 2013

 

-Sempre quis morar numa casa com jardim. -Alice falou entrelaçando seus dedos no de Mike. Os dois admiravam o extenso jardim da senhora Elizabeth, no qual era cuidado dia a dia pela senhora mãe de Luke. Era um jardim de rosas brancas e vermelhas de um lado e magnólias brancas, as últimas em homenagem ao falecido marido, tinham um canteiro formado de granito e uma pequena placa em memorial concedida de presente pelo exército, nada muito grandioso, já que seu sepulcro se localizava em Boston, ao lado do pai, mãe e madrasta.- Pra quem morou a vida inteira em apartamentos, um jardim é mais do que um sonho.

-Vamos ter tudo o que você quiser -Mike depositou um beijo na bochecha rosada da namorada e puxou-a mais pra perto de si, deixando que ela deite em seu peito.

O dia tinha sido agitado tanto para Mike quando para Luke. Hoje era o último dia, não só de ambos, mas de Alice em Orlando e todos os detalhes e preparativos da viagem haviam sido concluídos um dia antes, mesmo tudo estando planejado a muito mais tempo. Alice não imaginava que os dois conseguiriam resolver tanta burocracia tão rápido, mas os garotos tinham seus contatos.

Foi muito fácil para a Alice dizer sim quando Mike lhe fez a proposta, apesar de essa ser a maior loucura que ela poderia fazer na vida, já que aventuras para ela só em sua estante com os livros de Júlio Verne, Georges Prosper Remi ou até mesmo Sir Arthur Conan Doyle. Embarcar em uma viagem sem roteiro exato e sem data para acabar, era muito mais do que ela um dia imaginou fazer e apesar de estar fora da sua zona de conforto, ela mal podia esperar para começar esse novo capítulo em sua vida, rodeada de pessoas que a fariam muito bem. A morena sempre foi a menina nerd, cheia de regras e receios que terminou o faculdade com notas invejáveis e tudo o que almejava era se tornar a melhor fisioterapeuta que poderia ser, porém, todos esses sonhos mudaram quando ela conheceu Michael Clifford numa noite de domingo na avenida mais movimentada da cidade.

 

“ 22 de janeiro de 2012

Eram 20:03 quando Alice pegou o contorno no seu Honda Civic para a International Drive o que foi uma péssima ideia. A avenida ficava especialmente movimentada nesta época do ano, quando a cidade estava repleta de turistas de toda parte do mundo e, para completar, a maioria dos restaurantes e hotéis interessantes ficavam em toda a extensão da rua. Era quase certeza de que ela se atrasaria para o jantar do seu grupo particular de amigas, que incluía mais duas garotas tão aplicadas quanto ela. Todas iriam para cidades diferentes após as férias de inverno e não sabiam se teriam tempo, em meio a tantos preparativos, de se despedirem da maneira que gostariam, por isso concordaram em fazer algo especial, o que significa: Jantar em um restaurante mega caro, onde só se vai em ocasiões necessárias. E é claro, aquela era uma ocasião muito necessária.

Depois de dar duas voltas pelo quarteirão do restaurante, Alice encontrou uma vaga que aparentava ter surgido especialmente para ela, o que a fez sorrir. No instante em que estava pronta para fazer a manobra e estacionar o veículo, seu sorriso desapareceu e deu lugar a uma carranca irritada ao ouvir um barulho incrivelmente alto de lataria sendo amassada. Como que por reflexo, a morena saiu do carro e estava prestes a discutir com quem quer que fosse sem nem mesmo analisar o estrago que havia sido feito quando viu um garoto de pele branca e cabelos em um tom de azul vindo em sua direção.

-Oh meu Deus! Eu sinto muito, a culpa foi totalmente minha, mil perdões -O rapaz falou, seu rosto vermelho revelando sua vergonha- Não sei se faz alguma diferença, mas não tenho muita prática com o volante. Não costumo sair muito, sabe? Mamãe fala que não devo sair com o carro, ela acha que eu paguei pela carteira, mas nunca pegarei a prática se continuar sentado no sofá o dia todo jogando vídeo game. O Luke ainda continua sendo um bundão e não me ajuda em nada, aquele canalha!...

Alice continuou observando o garoto, parte porque não sabia ao certo o que dizer e parte porque o visual autêntico do desconhecido havia chamado muito a sua atenção.

-Eu posso pagar pelo conserto -Pigarreou assim que percebeu que estava divagando- Não vai ser um problema. Na verdade, podemos tentar resolver agora se você preferir. -Olharam na direção do carro. Jás ia uma parte do para-lamas traseiro e o farol também.

-São oito da noite -Foi tudo que a morena conseguiu falar desde o incidente, mesmo estando com todo o seu discurso preparado quando desceu do carro.

-Eu tenho um conhecido que pode nos ajudar agora -Explicou o garoto apontando para o ar- Ou você pode me dar o seu número e nós combinamos tudo amanhã. Eu te levo pra consertar o carro e enquanto os caras dão um jeito na lataria, a gente toma um café ou qualquer coisa que preferir.

A garota assentiu de leve ainda sem tirar os olhos do menino de cabelos azuis e digitou seu número no telefone dele.

-Alice… gostei do seu nome -Sorriu tímida- Sou Michael, mas me chame de Mike“


 

-Sabe uma coisa sobre a noite em que nos conhecemos que eu nunca te contei? -A garota sentou na cama cruzando as pernas. Haviam terminado de ver o pôr do sol que dava um brilho a mais no Jardim da casa, e passaram o resto do tempo acertando se haviam esquecido de algum detalhe pré viagem. Agora já estavam arrumados para se juntar ao leito.

-Que você ficou completamente apaixonada por mim desde o primeiro segundo que me viu? -Mike respondeu.

-Na verdade isso foi você em relação a mim. -Alice respondeu fazendo o namorado sorrir- Minha mãe surtou quando viu a fundo do carro todo amassado, porque ele era novinho em folha, e papai tinha acabado de me dar, se ela soubesse que a culpa foi sua ela ia atrás de você até do outro lado do mundo pra te fazer ouvir tudo o que eu não te disse e mais um pouco, então eu menti. Disse que eu bati num poste enquanto estacionava de ré e ia usar minha economias pra consertar no dia seguinte.

-Você mentiu pra me proteger do sermão da sua mãe e depois não quer assumir que se apaixonou por mim desde a primeira vez que me viu -Mike falou fazendo a morena arremessar um travesseiro em sua direção. O garoto conseguiu sua vingança em série de cócegas que arrancaram risadas de ambos até ela se render e voltar à posição inicial.

-Eu amo você, Al. Eu sei que essa viagem está completamente fora dos seus planos e que não estaremos exatamente estáveis em um lugar por um tempo, mas eu prometo fazer com que você seja muito feliz, independente de onde estejamos.

-Você não precisa prometer nada disso, eu já sou feliz. Não aceitaria ir com você se não fosse. Nós vamos ficar bem -Fez uma pausa dando um selinho demorado no ruivo- Eu também amo você.

 

Na manhã seguinte, os dois acordaram mais cedo do que o de costume para organizar as coisas. Mal comeram o desjejum Mike e Al se juntaram na varanda para uma pequena despedida entre eles. O casal estava ansioso pelos planos feitos ao longo dos meses, borbulhavam em excitação por isso.

-Esteja no aeroporto ás 17:30, temos que fazer o check in e sair logo as 18:00. Não podemos perder esse voo por nada.

-Estarei lá. -Beijou o ruivo. Suas mãos se enroscavam no cabelo avermelhado numa leve carícia.

-Você sabe que se não for consideramos que você desistiu, certo? -Os olhos claros do ruivo se misturavam ao seus castanhos preferidos. Uma carranca de preocupação não lhe deixava a cara. Se pudesse, iria ele mesmo com Alice ajudar com suas coisas.

-Que insegurança é essa? -Sorriu.

-Estou preocupado. Tem gente atrás de nós, mas nenhum deles sabe de você, eu fiz questão de garantir isso. Tenho medo também de você perceber que essa viagem é uma total loucura.

-Seremos loucos juntos. -Beijou novamente o rapaz.

-Qualquer coisa que aconteça, ligue para mim, eu mesmo posso deixar essa viagem de lado para ir atrás de você. Assim que aterrissamos em Paris nossos celulares serão destruídos, assim como qualquer coisa que qualquer sistema saiba sobre nós. Literalmente vai ser como se nós não existíssemos. -Mike mais parecia querer que Alice tivesse mais que certeza absoluta. Não era uma coisa de se aceitar de lá para cá. Ela tinha uma vida, e família aqui, e ele entenderia perfeitamente caso sua decisão fosse negar a viagem.

-Mike, relaxa. -Gargalhou baixinho- Já sei de tudo, você me explicou dezenas de vezes. Vida nova, meu amor. Vai dar tudo certo.

 

Depois de deixar Alice casa dos pais, Mike dirigiu até a casa de Luke com sua mãe para um último almoço em família. As mais velhas não perderiam a oportunidade em garantir um último momento em família juntos, já que os garotos não queriam que elas os acompanhassem até o aeroporto. Seria dar bandeira demais.

-Não acredito que os meus meninos cresceram tanto. -Nancy em prantos falou apertando os dois em seus braços, fazendo-os rir. Tinha um lenço encharcado em lágrimas molhando a camiseta de seu filho.

-Mãe, só queria lembrar que eu já tenho 24 anos. Digamos que eu já cresci há muito tempo. -Mike falou, o som da sua voz abafado pelo abraço da mãe.

-Vocês nunca vão deixar de ser meus bebês. -Nancy respondeu fungando alto.

-Vamos sentir tanta falta de vocês, queridos. -Elizabeth completou.

-Será que podem parar com o sentimentalismo um instante pra eu poder falar com os meninos? -Lauren apareceu descendo as escadas com um sorrisinho de canto nos lábios.

-Vem cá, pequena -Luke falou recebendo a irmã para um abraço apertado. Girou a garota no ar como fazia antigamente, quando tamanho não era problema. Lauren já estava grandinha, tinha que admitir isso para si mesmo.

-Me faça um favor, Luk. Arranja uma namorada durante essa viagem porque senão você ficar segurando vela o tempo inteiro e a mamãe não te criou pra isso. Aproveita e arranja uma Fãncesinha -Lauren arranhou um sotaque arrancando risos de todos- E você, Mike, vê se observa com quem esse carinha vai sair pelo amor de Deus. Preciso do relatório completo. Duas vezes ao dia se precisar.

-Acho melhor você pedir isso pra Alice. Vocês sempre concordam em tudo, provavelmente ela vai ser os seus olhos nessa viagem -Mike respondeu.

-É melhor deixar o trabalho sujo pra ela mesmo. -Lauren sorriu e abraçou o primo- Se cuidem, tá? Quero que voltem inteiros pra casa.

-Vou ver se o almoço está pronto -Nancy falou indo em direção a cozinha seguida por Elizabeth.

Tudo correu bem durante o almoço, as mães concordaram em fazer pizza que era a comida favorita dos garotos e Lauren insistiu para que a sobremesa fosse sorvete de chocolate, forçando Mike e Luke a ir ao supermercado comprar, não só o sorvete, mas vários docinhos diferentes para completar a sobremesa, e para ela completar seu esconderijo de guloseimas. Se dependesse dela iriam para o aeroporto rolando. No fim, eles terminaram na sala de estar conversando sobre o futuro e fantasiando sobre como eles estariam daqui a 10 ou 15 anos; O que só fazia as mais velhas entrarem em mais prantos ainda.

O ambiente estava tão leve e agradável que mal notaram o tempo passando. Passavam das 16:00 quando os meninos foram buscar as malas e organizar tudo no táxi. Luke na mesma semana havia vendido sua moto, mas quase deixava ela na casa de sua mãe mesmo, só aí lhe custaram lágrimas e lágrimas de saudade da sua companheira e amiga. Sabia que ela era linda demais para ser mantida em uma garagem até sabe-se quando Deus tivesse oportunidade de sentir a mesma velha adrenalina de novo.

‘Que façam bom uso da Sky’

-Tente manter contato, filho. Eu sei que vai ser difícil, mas não me deixe sem notícias, certo? -Elizabeth falou segurando o rosto do filho entre as mãos. Tentava a todo custo não sucumbir em proibir seu filho de fazer aquela viagem, mas era o certo a fazer. Luke já era um homem, e Elizabeth nem viu o tempo passando. Estava cada vez mais parecido com Andrew, que Deus o tenha. Menos na aparência, mais na personalidade do homem da sua vida, pai de seus filhos.

-Eu prometo que vou fazer o máximo que der, mãe. Eu te amo. -Luke respondeu deixando a mãe em lágrimas.

-Eu também te amo, querido. Se cuida, tá?

Do outro lado, Nancy dava todas orientações ao filho, apesar de ela já ter dito a mesma coisa diversas outras vezes.

-Mike, lembre de se alimentar de verdade. É importante comer frutas, verduras e legumes também. -Fez uma pausa virando-se para Luke - Querido, não deixe o seu primo comer muita porcaria, tá bom?

-Eu não sei se está pedindo isso para a pessoa certa, Nancy. -Elizabeth interveio fazendo o loiro revirar os olhos.

-Mãe, eu acho que nós sabemos nos cuidar, além disso, tenho certeza de que Alice não vai nos deixar comer qualquer coisa -Luke respondeu.

-Ainda bem que alguém responsável vai estar com vocês. -Lauren falou sorrindo e dando um último abraço no irmão e no primo, deixando escapar uma lágrima que tratou de secar rapidamente.

Por fim, os meninos entraram no carro, criando a deixa para o motorista dar partida e dirigir até o aeroporto.

Enquanto isso, alguns quarteirões a mais de distância, Alice conferia se tudo estava pronto nas três malas, antes de as fechar e descer para esperar o táxi, que ela prontamente já havia chamado. A morena sempre foi muito objetiva, porém como a viagem não tinha um roteiro ou prazo de validade, ela resolveu colocar de tudo dentro da mala. Calças, shorts, camisetas, regatas, casacos, sobretudos, cachecóis e até biquínis; além dos produtos básicos de beleza, como o hidratante que usava todas as noites, e o perfume preferido de Michael. Não se sabe o que encontraria pela frente, então queria estar preparada para qualquer tipo de clima ou estação do ano, abaixo ou acima da linha do Equador. Já havia se despedido da família hoje mais cedo e agora só restava pegar o avião, rumo ao destino incerto, porém feliz que ela provavelmente teria.

No momento em que tentava fechar a última mala, usando o velho truque de sentar em cima dela, o toque do seu celular apossou o ambiente. Alice ignorou da primeira vez, já que, com certeza, era Mike querendo se certificar de que estaria no aeroporto no horário marcado. Ele estava tão inseguro em relação a sua partida e pensando muito na ideia de que talvez, ela desistiria da viagem no último momento e resolveria seguir o caminho que havia planejado desde o início aqui em Orlando, contudo, mal sabia ele que ela nunca teve tanta certeza de algo em toda a sua vida e que nesse instante, tudo o que ela queria, era pegar aquele avião com a destino a França.

O celular voltou a tocar insistentemente, assim que a garota concluiu a tarefa de fechar todas as malas. Colocou-as perto da porta e resolveu atender a chamada de uma vez. Colocou o celular no ouvido sem nem olhar quem ligava antes.

-O táxi já deve estar chegando, eu prometo chegar em, no máximo…

-Al? Graças a Deus você atendeu o telefone! -Foi interrompida pela voz desesperada da sua mãe do outro lado da linha. A voz um oitavo acima denunciava um choro, e algum problema por vir.

-Mãe? Eu não estou entendendo. Achei que fosse o Mike, o que está acontecendo?

-Querida, seu pai! Eu não sei o que aconteceu, por favor venha pra cá agora! Eu não sei o que fazer! Seu pai, Alice! -Ela falou sem intervalos entre as frases o que deixou Alice ainda mais nervosa do que já estava.

-Você precisa me dizer o que há de errado, mãe.

-ELE ESTÁ CAÍDO NO CHÃO, ALICE! -A morena tampou a boca com a mão ao ouvir sua mãe chorar no telefone.

-Eu estou indo, mãe. Por favor, não tente movê-lo, vou ligar pra uma ambulância, espere aí e não se desespere, vai ficar tudo bem. Eu prometo.

No momento em que ela desligou o telefone, escutou o interfone tocar. O táxi deve estar lá embaixo. Sem nem pensar, pegou as chaves de casa e desceu as escadas o mais rápido que pode, até tropeçou em um dos degraus, machucando o seu tornozelo, pela dor, provavelmente houve uma torção, mas ela não se importou. Passou correndo pela portaria e só respondeu um não quando o Sr. Jones, porteiro do prédio, perguntou se queria ajuda com as malas. Entrou no táxi batendo a porta do carro muito forte, em uma situação normal, ela morreria de vergonha disso, porém, nesse momento, ela não se importava com nada.

-Mudamos a rota, me leve até Hunters Creek, numéro 325 o mais rápido que puder -Alice falou com a voz apressada e até chegou a gaguejar em algumas palavras. As mãos trêmulas ajeitavam o cabelo bagunçado, e o coração apertava cada vez mais.

A viagem, normalmente, durava de trinta a trinta e cinco minutos graças aos semáforos, mas, dessa vez eles haviam chegado ao prédio em um tempo recorde de quinze minutos e ainda assim, Alice reclamou da demora, mesmo sabendo que em metade desse tempo ela passou conversando com a recepcionista do hospital que a havia atendido, pedindo uma ambulância para o endereço dos seus pais.

Saiu do carro de forma afobada, deixando uma nota de cinquenta dólares no banco em que estava sentada sem nem olhar quanto a corrida havia dado. Passou apressada para o elevador e teve a sorte de uma moça tê-lo chamado antes de ela chegar, o que encurtou o tempo de o elevador chegar até o térreo. Subiu até o quarto andar e escancarou a porta do apartamento dos pais.

-MÃE? -Alice gritou, fazendo uma tour pelos cômodos em busca da mãe, até encontrá-la sentada na cama do seu antigo quarto em estado de choque- Mãe, ei, eu estou aqui. Vai ficar tudo bem. Já levaram o papai, certo?

Ela foi incapaz de responder, como se, de repente, falar exigisse muita força de si própria. Ver a sua mãe em um estado como esse, simplesmente fez com que o seu coração se quebrasse em mil pedaços, não havia mais nada pra fazer senão abraça-la o mais forte que pudesse, como se nunca mais fosse soltá-la. Alice sempre admirou o relacionamento dos seus pais. Se um dia você desacreditou no amor por alguma razão, era só conhecer o Sr e a Sra Arias e tudo mudaria. Eles nunca deixaram de se amar, desde que se casaram há trinta anos. É claro que houveram brigas, discussões e discordâncias durante esses anos, mas no fim, era como se o amor deles fosse muito mais forte e importante do que qualquer outra coisa boba que acontecesse. Foi isso que Alice sempre sonhou em ter e que ela achou que teria com o Mike, mas agora, olhando o relógio, ele já deve estar dentro do avião, prestes a decolar e ela cuidaria da sua família, que no momento, era a sua prioridade.

Depois de tentar acalmar a sua mãe, ligado para o seu irmão pedindo que ele dormisse na casa do amigo essa noite e ter lembrado de colocar uma faixa no tornozelo que já havia começado a inchar, se encaminhou até o estacionamento e dirigiu no HB20 do pai até o Florida Hospital East Orlando pra onde ele havia sido levado. Mal lembrara da bolsa ou da carteira ao sair, não se importaria de ser multada pela polícia.

As duas passaram mais de uma hora na sala de espera até um médico finalmente parecer ter notado a presença de ambas.

-Vocês são a família do Senhor Gregory Arias? -O doutor de olhos claros e cabelos em um tom de castanho quase loiro se pôs na frente de Alice com uma prancheta nas mãos.

-Sou Alice Arias, filha dele, e essa é a esposa, Michele. -A Sra. Arias levantou de súbito sem condições nenhumas para responder nada a ninguém. Se agarrou a filha enquanto o médico falava.

-O que houve com o seu marido, Sra Arias, foi o rompimento de um dos vasos que irriga o cérebro, causando um acidente vascular cerebral. O cérebro estava sendo comprimido por um hematoma, então, ele foi levado ao centro cirúrgico com urgência, a cirurgia a qual ele está sendo submetido é muito delicada e pode demorar, então não se preocupe se não voltar logo com notícias. Se precisar de mim, meu nome é Harry Anderson, pode me procurar a qualquer momento -Harry explicou.

-Então é grave, doutor? -Michele perguntou, sua voz falhou, carregada de emoção.

-Não temos certeza ainda, precisamos ver como ele vai reagir a cirurgia. Só vamos poder afirmar alguma coisa mesmo, daí em diante.

-A cirurgia tem previsão de acabar? -Alice falou, finalmente.

-Como eu disse, ela é bastante demorada. Não posso te dar um tempo exato, mas acredito que em cinco ou seis horas, a cirurgia chega ao fim.

-Tudo bem, doutor, obrigada por avisar. Nos mantenha informadas, por favor. -Alice falou abraçando a sua mãe de lado.

-Vou fazer o que puder -O Dr. Anderson assentiu e se retirou, deixando, mais uma vez, apenas mãe e filha na sala de espera silenciosa do hospital.

É incrível como a vida pode mudar em questão de minutos. Há pouco tempo atrás, Alice estava pronta pra se jogar numa viagem completamente incerta com o seu namorado, tudo aconteceria de uma forma totalmente diferente, se o seu pai tivesse desmaiado alguns minutos depois. Ela nunca se perdoaria se a sua mãe estivesse sozinha em um momento como esse, mas ainda assim, sentiu que precisa de Michael para desabafar no colo do ruivo e ouvir ele dizer que tudo ficaria bem. Mas ao pegar o celular, o visor denunciou as 18:25 hrs e as milhares de ligações de Michael. Seu coração não sabia se apertava mais pelo seu pai ou pelo seu amado que a essa hora já deveria ter partido, infelizmente, eram os dois sentimentos juntos. Agora, não saberia quando ou ao menos se voltaria a vê-lo mais uma vez

 

No aeroporto, o vôo dos meninos atrasou por causa de uma pequena massa de chuva local. Era a gota de esperança que Mike precisava. Alice precisava chegar agora. Olhava o celular de segundo em segundo; discava o número e caia diretamente na caixa de mensagens, olhava para todos os cantos do aeroporto, afinal, ela poderia ter se perdido, certo?. Então, ouviu a primeira chamada para o seu vôo e recebeu o olhar de pena de Luke. O loiro afagou seu ombro e ofereceu o M&Ms que pegou escondido das coisas de Lauren. Mike negou com firmeza, estava prestes a vomitar ali mesmo, em meio ao aeroporto

-Você pode ir se quiser, vou esperar mais alguns minutos. -Mike falou tentando transparecer confiança, apesar de ele mesmo não se convencer disso. A vontade dele era de largar tudo e saber o que tinha acontecido com Alice, se ela estava bem, se tinha se perdido no caminho, ou se o trânsito estava parado ao vir para o aeroporto.

-Vou ficar aqui, embarco quando você estiver pronto. - Luke respondeu. Mais duas chamadas seguintes os meninos sabiam que teriam que embarcar. Michael sempre olhava para os lados e para o celular alternadas vezes. Não sossegou quando passou pelo detector de metais, nem quando entrou no ônibus que levaria até o avião. Sentou na janela, no lugar que seria de Luke, prestava atenção se não havia nenhuma mãozinha de longe dando sinal. 18:18 hrs. Seu corpo estava indo para a França, mas, sem dúvidas, o coração estava ficando em Orlando.

 

Alice finalizava a quinta ligação consecutiva que fazia para o número do ruivo, já caíra na caixa de mensagens. No total, Mike havia ligado 27 vezes. Foi burra em não lembrar do celular na hora da adrenalina, Michael saberia o que fazer numa hora dessas. Luke poderia ter levado ela mais rápido ainda em direção a casa dos seus pais. Esperava e rezava a todas as entidades que conhecia o nome para que seu pai se safasse dessa, até lá teria que estar pronta para assumir todas as responsabilidades da casa e tudo o que viesse a tiracolo.

Menos de quatro horas se passaram desde a última vez que o Doutor Anderson apareceu e não estavam esperando que ele trouxesse notícias tão cedo, porém quando ele surgiu no corredor com uma expressão cansada no rosto, o coração da morena congelou de medo. Por um momento, teve esperança de que ele estivesse de passagem para outro lugar, então parou bem à frente de ambas, fazendo-as levantar da cadeira desconfortável da sala de espera e sustentar o silêncio por alguns segundos.

-Sei que deveria estar preparado pra isso, mas parece que nunca estou. -O médico falou, por fim.

-Achei que a cirurgia duraria mais algumas horas. -Alice ignorou o que ouviu o doutor dizer e tentou parecer calma ao falar.

-Nós fizemos tudo o que estava a nosso alcance, mas o seu pai chegou em um estágio muito avançado e ainda assim tínhamos esperança de que ele poderia sair dessa... -Fez uma pausa, negando com a cabeça baixa- Eu sinto muito.

Ele não precisou dizer mais nada pra que Michele entendesse o recado e desabasse no chão, chorando copiosamente enquanto Alice chorava se sentindo completamente desorientada. Levou as mãos a cabeça e sentou-se novamente, incapaz de consolar a sua mãe ou a qualquer um nesse momento. Se sentiu inteiramente devastada e vazia por dentro. Não sabia, ao certo, quanto tempo ela passou na mesma posição, mas sabia que não importaria quanto tempo passasse, essa ferida nunca deixaria de existir, foi quando ouviu os gritos desesperados da mãe e se sentiu ainda mais fraca.

-Senhorita Arias? Levaremos a sua mãe para uma ala hospitalar para que ela possa tomar um sedativo, você poderá ficar com ela, se quiser. -Falou um enfermeiro, o qual Alice não conseguiu identificar a fisionomia, já que, se sentia tão tonta e fraca, além de sua visão turva  que não lhe permitia enxergar um palmo à sua frente. Apenas assentiu, fechando os olhos e implorando pra que ela pudesse voltar a alguns dias atrás, quando ela poderia consertar tudo isso, levando o seu pai ao médico para que a doença fosse diagnosticada antes e evitando que as coisas chegassem a esse ponto.



 



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