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História Spice! - Manhã.


Escrita por: Sapphire-

Notas do Autor


Spice! voltooooou, viado!

Gente, leiam as notas finais que tem babado, viu? Beijão! <3

Capítulo 13 - Manhã.


Japão, Tokyo. 08:30.

 

 

 

Havia dormido de maneira tão tranquila que sequer percebera quando entrou em sono profundo. 

Provavelmente estava exausto mentalmente, mesmo que fosse de maneira inconsciente. Aquela partezinha chata de si ainda remoía o tempo inteiro tudo o que Nagumo Haruya lhe dissera, o seu choro, a sua tristeza aparente. Foram duas semanas, fodendo duas semanas sem uma notícia do ruivo após aquele telefonema às quatro da manhã no qual, novamente, ele chorou como se simplesmente desabasse daquela forma. Era-lhe difícil. Gazel vivenciava um constante confronto mental, onde seus ideais chocavam-se o tempo inteiro, onde suas crenças de repente tornavam-se pó e as coisas no qual desacreditava tornavam-se quase que reais, concretas, ganhavam a vida que não tinham antes. Se fosse colocar em palavras, ele não conseguiria. Sequer tinha a mesma vontade de antes de desabafar para sua melhor amiga, Clara, até porque não sabia ao certo o que passava-se consigo. Precisava, primeiramente, organizar as palavras no fundo de sua mente para que finalmente pudesse compartilhá-las com alguém. Detestava quando, de repente, tudo tornava-se bagunça. Bagunça esta que fazia-se presente em cada pensamento seu que remetia-se à Burn.

As lágrimas, o abraço, a voz fraca do outro lado da linha, as duas semanas. Seu coração sempre apertava enquanto a sua mente tornava-se um furacão. Encontrava-se imerso em uma agonia sem fim, por mais que tentasse, o tempo inteiro, enganar-se dizendo que estava tudo bem. Era a famosa máscara cobrindo o seu rosto, enquanto o seu íntimo se entregava facilmente à cada sensação intensa que de repente surgia e ele simplesmente não conseguia conter. Porém, por algum motivo, aquele pedido inusitado, de um modo repentino, o colocara no chão novamente. Tinha tudo para que sua situação atual piorasse, já que a grandiosa descoberta sobre o passado de Nagumo e Tatsuya poderia instigar-lhe cada vez mais a angústia e a curiosidade em saber o que passou-se entre aqueles dois, que supostamente mantinham uma boa relação no colegial. Porém, de maneira no qual também não conseguia explicar, a mensagem que enviara à Burn em resposta ao seu pedido pareceu tirar-lhe o fardo das costas; quem sabe aquelas suas duas contrapartes de repente entraram em acordo quando o assunto tornou-se manter o ruivo por perto, independente de ser somente um bom amigo. Suzuno sentia-se leve. Sentia-se bem, incrivelmente bem. Sequer tivera a cabeça perturbada por sonhos ou pesadelos durante à noite, que lhe foi maravilhosa, por sinal. 

E sua manhã teve de fazer júz à toda sua satisfação. 

Ele despertou em meio a beijos carinhosos e leves em seu ombro e na lateral de seu pescoço. Não pode deixar de esboçar um sorriso ao perceber que estava aconchegado entre os braços do rapaz com quem passara a noite fazendo amor. Sonolento, soltara um murmúrio de satisfação enquanto o empresário, novamente, beijava-lhe o ombro com ternura. Não podia negar que gostaria de não permanecer somente em beijos, mas ambos eram ocupados, ambos deveriam arcar com a responsabilidade de serem homens adultos. 

- Bom dia, meu bem. - Ele sussurrou em seu ouvido. Suzuno arrepiou-se, e não deixou de imaginar sobre o quão sentia falta daquele carinho.

- Bom dia... - Murmurou manhoso, sonolento. - Ah, aqui tá tão quentinho. 

- Oh, está? - Indagou, apertando-o mais entre seus braços. Gazel suspirou em satisfação. - Céus, como é preguiçoso pela manhã. 

- Desculpa. É que eu não costumo acordar à essa hora.

- Oh, não?

- Bem, vez ou outra sim, admito. Mas somente quando é preciso. - Ele virou-se, deitando-se para que conseguisse fitar o rapaz. 

- Eu deveria deixá-lo dormindo?

- Não. Digamos que... Foi preciso. 

Tatsuya sorriu. Aproximou sua face da do rapaz, dando início a um beijo lento, calmo, fazendo com que o platinado decidisse naquele momento que sim, ele queria mais, bem mais. Porém, o beijo precisou ser interrompido quando o celular do ruivo acabou tocando, atrapalhando a interação de ambos. Gazel suspirou; infelizmente, a vida agitada do cara com quem estava saindo já iniciava-se de cedo. Bem, se fosse ele no lugar, não aguentaria. 

- Kiyama Tatsuya. - Atendeu. Enquanto conversava, seu polegar percorria pelo rosto do platinado, que sorriu em resposta às carícias. - ... Entendo. Pode aguardar mais um pouco? Eu estou saindo de casa. Ah... Certo. Certo. Logo estarei aí. - Desligou, suspirando fundo. Gazel quase pegara-se sentindo pena dele. 

- Trabalho?

- Trabalho.

Respondeu sorridente, porém desanimado. Lidar com tantas coisas logo cedo pela manhã, coisas essas que estenderiam-se até tarde da noite não era algo tão animador quanto parecia ser. De fato, ser o primeiro lugar quando tratando-se da Trindade Empresarial tinha lá os seus pontos negativos. Sabia que a Gênesis não havia chegado ao topo por acaso, e com certeza rendera muito suor e sacrifícios. Kiyama Tatsuya suspirou, logo levantando-se, e Suzuno não pode deixar de fazer o mesmo. O platinado sentiu a vontade extrema de ajudá-lo e assim o fez; correu para seu guarda roupa, retirando dali uma camisa social de cor vinho, e uma calça preta também social. Aproximou-se do ruivo, lhe entregando as roupas, já que sabia que provavelmente o mesmo teria de ir direto para a empresa. 

- Acho que essas cabem em você. 

- Que espécie de anjo é você, Gazel? - Sorriu, nitidamente agradecido. - Muito obrigado. 

- Vista-se. Tem sapatos ali, naquele armário. Veja se encontra algum que dê certo em ti. Por enquanto eu vou fazer alguma coisa para você comer. 

- Céus, meu bem, não precisa ter tanto trabalho. 

- Acha mesmo que vou deixar você sair daqui com fome e sem provar do meu pão com presunto e queijo?

- Não acredito, é a melhor comida do mundo! 

- Saiba que eu sou especialista. 

- Sendo assim, não posso dispensar. 

- Não faz mais do que a obrigação. - Sorriu. - Agora vá, senão vai acabar deixando o seu sócio ou sei lá o que com raiva.

O empurrou para o banheiro, logo voltando-se para a cozinha. Sabia que o tal pão com presunto e queijo era coisa bem simples, porém, era o mínimo que podia fazer para ele naquele momento, ele que parecia não importar-se com aquilo de jeito maneira, coisa que agradara ao estilista. Bem, Gazel passara tempos sonhando acordado com o dia em que ele acordaria e encontraria o seu suposto amado na cozinha. Ambos auxiliariam-se com o café da manhã e esforçariam-se para tornar tudo bem feito. Seriam variadas iguarias por cima da mesa, iguarias estas que seriam degustadas uma por uma, com calma, enquanto o casal aproveitava ao máximo o tempo que tinham um ao lado do outro. Sabia que aquilo era cena de filme e sabia que estava longe de realizar esse desejo; bem, longe não. Ser acordado com beijos e um abraço apertado estava de bom tamanho. 

Terminara de preparar o café da manhã de ambos, e este fora o tempo em que Tatsuya finalmente aparecera, bem trajado, como já era de se esperar. Ao sair da cozinha com um dos sanduíches embrulhado cuidadosamente em dois guardanapos - sim, simplesmente foi a primeira coisa que lhe apareceu em mente. -, ele observou o rapaz de cima abaixo, soltando um suspiro de alívio ao perceber que suas roupas haviam dado certo nele. Estendeu-lhe o alimento logo em seguida. O ruivo sorriu carinhoso, logo aceitando o café da manhã, decidido à comer durante o percurso até a empresa. 

- Não se esqueça de comer. 

- Como não? É pão com presunto e queijo. 

- Exatamente. E feito por mim. 

- Esse detalhe é de extrema importância. 

O ruivo aproximou-se e, com o braço livre, puxara o estilista pela cintura, selando-lhe ternamente os lábios em um selinho longo. Gazel sentia falta daquele carinho, sentia falta daquela demonstração de afeto, sentia falta de alguém. E convenhamos, Kiyama Tatsuya aparecera na hora exata, como uma luz, como o seu ponto de apoio. Sentiu-se sozinho por muito tempo. Sentiu-se acabado, desgastado, maltratado por muito tempo. Já estava na hora de agir e dar a volta por cima, seguindo em frente; e digamos que Kiyama Tatsuya contribuíra significantemente para isso. Seus lábios separaram-se dos dele. Ambos encararam-se atenciosos, como se quisessem fixar a última imagem um do outro na mente antes de distanciarem-se por um tempo. O coração do platinado só lhe faltava explodir enquanto via-se atraído por aquele olhar que até então não desvendara, nem mesmo um por cento dele. O silêncio pairou sobre o local. A concentração que um tinha no outro era nítida. E em meio aos suspiros e o barulho quase que inexistente da respiração de ambos, a voz do ruivo fez-se presente em um sussurro. 

- Eu o amo, Gazel. 

Seu coração agora pareceu parar, assim como teve a sensação de que sua visão turvara-se por um instante. Suspirou fundo, como se o ar houvesse lhe faltado naquele momento. Já sentia-se tão bem na presença do ruivo, mas de repente as borboletas em seu estômago voltaram fazendo rebuliço ali dentro, deixando-o imerso em um misto de nervosismo e ansiedade. Não esperava por aquilo em plena manhã. Não esperava aquelas palavras, não por agora, mas seu peito encheu-se de um calor que de repente pareceu queimar-lhe por dentro. Não conseguiu falar. Não havia resposta fixa em sua mente, precisava pensar em suas palavras, mas simplesmente não havia nenhuma delas. O celular do ruivo tocara. Ele o atendeu, mas Gazel não conseguiu identificar nenhuma das suas frases. Rapidamente ele lhe beijou a testa, retirando-se apressado dali, como se já estivesse muito atrasado. Suzuno sequer percebera quando Kurakake Clara entrara em sua casa logo após a saída de Tatsuya, com um sorriso largo no rosto ao perceber que o ruivo estava ali presente com seu melhor amigo.

- Gazel? 

Não obteve resposta. Ele sentia que talvez o sonho que não esteve presente durante a noite estivesse acontecendo exatamente naquele momento. Sua manhã fora perfeita, como nunca foi um dia. 

Mas para outros, houve, infelizmente, distinção. 

Eram oito e meia, mesmo horário em que Gazel e Tatsuya despertaram. Nagumo Haruya acordara sonolento e indisposto, consequência de uma noite agitada para si; e não, não corporalmente falando. Mesmo enquanto dormia, sua mente não aquietava-se e o deixava em paz, a paz que tanto almejada. Todos os dias amanhecia dessa mesma forma, porém ainda assim parecia não acostumar-se com o aparente peso em sua cabeça. Era difícil. Acordar todas as manhãs era difícil. Desejaria dormir para a eternidade se dormir também não lhe fosse uma tarefa tão complicada. Remexeu-se na cama espaçosa, ainda não conseguindo adaptar-se à ela, já que havia voltado a dormir em seu quarto há pouco tempo, exatamente dois dias atrás. Ainda lhe era desconfortante estar ali dentro, mas seu corpo já não mais aguentava o sofá todas as noites e, quando as dores intensificaram, ele voltara quase que obrigado à sua cama. Deveria ir trabalhar. Se já era difícil o simples fato de despertar pela manhã, imagine levantar-se e encarar o mundo afora. 

Vergonha. Não conseguia encarar as pessoas sem sentir vergonha. Antes, tinha unicamente medo de de repente estar caminhando tranquilamente por aí e acabar por encontrar-se acidentalmente com ele; mas agora, até mesmo um desconhecido lhe proporcionava a dor mais profunda. Durante esse período, pôs sua mente conturbada para pensar sobre si. Foram duas semanas até mesmo ausente do trabalho, onde deu-se o luxo de refletir, de tentar controlar o seu emocional que andava-lhe tão sensível. Foram duas semanas seguidas encontrando-se com um psicólogo chamado Shigeto Atsuishi[*], um conhecido de longa data no qual apelidava de Heat. Não lhe citou nada sobre os abusos, mas sim concentrou-se tão somente naquela confusão mental e de como já não suportava mais certas coisas. Não saiu das sessões "curado", mas saiu um pouco mais entendido do assunto, já que até então não tinha a mínima noção do que estava acontecendo consigo. Mesmo assim, a sensação de vergonha e impotência ainda eram presentes em seu peito. Sabia que tinha transtornos psicológicos, mas recusava-se a consumir medicamentos por conta deles. Queria aprender a combater toda aquela angústia por si só. Huh, a tarja preta poderia esperar mais um pouco. 

Revirou-se, sentando-se na cama com dificuldade. Suspirou fundo, tendo de aceitar que logo logo estaria voltando ao trabalho. Apalpara preguiçoso a mesinha ao lado da cama à procura do celular, onde logo observara a quantidade quase que absurda de mensagens; pessoas apaixonadas por si lhe procuravam o tempo inteiro. Pessoas com quem já relacionou-se, a quem já dispensara, pessoas que não conhecia mas de repente apareceram em sua vida. Uh, antigamente estaria ocupando seu tempo respondendo à cada uma delas como bem lhe desse na telha, afinal de contas teria de garantir cada um de seus encontros, pois era-lhe como lei. Agora, simplesmente não tinha coragem. Não queria responder ninguém, não queria relacionar-se com ninguém. De repente, toques ou beijos lhe pareciam algo assustador, além de saber exatamente que muitos dali ele havia iludido, agido de má-fé, tendo em vista o quão as pessoas ainda lhe procuravam mesmo depois de algum fora ou até mesmo já comprometidas. Burn suspirou. Imaginou que deveria apagar todas aquelas mensagens, ou melhor, trocar de número o mais rápido possível, pois tudo aquilo apertava-lhe o peito.

Porém, dentre todas elas, havia uma que lhe chamava a atenção. 

Era Gazel. De repente, Burn sentira o coração acelerar em ansiedade, enquanto o seu dedo trêmulo clicava em cima da mensagem. Abriu. Leu-a com cuidado, uma, duas, três vezes. Não dispensou uma quarta vez. Havia lido direito? Quinta vez. Pareceu despertar de um momento para o outro quando sentiu seu coração saltar com satisfação com aquela resposta curta, porém tão cheia de significado para si. Nunca pensou que poucas palavras fossem mexer tanto consigo, fossem dar-lhe tanta... Alegria, mesmo que momentaneamente. Por todo esse tempo pensara em como pedir perdão, como redimir-se ou simplesmente como conseguir olhar para a face do rapaz sem sentir a tal vergonha, porém, o fardo pareceu diminuir quando obteve a resposta que tanto almejava. Achou que ele o ignoraria. Achou que nunca mais veriam-se, pois não havia mais necessidade. 

Mas agora eles eram amigos. E Burn não esboçou sorriso algum, mesmo que por dentro estivesse em festa.

- O que há de tão interessante nesse celular, hn?

A voz fizera-se presente e Burn pulara em susto. Estava tão concentrado naquilo que não percebeu quando ele entrou no quarto sorrateiramente, e agora o fitava em frente à cama, carregando o sorriso malicioso em seus lábios. O ruivo quase pegou-se levantando-se e correndo em qualquer direção em que ele não se encontrasse; porém, naquele momento, precisava tentar não agir por impulso. Já devia ter aprendido que deveria lidar com ele da forma como ele bem queria que fosse.

- Ah, eu só estou pensando se devo trocar de número. - Respondeu. Tentou parecer o mais natural possível, mesmo que sua mão insistisse em tremer. O rapaz aproximou-se. Burn suspirou fundo. 

- Por acaso este número já não lhe agrada?

- Algumas pessoas que desgosto o tem. Então seria melhor largá-lo e me livrar daquilo que não me importa. - Comentou. - Estou correto?

- Ah, devo concordar. - A voz aveludada daquele homem lhe assustava mais do que qualquer coisa na vida. Porém, mesmo assim, esforçou-se para manter-se firme. 

- Então... Logo o trocarei. 

- Posso fazê-lo por você, se quiser. 

- Por favor. 

Ele sorriu. Sentou-se à frente do ruivo, tomando-lhe os lábios sem sequer pedir permissão. O beijo descera até o pescoço, denunciando o desejo dele naquele momento para obter o corpo do empresário para si. Burn, porém, sentiu que iria vomitar na mesma hora; o desespero tomara conta de si, e sabia que era inútil usar da força para livrar-se dos braços dele. Estava cheio de nojo e sinceramente, não tinha mais forças para aguentar tantos atos sem o seu consentimento. Acalme-se, Nagumo. Conte até três. Você consegue. 

- Amor... - Sussurrou. Recebeu um murmúrio do outro, que ainda beijava-lhe o pescoço. Burn levou a mão trêmula aos cabelos do rapaz, puxando-os de leve. Queria que ele pensasse que o ruivo o desejava tanto quanto ele. - Preciso ir trabalhar...

- Está cedo, ruivo..

- Cedo para quê, hn? - Soltou uma falsa risada baixa. Estava indo bem até o momento. - Concordo que está cedo para fazermos amor, mas tarde para que eu volte para o trabalho. 

- Soube que passou duas semanas longe do trabalho. Onde estava?

Engoliu em seco. Porém, não poderia dar-lhe o gosto de vê-lo desesperado, já que tinha a impressão de que era justamente isso o que queria. Nagumo o observou afastar-se, e quando viu oportunidade, recostou-se à parede. Poucos minutos haviam passado-se, mas já sentia-se extremamente exausto. 

- Adoeci. - Mentiu, porém, bem. - Tive febre esses dias. E vomitava, por algum motivo desconhecido. Provavelmente uma virose. 

- Já está bem?

- Me sinto bem melhor, querido.

- E por que não me avisou? 

- É que... Bem... - Abaixou a cabeça. Não só para demonstrar vergonha como também para pensar rapidamente em uma resposta plausível. - Você sempre anda tão ocupado... Te tirar do trabalho só para vir me ver seria um pouco injusto, não? - Levantou-se. 

- Oh, tão preocupado... Sou tua prioridade, paixão?

- Mas é claro. - Fez menção de que iria sair. - E bem, eu preciso ir me arrum...

Foi impedido quando sentiu o rapaz puxá-lo com força para seu colo. As mãos dele arrastando-se por sua cintura e os lábios em seu peitoral desnudo deram-lhe vontade de chorar. Não queria aquilo. Não podia dar-lhe um mero "não" e acabar com todo aquele show de horror. Nagumo tinha a consciência de que era fraco, e que os fracos deveriam, infelizmente, submeter-se aos mais fortes daquela maneira, à não ser que quisessem sofrer as consequências por serem tão desobedientes e tão idiotas. Concentre-se, Burn. Não deixe as lágrimas caírem. Respire fundo. Você consegue. 

- Quero tanto matar essa saudade louca, ruivo... - Ele o apertou mais contra seu corpo. 

- Amor... - Sussurrou. O rapaz não parou com as carícias, logo sentindo a mão alheia tocar-lhe o membro por cima das vestes. Segure as lágrimas, Burn. Segure. 

- ... E provavelmente eu não consiga esperar. 

- M-mas amor... - Seu sussurro de repente tornara-se súplica quando sentiu a mão alheia invadir-lhe a bermuda. Estava começando a não ter controle sobre seu desespero. - Eu preciso ir trabalhar... Eu p-preciso...

- Sua prioridade sou eu, não lembra? - A voz rouca lhe arrepiara dos pés a cabeça. - Que se foda o trabalho. Gema para mim, Burn. 

A mão acariciou-lhe o membro com certa força. O estômago do ruivo já encontrava-se tão revirado que poderia jurar que, há qualquer momento, vomitaria em cima do homem à sua frente. Seu corpo agora tremia incontroladamente, temendo a dor que logo logo faria-se presente. Ele já não aguentava mais. Não deveria ter acordado. Não deveria ter submetido-se à isso por um certo alguém agora que sabia de sua suposta felicidade. Não sabia como fugir, simplesmente não encontrava um meio para sair ileso naquela manhã. Iria chorar, infelizmente, já não conseguia mais segurar. Nunca quis demonstrar fraqueza para ele, mas no momento era inevitável. Seu dia ia de mal à pior, e todas aquelas sessões com Heat lhe pareceram inúteis quando o problema viera à tona novamente. Nem mesmo o suposto alívio que alastrara-se em seu peito ao ler a mensagem de Suzuno Fuusuke lhe tranquilizava naquele momento.

Porém, a surpresa: subitamente, ouve-se o abrir da maçaneta e a porta sendo movida. À passos curros, ela entrara; Hasuike Rean, vestida de maneira formal, provavelmente pronta para acompanhar Nagumo, seu chefe, até o local de trabalho. Ao entrar, a ruiva para repentinamente, observando a cena que ali passava-se. Burn a encarou suspreso, atônito, não acreditando que a moça havia aparecido naquele instante, praticamente salvando-o das mãos daquele homem, que ao perceber a presença repentina dela, parara, voltando o seu olhar desgostoso para a ruiva, aparentemente desconcertada com tudo aquilo. Imediatamente, Burn viu a oportunidade de desfazer-se dele e logo saíra de seu colo, ofegante. O ruivo lançara um olhar quase que desesperado para a moça, como se a pedisse auxílio, porém esforçou-se para fazer as coisa fluírem naquele momento.

- N-não vi você chegar... - Gaguejou sem querer. Rean piscou os olhos, tentando entender o que se passava no momento, nitidamente perdida. 

- Eu... Vim te buscar, Burn. Pro trabalho. 

- Ah, claro! Claro... - Nagumo, nervoso, assentiu com a cabeça inúmeras vezes. - Eu s-só vou me... Me arrumar, e...

- Ah, tão irritante. 

A voz dele fez-se presente. Ele levantou-se, carregando novamente o sorriso malicioso nos lábios. Burn quase correu para o lado da amiga, mas não encontrava força nas pernas naquele instante. 

- Perdão. - Rean pediu, reverenciando o rapaz. - Esqueci de bater na porta. 

- Ah, mas o que é isso, minha doce Hasuike Rean? Não se preocupe, o ruivo já iria trabalhar mesmo. Da próxima vez, querida, junte-se à nós dois, prometo que a diversão é certa. - Piscou o olho em provocação. - Agora, irei me retirar, pois tenho afazeres... E, Burn.

Ele de repente chamara a atenção do ruivo, que sequer conseguia encará-lo sem tremer-se por inteiro. O rapaz riu baixo, suspirando fundo antes de tomar as palavras para si. 

- Eu te amo. 

Burn quis desaparecer. Rean, por sua vez, sentiu-se mal ao ouvir tais palavras saírem da boca daquele homem com tanta naturalidade, já que ela mesma sempre fora apaixonada por Burn e não era segredo para ninguém. Ele retirou-se após lançar-lhe mais um sorriso, saindo do quarto, deixando os dois ruivos à sós. A moça não conseguiu obter coragem o suficiente para comentar algo naquele momento, até porque tentava entender o motivo pelo qual Nagumo aparentava estar tão assustado; teria ela realmente atrapalhado aquele momento? Não. Sabia que havia algo de errado acontecendo desde que viu ele entrar naqauele quarto, tomando Burn para si como se ela não fosse nada. Mas porque ele não lhe dizia nada? Por acaso não confiava o suficiente naquela a quem ele chamava de amiga? Ela observou o ruivo entrar no banheiro com pressa, trancando-se ali, e sequer tentou ir atrás dele no momento, preferindo deixá-lo à sós por um momento, e sim, Nagumo agradecia mentalmente por isso. 

Ele sentou-se no chão, ofegante. Tentava controlar a respiração, porém precisava acalmar-se primeiro para resolver todos os problemas consigo em seguida. Pavor. Pavor por entre suas entranhas, pavor em seus olhos, pavor em cada canto de seu corpo. Tudo ao seu redor girava, e por algum motivo, as lágrimas não fizeram-se presentes; ele havia engolido o choro por tanto tempo, então acreditou que ele não merecia nenhuma de suas lágrimas naquele momento, mesmo depois de ter se retirado. Ele engatinhou até o vaso sanitário, vomitando ali, resultado de todo o seu enjoo. Suspirou. Contou até dez, bem devagar. Limpou a boca, não olhou-se no espelho. Suspirou novamente. Ergueu-se, pronto para vestir-se, mesmo que com dificuldade.

Ainda precisava trabalhar. 

Mas que longa manhã.

 

---- S.P.I.C E.!. ----

Japão, Tokyo. 22:50.

 

 

 

O dia pareceu passar tão rápido para Gazel. E o trabalho então, ah, não o cansou como nas outras vezes. Voltara para casa exatamente às sete e meia da noite, junto à Clara, que permanecera fazendo-lhe companhia por um tempo até voltar para casa. A moça não parava de esbanjar-lhe sorrisos o dia inteiro, e havia um motivo: havia visto Tatsuya e Gazel juntos e, inclusive, fizera o estilista lhe contar tudo o que acontecera enquanto obviamente ela não estava presente. Gazel divertia-se com as reações da amiga; talvez nem ela acreditasse que ambos estavam praticamente juntos, principalmente depois da suposta declaração do ruivo pela manhã.

"Eu o amo, Gazel". A frase proporcionava-lhe um calor sem igual. Estava eufórico e com razão, já que não sabia ao certo como iriam continuar após tais palavras de afeto. Huh, ele deveria responder-lhe certo? As borboletas no estômago - malditas! - lhe impediam de criar coragem para falar com ele sobre. Inclusive encontrava-se tão sensivel após tudo que até mesmo as mensagens de "boa noite" do empresário faziam a sua face corar. Ah, merda! Ele simplesmente não estava lhe dando opção para reagir.

Sozinho à noite, Suzuno encontrava-se em seu quarto, já deitado, porém sem sono. A TV estava ligada, contudo, o estilista não conseguia prestar atenção no programa. Estava mesmo concentrado na porcaria do cheiro do ruivo que ainda encontrava-se nas cobertas e travesseiros daquela cama. Tsc, já senria tanta falta dele, já queria tanto ligar para o rapaz e de repente mandar-lhe a real como um "hey, quero dormir contigo, vem?". Suzuno de repente pegou-se sorrindo para o nada. O que era aquilo? Por acaso estava ficando louco ou algo do tipo? Nunca foi de esbanjar sorrisos aos quatro cantos da casa dessa maneira. Mas subitamente, sentia-se tão bem que o único modo para demonstrar toda aquela sua paz interna era por meio de um sorriso cá e um sorriso lá. 

O vibrar de seu celular chamou-lhe a atenção. Por um momento achou que fosse ele, mas surpreendeu-se ao ver que tratava-se de alguém inesperado: Nagumo. Deveria atendê-lo? Huh, mesmo com todas aquelas dúvidas, recordava-se de que havia dado-lhe uma resposta. Simplesmente não havia motivos para recusar uma ligação dele naquele momento. Suzuno atendeu, colocando o aparelho celular próximo à sua orelha, mantendo-se em silêncio até que, finalmente, decidiu falar alguma coisa, percebendo que a iniciativa o ruivo não tomaria.

- Vai me dar a resposta da resposta? - Indagou. - Digo, sobre a mensagem... E me diz que cê não tá chorando dessa vez. 

- Estou.

- Está!?

- Relaxa, tô brincando. - Suspirou. - Hey, eu estava pensando em uma coisa aqui. 

- Diga. 

- Vamos ser amigos, certo?

- Certo.

- Então significa que iremos começar do zero. 

- Eu acho super plausível. 

- Então espera aí.

Burn desligou. Gazel estranhou a situação fitando o telefone, porém logo recebeu mais uma chamada do ruivo. Atendeu, arqueando uma sobrancelha. 

- Hã... Oi?

- Alô? De quem é esse número?

- O que? 

- Nome completo. Me diga.

- Suzuno Fuusuke. - Respondeu, ainda sem entender. - Mas, Bu...

- Ah, Suzuno Fuusuke! É um belo nome, Suzuno. Eu me chamo Nagumo Haruya. É um prazer conhecer você. 

- Aaaaaaaaaaaah. - Suspirou, finalmente entendebdo a situação. Gazel sorriu largo, divertindo-se com aquilo. - É um prazer, Nagumo. Mas pode me chamar de Gazel. 

- O que significa Gazel?

- Eu não faço a mínima idéia. 

- Eu também tenho um apelido, Gazel.

- Então me conte. Vou salvar seu número com o apelido. 

- É Burn. 

- Por que Burn?

- Porque eu sou quente. 

- Uau, senhor quente. - Riu. - Quem sou eu para discordar? Aliás, tulipa bacana no topo da cabeça. 

- Muito obriga... Ei! Aí é sacanagem.

- Não é uma tulipa feia, para de drama. 

- Não é drama, é mágoa real. 

- Okay, okay. Eu peço perdão pelo meu vacilo. 

- Aí sim. - suspirou. - Sabe, Suzuno, acho que já tem gente demais te chamando de Gazel. 

- Então eu preciso de um apelido novo. 

- Deixe-me ver...

O rapaz parou por um momento, deixando o estilista ansioso. Logo, Burn retomara a palavra matando a curiosidade do rapaz. 

- Suzy. É o seu novo apelido de amigo. Suzy. 

- Isso é adorável. - Sorriu. - Mas acho justo eu arrumar um apelido de amigo lara você também. 

- Então detona. Estou à espera. 

Gazel pensara por um momento. Logo, o apelido viera em mente, tão rápido quanto a resposta de Burn.

- Nagu-chan. 

- Ah, fofo. 

- Não é? 

- E então, Suzy. - Suspirou. - Acho que como amigos nós devemos sair juntos.

- Ah, claro. - Estava nervoso, porém, satisfazia-lhe o rumo da conversa. Tudo parecia tão livre de segundas intenções. - Vamos ao cinema. 

- Vamos ao cinema. - Confirmou. - Assistir It[**]? 

- Tem coragem, Nagu-chan?

- Olha, coragem eu não tenho, mas...

- Então vamos ver esse! - Animou-se.

- Boa, Suzy. Que tal na quarta?

- Eu estou de acordo. 

- Então vamos quarta nos cagarmos com It.

- Já estou me preparando psicologicamente para tal. - Riu. Ouviu o ruivo bocejar do outro lado da linha. - Alguém está com sono. 

- Um pouco, talvez. 

- Vá dormir, tulipa ambulante. 

- Não vale mais de um apelido de amigo!

- Agora já era. - Sorriu. - Hey, vá dormir.

- Sim senhora, "mãe". - Respondeu. - Durma também. 

- Dormirei. Boa noite, Nagu-chan. 

- Boa noite, Suzy. 

Desligaram. Gazel deitou-se, imaginando o que fora aquilo que acabara de acontecer pelo telefone. Mordeu o lábio inferior, já sentindo-se nervoso com a conversa e com a suposta idéia de tornarem-se amigos. De repente, quinta pareceu tão distante.

Porém, finalmente as coisas estavam encaixando-se para si. 


Notas Finais


[*] - Heat é jogador do time da Prominence, junto a Burn e Rean.
[**] - It - A Coisa é um clássico do terror e é uma obra de Stephen King. Está nos cinemas atualmente, eu super recomendo.

P E S S O A L!
Antes de mais nada, gostaria de divulgar para vocês esse grupo aqui, ó! Chama-se "Inazuma on Zap" e é um grupo criado por mim e mais três escritoras de fanfics, a Kenny, a Miyuki e a Piraraurbana. O grupo tem como intuito reunirmos escritores e leitores de fanfics da categoria Inazuma Eleven, já que atualmente o fandom anda meio separado. Lá a gente pode divulgar fanfics, conversar aobre o anime e qualquer outra coisa que quiser, seguindo as regrinhas básicas do grupo, claro. Bora participar? É divertido! Link para quem tiver interessado: https://chat.whatsapp.com/LHOu7sqB2IoDLKSLALnS62

Gente, eu sei que demorei e muito. Foram duas semanas inteiras de provas e, por isso, eu não parei quieta. Desculpem a demora, yaaa!

E agora a parte importante, haha! Gente, eu não sei se perceberam, mas ambas as situações de Gazel e Burn foram parecidas, porém em perspectivas diferentes. A do Gazel demonstra toda a felicidade e a satisfação de estar com alguém que gosta enquanto a do Burn disserta toda a angústia de estar em um relacionamento abusivo. A maneira como acordam, os pensamentos, a maneira como os parceiros agem perante eles... Queria que entendessem que ter noção dessa distinção é crucial para a fanfic, yaaa!

Bem, é isso. Curtiram? Muuuito obrigada pelos comentários maravilhosos e pelos favoritos! Logo mais Spice! estará de volta, yay! Beijo beijo sz


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