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História Spin-offs - A liberdade e a escuridão - Regina - Parte I


Escrita por: Elis_Giuliacci

Notas do Autor


Vamos começar pela rainha, não é?! rsrs
Aqui poderemos conhecer a origem da Regina, qual a sua proximidade com lobos e como ela foi parar no convento de Albiano.

Capítulo 1 - Regina - Parte I


Sempre pensei que a minha vida seria comum e seguiria os padrões da época: casar, cuidar do esposo e da casa, ter filhos e criá-los bem. Bom, ao que parece desde minha infância eu já dava algumas dores de cabeça para minha mãe - jamais aceitei imposições e sempre detestei que me dessem ordens das quais eu não entendia o motivo e a lógica de segui-las.

Vivíamos no Ducado de Saboia, território de Bresse, que naquela época permanecia em conflito com a França - lembro-me de meu pai contar sobre as invasões e as pilhagens e ficava com muito medo de sermos acometidos por uma daquelas violências. Porém, sem que pudéssemos prever algo parecido, eu fui responsável pela nossa partida de Saboia.

Como eu disse, sempre fui o que minha mãe abominava, uma criança que não dava a mínima importância às convenções e questionava o porquê de meninas terem suas vidas resumidas à serem criadas para satisfazer meninos - isso eu nunca entendi e até hoje não entendo. Quando completei 9 anos, meus pais fizeram uma festa em nossa casa e reuniram todas as famílias vizinhas e amigas de minhas família para comemorarem - não recordo de outra festa como aquela, provavelmente pela ocasião ser um pretexto para firmar o meu próprio casamento, que aconteceria assim que minhas primeiras regras acontecessem - estranho, não é? O noivo era um garoto que vivia numa fazenda próxima da minha casa, seu nome era Robin e, por mais que tentassem fazer com que nós nos entendêssemos, era inútil - tínhamos o mesmo temperamento, assim, as brigas, discussões e xingamentos eram inevitáveis. Aquilo para minha mãe era o fim do mundo e para meu pai, mais paciente, era coisa da idade que logo cessaria quando nos tornássemos adolescentes e, portanto, já na época de nos casarmos.

Logo depois dessa festa, algumas semanas apenas, os pais de Robin estiveram em casa para pedir aos meus que eu fosse passar o dia na fazenda - Cora concordou de cara, mas meu pai não achava uma boa ideia - mas, como ele sempre cedia aos caprichos dela, eu acabei indo para lá com os Locksley.

A fazenda era um lugar belíssimo, eu não poderia negar, mas estava contrariada com aquela visita, gostaria de ter ficado com minhas aventuras pelo bosque que havia perto da minha casa. Robin estava brincando com um arco quando cheguei em sua casa, fizera algumas flechas - e estavam bem tortas, devo admitir que eu faria melhor - estava brincando com uma menina que parecia ser filha dos empregados do lugar e as suas brincadeiras não eram nada agradáveis - ela corria e ele tentava acertar alguma flecha nela. A mãe de Robin me levou até eles e então se foi.

— Mais um alvo para testar minha pontaria. - esse garoto era bem cruel e eu realmente não gostava dele - Vamos, vocês duas, comecem a correr e vou caçar vocês! - mesmo relutando com aquela ordem imbecil eu assenti ou poderia sair machucada. Agarrei a outra menina pela mão e a arrastei para dentro do bosque da fazenda. Ouvíamos ao longe a voz de Robin - Não adianta! Eu vou encontrar vocês!

Minhas habilidade de subir em árvores naquela época era fantástica e deveria usá-la o quanto antes, mas minha companheira de fuga já não era tão habilidosa assim.

— Eu não vou conseguir!

— Claro que vai, eu puxo você! - eu dizia isso para ela enquanto escalava o tronco - Qual o seu nome?!

— É Zelena. - a garota olhava para os lados e seus olhos esbugalhavam quando ouvia Robin gritar nos procurando.

— Calma, Zelena, eu vou puxar você! - eu fui subindo, mas ela não conseguia acompanhar e eu não tinha forças para puxá-la, estava com muito medo e isso não ajudava nem um pouco - Vamos, dê-me sua mão!

— Agora não adianta! - Robin tinha chegado e avançou sobre a menina aos pés da árvore onde eu estava - Sua menina idiota, agora vá e encoste naquela árvore que vou executar você! - ele olhou para cima e me viu - Depois eu resolvo com você!

Zelena afastou-se indo dar com as costas numa árvore próxima e eu, ali em cima, pensava no que fazer - bem, não havia como pensar muito - joguei-me sobre aquele garoto desprezível.

O que aconteceu depois foi o mais puro drama, pois eu havia quebrado o braço esquerdo de Robin. Zelena e eu corremos de volta para a fazenda para avisar os pais dele - ela temeu por ser castigada, mas eu assumi toda a culpa, afinal era a verdade. Todos voltaram para onde tínhamos deixado aquele imbecil, eu correndo na frente pouco me importava se a mãe de Robin não conseguia acompanhar com aquele vestido cheio de anáguas engomadas. Quando chegamos ele estava quieto, quando viu os pais desatou em choro e gritaria - quanto drama para uma fratura tão corriqueira, mas, enfim, era o Robin e não poderia esperar outra coisa dele. Seu pai o carregou no colo de volta para a casa enquanto a mãe praguejava atrás deles.

— Vá com eles, Zelena, não precisa ficar aqui ou vai acabar levando bronca dos seus pais.

— Eu não tenho família, Regina, desde que me lembro eu vivo aqui servindo a casa com as outras empregadas.

Senti muita pena da menina, mas pouco eu poderia fazer. Naquele momento eu precisava ficar sozinha para que a minha raiva passasse - depois gostaria que alguém me levasse de volta para casa, aquele passeio estava sendo um desastre completo. Porém, depois que Zelena se foi, percebi que alguma coisa se mexia entre alguns arbustos logo atrás de mim. Fui até lá com cautela e quando abri a folhagem enchi-me de ternura quando vi aquela criaturinha fuçando pelo chão e choramingando baixinho.

Era um filhote de lobo, seu pelo era negro por completo e tinha os olhos avermelhados. Passei a mão naquela pelagem macia e fiquei alguns minutos brincando com ele - cheguei a esquecer onde estava, o que havia acontecido - quando dei por mim, o pai de Robin berrava meu nome. Sem pensar duas vezes agarrei o lobinho e sai correndo.

Eu voltei para casa muito feliz por dois motivos - tinha dado uma lição em Robin e consegui um animalzinho de estimação. Minhas mãe não tinha gostado nada daquela ideia, mas, como sempre, meu pai fez a mediação entre nós e eu pude ficar com o lobo em casa. “Você vai cuidar dele o tempo todo, se comer alguma de nossas criações vai virar um belo adorno de parede!”— e eu podia acreditar em cada palavra que ela dizia - Cora quando estava furiosa era capaz de qualquer coisa, eu tinha muito, mas muito medo dela por isso.

Meu lobo Robin, isso mesmo - eu dei o nome de meu suposto noivo ao meu animal de estimação - sugestivo, não é? Ninguém gostou daquilo, mas eu pouco me importava. Robin e eu brincávamos todo o tempo no bosque e ele era meu companheiro, carinhoso e fiel. Ele não gostava de minha mãe, rosnava todas as vezes que ela se aproximava e foi por causa dessa implicância mútua que acabamos nos separando. Foi numa tarde em que Robin e eu estávamos sentados perto da porta da cozinha de casa - minha mãe dava ordens à empregada sobre o que fazer para o jantar e meu pai ainda não chegara do trabalho, ele era um ourives muito solicitado e já tinha feito jóias até para Vossa Majestade, o rei Carlos. Naquele dia, Cora tinha começado sua implicância com Robin logo no café da manhã dizendo que ele uivava muito e não a deixava dormir - queria que eu me livrasse dele o quanto antes ou ela faria aquilo sem nenhum remorso. Eu sabia que isso aconteceria, mas esperaria meu pai retornar, pois teria um aliado para convencê-la do contrário. Quando ela terminou de orientar a cozinheira, veio até onde estava com o lobo.

— Aproveite que já é quase noite e leve-o para o bosque, deixe que ele viva como um selvagem! Não pode querer domesticar uma fera dessas.

— Ele não é uma fera! - eu começava a ficar muito irritada, pois ela sugeriu isso o dia todo.

— Ele ainda é filhote, Regina, imagine quando crescer! Veja, ele ficará enorme! - naquela hora eu não sei o que deu em mamãe e ela avançou sobre mim tentando tirar Robin do meu colo. Parecia que tinha se cansado de me persuadir e agora queria resolver à força - Vai ser melhor assim, Regina, não seja teimosa.

Eu não me lembro do momento exato que ela conseguiu tirar Robin do meu colo, mas eu puxei-o de volta e, imagino eu, que tenha ficado nervoso com os puxões. Ele mordeu meu lábio. A dor era aguda e soltei o lobo no chão levando rápido as mãos na boca e sentindo o calor do sangue que escorria pela boca, queixo, pescoço. Minha mãe esqueceu-se de Robin quando viu aquele sangue todo e eu também por um tempo não me dei conta de onde e como ele havia ficado.

O médico do lugar limpou tudo e deu alguns pontos na minha boca. Aquilo doeu bastante, ainda sinto quando me lembro. Mamãe estava satisfeita por ter motivos para livrar-se de Robin - papai não poderia me defender, não daquela vez. Assim, quando voltei para casa nunca mais vi ou ouvi o meu lobo de estimação.

Fiquei muito triste, pois, além de ter que ficar na cama o tempo todo, não tinha Robin para me fazer companhia. E fiquei muito furiosa também, pois recebi várias visitas de gente muito desagradável, entre elas os pais de Robin e o próprio garoto arrogante. E o que era um corte nem tão grande na boca de uma criança para fazer aquele alarde todo? Eu estranhei porque fizeram daquele acidente bobo um acontecimento - sim, eu poderia ser mordida por um cachorro ou um gato, mas um lobo, animal selvagem, era difícil acontecer sempre. O que eu não poderia prever foram os acontecimentos que vieram em consequência dessa mordida.

Uma noite eu tive pesadelos com Robin, o lobo, Zelena, um homem velho que nunca reconheci seu rosto, e muitas pessoas vestidas iguais. Sonhei que estava amarrada e não podia ficar de pé, então eu percebi que o lobo era eu, mas que Robin também estava ali do meu lado e todas as outras pessoas olhando para nós. Acordei em gritos e Cora veio correndo.

— Você está queimando, Regina! - eu estava com uma febre muito alta. Minha mãe pediu que meu pai fosse buscar o médico e até pela manhã a febre não havia cessado. Eu tremia sentido um frio muito grande, não conseguia ouvir direito as pessoas e estava zonza, mas notei que o médico não tinha um semblante muito tranquilo e mamãe ficava preocupada a cada palavra que ele dizia. A infecção que tomava conta de mim por causa do corte na minha boca viera muito forte e, segundo o médico, eu não teria muitas chances se a febre não baixasse. E não baixou. Depois de dois dias tentando de tudo para que eu me recuperasse, meus pais já entravam em desespero - foi quando, eu imagino, que Cora relutou com seus pensamentos, mas acabou cedendo - era a minha vida em risco e ela teria que ir aos extremos para que eu sobrevivesse.

Lembro-me que meu pai estava sentado ao meu lado na cama e eu pouco conseguia falar. Ele tinha o olhar triste e passava a mão pelos meus cabelos. Já fazia um tempo que minha mãe não aparecia no quarto. Entre um sono e outro, e eram bem rápidos - eu vi minha mãe aparecer de repente e ao seu lado um rapaz vestido com um túnica meio amarelada. Nunca havia visto aquele homem e, pelo que pude perceber, meu pai também não. Mas minha mãe conversava com ele como se fossem velhos conhecidos - pediu que meu pai saísse e ele obedeceu.

Não me lembro de quanto tempo eu dormi, mas quando abri os olhos eu via meus pais no quarto conversando com o mesmo homem de antes. Ele estava se despedindo, mas ainda consegui ouvir parte da conversa.

— Não podem deixar que eles se encontrem novamente, a vida dela depende disso.

— Mas Regina é muito impulsiva, Rumple, ela vai atrás desse animal de qualquer jeito.

— Eu sei, minha querida, mas vocês terão que encontrar um meio de detê-la.

— Podemos ir embora daqui... - eu ouvia meu pai dizer aquilo de forma preocupada, tentava entender o que acontecia, mas era inútil. Eu estava tão curiosa por ouvir a conversa que nem percebi que meus tremores, as dores e tudo mais de ruim que me acontecia há quase três dias havia terminado. Eu me sentia bem, a boca já não doía, o corpo estava leve. O que quer que tivesse feito, aquele homem chegara para salvar a minha vida e conseguira, ainda não sabia como, mas eu estava completamente curada.

Assim, por causa de minha teimosia em ter um lobo de estimação, meus pais e eu nos mudamos para Trento e bem na hora que as coisas mudavam bruscamente em Saboia, pois o rei Carlos Emanuel I havia feito um acordo para o fim da guerra e entregou nosso território e alguns outros para o rei da França em troca de um marquesato.

De Robin, o meu lobo, sobrou apenas a cicatriz no meu lábio. Para minha mãe uma marca horrível, mas eu gosto dela, alguns dizem que é charmosa, eu digo que é a marca da minha personalidade e eu descobri mais tarde que era mais intenso e profundo do que apenas uma força de expressão.


Notas Finais


Excepcionalmente vou postar todos os caps de uma vez, então... espero que divirtam-se e não deixem de dizer o que estão achando! rsrs
Bjusss


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