1. Spirit Fanfics >
  2. Spirit >
  3. Medo

História Spirit - Medo


Escrita por: Earth_Gravity

Notas do Autor


Eu escrevi a fic pra ser bem curta, só faltam mais dois capítulos para serem escritos e um especial que eu acabo oficialmente, no total vão ter 8 capítulos, já tenho até 5°
Aconselho que no começo coloquem uma música que te deixe feliz, por que a partir da quebra de texto, que são essas bolinhas pretas e brancas que eu coloco, vocês coloquem uma música bem triste mesmo.
Se preparem psicologicamente e emocionalmente para esse cap, por que eu quase chorei, só não chorei por que não tinha uma músiquinha triste.

Capítulo 2 - Medo


 Passaram-se dois meses desde que encontrei Hana no meu quarto. Nesses dois meses, ela vem me fazendo companhia, virou minha melhor amiga, minha confidente. Já não me assustava com sua pele fria, ou o opacidade de seus olhos, tudo havia se tornado normal para mim. A cada dia, nos tornamos mais próximos.

 O fato de somente eu vê-la causou algumas situações embaraçosas. Teve uma vez que foi fazer compras, aí, Hana começou a conversar comigo, eu acabei esquecendo do detalhe mais importante na nossa relação e conversei com ela também. Umas duas senhoras me olharam estranho, só com isso me toquei do mico que estava passando e parei de conversar com a japonesa, que ficou com raiva depois.

 Nos últimos dias, venho sentindo algo estranho. O jeito que ela me olha, o jeito que ela age comigo, não sei o que há de diferente, somente sinto que está diferente. Hana me acompanha no trabalho e faculdade, ela alega que é muito chato ficar sozinha em casa.

 Nesse meio tempo, descobrimos algumas coisas sobre ela, mas poucas. Ela se lembra de seus pais serem donos de uma empresa, da voz de sua mãe, e alguns lugares de sua casa. Coisas simples, mas a faziam se apegar a essas memórias, como o único pedaço de humanidade que lhe resta.

 Acordo dos meus pensamentos com a oriental me chamando a atenção.

 — No que tanto pensa? — Ela me pergunta, sentando-se ao meu lado no sofá.

 — Em como minha vida mudou nesses últimos meses. — Respondi sem olha-la.

 — Ah! — E um silêncio confortável recaiu sobre nós.

 Isso já era normal para mim, isso não me incomodava, era até bom, não havia desconforto.

 — Oppa... — Hana havia pegado a mania de me chamar assim, mesmo sem saber a sua idade verdadeira. Acenei com a cabeça, indicando para ela continuar. — Por que você não namora? — Olhou curiosa para mim.

 A pergunta veio como um choque de realidade para mim. Essa é uma pergunta que nunca passou pela minha cabeça até agora. Na verdade, nunca pensei em namorar, somente algumas meninas por quais eu tive uma 'leve' paixonite, nada a mais.

 — Na verdade, nunca me interessei realmente por alguma menina. Só teve uma, e nem namoramos, eu gostava dela, mas ela não me notava. Éramos amigos, só que quando Lisa começou a namorar nos distanciamos. Depois disso desisti de achar uma namorada. — Rio da minha história. Pode parecer um tanto idiota, só que eu me sinto assim.

 — Ah... — Desviou o olhar.

 — Por que essa pergunta agora? — Questionei.

 — É que você está sempre do meu lado. Me ajuda, e passa praticamente vinte e quatro horas por dia comigo. Sei lá, sinto que eu estou te sufocando de alguma forma. Ok, você sai com seus amigos, mas parece que você fica na ansiedade pra voltar logo e ficar comigo. — Suspira e coloca as mãos sobre o vestido ainda rasgado.

 — Faço isso porquê tenho uma responsabilidade e uma promessa a cumprir. Não vou te deixar na mão. — Soquei seu ombro de leve, brincando.

 Vi que Hana estava quase chorando.

 — Odeio quando você diz essas coisas fofas e me dá vontade de chorar. — Joga uma almofada em mim e eu começo a rir.

 — Deixa de ser deprimida. — Joguei outra almofada nela, mas... Ela atravessou o corpo de Hana. — Sem graça! — Murmuro fingindo decepção.

 Hana aprendeu a controlar quando ela quiser tocar em coisas materiais ou quando o objeto atravessa ela. Chamo isso de forma espectral e física, até que é legal.

 — Isso tem graça sim. — Fez bico e começou a gargalhar.

 — Pra mim não... — Eu ia falar alguma coisa, mas tinha alguém na porta.

 Fui até lá e abri. A Senhora Park estava com um sorriso no rosto.

 — Joshua, querido, você viu o meu gato? Ele fugiu de novo. — Perguntou a senhora sorridente, ok, isso está estranho.

 — Não, não o vi aqui. Deve ter entrado na casa do outro vizinho. — Gesticulei com as mãos para a porta ao lado.

 — Ah certo... — Remexeu as mãos nervosa. — De qualquer forma, obrigada. — Deu uma última olhada dentro da minha casa e saiu.

 Fechei a porta sem entender nada.

 — O que foi aquilo? — A japonesa me perguntou.

 — Não sei não. — Respondi me jogando no sofá.

 — Ela quis saber com quem você estava falando, não percebeu? — Apontou para a porta.

 — Já era de se imaginar, a Senhora Park é extremamente curiosa, até mesmo para uma senhora. — Respondi rindo.

 — E o gato?

 — O gato dela já fugiu e de algum modo conseguiu entrar aqui. — Suspirei.

 — Ok né... Vamos dormir. Amanhã você tem faculdade. — Levantou e deu um tapa na minha coxa.

 — Ai! — Reclamei da dor. — Você parece até a minha mãe falando. — Levantei também.

 — Falando da Senhora Hong... Amanhã é o dia de você falar com ela pelo skype. — Lembrou-me enquanto caminhávamos até o meu quarto.

 Meus pais moram em Busan, e algumas vezes por mês nos falávamos por skype. Embora eles não enxerguem a Hana, durante esse tempo que ela está comigo, ela sempre viu minhas conversas com eles. O brilho no seu sorriso é bem evidente enquanto a chamada acontecia.

 — Obrigado por me lembrar disso. Acho que vou deixar você cuidando da minha agenda. — Passei meus braços por cima de seus ombros.

 Não me importo muito com skinship, morei muito tempo nos Estados Unidos. E o que mais tem lá é skinship. E pelo visto nem ela liga muito para isso.

 — Não sou sua empregada. — Tenta tirar meus braços de cima dela, mas não consegue.

 — Ah, vamos! Prometo que eu vou ser bonzinho. Não tenho afazeres. — Cutuquei sua bochecha, tentando convence-la.

 Nesse tempo, já estávamos em frente a porta do quarto.

 — Minha resposta ainda é não. — Soltou-se de mim e entrou no quarto, entrei logo em seguida.

 — Chata. — Reclamei pegando o meu travesseiro e a coberta no quadra roupa.

 — Tá, tá. — Falou sem dar importancia ao que eu falei. — Pode dormir aqui na cama, eu durmo no colchão.

 — Já é a sua vez? — Joguei-me na cama.

 Hana e eu discutimos por muito tempo com quem iria ficar na cama. No final, fizemos um acordo, um dia eu durmo nela outro dia é a Hana.

 — Acho que você realmente precisa de uma agenda. Não sabe nem lembra quando dormiu na própria cama. — Olhou incrédula para mim, somente sorri, do jeito que a irrita.

 — Devia aceitar a minha proposta de cuidar da minha agenda, se não, não vou poder ficar muito tempo com você. — Pisquei e sorri.

 — Vai dormir, Josh. — Revirou os olhos e saiu do quarto.

 Gargalhei e me cobri. Coloquei meu braço sobre os meus olhos.

 Hana seria o tipo ideal de muitos meninos. Ela é divertida, engraçada e sabe a hora de usar as palavras certas.

 Talvez ela seja o meu tipo ideal.

 Parando pra pensar, não é ela que mudou, sou eu que mudei meu modo de pensar nela.

 Só que a realidade nunca foi minha amiga.

 Hana é um espírito/alma, nem sei o que. Nunca daríamos certo.

 Mas quando eu penso nas conversas, do tempo que passamos juntos, tudo evapora. Eu só vejo a minha Hana.

 A Hana que se tornou parte de mim.

 Se ela se for? Se tudo não for uma mera ilusão da minha cabeça? E se tudo o que passamos juntos não significou nada para ela?

 Acordo dos meus pensamentos com a porta do quarto sendo aberta. Desvio minha atenção a figura feminina que entrava receosa por ela.

 — Hana? — Pergunto retoricamente ficando sentado na cama.

 — Não consegui dormir direito. — Abaixa a cabeça e brinca com seus pés.

 — Pesadelos de novo? — Ultimamente Hana vem tendo pesadelos mais do que o normal e isso já estava me preocupando.

 — Uhum. — Se aproximou de mim.

 — Você não quer me contar como são eles. — Dei um espaço na cama para ela se deitar.

 — Mas é por que eu realmente não me lembro, eu começo a ter dor de cabeça. — Suspirou e se deitou ao meu lado.

 — Ok então, vamos dormir. Amanhã a gente continua essa conversa. — Me virei e fiquei de costas para ela.

 — Boa noite. — Murmurou já pegando no sono.

[…]

 De manhã, acordei numa posição totalmente diferente da que dormi ontem. Eu estou de lado e com um braço segurando a cintura de Hana, ela está virada para mim, com a cabeça em meu peito. Ela não tinha respiração e sua pele está pálida e fria como sempre. Me livrei dessa posição rapidamente, deixando-a do jeito que encontrei.

 Ainda estava cedo, 6 da manhã. Tratei de tomar um banho e me arrumar. Depois, preparei meu café e esperei a dorminhoca acordar.

 Quando deu 7:30, já estava pronto e Hana me acompanhava até o ponto de ônibus. Fizemos a mesma rotina de todos os dias, ônibus, trabalho, faculdade.

 No intervalo, eu fico com o Vernon e o JeongHan, este último faz faculdade de artes.

 No corredor, eu sigo em direção ao pátio onde me encontraria com eles. Hana segue-me distraída.

 Vejo Lisa a frente e acena para mim, acenei também. Ela corre em minha direção e para na minha frente.

 — Finalmente te achei. — Toma fôlego para continuar a falar.

 Olho para ela desconfiado, Hana está na mesma situação que eu.

 — Aconteceu alguma coisa?

 — Só preciso conversar com você. — Aponta para as escadas.

 — Então tá. — Dou ombros e a sigo até lá.

 Hana está quieta, até demais. Me surpreendi com isso, afinal, ela é a primeira a fazer alguma piada que eu me esforço para não rir.

 — Eu terminei com o Mingyu. — Apoiou-se na parede.

 — Ah... Sinto muito, então. — Não tô entendendo nada. Só que ela não tinha nenhum resquício de tristeza em seu rosto, achei muito estranho.

 — Não sinta. — Suspirou desencostando da parede e se aproximando de mim. Vai dar merda. — Afinal, eu terminei com ele por sua causa. — Sorriu de canto.

 Não disse.

 — Mas o que foi que eu fiz? — Perguntei confuso.

 Hana está estática no seu lugar, seus olhos estão ainda mais opacos.

 Ótimo, minhas chances com ela já eram. Valeu, Lisa.

 — A questão é o que você não fez. — Levanto a sobrancelha e ela ri nasalmente. — Por que não me contou que gostava de mim? — Ela vai se aproximando lentamente a cada palavra.

 Obrigado Jeonghan, obrigado. Hana saiu correndo, depois atravessou uma parede.

 — Você começou a namorar... — Desvio o olhar. — E apareceu outra pessoa na minha vida. Ela me faz feliz. — Sorrio involuntariamente.

 Lisa parece receber a notícia como um baque e se afasta rapidamente.

 — E-Eu... — Seu rosto cora e se perde em suas palavras.

 — Tudo bem, você não sabia. — Sorrio compreensível. — Agora eu preciso realmente ir. — Ela me deu passagem e eu corri.

 Já sabia a onde ela iria. O terraço, é lá que ela fica enquanto estou em aula. Apesar de ser um local proibido para os alunos, preciso correr esse risco. Subo as escadas correndo, abro a porta com força e a encontro de cabeça baixa na beirada do prédio.

 — Hana? — Chamo-a.

 — O que foi? — Sua voz estava falhando, se pudesse chorar, tenho certeza que estaria fazendo isso agora.

 — Por que saiu de lá assim? — Andei até ela.

 — Porque é meio difícil ver a pessoa que você está começando a gostar conversando com o antigo amor dela. — Disse sarcástica.

 Eu só consegui sorrir.

 Sorri por que ela também estava gostando de mim. E isso não tem preço.

 — Eu não aceitei ficar com ela. — Comentei sentando ao seu lado. — Disse que amava outra pessoa. E sai de lá para encontrar essa pessoa.

 Hana me olhou surpresa.

 — Mesmo que você sinta o mesmo que eu, ainda sou um espírito ou seja lá o que eu for. — Apertou suas mãos.

 — A gente dá um jeito, se você está aqui, é por um motivo. Se eu consigo te ver tem um motivo. — Peguei em sua mão. — Nada vai me fazer mudar de ideia.

 — Joshua... — Falou abrindo ainda mais os olhos, surpresa.

 — Você confia em mim? — Olhei diretamente em seus olhos, aproximando nossos rostos lentamente.

 — Sim. — Fechou os olhos, quando ia beija-la, o sinal toca.

 Nos separamos rapidamente, envergonhados, bom, pelo menos eu.

 Nunca fiquei com tanta raiva de um sinal.

 — Vamos sair daqui...

 No término das aulas, Hana ficara quieta durante todo esse tempo, assim como no caminho de volta ao apartamento. Fiquei com medo de não voltarmos a ser como éramos antes. E acho que já está na hora do Vernon saber, só que como eu vou contar para ele? Ele é muito medroso quando se trata desses assuntos.

 Hana deu um leve puxão no meu casaco. Já havíamos chegado no nosso ponto. E eu nem percebi.

 Desci e comecei a andar até o meu apartamento, melhor, subir as escadas até ele. Ao fim de todos os lances de escada, cheguei e destranquei a porta, entrando depois.

 Hana atravessou a parede mesmo.

  Liguei a televisão no canal de notícias e joguei minha bolsa no sofá.

 "Hana Ichida, filha de um dos magnatas da tecnologia, completa dois meses de coma. A mesma sofrera um acidente de carro, causado por alguém. As investigações ainda estão em andamento. Tudo o que se sabe até agora é que o causador do acidente é homem."

 Hana olhava atentamente a imagem na televisão e eu também. A menina na tela é exatamente Hana, só que mais viva.

 O canal passou a apresentar outras notícias, mas nem prestei atenção. Olhei para Hana, ela estava de boca aberta e olhos arregalados.

 — O que... O que aconteceu?

 — Acho que é o destino nos dando uma força. — Respondi dando ombros.

 Na hora de dormir, Hana estava deitada ao meu lado na cama. E me contava sobre seus pesadelos.

 — Agora tudo faz sentido. A batida, o som de algo quebrando, tudo. — Ela suspira e eu faço carinho em seus cabelos.

 — Precisamos ir até lá, de algum jeito. Você precisa se recuperar. — Eu falava numa calma incrível.

 No fundo, eu estava morrendo de medo. Hana poderia nunca mais acordar. Ou simplesmente não se lembrar de nada quando acordar.

 — E se eu não conseguir voltar ao meu corpo? — Olhou nos meus olhos, estavam tristes.

 — Não pense tão negativamente, você vai voltar ao normal. — Faço um carinho em sua bochecha e sorrindo.

 — Eu não já falei para você parar de dizer coisas que me fazem querer chorar. — Depositou um leve soco no meu peito.

 — Desculpa, não consigo evitar. — Dei um beijo em sua testa e voltei a mexer em seus cabelos.

 — Por favor, se algo acontecer comigo e eu não me lembrar de você... Por favor, prometa que vai fazer de tudo para eu lembrar. — Murmurou escondendo a cabeça no meu peito.

 — Prometo. — Coloquei meu queixo apoiado em sua cabeça, quase me rendendo ao sono.

 — Você nem falou com a sua mãe. — Ela murmurou sonolenta.

 — Ela me mandou uma mensagem, não deu pra ela falar comigo hoje. Depois ela vai me ligar. — Suspirei fechando os olhos.

 — Ah. — Murmurou e eu senti sua respiração se tornar uniforme.

 Já estava dormindo e eu resolvi dormir também. Amanhã eu contaria ao Vernon sobre a Hana. Veremos no que vai dar.

[…]

 — Você está me dizendo que tem um espírito que só você pode ver e que já faz dois meses que você vê ele? — Me olhava incrédulo.

 Estávamos no intervalo do trabalho, na área onde nos trocamos.

 — É. — Dei ombros. Hana estava gargalhando atrás dele.

 — Você tem problema? Alucinação? É o que tá parecendo. — Sorriu debochado.

 Hana olhou para mim, pedindo permissão para se manifestar. Assenti.

 — Então como você explica essa caixa flutuando? — Apontei para onde Hana segura uma caixa.

 Ele dá um grito de medo e se afasta do objeto. Passa as mãos por debaixo do objeto e bate no braço de Hana. E solta outro grito.

 — O que... O que... — Suas mãos estavam tremendo.

 Comecei a rir.

 Hana dá um sorriso sapeca e o abraça por trás. Fecho a cara. Não gostei disso.

 — T-Tá, po-pode mandar ele me soltar. — Tateou sua cintura a procura dos braços dela, mas ela os retirou antes.

 — Ele é ela. — Peguei meu celular no bolso e mostrei uma foto que eu peguei da internet de Hana.

 — Ela é bonita. — Prestou atenção nos detalhes do rosto de Hana. Por um breve momento senti ciúmes.

 — Eu sei. — Sorri e guardei o celular no bolso novamente e ele deu um sorrisinho malicioso.

 — Mas por que você tá me contando isso agora? — Suspirou.

 — Preciso de ajuda. — Hana ficou ao lado dele enquanto eu falava. — Hana está em um hospital, só que não dá pra visitar o quarto dela sem ser da família.

 — Ou seja, você quer que eu te ajude a invadir um quarto de hospital? — Arqueou uma sobrancelha completando o meu raciocínio.

 — É. — Sorri.

 — Falando desse jeito parece até que é uma coisa ruim. — Hana fala colocando as mãos no queixo.

 — Realmente. — Concordei.

 — O que foi que ela falou? E onde ela tá? — Vernon perguntou.

 — Ela tá do seu lado e ela disse que colocando o plano do jeito que você colocou parece até que é uma coisa ruim. — Respondi e ele se afastou um pouco, fazendo-a rir.

 — Isso é muito estranho. — Encolhe os ombros.

 — Isso pra mim é normal. E aliás, Hana não é um monstro pra você fazer isso. — Peguei minha mochila e comecei a andar em direção da porta.

 Vernon faz a mesma coisa.

 — Desculpa, mas não estou acostumado. — Sorriu sarcástico.

 Hana revirou os olhos e deu um tapa na cabeça dele.

 Eu ri.

 — Você se acostuma. — Soltei outra risada e ele passou a mão na cabeça.

 — Doeu. — Reclamou. — Ela sempre faz isso?

 — Sim. Às vezes pior. — Relembrei das cenas em que ela me batia.

 Os tapas dela doem.

°•°•°

 Vernon descobriu como é a movimentação do hospital, não sei como. Entramos escondidos, eu usava uma máscara preta e Hana andava tranquilamente até o seu quarto. E além da movimentação do hospital, o quarto a onde ela está. Fiquei até com medo de perguntar como ele conseguiu essas informações.

 Entramos no quarto 582 e eu fechei a porta. Ele também descobriu quando as enfermeiras entram no quarto dela. Nem o questionei. Fiquei ouvindo os aparelhos que a mantinham vida funcionando, quase como uma melodia.

 Hana encarou o corpo dela na cama. Com uma sensação nostálgica. Se aproximou lentamente da cama e tocou em sua mão. Fiquei encostado na porta, não queria atrapalhar esse momento dela, aproveitei e tirei a máscara do rosto.

 Após uns segundos assim, finalmente me aproximei. Segurei em seu ombro enquanto acariciava a sua mão na cama.

 — Eu senti. — Ela fala baixo.

 Olhei-a, esperando a explicação.

 — Eu senti! Eu senti seu toque. — Sorriu.

 — Então se eu... — Recolhi minha mão e olhei para o rosto desacordado na cama.

 Hana me olhou sem entender nada. Cheguei mais perto dela e olhei sua face, eu queria ver como são seus olhos brilhantes, do mesmo modo que aparecia nas fotos. Abaixei meu tronco até o rosto do corpo dela e tirei uma mecha de cabelo dali. (N/A: O corpo verdadeiro, o que tá na cama.)

 Fechei os olhos e selei seus lábios com os meus. Pela primeira vez senti a pele quente de Hana, sua respiração calma batia contra a minha pele, achei que nunca iria sentir isso. Não existia som, nem nada. Os aparelhos, que antes eu ouvia, deixaram de existir, só existiam a minha respiração descompassada e a respiração calma da japonesa.

 Me separei dela e vi que chorava, mesmo de olhos fechados. Limpei aquelas lágrimas imediatamente e voltei a olhar pra o espírito ao meu lado.

 Ela sorria, num misto de felicidade e tristeza.

 Começo a acariciar suas bochechas.

 — Eu senti. — Minha mão parou de acariciar suas bochechas.

 — Eu também. — Sorri e a abracei e aquele momento de somente existir nós dois no mundo voltou.

 — Obrigada. — Retribuiu o abraço.

 — Não fiz nada mais que o necessário. — Acariciei seus cabelos.

 — Josh. — Murmurou com a cabeça enterrada no meu peito. Somente soltei um 'hum?' como resposta. — Eu te amo.

 Antes de qualquer coisa que eu pudesse falar, antes de dizer simples palavras, três míseras palavras, de tão poucas letras, a máquina que liga o coração de Hana ao aparelho de batimentos cardíacos disparou. O meu coração falhou uma batida, Hana entrou em desespero e eu também.

 Ouvi a porta sendo aberta e fiz a primeira coisa que me veio a mente.

 Corri para o banheiro e fechei a porta.

 Hana me seguiu. Eu sentei no chão do banheiro. Podia ouvir os médicos entrando e gritando coisas que eu não consegui distinguir. Hana sentou entre as minhas pernas, me abraçando forte. Seus soluços só eram audíveis para mim. Comecei a chorar silenciosamente.

 A possibilidade de perde-la veio como uma onda. Um desespero enorme me preencheu.

 E era minha culpa.

 Talvez, só talvez, não deveria ter sido eu a pessoa escolhida para ajudar Hana, afinal o que eu poderia fazer.

 O peso da culpa dói.

 Olhei para Hana, aos poucos seu corpo ia ficando mais claro. A abracei com todas as minhas forças.

 Ela não podia ir embora.

  — Não me deixe. — Sussurrei, apertando-a contra o meu corpo.

 Eu te amo também.

 Essas palavras estavam entaladas na minha garganta. Talvez fosse por causa do choro.

 — Oppa. — Foram suas últimas palavras. Depois disso, a beijei.

 Os lábios frios tocaram os meus. Não me importei, não me importei dela não sentir. O que importa? Eu senti. Hana desapareceu numa luz azul esbranquiçada.

 Senti meu coração parar uma batida. Doía, e muito.

 Eu a deixei ir.

 O mundo parecia sombrio.

 Hana era minha luz.

 Eu estou com medo.

 Talvez eu nunca mais a veja.

 É errado me culpar?

 É tudo culpa minha. 


Notas Finais


Então, amores, eu disse.
Sobreviveram? ashuashua
Eu adiantei muito, né? É por que eu escrevi ela justamente para ser uma short fic, eu não queria passar dos 10 caps, então... deu nisso...
Me digam as emoções que passaram, se estão bem e etc. Por que até eu mesma admito que soltei uma bomba dessa e parei na pior parte, eu me mataria heuheue


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...