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História Spiritus Opplere. - O Torneio Tribruxo.


Escrita por: Im-yr-nightmare

Notas do Autor


Oi, tudo bem com vocês?
Sim, eu sumi de novo e lamento por isso... E provavelmente sumirei de novo, então, minhas desculpas de antemão e.e
Sejam bem-vindos os novos leitores, obrigada pelos favoritos e comentários, espero que estejam gostando :3
Uns avisos rapidinhos:
1- Ainda estou sem óculos e, como tenho muitas dores de cabeça pela falta dele, não posso ficar forçando muito, então o próximo cap vai demorar um pouco mais por ser maior (eu tentarei escrever dez mil palavras, que Deus me ajude), espero que entendam :v
2- Quando eu conseguir uma folga da situação toda aqui eu irei refazer os primeiros caps, não acrescentarei nada, apenas vou ajeitar a escrita, ok? Estou avisando pq vai que me da a louca, alguém relê e... né?! haushuahsua
3 e último- Eu usei um bom pedaço (pedação) do livro pq eu fiquei com preguiça de explicar o torneio por mim mesma (pequei mesmo, v1d4 l0k4) por isso se ficar massante, peço desculpas.
É isso pessoal, desculpem-me a demora e uma boa leitura pra vocês. Até depois :v <3

Capítulo 12 - O Torneio Tribruxo.


— As atitudes dos senhores foram inaceitáveis! Tirarei cinqüenta pontos da casa de vocês! — disse Minerva, severamente.

— Mas o ano letivo nem começou direito, como que a senhora vai tirar pontos de nossas casas? — perguntou Draco, incrédulo. — Ela não pode fazer isso... Ou pode? — perguntou baixinho para Harry, que estava encolhido na cadeira.

— Claro que eu posso, Sr. Malfoy. Ou será que terei de tirar mais cinqüenta para lhe provar minha autoridade? — perguntou desafiadoramente, encarando o menino por cima dos óculos.

O louro bufou e relaxou os ombros, aconchegando-se na cadeira. Seu nariz estava dolorido e sujo de sangue seco, nem queria imaginar o quanto estaria feito com aquele inchaço. Isso não teria acontecido se Diggory não tivesse a cabeça de uma criança de dez anos.

— Que isso não se torne a repetir, caso contrário, expulsão na mesma hora! Fui clara? — a voz da mulher tornou a se altear, os três assentiram. — Que bom. Podem ir.

E então eles se levantaram, dirigiram-se porta a fora mantendo o absoluto silêncio e sem se encararem. Contudo, isso logo mudou, a troca de olhares entre Draco e Cedrico, a caminho do Salão Principal, tornaram-se um tiroteio fictício.

— Escute, Malfoy... — começou o Lufano, segurando-o pelo braço, o fazendo parar instantaneamente. — Eu costumo ser muito paciente, mas a próxima vez que você tentar esmurrar a minha cara eu te farei engolir os dentes!

O louro olhou para Harry com a prévia de um risinho nos lábios, procurando vestígios de que aquilo não passasse de apenas uma piada muito sem graça. Mas o moreno não estava rindo, pelo contrário, estava tenso e se afastava dos dois; Draco podia sentir o nervosismo dele em suas entranhas, esmagando-as de tanto medo.

Aproximou-se de Cedrico, a aproximação fora tanta que seus narizes se encostavam.

Esboçou um sorriso debochado e desacreditado: — Você está me ameaçando? — sussurrou.

O outro semicerrou os olhos e enviesou a boca tamanho era seu nojo.

— “Eu te farei engolir os dentes” e mimimi, por favor Cedrico, não seja ridículo. Eu não tenho medo de você, não pense que pode comigo... Pois não pode. — riu-se sarcasticamente, puxando seu braço de volta e ajeitando as vestes. — Da próxima vez que você quiser dar uma de machão comigo, quem vai engolir os dentes é você! — girou nos calcanhares e se afastou, sem nem olhar para trás.

Harry sentia seu interior gelado e fragilizado, nunca que ouvira um tom tão convicto e ameaçador na voz de Malfoy, aquilo lhe assustou, mas não o suficiente para abandonar a idéia de ir atrás dele por qualquer motivo que fosse... Aquela maldita maldição, confundindo suas vontades...

— Quando penso que não consigo odiar ninguém, eis que surge esse filho da mãe. — comentou o Lufano, retomando o caminho para seu destino.

— É isso que ele faz de melhor, nos dar motivos para odiá-lo. — respondeu-o, abaixando a cabeça. — Mas nem sempre funciona. — disse baixinho, para si mesmo.

— O que disse?

— Nada, eu não disse nada. — respondeu rapidamente, sorrindo amarelo.

— Hum... E por que você me empurrou Harry?

Epa... Até aquele momento o moreno não tinha pensado numa desculpa para se livrar dessa confusão. Por que ele tinha chutado-o? Ora, é óbvio, por mais que não quisesse, fez aquilo para que ele parasse de bater no Sonserino. Ironicamente, pensou mais no menino do que em si próprio... Merlim, o que essa maldição estava fazendo com ele?

— Não tem empurrei na verdade, me empurraram em cima de você no meio de toda a confusão... — ele pensou em acrescentar mais alguma coisa, mas nada vinha em mente.

— Ah, sim, por um momento pensei que você estivesse defendendo o nojento do Malfoy. — sorriu, parecendo feliz e aliviado.

— É... — riu nervoso, desviando seu olhar do menino.

E finalmente chegaram ao Salão Principal, Harry agradeceu a tudo em que acreditava quando Diggory caminhou para sua mesa — claro, não se esquecendo de se despedir com um sorriso bem largo.

Enquanto caminhava para a mesa da Grifinória, teve não só a sensação, mas como uma mística e bizarra certeza de que estava sendo observado. Sua primeira reação foi olhar para a mesa da Sonserina, onde um louro, com a cara muito enfezada e as mãos apoiadas frente a boca, o encarava fixamente. Como se planejasse mentalmente uma maneira de matá-lo. Harry sabia que o menino estava assim porque viu a despedida de Cedrico.

Sentou-se ao lado de Rony e Hermione, sustentando descaradamente o olhar do outro; Hermione seguiu a linha invisível de seus olhos e logo compreendeu a troca de olhares, Rony, que é demasiado lerdo, nem ao menos desconfiou.

Tentando inutilmente disfarçar — corando feito um siri — começou a prestar a atenção na mesa dos professores, lá na frente, e parecia haver mais lugares vazios que habitualmente. Hagrid, é claro, ainda estava lutando para atravessar o lago com os alunos do primeiro ano; a Prof° McGonagall provavelmente estava supervisionando a secagem do piso do saguão de entrada, mas havia ainda outra cadeira desocupada e ele não conseguia atinar quem mais estava faltando.

— Onde é que está o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas? — perguntou Hermione, que também estava olhava para a mesa dos professores.

Harry percorreu o olhar pela mesa, e decididamente não havia nenhuma cara nova.

— Quem sabe não conseguiram ninguém! — sugeriu Hermione, parecendo ansiosa.

Um aviãozinho feito de pergaminho voou magicamente até a mesa da Grifinória e pousou suavemente à frente do moreno, que imediatamente paralisou de espanto e surpresa. De quem era aquilo? Não precisou de muito para saber, Draco, de lá da mesa da Sonserina, sorria sapeca.

Apanhou o papel e desfez todas as dobras, as mãos tremendo um pouco e com o pensamento de “Qual a provocação de agora?”. Leu-o então:

 

Eu sei que sou lindo e maravilhoso e é impossível não olhar para mim. No entanto, tenha mais cautela, teu namoradinho pode ficar puto.”

 

Inacreditável! Draco Malfoy é, definitivamente, inacreditável! Inconformado e parcialmente fulo, levantou a cabeça e o encarou, balançando a cabeça, indignado.
O louro estava nitidamente se divertindo e rindo da situação, escondeu o sorriso com as mãos e ficava vermelho gradativamente.

Harry também sentiu uma vontade inexplicável de rir, tanto que mal conseguia se conter direito: seria efeito da maldição ou a alegria do Sonserino que era contagiante? Bem, no momento, isso não importava, deliciava-se com a sensação engraçada de raiva e alegria que invadia seu corpo como uma lâmina gelada. E por um momento, ainda vendo o outro rir, teve o momentâneo questionamento: seria ele incapaz de viver sem vê-lo sorrir?

Tiveram o mesmo ímpeto de olharem para a mesa dos professores e se depararam com Snape os observando, carrancudo e com o ar infeliz em constatar que ambos já sabiam do que carregavam impregnada em suas carnes.

O riso se cessou imediatamente, a seriedade voltara a se dissipar pelos seus rostos da mesma forma quando se recebe uma notícia ruim.

 

A seleção estava quase no fim, sua barriga doía de tanta fome e tinha que concordar com Rony, ele também seria capaz de devorar um hipogrifo.

E, finalmente, com “Whitby, Kevin!” (Lufa-Lufa!) encerrou-se a seleção. A Profº Minerva apanhou o chapéu e o banquinho e levou-os embora.

 — Já não era sem tempo. — exclamou o ruivo, apanhando os talheres e olhando esperançoso para seu prato de ouro.

O Prof° Dumbledore se levantara. Sorria para os estudantes, os braços abertos num gesto de boas-vindas.

— Só tenho duas palavras para lhes dizer — começou elem sua voz grave ecoando pelo salão. — Bom apetite!

— Apoiado! Apoiado! — disseram Harry e Rony em voz alta, enquanto as travessas vazias se enchiam magicamente diante dos seus olhos.

Não demorou muito para que mais um aviãozinho de pergaminho pousasse sobre a mesa, defronte ao seu prato. O moreno olhou primeiramente para Snape, que o encarava como se o desafiasse a ler o bilhete a sua frente, correndo o risco de ter mais alguns pontos retirados da sua casa.

— Acho que ele já ficou sabendo que você está ciente da maldição. — cochichou Hermione. — Até porque a relação entre você e o Malfoy está dando o que falar, todos viram vocês conversando pacificamente. E também, a voadora que você deu no Cedrico para que ele parasse de agredi-lo não é algo que todos são acostumados a ver.

— Eu só fiz isso porque estava me afetando também, olhe o tamanho do meu nariz, parece uma batata! — reclamou ele, baixinho, fazendo a garota rir.

— Eu sei Harry, mas os outros não, são poucas pessoas que podem saber dessa maldição de vocês, imagine só a confusão que isso iria causar! — continuou a cochichar, vendo-o desdobrar o papel. — Tenho que confessar, estou feliz por vocês estarem se dando be... O que foi? — perguntou quando o viu revirar os olhos.

Ele passou o bilhete para ela, que percorreu os olhos castanhos pela linha e então soltou uma gargalhada mal contida:

— Me desculpe Harry, foi ligeiramente engraçado, prometo não rir... — e neste momento, ela quase se engasgou de rir. — mais... Desculpe, agora eu parei!

O moreno apenas balançou a cabeça e esboçou um sorrisinho de lado, tinha que admitir: Draco Malfoy tinha extrema facilidade de arrancar risos, assim como também tinha para tirar alguém do sério.

Leu o bilhete mais uma vez:

 

Você até que é gatinho... Mas seria mais se soubesse comer de boca fechada! Como vou te admirar se você parece um trasgo? Assim não dá!

 

Harry olhou para a mesa da Sonserina, fixando os olhos verdes no louro que o encarava de volta, descaradamente, mastigando devagar e brincando com a colher. Draco sorriu sarcástico, levantando uma sobrancelha; o moreno lhe mostrou o dedo do meio.

— Vocês têm sorte de que haja uma festa esta noite, sabem — disse Nick Quase Sem Cabeça, aparecendo de súbito. — Hoje cedo tivemos problemas na cozinha.

— Por que? O que aconteceu? — perguntou Harry com a boca cheia de carne.

— Pirraça, é claro — disse Nick sacudindo a cabeça, que se desequilibrou perigosamente. O fantasma puxou mais para cima um rufo da gola. — A história de sempre, sabem. Ele queria vir à festa, bom, isto está fora de questão, vocês sabem como ele é, absolutamente selvagem, não pode ver um prato de comida sem querer atirá-lo longe. Reunimos um conselho de fantasmas, Frei Gorducho foi a favor de dar uma chance a Pirraça, mas muito prudentemente, na minha opinião, o Barão Sangrento fez pé firme.

O Barão Sangrento era o fantasma da Sonserina, um espectro extremamente muito magro e silencioso, coberto de manchas de sangue prateado. Era a única pessoa de Hogwarts que conseguia realmente controlar Pirraça.

— É, achamos que Pirraça estava invocado com alguma coisa — disse Rony sombriamente, mal escutando o murmúrio do moreno quando dissera “ou ajudando o Cedrico a provocar alguém”. — Então, que foi que ele aprontou na cozinha?

— Ah, o de sempre — respondeu Nick Quase Sem Cabeça, sacudindo os ombros —, causou prejuízos e confusão. Tachos e panelas por toda parte. Sopa para todo lado. Deixou os elfos domésticos loucos de terror...

Blém. Hermione derrubara sua taça de vinho. O suco de abóbora escorreu pela mesa, manchando de laranja mais de um metro de linho branco, mas nem se importou.

— Tem elfos domésticos aqui? — perguntou, encarando Nick Quase Sem Cabeça com uma expressão de horror. — Aqui em Hogwarts?

— Claro que sim — disse o fantasma, parecendo surpreso com a reação da garota. — O maior número que existe em uma habitação na Grã-Bretanha, acha. Mais de cem.

— Eu nunca vi nenhum! — exclamou Hermione.

— Bom, eles raramente deixam a cozinha durante o dia, não é? Saem à noite para fazer limpeza... Abastecer as lareiras e coisas assim... Quero dizer, não é esperado que fiquem à vista. Essa é a marca de um bom elfo doméstico, não é, que não se saiba que ele existe.

— Mas eles recebem salário? — perguntou ela. — Têm férias, não têm? Licen...

Harry perdera o foco e o rumo do qual a conversa tomava quando mais um aviãozinho pousara defronte ao seu prato, animado, o apanhara e mais uma vez desfazia as dobraduras.

Todo seu entusiasmo — que só lhe preenchia por pensar que o bilhete era de Draco — logo o abandonou ao ler o conteúdo:

 

Você me tem nas mãos
Nem sabe o tamanho do seu poder
Eu me posto como um gigante
Mas caio quando estou perto de você.
Diggory.

 

O moreno nunca pensou que ficaria tão desanimado e desinteressado por receber uma carta que não fosse de Malfoy. Por ele, amassaria e jogaria fora, mas seu bom senso e sua ciência pelos sentimentos do outro, sabia que não podia e não deveria ser tão cruel. Além do mais, não conseguiria.

Olhou para a mesa da Lufa-Lufa, Cedrico ria e se divertia com seus amigos. Quando percebeu os olhos esmeraldinos o encarando, corou instantaneamente, o tom rubro tornando-se intenso, acompanhando a elasticidade do sorriso.

Harry apenas desviou o olhar, agora fitado o louro que o encarava de volta, parecendo intrigado e também enfezado. No fundo, o moreno tinha certeza de que ele sabia a quem pertencia o bilhete, se não de Draco, quem mais que possuísse sentimentos escreveria a ele?

Oh, seus pensamentos acabaram de entrar em uma questão que por mais que soubesse que cedo ou mais tarde isso aconteceria, esforçava-se para deixar para lá tamanho era o seu não querer: O Sonserino tinha sentimentos por ele? Ele tinha sentimentos pelo Sonserino? Por que é que essa maldição tinha que dificultar tanto as coisas?

—... Opa... Desculpe, Harry... — o falatório de Rony o tirou do transe. Não só o falatório, o menino lhe cuspiu fragmentos de pudim de carne sem querer. Engoliu, agora o olhando atentamente. — Está tudo bem? Você parece ter ficado... Ah... Não sei, pensativo?

Harry gelou, como diria ao melhor amigo que se sentia como uma adolescente menstruada e não sabe o que sentir?

Alvo Dumbledore tornou a se levantar, o burburinho das conversas que enchiam o salão cessou quase imediatamente, de modo que somente se ouviam o uivo do vento e o batuque da chuva. O moreno agradeceu mentalmente por não ter de se explicar.

— Então! — exclamou Dumbledore, sorrundo para todos. — Agora que já comemos e molhamos também a garganta, preciso mais uma vez pedir sua atenção, para alguns avisos.
“O Sr. Filch, o zelador, me pediu para avisá-los de que a lista dos objetos proibidos no interior do castelo este ano cresceu, passando a incluir Ioiôs-berrantes, Frisbees-dentados e Bumerangues-de-repetição. A lista inteira tem uns quatrocentos e trinta e sete itens, creio eu, e pode ser examinada na sala do Sr. Filch, se alguém quiser lê-la.

Os cantos da boca de Dumbleore tremeram ligeiramente.
Ele continuou:

— Como sempre, eu gostaria de lembrar a todos que a floresta que faz parte da nossa propriedade é proibida a todos os alunos, e o povoado de Hogsmeade, àqueles que ainda não chegaram à terceira série.
“Tenho ainda o doloroso dever de informar que este ano não realizaremos a Copa de Quadribol entre as Casas.”

Quê? — exclamou Harry. Ele olhou para Fred e Jorge, seus companheiros no time de quadribol. Xingaram Dumbledore em silêncio, aparentemente espantados demais para falar.

Dumbledore continuou:

— Isto se deve a um evento que começará em outubro e irá prosseguir durante todo o ano letivo, mobilizando muita energia e muito tempo dos professores, mas eu tenho certeza de que vocês irão apreciá-lo imensamente. Tenho o grande prazer de anunciar que este ano em Hogwarts...

Mas neste momento ouviu-se uma trovoada ensurdecedora e as portas do Salão Principal se escancararam.

Apareceu um homem parado à porta, apoiado em um longo cajado e coberto por uma capa de viagem preta. Todas as cabeças do Salão Principal se viraram para o estranho, repentinamente iluminado por um relâmpago que cortou o teto. Ele abaixou o capuz, sacudiu uma longa juba de cabelos grisalhos ainda escuros e começou a caminhar em direção à mesa dos professores.

Um ruído metálico e abafado ecoava pelo salão a cada passo que ele dava. Quando alcançou a ponta da mesa, virou à direita e mancou pesadamente até Dumbledore. Mais um relâmpago cruzou o teto. Hermione prendeu a respiração.

O relâmpago revelou nitidamente as feições do homem e seu rosto era diferente de qualquer outro que Harry já vira. Parecia ter sido talhado em madeira exposta ao tempo, por alguém que tinha uma vaguíssima idéia do aspecto que um rosto humano deveria ter, e não fora muito habilidoso com o formão. Cada centímetro da pele do estranho parecia ter cicatrizes. A boca lembrava um rasgo diagonal e faltava um bom pedaço do nariz. Mas eram os seus olhos que o tornavam assustador.
Um deles era miúdo, escuro e penetrante. O outro era grande, redondo com uma moeda e azul-elétrico vivo. O olho azul se movia continuamente, sem piscar, e revirava para cima, para baixo, e de um lado para o outro, independente do olho normal — depois virava de trás para diante, apontando para o interior da cabeça do homem, de modo que só o que as pessoas viam era o branco da córnea.

O estranho chegou-se a Dumbledore. Estendeu a mão direita, que era tão cheia de cicatrizes quanto o rosto, e o diretor a apertou, murmurando palavras que Harry não pôde ouvir. Parecia estar fazendo perguntas ao estranho, que abanava negativamente a cabeça, sem sorrir, e respondia em voz baixa. Dumbledore assentiu com a cabeça e indicou ao homem o lugar vazio à sua direita.

O estranho se sentou, sacudiu a juba grisalha para afastá-la do rosto, puxou um prato de salsichas para si, levou-o ao que restara do nariz e cheirou-o. Tirou então uma faquinha do bolso, espetou a salsicha e começou a comer. Seu olho normal fixava as salsichas, mas o olho azul continuava a dar voltas nas órbitas registrando o salão e os estudantes.

— Gostaria de apresentar o nosso novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas — disse Dumbledore, animado, em meio ao silêncio. — Prof. Moody.

Era normal os novos membros do corpo docente serem recebidos com aplausos, mas nem os colegas nem os estudantes bateram palmas, exceto Dumbledore e Hagrid. Os dois juntaram as mãos e bateram palmas, mas o som ecoou tristemente no silêncio e eles bem depressa pararam. Todos pareciam demasiados hipnotizados pela aparição grotesca de Moody para ter qualquer reação exceto encarar o homem.

— Moody? — murmurou Harry para Rony. — Olho-Tonto Moody? O que o seu pai foi ajudar hoje de manhã?

— Deve ser — disse Rony baixo, em tom de assombro.

— Que aconteceu com ele? — cochichou Hermione. — Que aconteceu com a cara dele?

— Não sei — cochichou Rony em resposta, mirando Moody, fascinado.

O moreno teve de segurar a vontade de rir quando um pensamento espontâneo lhe ocorreu, Draco diria algo como “Nossa Hermione, sua elegância me surpreende...” com aquele tom de voz insuportavelmente debochado.

Olhou disfarçadamente para a mesa da Sonserina, onde o louro estava mirando Moody com a mesma admiração que Rony, a cena seria risível se não fosse tão absurdamente estranha.
Draco desviou o olhar, finalmente encarando Harry, agora ambos alheios da indiferença à recepção do novo professor. Era como se imãs atraíssem seus olhares um para o outro, estourando de magnetismo e faiscando tamanha era a química mística que possuíam.

Visivelmente emburrado, Malfoy fechou a cara e tornou a encarar o professor; o moreno sentiu uma queimação no peito e uma vontade inexplicável de socar a cara de alguém. Foi então que ele notou que ainda segurava a carta de Cedrico.

Ignorando a jarra de suco de abóbora à sua frente, Moody tornou a enfiar a mão no interior da capa, puxou um frasco de bolso e bebeu um longo gole. Quando levantou o braço para beber, sua capa se elevou alguns centímetros do chão e Harry viu, por baixo da mesa, um bom pedaço de uma perna de pau, que terminava em um pé com garras.

Dumbledore pigarreou outra vez.

— Como eu ia dizendo — recomeçou ele, sorrindo para o mar de alunos à sua frente, todos ainda mirando Olho-Tonto Moody, paralisados —, teremos a honra de sediar um evento muito excitante nos próximos meses, um evento que não é realizado há um século. Tenho enorme prazer de informar que, este ano, realizaremos um Torneio Tribruxo em Hogwarts.

“Os diretores de Beauxbatons e Durmstrang chegarão com a lista final dos competidores de suas escolas em outubro e a seleção dos três campeões será realizada no Dia das Bruxas. Um julgamento imparcial decidirá que alunos terão mérito para disputar a Taça Tribruxo, a glória de sua escola e o prêmio individual de mil galeões.”

— Estou nessa! — sibilou Fred Weasley para os colegas da mesa, o rosto iluminado de entusiasmo ante a perspectiva de tal glória e riqueza. Aparentemente ele não era o único que estava se vendo como campeão de Hogwarts.

— Espere, Beauxbatons é a escola das veelas, não? — perguntou o moreno, desviando o olhar de Draco para Hermione.

— Sim, é sim... Por que? — a garota arqueou as duas sobrancelhas, espantada com o rosto violentamente ruborizado do menino.

— Hum.

— Tá tudo bem? — ele assentiu, a expressão fechada. — Tem certeza? Você está parecendo um tomate, Harry...

A razão pela mudança inevitável, repentina e brusca do menino é bem singela: ciúmes. Por algum motivo, que ainda não ficara claro, ele se lembrou da forma como o louro olhava para as garotas veelas, a forma como seu peito ardia e quase teve de amarrar sua mão junto ao corpo para não esbofeteá-lo.

— Tudo ótimo... Não poderia estar melhor. — disse irônico, a voz extremamente fina.

Rony e Hermione se entreolharam; a garota estendeu a situação num estalar de dedos ao ver o amigo cruzar os braços, parecendo uma criança birrenta e olhar diretamente para Draco, que estava alheio para o que acontecia na mesa da Grifinória. Ela explicou ao ruivo, que disse em constatação e convicção: “Ele não serve pro Harry, é um safado!”

Draco Malfoy era de fato um safado, mas o que o moreno pensou espontaneamente é que o Sonserino deveria ser safado só com ele, não com aquele bando de nojenta.

— Ansiosos como eu sei que estão para ganhar a Taça para Hogwarts — disse ele, e neste exato momento o Salão Principal se aquietou —, os diretores das escolas participantes, bem como o Ministério da Magia, concordaram em impor este ano uma restrição à idade dos contendores. Somente os alunos que forem maiores, isto é, tiverem mais de dezessete anos, terão permissão de apresentar seus nomes à seleção. Isso — Dumbledore elevou ligeiramente a voz, pois várias pessoas haviam protestado indignadas ao ouvir suas palavras, e os gêmeos Weasley, de repente, pareciam furiosos — é uma medida que julgamos necessária, pois as tarefas do torneio continuarão a ser difíceis e perigosas, por mais precauções que tomemos, e é muito pouco provável que os alunos abaixo da sexta e sétima séries sejam capazes de dar conta delas. Cuidarei pessoalmente para que nenhum aluno menor de idade engane o nosso juiz imparcial e seja escolhido campeão de Hogwarts. — seus olhos azuis-claros cintilaram ao perpassar os rostos de Harry e Draco. — Portanto, peço que não percam tempo apresentando suas candidaturas se ainda não tiverem completado dezessete anos.
“As delegações de Beauxbatons e de Durmstrag chegarão em outubro e permanecerão conosco a maior parte deste ano letivo. — nesse momento, o moreno quis arrancar os próprios cabelos, inconformado que um bando de garotas atiradas ficariam sob o mesmo teto que Malfoy — Sei que estenderão as suas boas maneiras aos nossos visitantes estrangeiros enquanto estiverem conosco, e darão o seu generoso apoio ao campeão de Hogwarts quando ele for escolhido. — uma coisa que Harry estenderia para aquelas veelas seria um soco muito do certeiro caso se aproximassem de Malfoy; era medonho a forma como queria agredi-las... Parecia até mesmo um cão raivoso. Tentou se acalmar, respirando fundo incontáveis vezes. — E agora já está ficando tarde e sei como é importante estarem acordados e descansados para começar as aulas amanhã de manhã. Hora de dormir! Vamos andado!”

Dubledore tornou a se sentar e virou-se para falar com Olho-Tonto Moody. Ouviu-se um estardalhaço de cadeiras batendo e se arrastando quando os alunos se levantaram para sair como um enxame em direção às portas de entrada do Salão Principal.

— Não podem fazer isso com a gente! Vamos fazer dezessete anos em abril, por que não podemos entrar? — reclamou Jorge Weasley, que não se reunira aos colegas que se dirigiam às portas.

Harry deixou-o falando com Rony e Hermione, no momento suas pernas pareciam lhe carregar para fora do Salão Principal, é como se elas tivessem ganhado vida momentaneamente.
Estava no saguão de entrada quando alguém se fez presente ao seu lado, tão malditamente cheiroso e também tão ordinariamente arrogante; Draco o agarrara pelo braço, fazendo-o parar imediatamente, ele estava com cara de poucos amigos naquele momento:

— Fico aliviado que o velho caduca do Dumbledore tenha concordado em estabelecer uma faixa etária para esse torneio, na vez em que tem um aluno que adora bancar o herói e quebrar regras. — disse amargo.

E foi só o menino ter falado para ele reparar que a tensão simplesmente não se acomodara mais sob seus ombros, estava com tanta raiva das veelas que nem tinha apreciado o alivio do seu parceiro de maldição.

— Obrigada pela parte que me toca. — comentou indiferente.

— Espero que você não faça nenhuma gracinha Potter, eu senti como você ficou com raiva por terem estabelecido a faixa etária. Vê se não mete a gente em confusão ou eu esgano você!

— Mas... Eu não estava com raiva por causa da fai... Ah, — parou bruscamente de dizer, lembrando-se da verdadeira razão por ter ficado daquele jeito. Obviamente que ele não diria que estava com ciúmes das garotas-passarinho. — certo, a raiva já passou, entendo que é para nosso bem, eu vi como Dumbledore nos olhou. — mentiu.

— Fico satisfeito que tenha entendido o recado. — estreitou os olhos para o moreno, desconfiado. Harry estremeceu, será que Draco sabia ou sentia que ele estava mentindo descaradamente? — Pessoas morreram nesse torneio... Espero que você entenda o que quero dizer. — disse sugestivamente, enfatizando firmemente a palavra.

— S-sim, eu entendo o que você quer dizer... Ah, olá Neville, como está? — disse sem graça, começando a subir as escadas com o outro no seu encalço, a coragem de encará-lo lhe abandonou impiedosamente.

— Estou bem, Harry, obrigada. — respondeu, olhando de esguelha para Malfoy, como se esperasse um insulto ou provocação.

— Olá. — disse o louro, com um breve aceno de cabeça.

— Hum... Oi. — disse Neville, muito espantado e ligeiramente perturbado. — Como está, Malfoy?

— Melhor impossível, obrigado. — respondeu indiferente. Por mais que sua atitude fosse por pura educação, não deixou de impressionar o moreno, que sentiu uma mescla de orgulho e desconfiança.

— Vocês são... Amigos, agora? — perguntou nervoso, encolhendo-se nos ombros já na expectativa de levar respostas atravessadas.

Harry e Draco se entreolharam, suas cabeças ficaram em branco e o desespero já crescia quando perceberam que nem eles mesmo sabiam se eram ou não amigos.
E então o pé de Neville afundara direto por um degrau no meio da escada. Havia muito desses degraus bichados em Hogwarts; já era uma segunda natureza na maioria dos alunos antigos saltarem esse determinado degrau, mas a memória de Neville era notoriamente fraca. Harry e Draco o agarram pelas axilas e o puxaram para cima, enquanto uma armadura no alto das escadas rangia e retinia, rindo-se asmaticamente.

— Cala a boca. — disse Draco, dando uma bicuda na canela da armadura e abaixando o visor do elmo.

— Obrigada. — agradeceu timidamente, recendo apenas como resposta um baixinho “não foi nada”.

Os três se dirigiram em silêncio até a entrada da Torre da Grifinória, que ficava escondida atrás de uma grande pintura a óleo de uma mulher gorda com um vestido de seda rosa.

— Senha? — perguntou ela quando os garotos se aproximaram, estranhando, e não disfarçando, a presença de Malfoy.

Asnice. Foi um monitor que me informou lá em baixo... — disse Neville com sua vozinha tristonha. O retrato girou para a frente, expondo um buraco na parede pelo qual ele passou.

— Você não vai para o seu Salão Comunal? — perguntou Harry ao louro, que pareceu ter despertado de um estado de transe com um susto.

— Ã? Ah, claro que vou. — disse atrapalhado, a respiração tornando-se pesada a medida que reparava nos detalhes do rosto do outro. Como podia ser tão filha da putamente lindo daquele jeito? — Certo, até amanhã então.

— Até amanhã, então... — quando o Sonserino estava prestes a descer as escadas, eis que o moreno o chamou novamente. — Draco...?

Ele apenas virou o rosto, agora o magnetismo agia com muito mais fervor, seus corações pareciam que iam saltar do peito, o suspense apenas acentuava essa situação: Harry queria dizer uma coisa, Draco queria ouvir. Harry não tinha certeza se era isso mesmo que queria dizer, Draco sabia que não iria ouvir.

— Durma bem. — disse baixo, porém audível. As bochechas esquentando e ficando rubras.

O louro sorriu minimamente, e isso foi o suficiente para aquecer amistosamente o peito do outro. Agora, era Malfoy que sentia coisas que não lhe pertenciam, não ousou reclamar nem em pensamento, pois o que sentia sabia que era bom e reconfortante. Não era capaz de admitir, mas esperava poder sentir mais vezes.

— Você também testa-rachada. — e retornou a descer as escadas, desaparecendo do campo de visão do moreno.

Harry foi o último a se deitar naquela noite, se virou na cama, uma série de imagens fascinantes se formaram na sua cabeça... Ele enganara o juiz imparcial fazendo-o acreditar que tinha dezessete anos... Tornara-se campeão de Hogwarts... Estava em pé nos jardins, os braços erguidos em triunfo diante de toda a escola, que o aplaudia e gritava... Ele acabara de ganhar o Torneio Tribruxo... O rosto de Draco se destacava claramente na multidão difusa, o rosto radioso de admiração...

Harry sorriu para o travesseiro, excepcionalmente contente de que Rony não pudesse ver o que ele via.

Draco, nessa mesma noite, dormiu extraordinariamente bem. Bem como jamais dormira em muitos meses. Ciente da alegria que sentia não era só sua, era mesclada com a que Potter sentia naquele momento. E isso o fez dormir ainda melhor; dormiu sentindo algo que vinha do Grifinório, algo que lhe proporcionou uma sensação inexplicável de proteção. O moreno estava ali com ele, embora de uma outra forma.


Notas Finais


Não que isso seja importante, mas caso alguém queira saber, as palavras do bilhete de Diggory é da música Mercy do Shawn Mendes :v


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