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História Spotlight - Destrua


Escrita por: CerejadaBabi

Notas do Autor


HOLA! Como vocês estão?

Gente, mil perdões pelo sumiço! Não, eu não morri depois dos recentes acontecimentos (mas quase. 4H e CC1 me desestruturaram ). Porém, como eu canso de falar, eu estava passando por meses de vestibular, então as únicas coisas que eu fiz nessas últimas semanas foi chorar e estudar (tô falando muito sério).
Felizmente eu consegui voltar para vocês, com capítuloS novoS!!!
Muito obrigada a toda a galera que anda comentando, favoritando e demonstrando tanto amor! Vocês são lindxs e esse apoio só me faz querer escrever mais!

Bora se amando, bora fazendo! E boa leitura :)

Capítulo 9 - Destrua


Fanfic / Fanfiction Spotlight - Destrua

ılı.lıllılı.ıllı..ılı.lıllılı.ıllı

 

Capítulo VIII

Destrua: Forma imperativa do verbo "destruir". Arruíne, danifique, acabe.

 

CAMILA

   Antes mesmo de ter minha retina queimada pela luz do sol que entrava de forma fustigante pelas janelas de cortinas abertas do quarto 239, eu senti uma dor de cabeça nauseante me atingir, fazendo-me gemer de forma rouca.

   Devagar, me acostumando com a claridade, eu afastei minhas pálpebras, e foi então que eu percebi que Gaia Faye não havia ido embora na noite anterior.

   Por um breve momento em que eu estava em choque demais para me mover ou pensar, eu só fui capaz de encarar a mulher ao meu lado na cama, dormindo pacificamente com os cachos de um castanho quase loiro jogados pelo travesseiro de forma aleatória, mas absolutamente hipnotizante.

   Os lábios da britânica estavam parcialmente abertos, suas costas expostas naquela posição – de barriga para baixo – e o restante do corpo aparentemente coberto apenas pelo lençol.

   Eu estava congelada. A respiração agarrada em minha garganta fazia minha cabeça girar.

   Nós-

   Ela-

   Uma garota. Finalmente.

   Mas nós-

   Será que-

   Seria possível eu ter perdido minha virgindade e nem me lembrar disso?

   Certo, Camila. Você precisa acordá-la e esclarecer as coisas, meu subconsciente sussurrou e eu cobri os olhos numa tentativa inútil de fazer aquela dor de cabeça insuportável passar.

   — Eu estou tão fodida – sussurrei, fazendo uma careta quando percebi que muito provavelmente aquela frase tinha um sentido literal.

   Eu me sentei devagar, em partes para não acordar Gaia, mas também porque minha cabeça estava doendo tanto que não me permitia nenhum movimento brusco.

   Percebi que eu vestia uma camisola e meus cabelos estavam ligeiramente úmidos.

   Eu suei tanto assim? Ela é tão boa?

   Sacudi a cabeça por puro reflexo para tentar espantar aqueles pensamentos, gemendo alto em seguida por conta da pontada escurecedora de dor que me acertou.

   Eu estava apertando com força minhas têmporas para fazer o zumbido e a ferroada agoniante no meu cérebro passarem, mas ainda assim ouvi ao longe um murmúrio sonolento, e em seguida uma mão delicada segurou meu antebraço com toda a delicadeza do mundo.

   — Karla? – De repente Gaia estava completamente alerta, me encarando com seus olhos naquele tom estranho de verde. – Você está bem?

   Eu abri a boca para responder, ainda um pouco tonta pela dor súbita, mas meus olhos desceram por seus lábios e depois por sua clavícula, parando por fim em seus seios descobertos – redondos, de mamilos cor-de-caramelo e arrebitados.

   Meus lábios – de cima – se escancararam ainda mais, em completa perplexidade e admiração.

   Deus do céu.

   Eu estava sem palavras.

   Pigarreei, desviando os olhos, sentindo meu rosto arder de vergonha. Porém, por mais constrangida que eu estivesse, eu não era capaz de parar de pensar: por que as pessoas ainda gostam de homens, mesmo?

   — Você está ótima, pelo visto – rindo um pouco, Gaia puxou os lençóis e cobriu-se, ajeitando os cabelos depois.

   — Eu sinto muito – murmurei, observando-a levantar, levando consigo um dos lençóis.

   Quando ela se ergueu eu percebi que ainda vestia sua calcinha – uma peça carmim, rendada e justa que parecia estar pedindo para ser arrancada.

   Que porra é essa?!, eu gritei internamente, me perguntando quando minha libido se transformara nesse animal descontrolado.

   — Está tudo bem – ela falou do banheiro, saindo de lá pouco depois, já com o sutiã no lugar. – Eu sinto muito, também, pela indiscrição. Mas eu precisei tirar. Você me deixou toda molhada, ontem.

   Engasgando-me com o próprio ar, eu gritei, chocada:

   — EU FIZ O QUÊ?!

   Ela riu, me olhando enquanto colocava as mesmas peças que eu me lembro de tê-la visto usando na noite anterior.

   — Noite passada – ela disse, usando um tom que sugeria que aquilo era evidente. – Você fez uma bagunça e tanto. Deixou-me toda molhada.

   Oh, meu Deus.

   Minha cabeça girou, parte de mim gritando “EU SOU INCRÍVEL!” e outra parte emitindo pensamentos incoerentes que provavelmente deveriam ser de pânico por isso ter acontecido dessa forma e não com a pessoa que eu esperava.

   — Gaia – eu a chamei, sem conseguir olhá-la, encolhida entre os travesseiros, com o rosto parcialmente coberto pelas minhas mãos.

   — Sim? – Ela sentou-se à minha frente, agora completamente vestida.

   — Nós- Você e eu- – sentindo minha cabeça girar e doer de forma rude, eu parecia não estar apta a formular uma frase coerente. – Nós dormimos juntas?

   Faye riu, franzindo cenho.

   — Eu não acordei do seu lado? – Perguntou, como se fosse óbvio.

   — É, mas-

   Respirando profundamente para inalar um pouco de coragem, eu a fitei nos olhos, temendo a resposta, mas de certa forma ansiando por ela.

   — Nós fodemos?

   — Outch! – Ela riu, erguendo-se, me encarando com aquele seu sorriso sarcástico e sensual de sempre. – Você fica sexy falando dessa forma, sabia?

   — Só- – eu suspirei, esfregando o rosto, nervosa. –  Só responda, por favor.

   Gaia mordeu o lábio, semicerrando os olhos, como se me estudasse – honestamente, ela parecia estudar todos, todo o tempo.

   — Não – declarou, por fim, e meu estômago pareceu despencar de alívio. – Você estava bêbada. Nós duas estávamos, para ser sincera. Isso caracterizaria estupro, de certa forma. Eu jamais faria algo assim.

   Ela é britânica, tem princípios., eu me lembrei, suspirando.

   — Por que estava nua, então? – Questionei.

   Eu ainda estava desconcertada, entretanto, muito menos nervosa do que antes.

   Eu continuava virgem, porém, e essa era a parte triste.

   — Você foi tomar banho. Eu não queria invadir sua privacidade, mas tive medo de que se afogasse na banheira, ou algo assim – ela explicou-se, naturalmente. – Quando você parou de fazer barulho no banheiro, eu fiquei preocupada e fui ajudá-la, mas você me deixou toda molhada, como eu lhe disse – e agora seu sorriso passara de sarcástico para malicioso.

   — Oh – murmurei, embaraçada.

   — Eu precisei tirar as roupas para dormir, ou arruinaria os lençóis e pegaria uma pneumonia. Tentei pedir-lhe um pijama emprestado, mas você só murmurava “banana”.

   Suspirei, fechando os olhos para evitar contato visual. Que vergonha.

   — Não achei certo pegar suas roupas emprestadas sem você estar realmente ciente disse.

   Mas achou certo dormir praticamente nua ao meu lado, refleti, sacudindo a cabeça em compreensão, me arrependendo em seguida por conta da dor de cabeça.

   — Onde você guarda seus remédios?

   Eu indiquei-lhe o lugar certo apenas apontando a direção.

   Enquanto contava que me ajudara a colocar a camisola e deitara-me da forma mais inocente possível, a britânica servia-me água e me entregava um Advil.

   Sem deixar que o clima entre nós ficasse tenso ou delicado, Gaia apanhou o celular no bolso da calça e depois de verificar as horas, declarou:

   — Eu preciso ir – disse, apanhando seu casaco que estivera todo esse tempo jogado sobre uma cadeira. – É melhor se arrumar, também. Nosso voo sai às dez e já são quase oito.

   Eu sorri em agradecimento, me erguendo da cama. Caminhei com ela até a porta, sem saber necessariamente como me comportar, mas com um sorriso contente nos lábios.

   Ela cuidara de mim, afinal de contas.

   — Obrigada – eu disse, abrindo a porta, beijando-lhe a bochecha quando ela passou por mim e parou do lado de fora do quarto.

   — Foi um prazer – ela piscou com um olho, sorrindo de seu jeito peculiar outra vez, já se afastando um pouco.

   Por impulso eu puxei-lhe a jaqueta, fazendo-a voltar-se para mim outra vez e parar a poucos centímetros. Eu mordi o lábio, encarando o chão e depois erguendo o rosto para olhá-la nos olhos:

   — Você poderia... Não contar a ninguém sobre isso? – Perguntei, desconcertada, ainda segurando-lhe a jaqueta, sem saber ao certo o motivo. – Quero dizer, as meninas nunca mais me deixariam em paz se soubessem e-

   — Soubessem do que?

   Meu corpo todo esfriou, enviando uma onda intensa de calafrios desde minha nuca até meus pés.

   Alarmada e confusa, eu larguei a jaqueta de Gaia e foquei na direção da voz, encontrando Dinah, Ally e Lauren paradas a alguns metros de distância, analisando Faye e eu com diferentes expressões.

   — Nós não deixaríamos você em paz se soubéssemos o que, Camila? – D.J repetiu, rindo abertamente agora. Ela cruzou os braços, arqueando uma das sobrancelhas. – Não é meio cedo para você estar gravando, Gaia? Ou vocês trabalharam a noite toda?

   — Dinah! Pare – Allyson interveio, olhando-a, contendo o riso. Ela estava claramente chocada, mas parecia estar divertindo-se com a situação, também. – Mila, está tudo bem? Você está ficando pálida.

   — Acho melhor você se sentar, Chancho – Dinah recomeçou. – Oh, não, esqueça. Você provavelmente sentou a noite toda, já deve estar cansada disso.

   Enquanto Dinah estava se divertindo com suas pressuposições e frases de duplo sentido, a sensação de que o cenário a minha volta estava girando se intensificava a cada vez que eu olhava para Lauren.

   Feliz ou infelizmente eu não conseguia identificar a expressão em seus olhos. Ela olhava de mim para Faye de um modo frio, mas que era impossível de se traduzir.

   — Quer um copo d’água ou já está molhada o suficiente?

   — Dinah! Pelo amor de Deus – Ally a repreendeu, rindo.

   — Não é o que vocês estão pensando – Gaia declarou e eu imediatamente estapeei meu próprio rosto, sabendo que não havia nada pior a ser dito nessas situações.

   Lauren a encarou fixamente, medindo-a de cima a baixo com um desgosto palpável. Seus olhos estavam estranhamente escuros agora e quando voltaram-se para mim, eu consegui sentir toda a desaprovação que emanava deles.

   Ela pressionou os lábios um no outro e, arqueando as sobrancelhas, assentiu de modo irônico.

   — Quero dizer, nós bebemos um pouco ontem e eu trouxe a Karla para cama, mas nós não-

   — Cale a boca! – Eu grunhi para Faye, subitamente irada, fazendo-a me olhar assustada.

   A reação de Lauren fez com que cada partícula do meu ser se agitasse em raiva.

   — Não interessa a ninguém o que houve – eu declarei, tão séria e inflamada que fez os sorrisos de Dinah e Allyson morrerem gradativamente. – Como se já não bastasse perder minha privacidade fora de quatro paredes eu preciso perdê-la dentro, também?

   Um silêncio incômodo instalou-se entre nós e só foi quebrado quase um minuto depois, pela voz fria, rouca e distante de Lauren.

   — Vamos – disse ela para D.J e Ally. – Não é da nossa conta quem ela fode – deu as costas e continuou a caminhada que tinha interrompido momentos antes, em direção ao elevador.

   — Lauren- – Brooke começou num tom repreensivo, mas eu a cortei, incisiva, falando mais alto do que o aconselhável.

   — Exatamente! – Praticamente berrei, vendo-a apertar nervosamente o botão para descer, impaciente. – Não é da conta de ninguém! Continue andando! Suma!

   E, quando as portas se abriram e ela sumiu do nosso campo de visão, tudo o que eu fui capaz de fazer foi entrar para o quarto e bater à porta com tanta força que os quadros pendurados na parede caíram, fazendo os vidros das molduras se estilhaçarem numa representação dolorosa do meu estado emocional no momento.

 

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LAUREN

 

   — Vai se foder! – Eu bati a porta do meu closet com toda a força que consegui, fazendo as paredes tremerem com o impacto. – Puta que pariu! Eu desisto desse caralho!

   Sim, eu explodi.

   Qualquer um que olhasse presumiria que eu estava sendo dramática. Eles só não são capazes de entender que minha forma de sentir as coisas é demasiadamente intensa.

   Sentei-me no chão, com lágrimas de raiva nos olhos, olhando para fora da janela sem realmente enxergar algo.

   Era dia seis de dezembro, mas não fazia frio – nunca fazia frio em Miami.

   Minha cabeça estava pesada e havia bolsas roxas sob meus olhos pela falta de sono, mas ali estava eu, procurando uma roupa apresentável para ir a um jogo de basquete em pleno domingo à noite, quando eu poderia estar dormindo para me recuperar da apresentação na Grand Slam Party Latino 2015, realizada no dia anterior.

   Se eu gostava de basquete?

   Não a ponto de perder horas prazerosas de sono para ir a um estádio lotado ver uma final entre times hostilmente rivais.

   — Lauren! – Mike, meu pai bateu à porta, a voz preocupada. – Está tudo bem?

   Engolindo o nó apertado em minha garganta eu fingi meu melhor tom neutro:

   — Tudo certo, pai.

   Ele fez um murmúrio de concordância muito desconfiado depois de algum tempo e sua sombra sumiu pelo corredor através da fresta da porta.

   Afundando o rosto nas mãos, eu tentei evitar gritar.

   Há dias eu estava uma pilha de nervos. Eu me recusava a admitir que isso se dava por imaginar que Camila estava deixando a língua britânica de Gaia Faye entrar em sua boca – e em várias outras partes de seu corpo, provavelmente – e repetia a mim mesma que o estresse se dava pela rotina insana de trabalho.

   Embora Dinah, Normani e Ally tenham me assegurado que, segundo a própria Cabello, ela e Gaia não tiveram absolutamente nada e aquilo não passava de um mal-entendido, eu simplesmente não conseguia aceitar aquela situação, e aquilo estava me consumindo.

   Eu não falara com Camila desde o dia seguinte à Ação de Graças. Tentei evitá-la ao máximo nos dias em que continuamos juntas, e ontem, durante nossa apresentação, eu fiz questão de desobedecer Lars Verger e me posicionar no ponto oposto ao qual ela estava no palco.

   O que isso me rendera?

   Bem, agora eu precisava ir àquele maldito jogo. Com ela.

   James, o “namorado” de Normani, conseguira entradas na primeira fila para a final entre o Cleverland Cavaliers e o Miami Heat para nós cinco na AmericaAirlines Arena, e Adèle LaRue achou que seria uma ideia brilhante se Camila e eu aparecêssemos num evento tão incrivelmente divulgado juntas.

   Por que aquela francesa maldita não podia, sei lá, ser atropelada?

   Suspirei, erguendo-me e tornando a procurar uma roupa vestível para o evento.

   A pior parte era que eu queria estar lá com Camila. Mas eu sabia que seria ruim, porque iria me machucar e machucar ela, também. As investidas de Cabello estavam ficando cada vez mais ousadas e eu esperava que com a minha última performance de completa cuzona ela desistisse de vez.

   Dizer aquelas coisas, assisti-la se partir na minha frente e ser a responsável pelo golpe que a despedaçara me matava aos poucos, de uma forma dolorosa demais para ser descrita.

   Entretanto, eu não entendia como ela era tão incapaz de perceber que aquilo era impossível de dar certo. Como ela não conseguia ver que aceitar aquela situação e ceder àquele sentimento crescente em nós apenas traria sofrimento futuro, decepções e arrependimento.

    Eu detestava ser o motivo das lágrimas dela, mas alguém precisava apresentar-lhe a realidade e aparentemente o destino fizera questão de que essa pessoa fosse eu.

   — Elas chegaram! – A voz de Taylor, minha irmã do meio, atravessou a madeira da porta quando eu terminava de arrumar os cabelos.

   — Obrigada – gritei, fechando os olhos para me concentrar em não explodir. – Já estou indo.

   Mordi o lábio, apanhando minha bolsa e descendo.

   Meu pai me parou na metade da escada, colocando as mãos de forma protetora em meus ombros, com um olhar de pena no rosto que me fez sentir horrível.

   — Querida, eu posso ligar para Adèle e falar que você não está se sentindo bem – ele sussurrou para que as meninas, todas em pé me esperando na sala de estar, não ouvissem. – Está tudo bem. Ninguém espera que-

   Eu o abracei delicadamente, agradecendo-o em voz baixa.

   Desde que tudo começou, minha família vinha sendo muito prestativa e solidária. Depois que eles viram a forma como eu fiquei após saber que eles assinaram o contrato de sigilo do projeto sem me consultar antes, entenderam finalmente que aquela situação toda me machucava e passaram a se esforçar para curar minhas feridas da melhor forma que podiam, ainda que não fosse o suficiente.

   — Amo você, pai.

   Beijei a testa dele, sentindo-o sorrir e me adiantei para o andar inferior, encontrando as garotas bebendo um café servido rapidamente por Clara, minha mãe.

   — Olá – eu sorri, tentando fazer meus olhos focarem em Dinah ou Normani, mas obviamente falhando.

   Eu não conseguia manter meus olhos longe daquela cubana, por mais que eu quisesse.

   Camila estava ainda mais linda do que de costume, com os cabelos soltos caindo pelos ombros. O castanho dos fios contrastando perfeitamente com o branco de sua blusa que chegava até a metade de sua barriga e deixava o restante exposto, liderando um caminho de pele bronzeada direto para a cintura alta da saia igualmente alva, que se agarrava com tanta sutileza em seu corpo que parecia ter sido feita especialmente para ela.

   Eu quis despi-la ali mesmo, no meio da sala, mas o pigarro de Normani, o assobio de Dinah e a risada divertida de minha mãe me trouxeram de volta à realidade.

   Senti minhas bochechas corando de forma absurda no mesmo instante, desejando poder desaparecer.

   — O-onde está Ally? – Eu gaguejei, olhando em volta nervosamente porque, embora eu a tivesse visto no dia anterior, sentia falta da minha baixinha.

   — Ela ficou no hotel, escrevendo – Mani revirou os olhos, ajeitando seu jeans azul-claro enquanto levantava-se e devolvia a xícara de café à bandeja de minha mãe.

   — E a equipe de filmagem? – Perguntei, me recusando a usar o nome daquela britânica ridícula.

   — Ficaram no hotel. A NBA não aceita outra equipe de filmagem que não as oficiais no local dos jogos, então ela decidiu ficar no hotel também – Dinah respondeu.

   Soltei um murmúrio de compreensão, apanhando as chaves do meu carro.

   — Quem está dirigindo? – Perguntei à Kordei e Hansen, já que eu sabia que Camila detestava guiar.

   — Eu – D.J. ergueu a mão prontamente.

   — Então você vai comigo – apontei para Normani rápido.

   Me adiantei para minha mãe dando-lhe um beijo, abracei Taylor e segui para fora sem esperar que ninguém ousasse contestar.

   Miami estava um inferno naquela noite. Todas as pessoas pareciam ter saído de casa para torcer pelo Heats nas ruas. Havia pessoas alcoolizadas correndo pelas vias, gente com sinalizadores com as cores do time tingindo o ar da noite com fagulhas e fumaça, além de bandeiras sendo balançadas e penduradas por toda a parte.

   Eu quase atropelei duas pessoas que atravessaram na frente do meu carro saídas do meio do nada.

   Quando finalmente conseguimos estacionar na AmericanAirlines Arena eu quase ajoelhei para rezar. Se Ally estivesse ali provavelmente nós o teríamos feito.

   Dentro do estádio as meninas e eu realmente sentamos na primeira fileira e foi um pouco assustador, porque aqueles caras eram brutalmente grandes, correndo para todos os lados, suados e batendo aquela bola no chão como monstros. Se qualquer um deles se desequilibrasse e caísse para trás, mataria uma de nós.

   Camila sentou-se do meu lado, obviamente sem me olhar uma única vez. Eu não a culpava, e ainda que me sentisse mal com a situação, tentei me convencer de que era melhor assim.

   Normani estava aos berros, incentivando Killian com palmas e dancinhas. Dinah parecia muito incomodada e algo me dizia que aquilo não tinha nada a ver com os gritos agudos que faziam nossos tímpanos doerem.

   Compramos cachorro-quente, amendoim e salgadinhos; Cabello e Kordei aceitaram cerveja, mas Hansen e eu, como motoristas da rodada, ficamos com alguns copos de Coca-Cola.

    Camz parecia se divertir muito com o dedão de espuma vermelho com o nome de LeBron James, que nem ao menos estava jogando, mas quem ela insistia em incentivar.

   Estava tudo incrivelmente banal e americano até o terceiro tempo, quando a famosa Câmera do Amor foi ligada. Ela basicamente consistia numa câmera cuja imagem era sobreposta por uma moldura em formato de coração, e o casal que fosse enquadrado nela tinha de, por tradição, se beijar.

   Assim que eu vi o filtro de coração enquadrar várias pessoas, comecei a suar frio, sentindo náuseas súbitas e tendo de afastar o cachorro quente. O medo se apossava de mim com a mesma rapidez que aqueles caras atravessavam a quadra, e logo eu estava tremendo.

   Não pare aqui, eu pedi mentalmente, ofegante de nervosismo. Não pare aqui, não pare aqui, não par-

   Meu rosto, pálido e levemente esverdeado pelo pânico, estampou todos os telões da arena bem ao lado do de Camila, que, distraída, batia com o dedão de espuma na cabeça de Dinah.

   PORRA! PORRA! PORRA!

   Meu cérebro foi imerso em éter. Eu não sabia o que fazer, além de olhar para o telão e ficar cada vez mais branca, assumindo uma tonalidade assustadora de giz.

   Sem um aviso sequer, Camila se inclinou sobre mim e beijou minha bochecha demoradamente.

   Rindo, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo, ela se afastou, limpando a marca de batom da região atingida por seus lábios.

   Meu coração estava tão acelerado que meu rosto passou de lívido para um tom gritante de escarlate numa velocidade mais alta que o saudável. Eu percebi que estava segurando a respiração e finalmente exalei, experimentando meus músculos doerem pela forma como eu os estava contraindo.

   Encarei Camila com os olhos assustados, esquadrinhando seu rosto com um desespero quase palpável, a garganta fechando pelo nervosismo.

   Ela sorria de forma natural. Uma atriz maravilhosa.

   Quando eu tive forças para voltar minha atenção para as telas uma vez mais, outro casal já estava sendo exibido e meu estômago deu uma volta de 360 graus.

   Era uma sensação terrível querer tanto algo e temer aquilo com cada parte de si. Era assustador perceber que nossa situação deixara de ser um paradoxo e evoluíra de forma doentia para um oximoro, me fazendo ter as mais extremas reações a ações tão simples como um singelo beijo na bochecha.

   Voltei-me para Cabello novamente, mas seus olhos estavam outra vez pregados na quadra, para onde os jogadores retornavam, indiferentes a mim e a guerra interior que eu estava travando – ou fingindo isso maravilhosamente bem.

   Como sempre, eu estava “apenas sendo dramática”. Mas de qualquer forma eu não consegui me sentir em paz depois daquela cena quase inocente. Tampouco percebi quando a partida acabou. Só voltei a mim quando Normani deu um grito exponencialmente mais agudo e quase me derrubou para jogar-se nos braços de Killian James.

   Pela forma como todos estavam gritando, as cheerleaders e os mascotes dançavam pela quadra, o símbolo do Miami Heat brilhava em todos os telões e as serpentinas vermelhas caíam do teto junto aos confetes, eu julguei que o time da casa tinha vencido a partida.

   Os poucos torcedores do Cavaliers já não eram mais vistos. Dinah, que estava abraçando uma Camila saltitante com um dos braços, puxou-me pela mão para próximo de Normani e Killian, que acabavam de se separar do que mais parecia uma endoscopia com a língua do que um beijo.

   — Parabéns! – Camila ergueu a mão para que ele batesse, contente.

   — Você não devia estar dando uma entrevista agora? – D.J. foi extremamente direta, mantendo certa distância dos dois.

   — Eu devia – ele sorriu de lado, ajeitando os cabelos suados. – Mas precisava vir agradecer minha princesa primeiro.

   Eles voltaram a se beijar e se não fosse pelo barulho ensurdecedor da torcida a nossa volta, nós teríamos afundado num silêncio constrangedor.

   Depois do que pareceu uma hora e alguns litros de saliva, os dois se afastaram, ofegantes, e James recomeçou:

   — Vocês vêm para a festa de comemoração, certo?

   — Na verdade – foi a vez de Mani responder, e ela parecia estar pisando em ovos agora – precisamos ir. Estamos realmente exaustas. Além do mais, meu voo e o da Dinah sai às três da manhã, ainda não arrumamos as malas-

   O semblante de James passou de extremamente feliz para perigosamente consternado tão rápido que eu precisei piscar repetidas vezes para ter certeza de que estava vendo direito.

   — Você não pode ficar algumas míseras horas para comemorar comigo?

   — Ah, querido, nós realmente-

   — Eu arrumei ingressos com direito a after party para todas vocês e é assim que você retribui?

   A princípio eu imaginei que ele estivesse brincando, sendo dramático e tudo o mais, portanto, abri um sorriso debochado, mas ao perceber que ele falava sério e que Kordei estava ficando cada vez mais constrangida, eu enrijeci.

   — Foi uma decisão da nossa assessora. Ela não quer que voltemos tarde – tentei apaziguar.

   — Você sabe quanto custa um ingresso com after party? – Ele me ignorou completamente, ainda com os olhos claros pregados em Normani como um predador intimidante.

   — Você quer um reembolso? – Dinah interveio, claramente incomodada. – Eu vou anotar o número da sua conta e resolvemos isso numa boa.

   — Provavelmente mais do que o seu cachê – outra vez ele falou com Mani como se não tivesse sido interrompido. – E você não vai dar valor mesmo?

   Estávamos prestes a xingá-lo quando o assessor de imprensa do time se aproximou e anunciou que ele precisava dar uma declaração para uma das emissoras associadas ao time.

  James se aproximou de Normani e deu-lhe um beijo na bochecha antes de sussurrar algo no ouvido dela e seguir o homem que havia interrompido seu acesso de fúria.

   Nenhuma de nós sabia como se comportar exatamente, então. Tive vontade de xingar aquele otário, mas achei que Mani que não precisava de mais aquele constrangimento.

   Ficamos em silêncio, paradas à beira da quadra, degustando da atmosfera opressora que se adensava cada vez mais.

   Dinah, então, disse:

   — Laur, você leva a Mila para casa? Vou levar Normani direto para o hotel.              

   Não! Não, porra, Dinah!

   — Claro – sorri de forma forçada, desviando os olhos para meus sapatos.

   Saímos o mais rápido possível para o estacionamento e nos despedimos igualmente sem demora. Camila e eu desejamos boa-viagem a elas e entramos no carro.

   A primeira coisa que eu fiz foi ligar o rádio. Se eu estivesse cantando, não precisaria conversar com Cabello, e aquela parecia a decisão mais madura que eu era capaz de tomar.

    Mas Camz não estava disposta a manter o silêncio e assim que pegamos uma das avenidas principais da cidade, ela começou a falar:

   — Desculpe por aquilo. Só achei que fazer nada e encarar a câmera ficaria muito estranho.

   — Tudo bem – mantive meus olhos fixos no caminho.

   Ela riu baixo e eu precisei olhá-la pelo canto dos olhos para entender o motivo do riso. A cubana negava com a cabeça ainda me encarando, e aquilo me incomodou. Contudo, antes que eu pudesse questionar o motivo do riso, ela falou:

   — Pode dizer, Lauren.

   — Dizer o que?

   — Que você queria que eu tivesse te beijado de verdade para acabar com tudo isso de uma vez.

   Eu engoli a seco, apertando o volante.

   Parte de mim obviamente ansiava por aquilo, mas a parte racional e que pensava na vida das outras pessoas fazia a simples ideia parecer absurda e egoísta demais para ser cogitada.

   — Não.

   — Você quer isso. Você me quer, Lo.

   Embora ela falasse com uma convicção invejável, seu tom era muito sutil, quase como se estivesse me sussurrando um segredo.

   Seu rosto agora estava virado para o lado, me olhando com os orbes castanhos brilhando contra as luzes do painel. Ela sorria de leve, estava tranquila.

   — Eu já me convenci de que isso nunca vai dar certo.

   Tentei soar tão firme quanto ela, mas minhas emoções conflitantes gladiavam em meu íntimo e me forçavam e oscilar.

   Eu estava freando de forma gradativa no semáforo, mas acabei acionando o pedal de forma brusca quando senti os dedos dela em seus cabelos, tirando os fios do meu ombro direito e passando os dedos por minha orelha.

   — Você se esquece de que eu sempre sei quando você está mentindo, Lo.

   Cada pelo do meu corpo se arrepiou àquela frase. Meus lábios se abriram e apenas com muito esforço eu fui capaz de segurar um gemido. Apertando o volante com força, eu agora experimentava minhas palmas das mãos ficarem úmidas.

   O sinal ficou verde. O tom frio influía para dentro do carro através do vidro, se derramando em nós, envolvendo-nos com ainda mais intensidade numa atmosfera única que se bifurcava em romantismo e lasciva.

   — Pare.

   — Só estou dizendo a verdade.

   — Nós estávamos lá para cumprir ordens, Camila. Porque é isso o que fazemos – cuspi as palavras, sentindo-me subitamente irritada, tornando a dar a partida. – Somos malditos animais de estimação deles.

   — Está me dizendo que gostaria de usar uma coleira?

   Ela riu e eu corei, ajeitando-me no banco, focando no caminho para conseguir não entrar em combustão. Ansiosa, estiquei a mão e aumentei o volume do rádio.

   — Não torne isso pior do que já está – alertei-a, evitando contato visual. – Mantenha a boca fechada.

   — Isso foi um convite para que eu a ocupe com algo, ou...?

   Não evitei arregalar os olhos, surpresa.

   — Jesus! – Eu exclamei, esfregando meu rosto com agressividade e mexendo nos cabelos para manter minhas mãos ocupadas. – Pare de colocar palavras na minha boca!

   Camila riu, inclinando a cabeça e umedecendo os lábios, fazendo parte do meu autocontrole se esvair. Com os dedos sobre os lábios, ela sussurrou:

   — Eu já disse que prefiro quando você diz meu nome, Lo, e... – Cabello mordeu as pontas dos dedos antes de continuar: – Eu posso colocar outras coisas na sua boca, se você quiser.

   Desestabilizada, eu joguei o carro para o acostamento. Ainda havia muitas pessoas comemorando na rua com bandeiras e sinalizadores, e isso proporcionava um efeito quase pirotécnico dentro do carro de vidros com InsulFilm.

   Eu apoiei meu cotovelo na janela, cobrindo os olhos com a mão esquerda, apertando meu joelho com a outra, lutando para encontrar um ponto de equilíbrio.

   Meus dentes estavam serrados e meus instintos gritavam para eu arrancar a blusa de Camila e fazê-la gemer meu nome no meio daquela rua. Ainda assim, reuni toda minha força de vontade e bom senso para sibilar as palavras que deveriam ser ditas.

   — Pare. Nós não podemos. Você precisa aceitar essa realidade e parar de procurar problemas para nós cinco – engoli o nó em minha garganta, sentindo a respiração dela ainda contra minha pele, os olhos muito fechados. – Você não é mais a porra de uma criança, Camila.

   Ela depositou um beijo calmo e molhado em meu pescoço. Seus lábios pareciam morfina, deixando uma trilha de pele dormente para trás. Meus músculos começaram a falhar, meus olhos revirando nas órbitas ainda cobertas pela minha mão.

   — Nós não podemos, mas você quer tanto quanto eu – ela continuava seus carinhos, descendo o nariz pela curva entre meu ombro e maxilar, fazendo meu interior acender e derreter. – Eu preciso aceitar a realidade, mas é você quem sempre insiste em moldar seu próprio Universo.

   Seus dedos finos contornaram meu queixo e viraram meu rosto para que eu fitasse diretamente. Quando meus olhos encontraram os seus, eu me perdi. Ela me puxou para dentro de si, para seu interior tão complexo e maravilhoso.

   Nossos abstratos se mesclaram e tornamo-nos a composição mais bela já rabiscada.

   — Eu não sou mais uma porra de uma criança. Eu te quero como mulher.

   E ela me beijou.

   Pressionou seus lábios nos meus com calma, sem pressa, sem medo de que eu a rejeitasse uma vez mais.

   Meu corpo fraquejou, afundando no assento, sem controle completo dos movimentos. Eu fora subitamente resumida a minha boca, que encontrava a de Cabello depois de quase dois anos distante.

   Ela se separou minimamente, soltando meu sinto, trazendo meu rosto para mais perto, ainda que eu estivesse tão em choque que não fosse capaz de corresponder de imediato. Apenas depois que senti meu lábio inferior sendo sugado pelos dela foi que consegui finalmente reagir, e aconteceu da forma mais primitiva possível.

   Gemi. De forma alta, clara, intensa.

   Camila sorriu contra minha boca, me olhando em seguida, fechando os olhos rápido quando sentiu minha mão alcançando sua cintura e a trazendo para mim.

   Beijamo-nos de novo e dessa vez a língua da cubana deslizou para dentro, encontrando a minha sem muita timidez, demonstrando que sentira saudade, saudade daquilo, saudade da sensação que nossos corpos juntos lhe proporcionava.

   Por alguns momentos eu pensei que estivesse sonhando. Apenas divagando, ainda presa naquela partida desinteressante de momentos antes. Mas quando os dedos de Camila deslizaram do meu rosto para meu pescoço e continuaram descendo até meus seios, eu tive certeza de que aquelas reações físicas eram reais.

   Enquanto minha língua acariciava a dela, sentindo a textura aveludada e úmida, sua mão acariciava meu seio esquerdo, massageando no ritmo do nosso beijo, fazendo-me tremer externa e internamente.

   Puxei-a para mais perto quando senti-a ofegando.

   Minha mente, que já não estava funcionando como deveria, simplesmente apagou quando a vi se ajoelhando sobre o banco e subindo a saia o suficiente para conseguir afastar as coxas.

   Eu a encrava, admirada, sentindo o jeans se tornar incômodo demais a essa altura, esticando minha mão para tocá-la, para senti-la.

   Segurei sua coxa, apertei ligeiramente enquanto ela se acomodava em meu colo. Meus pensamentos racionais haviam sido desabilitados e meu corpo parecia tomar as decisões por si só.

   Ela sentou, segurando meus ombros, fazendo meu rosto ficar apenas alguns centímetros a cima de seus seios. Eu podia sentir o cheiro dela invadindo meus pulmões, a pele castanha era tão macia e convidativa que eu precisei provar.

   Enquanto me inclinava para beijar o pescoço e o colo de Camila, eu sentia seus dedos trêmulos enroscarem-se em meus cabelos e arranharem minha nuca, enviando calafrios que desciam por minha coluna e estouravam num ponto específico entre minhas pernas.

   Eu segurava o quadril de Cabello com força, mantendo-a firme sobre mim, estremecendo a cada vez que um movimento fazia com que sua intimidade protegida apenas pela calcinha roçasse nos botões do meu jeans.

   Seus mamilos estavam acesos e marcados através do tecido da blusa. Eu os mordia com certa força, fazendo-a tremer, se contorcer para mim, por mim.

   Eu queria tanto aquilo. Tanto. Eu sentira falta do corpo dela, do cheiro de camomila e flor de lavanda que tomava um aspecto mais ácido quando ela ficava excitada.

   A verdade era que eu gostaria de ficar ali para sempre, tendo ela, fazendo de dois corpos um só, no nosso lugar – juntas – sem pensar em absolutamente nada. A cada suspiro, cada gemido meu ou de Cabello, eu tinha mais uma confirmação de que nós pertencíamos uma a outra. Nós estávamos irremediavelmente conectadas.

   Deslizando as mãos pela barriga dela, sentindo os músculos se contraírem num espasmo sob minha palma, eu alcancei a barra de sua blusa curta. Sem pudores ou cuidados em demasia eu ergui a peça, lentamente, olhando nos olhos castanhos que eram a irônica e ambígua materialização da minha perdição.

   Seus seios pequenos e arrebitados ficaram expostos e eu beijei desde o vale entre eles, até a garganta dela, e tornei a descer, até a altura dos biquinhos perfeitos e intumescidos.

   A caixa torácica de Cabello subia e descia com sua respiração errática, seu quadril fazia pequenos movimentos involuntários contra mim, o abdômen se contraindo em espasmos internos tão fortes que eram visíveis.

   Ansiosa e tremendo de vontade, eu coloquei um dos seios de Camila na boca, acariciando o outro, mantendo-a sentada firmemente em mim com a mão livre.

   A cubana gemeu alto o suficiente para fazer o som ser ouvido do lado de fora, mas nenhuma de nós conseguia pensar naquilo no momento. Ela arqueou o corpo, inclinando-o para trás, quase se deitando sobre o volante enquanto minha língua circulava o mamilo rígido e macio, levemente áspero e quente dela.

   Empurrando com força o quadril para mim, Camila tornou a se inclinar sobre meu corpo, segurando meus cabelos e beijando minha cabeça enquanto eu puxava um de seus biquinhos com os dentes e o deixava escapar com muita delicadeza, apenas para passar para o outro, deixando o anterior ainda mais rígido, com a delgada camada de saliva refletindo as luzes de fora.

   Cabello puxava meus cabelos com força e eu retribuía sua agressividade impensada com apertos em sua bunda, incentivando seus movimentos circulares em meu colo, imaginando como o tecido de sua calcinha deveria estar melado àquela altura.

   Minha mente estava imersa num oceano de prazer ofuscante onde só havia Camila e seu corpo reagindo a mim, quando, em meu bolso dianteiro, algo começou a vibrar.

   Camz gemeu ainda mais alto, pressionando-se contra aquele ponto, fazendo seu seio escorregar para fora da minha boca e me trazendo de volta à realidade aos poucos.

   Meu celular. Consegui raciocinar, ainda aérea, perdida na respiração acelerada de Cabello.

   — Camz- – eu tentei falar, a voz rouca pelo tesão tornando tudo mais difícil.

   — Lo, eu- – ela mordeu o lábio, puxando mais meus cabelos, mantendo o ritmo dos movimentos com o quadril em meu colo e fazendo um certo pânico se apossar de mim a medida em que o celular continuava a vibrar através do tecido. – Lauren! – Ela me apertou forte e subitamente eu senti vontade de chorar.

   — Camila! – Eu tentei empurrá-la, experimentando a excitação ser substituída pelo desespero.

   O que nós estávamos fazendo? O que eu estava fazendo?

   A distância entre o volante e nossos corpos não me permitia fazer movimentos muito expansivos e minhas tentativas de tira-la do meu colo, somadas a minha dificuldade em proferir uma frase coesa e o celular vibrando sem parar em meu bolso apenas a incentivavam a mergulhar num frenesi intenso.

   Quando as unhas dela cravaram-se em meus ombros e seus lábios se abriram, meu estômago revirou, acometido pelo mais completo desespero.

   Depois de tudo o que eu fiz para estabelecer uma distância segura entre nós eu agora estava permitindo que ela reavivasse suas esperanças. Eu invadira seu espaço, seu mecanismo de defesa, deixara que ela se abrisse da forma mais íntima possível e agora...

   — E-eu- Eu estou gozando, amor! – Ela apertou meu corpo no seu. – Lo- Lauren!

   Eu a empurrei para o lado, sentindo meu prazer ser resumido a lágrimas de pânico, assistindo seu semblante de êxtase se transformar numa máscara de confusão devagar.

   — Lo- O que-

   Eu abri a porta do carro, tremendo, sentindo o cenário a minha volta girar de forma tão intensa que fez com que eu me escorasse na lataria para não cair.

   Cambaleando, tendo a mente invadida por milhares de pensamentos ao mesmo tempo e o coração sendo dilacerado, eu simplesmente me joguei para o meio da multidão de pessoas com bandeiras, vendo as fagulhas vermelhas e a fumaça preencher o ar e logo desvanecer como numa cena de filme.

   Sem saber ao certo onde estava, girando para todos os lados na tentativa de me localizar, eu apenas ouvia gritos em meu subconsciente, acusando-me de ser a pior pessoa.

   E eu era!

   Como eu fui capaz de fazer aquilo com a pessoa que eu menos gostaria de machucar? Como eu tive a insensibilidade de tocá-la, de fazê-la sentir-se minha outra vez, sabendo que aquilo não poderia acontecer?

   Eu caminhei e caminhei, assustada com os gritos das pessoas que comemoravam, encolhendo-me a cada rojão explodindo no ar. Eu me esgueirei pelas ruas de Miami, perdida entre a fumaça, soluçando por estar psicologicamente perdida.

   E eu não soube como consegui chegar em casa. Eu não queria pensar em Camila ou em como eu a deixara. Eu me recusava a encarar os possíveis danos que minha falta de controle e decência provocariam no ser humano mais espiritualmente puro que eu conhecia.

   Sem minhas chaves, eu apenas toquei a campainha de forma desesperada, mordendo meu lábio com força o suficiente para abrir fissuras com os dentes.

   Quando a figura de Taylor entrou em meu campo de visão, eu a abracei com todas as minhas forças, chorando de forma audível, sentindo o sangue bombardear meus ouvidos e abafar os passos apressados de meus pais pela casa.

   — Eu fodi tudo – eu gritei, sentindo-os me tomar pelos braços e me trazer para dentro de casa. – Eu fodi tudo!

   Mas eles não entenderiam.

   Afinal, eu estava apenas sendo dramática.


Notas Finais


E ENTÃO, COMO ESTAMOS????

Galera, esse capítulo foi fundamental pra vocês perceberem que a Lauren não é simplesmente mimizenta. Ela tá sofrendo para um caralho, porém e pra ela é muito mais difícil falar “foda-se tudo” do que que pra Camila.

“Ah, Bárbara, mas isso vai mudar?” O QUE VOCÊS ACHAM??? Ahsudhua’

Segura esse SPOILER DA VEZ.

“— Deus! – Gaia exclamou, negando freneticamente com a cabeça trazendo meu corpo ainda mais para junto do seu. Ela tomou meu rosto nas mãos, acariciando minhas bochechas molhadas. – Quem quer que tenha feito você sentir dessa forma não faz ideia do quão incrível, inteligente, talentosa e linda você é.
Eu baixei os olhos, corando, sentindo as lágrimas continuarem a rolar.
Eu não conseguia concordar com nada daquilo, mas de certa forma aquelas palavras penetravam suficientemente fundo em mim para me fazer refletir.
— Karla – ela sussurrou, me fazendo olhá-la outra vez. Quando eu o fiz, ela estava sorrindo. – Você é uma obra prima.”

Au revoir!


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