História Spring - I - (Summer)

"No entardecer dos dias de Verão, às vezes, 
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece 
Que passa, um momento, uma leve brisa... 

Mas as árvores permanecem imóveis 
Em todas as folhas das suas folhas 
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão, 
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria... 

Ah, os sentidos, os doentes que veem e ouvem! 

Fôssemos nós como devíamos ser 

E não haveria em nós necessidade de ilusão ... 

Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida 
E nem repararmos para que há sentidos ... 
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo. 

Porque a imperfeição é uma coisa, 
E haver gente que erra é original, 
E haver gente doente torna o Mundo engraçado. 

Se não houvesse imperfeição, havia uma coisa a menos, 
E deve haver muita coisa 
Para termos muito que ver e ouvir ..."

Eu estava nervoso, sim, eu estava. Fazia um mês desde que Jimin tinha se confessado a mim. Juro que quando vi e ouvi seus lábios proferindo "eu estou apaixonado por você, hyung" meu coração quase parou. Talvez eu já nutria algum sentimento a mais por ele desde que o conhecera, mas não era algo que estava claro na minha mente. Quando nos tornamos amigos eu queria esconder minha opção sexual para que ele também não se afastasse como todos que eu conhecia, mas para a minha surpresa, a sua opção era igual a minha. Eu ficara realmente muito surpreso e depois um tanto aliviado, finalmente podia ser eu mesmo.

Era início do Verão, eu tinha acabado de voltar para a Coreia. Antes de ir para Seoul, acabei viajando para Busan, para poder visitar o Jimin. Depois que Jimin se confessou nós assumimos uma espécie de relacionamento virtual. Eu correspondia todas as palavras carinhosas que ele dirigia a mim, mas não tinha revelado meus sentimentos por ele de uma maneira realmente explícita.

Fiz meu check-in no hotel onde me hospedara e segui para meu quarto. Jimin disse que iria me encontrar no hotel e eu falei na recepção que deveríam dar-lhe uma chave extra do do meu quarto. Meu coração estava quase a ponto de saltar do meu peito, era quase fim de tarde quando ouço a porta do quarto destrancando e se abrindo. 

E lá estava ele, tão lindo, vestia roupas claras e leves. Ele fecha a porta e se aproxima.

- Oi. - Disse sem jeito.

- Oi. - Respondi da mesma maneira.

- Você está bem? Fez boa viagem? Comeu bem? - Perguntou.

- Estou bem sim, fiz uma boa viagem e comi bem. - Respondi e ele sorriu.

Um silêncio constrangedor pairou sobre nós. Era aquele momento, eu tinha que me confessar.

- S-Sabe J-Jimin. - Minhas mãos suavam e tremiam. - Eu realmente não sou bom em demonstrar meus sentimentos, m-mas eu quero que saiba que eu gosto, de você, gosto muito, ou melhor, eu também estou apaixonado por você.

Ele me encara com um brilho lindo nos olhos.

- Vem cá. - Estendeu sua mão para que eu segurasse e assim o faço, mas antes tento enxugar o suor na minha calça. Maldita distonia!

Ele me guiou calmamente até a varanda do quarto. O sol estava se pondo e em um tom alaranjado o céu estava sendo pintado pela natureza.

- É lindo, não é? - Perguntou serenamente.

- Sim, é lindo. Nunca parei realmente para observar o pôr do sol. - Respondi olhando para aquela maravilha natural.

Senti meu peito aquecendo, olhar aquela cena tão linda de mãos dadas com Jimin me deixou em um estado de paz maravilhoso. Com a mão que estava livre, repouso em sua bochecha e ele sorri com meu toque. Fico admirando seu belo rosto por longos segundos até aproximar meus lábios dos dele.

Fora a melhor sensação que eu sentira em toda minha vida. Os lábios de Jimin eram tão macios e se encaixavam perfeitamente nos meus. Movimentei levemente meus lábios para aproveitar ainda mais o contato. Jimin enlaça suas mãos em minha nuca e lambe meus lábios me dando sinal de que queria que eu aprofundasse o beijo. O ósculo fora aumentando a intensidade, passo minhas mãos por sua cintura e a aperto levemente, a língua de Jimin era macia e brincava com a minha em um contato calmo, em um ritmo maravilhoso. O ar se faz falta e nos afastamos meio ofegantes. 

- Você foi meu primeiro beijo com um homem. - Ele disse corado.

- Fico feliz em ter sido seu primeiro. - Respondi também envergonhado.

Minhas mãos ainda estavam um pouco trêmulas pelo o quê tinha acontecido há segundos atrás, mas mesmo assim, juntei coragem e acariciei seu rosto delicado com a minha destra, e ele fecha seus olhos e segura minha mão para dar-lhe um leve selar. 

- Você é tão lindo... - Digo me aproximando ainda mais dele. - Posso abraçar você?

- Não precisa pedir, Hyung, apenas faça. - Ele profere calmanente.

Não falo mais nada, apenas apoio minhas mãos em sua cintura e o abraço ele faz o mesmo. Ele encosta a cabeça em meu peito, então começamos a observar o final do pôr do sol juntos e em silêncio. 

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Toco a campainha, seria meu primeiro encontro com Jimin e sua família. Se eu estava nervoso? Claro que estava! Seria a primeira vez que eu conheceria os pais dele, já tinha falado com sua mãe por telefone e ela me pareceu ser uma pessoa muito boa e compreensiva. Eu pediria Jimin formalmente em namoro para seus pais.

A porta abre e aparece um Jihwon animado.

- Nam Hyung, você veio! - O garotinho pula em cima de mim e me desequilibra, acabamos caindo no chão. 

- Porque vocês ainda não entr... AI MEU DEUS, O QUÊ ACONTECEU!! - Jimin grita desesperado ao ver a situação.

- Nam Hyung! Nam Hyung! Nam Hyung! - Jihwon me abraçava fortemente enquanto estávamos caídos.

- Jihwon, saía de cima do NamJoon! O chão está frio e vocês irão se resfriar. - Jimin manda e rapidamente seu dongsaeng o obedece. 

Me levanto com o que me restava de dignidade e limpo minha jaqueta e calça.

- Nam Hyung, vou esperar você lá dentro para lhe mostrar meus carrinhos novos. - Jihwon diz e entra rapidamente em sua casa.

- Moni Hyung, estava com saudades... - Ele diz e se aproxima e eu o abraço.

- Eu também, Jimin-ah. - Afago seus fios macios.

- E como foi na sua casa? - Pergunta quando nos afastamos.

- Bem... como eu já imaginava. Meu pai não quis nem olhar para mim, nem minha mãe, mas meu irmão disse que isso não será por tanto tempo, porque eles precisam de mim para ajudar com a empresa e eles sentem muito minha falta. Meu irmão também não aceitou minha opção sexual, mas ele disse que não me renegaria mais. Eu falei sobre você, e ele disse que se eu estava feliz com qualquer pessoa era algo bom. Ah, Jimin-ah, quero tanto que eles me aceitem novamente. - Falo com os olhos marejados.

- Isto já é um começo, meu amor. - Ele fala docemente enquanto sorri.

- Você nunca me chamou assim. - Falo surpreso.

- Assim como? Ah sim... mas se é isso que você é para mim, o meu amor. - Diz timidamente.

- Você também é meu amor, Park Jimin. Meu amor...

Me aproximo e selo ternamente nossos lábios. Estava com saudades de beijá-lo, de sentir a textura de seus lábios, de seu gosto doce. Prefirimos não aprofundar o beijo, então nos afastamos.

- Vamos entrar? - Pergunta.

- Sim, Vamos. - Respondo.

Ele abre a porta e entramos. Retiro meu coturno e coloco na sapateira, também retiro meu jaqueta e Jimin o pega e coloca junto de algumas outras jaquetas e moletons que estavam próximos.

Ao chegarmos na sala principal me deparo com Jihwon brincando com um cachorrinho e duas figuras maduras que antes estavam sentados em um sofá, então se levantam e se aproximam de mim e de Jimin.

- Boa noite, é um prazer conhecer os senhores. - os reverencio em sinal de puro respeito. 

- Olá NamJoon, é um prazer conhecê-lo também. - O homem fala ao me reverenciar.

- Fico feliz que tenha vindo jantar conosco, NamJoon. - A mulher diz em um tom amável que me lembrou o jeito que Jimin fala.

- Eu gradeço o convite, senhora. - A reverencio novamente.

- Pode me chamar e a minha esposa de senhor e senhora Park, para ficar mais confortável para você. - Ele diz e eu assinto

- Obrigado, senhor Park. - O respondo.

- Bem, já que estamos todos aqui, porque você já não pede nosso Jimin em namoro formalmente? - A senhora Park fala e eu sinto meus batimentos cardíacos diminuindo. 

- O Nam Hyung namora o Jimin Hyung? Mas eles são meninos! - Jihwon fala surpreso.

- Às vezes meninos podem gostar de outros meninos, assim como meninas também podem gostar de outras meninas, e quando isso acontece eles namoram, assim como um casal de menino e menina. - Jimin explica para seu irmãozinho que provavelmente não entendera tudo, mas ele é muito novo, um dia irá entender.

- Eu gosto da Nana e vou me casar com ela! - a criança fala fazendo todos da sala sorrir.

- Depois eu quero saber dessa história de se casar com a Nana direitinho, senhor Jihwon! - Jimin diz e beija a bochecha do irmão.

- Bem... - Limpo a garganta. - Eu estava e ainda estou passando por uma fase um tanto conturbada da minha vida, provavelmente o Jimin já falou para os senhores. Meu primeiro encontro com Jimin não foi algo tão normal para ser exato. - Olho para Jimin e sorrimos. - Nos esbarramos e caímos. Só foi aquilo, depois de algumas desculpas ele se afastou e eu voltei a ficar pensando em como minha vida estava triste sozinho naquele parque. Dizem que crianças são como anjos e naquele dia eu tive a prova disso, o Jihwon foi o anjo que me trouxe Park Jimin. - Nesse momento Lágrimas começaram a escapar dos olhos de Jimin. - Depois de conhecê-lo melhor e de ver como ele se tornou um bom amigo, comecei a mudar meus sentimentos por ele. Então é por isso que diante de você, Jimin, e de sua família que estou aqui... - Tiro uma caixinha do meu bolso e a abro pedindo aos céus que eu não derrubasse nada e pego um anel de ouro e seguro na mão direita de Jimin e coloco o anel em seu dedo anelar. - Para pedir você em namoro. Então, aceita namorar comigo? 

- Sim, eu aceito. - Diz enquanto enxuga as lágrimas que passavam livremente por cima de suas bochechas. 

- Vivaaaaaaa! - Jihwon da pulinhos enquanto bate palmas alegremente.

- Ah, senhores! Os senhores permitem que eu namore o Jimin? - Pergunto a seus pais.

- Sim, nós deixamos. - O senhor Park fala.

Saber que lhe aceitam como você é e algo tão maravilhoso. Todo meu ser emanava alegria naquele momento.

- Omma, eu estou com fome. - Jihwon diz enquanto alisa a barriga. 

- Ah sim, vamos comer. Já está passando da hora do jantar. - A senhora Park fala. - Vamos para a sala de jantar, a mesa já está posta.

Nos sentamos à mesa e nos servimos. A senhora Park disse que ela e Jimin que tinham feito tudo, simplesmente estava uma delícia. Depois de comermos, tentei ajudar a tirar a mesa mas a senhora Park disse que eu era visita e que não precisava ajudar, mesmo assim eu insisti e ela acabou deixando. Consegui levar os pratos, copos e talheres sujos até a pia sem quebrar nada e me sinto orgulhoso por isso. Voltamos para a sala de estar e eu começo a brincar com o Jihwon enquanto converso com o senhor Park. Jimin e sua mãe conversavam sobre algo que eu não estava prestando atenção.

- Jihwon, tome um banho, escove os dentes e vá dormir. - A senhora Park fala ao filho mais novo.

- Não estou com sono, Omma! - O garoto fala choroso.

- Está sim, você não está quase conseguindo manter os olhos abertos. - Ela diz.

- Venha, Hwonnie, eu lhe darei um banho. - Jimin diz e o irmão nos braços e corre com ele fazendo ambos riem da brincadeira.

- Seus filhos são adoráveis. - Digo voltando me sentar no sofá.

- Obrigada, tentamos criar o Jimin e o Jihwon com o máximo de amor possível, não o mimamos tanto, Jimin sabe a realidade da vida e Jihwon está em processo de aprendizagem. - A senhora Park fala.

- Que tão jogarmos um pouco de baralho? - O senhor Park diz.

- Ótima ideia. - Respondo.

O senhor Park pega uma caixa de madeira decorada e retira as cartas de dentro. Começamos a jogar enquanto Jimin não aparecia. Depois de uns vinte minutos ou mais Jimin aparece.

- Já coloquei ele para dormir. - Fala e se senta ao meu lado.

- Prontinho, ganhei novamente! - A senhora Park fala animada.

- Você sempre ganha, querida! - O senhor Park resmunga e se levanta. - Bem, desculpem mas eu preciso me deitar agora, já está tarde e eu precisarei me acordar cedo amanhã.

- Acompanharei meu marido. - A senhora Park diz simpática. - Foi um prazer enorme conhecê-lo pessoalmente, Namjoon. 

- Eu também preciso ir. - Digo e os reverencio. - Fico muito honrado de ter conhecido os senhores. Ah, e muito obrigado por me aceitarem como namorado de Jimin.

- Você nos parece ser um bom rapaz. - O senhor Park diz. - Boa noite.

Eles se afastam e ficamos só eu e Jimin na sala.

- Vem, eu te levo até a saída. - Diz e começamos a andar.

Calço meus coturnos Jimin me entrega minha jaqueta. Estava um pouco quente, então a amarro em minha cintura. 

Ele abre a porta e saímos até o terraço.

- Estou tão feliz. - Diz e sorri.

Amo tanto seu sorriso.

- Eu também. - Digo e o abraço.

Beijo sua bochecha bochecha e ele dá uma risadinha. Tenho uma atitude mais afoita, seguro em seu queixo e trago seus lábios para se encaixarem nos meus. Não espero e logo aprofundo o ósculo. Jimin me acompanha perfeitamente naquele contato intenso e cheio de paixão. Ao nos afastarmos mordo seu lábio inferior, coisa que há muito tempo queria fazer e recebo dele um ofegar. 

- Eu te amo. - Sussurro em seu ouvido.

- Eu te amo. - Ele responde, o que faz todos os meus pelos se arrepiarem.

- Queria que você pudesse ir dormir comigo lá no hotel. - Digo e ele cora. - N-N-Não foi isso que eu quis dizer, eu juro! S-Só foi para deitarmos e dormirmos juntos, somente isso.

- T-Tudo bem... desculpa ter pensado de outra maneira. Sei que talvez um dia iremos nos tocar mais intimamente, e só de pensar nisso me sinto nervoso. - Ele fala acanhado.

- Desculpe perguntar, mas você é virgem? Só me responda se sentir que deve. - Digo e acaricio sua bochecha.

- Sou sim. Nam, eu nunca tinha nem beijado um homem, imagina fazer essas coisas! - Ele diz ainda mais envergonhado.

- Mas e garotas? - Pergunto curioso.

- Nunca fui muito atraído por garotas, fiquei com umas duas durante minha adolescência. - Ele responde.

- Tudo bem, vamos parar de falar desse assunto, certo? - Beijo sua testa. - Agora tenho que ir.

- Vamos para algum lugar amanhã? - Pergunta.

- Sim, vamos sim. Lhe pegarei aqui às nove da manhã. Passaremos o dia todo fora. - O respondo.

- Então estarei lhe esperando, namorado. - Ele diz sorrindo.

- Certo, namorado. - Me afasto, em direção da rua.

- Eu amo você, até amanhã, Moni! - Ele diz.

- Eu também amo você. - Digo e o vejo fechar a porta.

Eu te amo tanto, Jimin...