(Eu só quero parar de pensar)
Eu poderia enche essa folha de sentimentos e água.
As palavras podem estar borradas agora.
Amanda pediu que eu me maquiasse para sair com ela... E agora estou parecendo um panda magrelo.
Eu lembro de quando minha tia me buscava nos finais de semana para ficar na casa dela e eu a via se maquiando para sair com as amigas solteironas. Eu ia junto e assistia elas beberem enquanto eu comia um pedaço de torta de amora.
Mesmo sendo uma criança de 12 anos, eu podia me identificar com o desabafo dessas mulheres 20 anos mais velhas do que eu.
Desde um "estou gorda" até um "levei um fora" eu conseguia entender a mensagens que elas queriam desesperadamente passar: "Eu preciso de auto-estima, pois me sinto insuficiente para qualquer coisa".
E crescendo assim, descobri que todas as pessoas são pressionadas por si mesmas a serem perfeitas o tempo todo. Quanto melhor você é, melhor você tem que ser. Você deve se superar e superar os outros a todo tempo. A vida é uma competição.
E eu tenho medo de ser melhor e entrar pra essa competição.
Queria ter tido coragem de encarar Viktor e receber o fora mais doloroso da minha adolescência. Queria ter coragem de acreditar que as coisas poderiam dar certo e que, talvez, eu pudesse me tornar protagonista da minha própria história.
Mas o que é uma história sem começo, meio e fim?
— Eu não vou, sinto muito. — disse pelo telefone, tentando disfarçar a voz embargada.
Amanda e Diego foram sozinhos ao luau que Gabriela tinha organizado. Praticamente todo o 1º ano estava ali se entorpecendo e dançando reggae nacional.
— Emily não veio logo no nosso primeiro rolê — Diego disse, suspirando e entregando um copo com um líquido verde para ela — Não se sinta obrigada a ficar comigo, seus amigos podem estar aqui.
Amanda sorriu simpática, aceitando a bebida e disse:
— Tudo bem, acho que temos muito o que falar sobre ela.
Lucas e Samantha estavam na pizzaria de sempre, jogando truco enquanto comiam.
Sam terminou seu primeiro pedaço e começou a encarar sutilmente o namorado, concentrado nas cartas.
Seus olhos fixaram-se nos dela e ele entendeu que ela queria conversar.
— O que foi? — perguntou em tom defensivo, colocando seu pedaço no prato novamente.
Samantha suspirou.
— Viktor está diferente. — falou — Parece frágil. — bebeu um gole de coca.
Lucas suspirou.
— Ele está perdendo todas as lutas, não presta atenção nos treinos, some do nada enquanto jogamos e está sempre olhando por aí como se procurasse algo. — disparou — Mas ele deve estar bem. — deu de ombros, comendo seu pedaço.
Samantha fechou a caixa de pizza e levantou-se.
— Lucas, você é o único amigo dele! — disse — Como pode não se importar? E se ele estiver passando por um momento ruim?
Ele riu fraco.
— Amor, ele teria dito.
— Você deu a oportunidade? — ela perguntou e ele ficou pensativo.
— Ele é um menino, não vai ficar chorando pelos cantos. — disse, arrependendo-se em seguida.
Ela respirou fundo e saiu. Lucas pensou em segui-la, mas sabia que ia piorar as coisas se o fizesse.
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