– E o que diz? – entregou para Jonas mesmo ler – é um endereço?
– Sim, Lauren deve ter conseguido e me mandado para ir buscá-la – animou-se e ia levantar-se
– Não! – levantou e colocou-se de frente para a ruiva – certeza que não foi Lauren quem te mandou isso.
– O quê? Por quê?
– Ele quer que você vá lá
– Como assim?
– Ele está te atraindo para esse endereço, assim como atraiu Lauren para os outros e encontrou aquelas meninas.
– Está dizendo que vou encontrá-la morta se eu for lá? – o policial abriu a boca para respondê-la, mas soltou seu ar
– Não – olhou-a com calma – estou dizendo que precisamos de um plano antes de, simplesmente, aparecermos lá.
Lauren acordou com uma enorme dor de cabeça e sentindo-se muito pesada. Tentou olhar para os lados, mas reparou então que sua cabeça ainda estava encapuzada. Sentiu uma grande dor no corpo e um desconforto nos braços, logo percebendo também que estava amarrada. Sentiu sua boca seca, estava amordaçada. Ouviu passos à sua direita e também alguém se mexendo à sua esquerda, fechou os olhos esperando algo acontecer. E então o capuz preto foi retirado de sua cabeça bruscamente, fazendo-a piscar os olhos várias vezes até se acostumar com a claridade diferente, mas ainda não reconheceu o local. Olhou para seu lado e viu o homem retirando o capuz de outra pessoa, era Camila. A médica olhou para Lauren com os olhos inchados, havia chorado há pouco tempo. O peito da delegada apertou-se, fazendo-a tirar forças para tentar ao máximo tirar Camila dali com vida. Olhou ao seu redor e não conseguia saber como desamarrar-se e nem sair daquele lugar escuro com pequenos feixes de luz entrando.
– Perdeu algo? – olhou para cima e viu a conhecida máscara encarando-lhe – sabe, meninas, eu esperei muito por esse momento – agachou-se perto da delegada e segurou no queixo da mesma – eu nem sei por onde começar – deu dois tapas no rosto de Lauren e saiu da vista das meninas.
Lauren olhou para Camila que já estava com os olhos marejados, respirou fundo pedindo para que a médica fizesse e o mesmo, e assim foi feito após assentir. Ia olhar para frente novamente, quando sente uma forte pancada em seu rosto, perdendo a consciência em seguida. O homem acertou-a com um taco de baseball, Camila começa a gritar abafado por conta de sua boca estar amordaçada também, suas lágrimas começam a sair descontroladamente ao ver a delegada desacordada no chão com sangue saindo de seu rosto. O homem pega Lauren pela gola da camisa e sai arrastando-a, Camila grita desesperadamente para que ele pare, mas o mesmo sumiu no escuro com o corpo da delegada. A médica abaixa a cabeça e suas lágrimas caem mais e mais. Aquilo parecia um pesadelo que não aparentava ter um fim. Levantou a cabeça quando ouviu barulho de um carro passando, como havia alguns feixes de luz, deduziu estar de manhã. Esperou para saber se o carro havia parado ali, mas não houve nenhum ruído a mais.
– Sua vez, minha linda – o homem aparece novamente, agachando-se e fazendo carinho no rosto da médica, que ainda estava um pouco molhado por conta das lágrimas. Ele coloca-a de pé e vai empurrando-a para onde Lauren também estava, porém ainda desacordada.
Julia girava pela vigésima vez em sua cama tentando dormir, mas já era de manhã. Sentou-se e passou as mãos em seu rosto, mostrando sinais de exaustão, tanto física quanto emocional. Olhou mais uma vez para o endereço em seu celular e pensou em como iria chegar lá para pegar Lauren, Camila e o homem, sem morrer antes. Suspirou e foi mancando tomar um banho gelado. Ao terminar, colocou uma roupa leve e foi tentar comer algo antes que Jonas chegasse, mas logo a campainha tocou.
– Bom dia, trouxe pão de queijo – o policial esticou uma sacola para a ruiva
– Bom dia – sorriu e deu passagem para Jonas entrar
– E então? – sentaram-se para comer pão de queijo e beber café – qual o plano?
– Sabe – suspirou – acho que não temos nenhum
– Por quê?
– Somos só nós dois – deu de ombros – não conhecemos lugar
– Já está andando sem muleta? – olhou para a ruiva e ao seu redor
– Mais ou menos, elas me irritam – bufou fazendo o policial rir
– Quando formos, vai levá-la?
– Acho que sim – deu de ombros – pode ser útil em uma luta
– Com certeza – riram – você tem um grande quintal
– Obrigada – fez uma expressão confusa
– Digo – riu tentando explicar-se – Quero te ensinar a atirar nele.
– Eu disse que sei usar uma arma – cruzou os braços
– Quero ver sua mira com uma
A ruiva abriu a boca para protestar, mas apena levantou-se e pediu para que Jonas seguisse-a, assim o policial fez. Foram para o quintal e improvisaram algo para ser o alvo.
– Ta, imita o meu posicionamento – fez uma pose e Julia repetiu – ok, segura a arma nessa altura e tenta mirar lá. – a ruiva atirou, mas seu tiro não acertou o alvo esperado – deixa eu te ajudar – o policial aproximou-se de Julia colocou seu corpo atrás da mesma, passando seus braços por cima dos dela, pegando em sua arma e ajudando-a a mirar melhor – respira fundo e tenta de novo – sua voz estava baixa por conta da aproximação de seus rostos. A ruiva atirou e dessa vez acertou o lugar esperado – ótimo! – comemorou sem sair da posição, Julia virou seu rosto, ficando bem mais próxima de Jonas, que olhou-a de volta e afastou-se – Desculpa.
Arrumaram o que faltava e então começaram a ir para o endereço que foi deixado para Julia por mensagem. Entraram em um bairro um tanto desconhecido e mais pobre da cidade, logo forma notados. Parou o carro em frente a casa indicada no endereço e desceram observando o local, não parecia que morava alguém ali. Bateram no portão e nada aconteceu, mexeram na maçaneta e o mesmo abriu. Entreolharam-se e entraram, não havia ninguém lá dentro. Começaram a revirar a casa, tentando achar Lauren ou Camila, ou qualquer coisa que levasse até elas. Encontraram no chão uma foto antiga de Lauren e Camila, Julia reconheceu, foi tirada durante a competição onde se conheceram. Mais para frente havia outra foto, era do primeiro encontro das meninas. Foi seguindo e achando mais fotos antigas, chegando em um quarto. Jonas pediu para que Julia ficasse atrás dele e pegou sua arma, abrindo a porta e tendo certeza de que não havia ninguém ali.
– Pode entrar – abaixou sua arma e a ruiva entrou observando o quarto. Havia um retroprojetor ligado em um vídeo – certeza? – a ruiva assentiu e deu play.
“– Lauren, você é muito chata – disse Camila irritada enquanto Lauren beijava-a por todo seu rosto
– Sou carinhosa – riu e continuou
– Não, você está fazendo isso porquê me irritou – tentou empurrá-la, mas Lauren era mais forte
– Ainda assim – roubou um selinho da menina”
E então o vídeo começa a tremer, desvia o foco das meninas e mostra a pessoa que estava filmando dando um soco na parede. Mostra várias cenas das duas juntas e sempre termina com um ato de raiva de quem estava com a câmera, no último a câmera é arremessada contra a parede. Por fim, aparece outro endereço na tela. Jonas anota e logo saem da casa, seguindo o novo endereço.
– Aquilo foi sinistro – disse ao entrar no carro e colocar o cinto
– Ele seguia elas desde sempre
A cidade foi ficando para trás e começou a ficar cheio de mato ao redor da pista, eles estavam indo para um lugar isolado. O estômago da ruiva foi embrulhando a medida que cada vez mais aquele lugar parecia deserto. A estrada acabou, começou a ser terra, logo já não dava para olhar para o lado, o mato tomou conta. Chegaram em uma espécie de fazenda, com um outro celeiro mas dessa vez maior, e uma casinha de madeira meio assustadora. Desceram do carro e escutaram um grito vindo do celeiro, era Camila.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.