História Stalker - Eu te amo

Julia e Jonas paralisaram ao ouvir aquele grito. A respiração da ruiva ficou ofegante e seu coração disparou, suas mãos suaram e sua cabeça não conseguia decidir uma reação útil para aquela situação. O policial entregou uma arma para Julia e deu um beijo em sua testa, andando em direção ao celeiro, sendo seguido pela ruiva. O silêncio era absoluto, fora por alguns pássaros que passavam na região. Pararam de frente à porta do lugar e entreolharam-se, fazendo o mesmo que fizeram no celeiro anterior.  Empurraram a porta e devagar ela foi abrindo, e o que mostrou lá dentro deixou a ruiva agir sem pensar. Viu Lauren pendurada com os braços para cima em alguma madeira no teto, com Camila ao seu lado da mesma forma, ambas amordaçadas. Ao verem a ruiva começaram a fazer sinal negativo com a cabeça, desesperadas, mandando Julia não entrar. Mas a ruiva não entendia, e derrubou sua arma ao correr para dentro, Jonas tenta segurá-la, mas não consegue, então apenas aponta a arma para onde ela está indo, caso alguém aproxima-se da mesma. Mas sua visão embaça e seu corpo vai ao chão ao sentir uma enorme dor na nuca. Lauren e Camila desesperam-se mais ainda ao ver o homem com o mesmo taco de baseball indo até a ruiva, que até então não tinha visto, estava apenas tentando tirar Lauren dali, sem sucesso. Ao olhar para a delegada, a ruiva olha para trás e vê o homem olhando-a fixamente com o taco em suas mãos. Lauren começa a debater-se, querendo sair e impedir que algo aconteça com sua melhor amiga, mas suas lágrimas caem enquanto vai sentindo-se incapaz de qualquer coisa naquele momento. Camila também chora, querendo que tudo aquilo não passasse de um pesadelo. Julia vai dando passos para trás e o homem andando em sua direção. Ela procura sua arma, mas logo avista-a no chão na entrada do celeiro. Em um de seus passos, ela tropeça em algo e cai sentada no chão, o homem dá dois passos longos e acertou o rosto da ruiva, que não desmaiou na hora, chegou a tentar levantar-se, mas foi acertada mais uma vez, apagando-a.

“– Ele não pode fazer isso com você! – Lauren esbravejou

 – Ele é meu pai, não tem muito o que eu posso fazer – Julia chorava enquanto segurava gelo em seu olho inchado

– Faz um B.O – aproximo-se da ruiva, sentando-se ao seu lado – não é a primeira vez que isso acontece, você não pode viver assim!

– Minha mãe o ama – deu de ombros, tentando controlar o choro

– Onde está sua mãe?

– Em casa – Lauren olhou-a assustada e Julia pareceu não entender – O que foi?

– Seu pai também?

A ruiva assentiu e as duas correram para o carro da delegada, dirigindo rapidamente até a casa de Julia, que não era muito longe. Lauren bateu na porta, mas não foi atendida. Então arrombou e as duas entraram procurando por Dona Célia. Subiram as escadas e começaram a entrar de porta em porta, separadamente. Lauren ouviu um grito da ruiva.

– Sai de cima de mim, seu monstro!

Lauren acha de onde veio o grito e vê a mãe de Julia no chão ensanguentada e o pai da mesma estava em cima tentando bater de novo na ruiva. A delegada pega sua arma e pede para o homem parar, mas o mesmo ignora-a e levanta sua mão para bater em Julia. Por ele ser bem mais forte e com uma barriga avantajada, Lauren não teria forças para pará-lo fisicamente, então dispara um tiro em seu braço. O homem xinga algo e sai de cima da ruiva, indo para o lado da delegada, que ameaça atirar novamente, mas não tem coragem por seu pai de sua melhor amiga, então acaba levando um soco do homem, deixando sua arma cair longe de seu corpo que também foi ao chão. O homem ia continuar, mas mais um tiro é disparado e é a vez dele ir ao chão. Lauren olha para o lado e vê Julia chorando enquanto segurava a arma com as mãos tremulas. A delegada levanta-se rapidamente e tenta tirá-la daquela cena de seus pais mortos no chão de seu quarto.”

Julia acorda com seus braços e pernas amarrados em uma cadeira, ao seu lado Jonas ainda desacordado e também amarrado. Olhou em volta e não viu o homem e nem as meninas, suspirou sentimento uma enorme dor de cabeça e seu rosto ainda ardendo da pancada. Sentiu uma sensação ruim ao lembrar-se do dia da morte de seus pais, então seus olhos estavam marejados. Jonas mexeu-se e olhou para seu corpo amarrado e depois para Julia, vendo uma vermelhidão em seu rosto. Escutaram alguém cantarolando uma música sertaneja, era o homem chegando com outra cadeira, colocando ao lado da ruiva.

– Bom dia, bonitinha – passou o dedo pela parte vermelha do rosto da menina, e Jonas debateu-se na cadeira, querendo bater no mascarado – Oi para você também, bela adormecida – deu dois tapas na cara do policial e saiu

Voltou com Camila em seu ombro, colocou a médica sentada e amarrou-a da mesma forma que amarrou Julia e Jonas, os três amordaçados. Afastou-se de frente para eles, que o seguiram com o olhar. (Play no link das notas finais)

– Hoje vocês serão plateia de um espetáculo – levantou suas mãos – acho que vocês perceberam que falta apenas uma pessoa para começar a atração do dia, não é? – saiu do lugar e voltou arrastando Lauren novamente pela camisa, tendo suas pernas e braços amarrados – aqui está ela, palmas! – jogou Lauren de joelhos de frente para os três e bateu palmas rindo ironicamente enquanto via Camila olhá-la com lágrimas nos olhos. Lauren olhava-a como quem já despedia-se.

Eu estou andando nessa nuvem

Nesta nuvem, sobre o amor

Mas ainda assim, eu sinto esta duvida

Sinta esta dúvidas, sobre nós

 – Sabe, Lauren, não quero que seja uma coisa injusta.

Eu estou andando nessa nuvem

Nesta nuvem, sobre o amor

Esta estrada não pode ser minha, não pode ser minha.

Tirou o pano da boca da delegada, que encarava-o com ódio, mas sentindo-se muito fraca por conta do tempo sem comer, sem água e tantas pancadas que a fizera desmaiar.

Desistindo, oooooh

Desistindo

Desistindo

Desamarrou as pernas e colocou Lauren de pé, mas a delegada não conseguia aguentar seu peso sem cambalear para os lados. Olhou com a respiração pesada para o homem, que pegou seu taco de baseball novamente, agora contendo arame farpado em volta de sua ponta. Viu a expressão nos rostos de cada um e sorriu. Tentou acertar Lauren, mas a delegada desviou, levando um golpe em seguida com a mão direita do homem, fazendo-a cair.

Nós fomos empurrados para trás e para baixo

Eu estou fora da minha mente de outra forma

Nós fomos empurrados e caímos

Dentro dessa terra e do espaço.

Camila chorava vendo aquela cena, não queria acreditar naquilo de forma alguma, não queria ter que ver seu amor morrer por sua culpa. O homem apontou o taco no rosto da delegada, que olhou-o tonta, então sentiu um chute em seu estomago, logo saiu um tanto de sangue de sua boca.

Desistindo, oooooh

Desistindo

Desistindo

Lauren apoiou suas mãos e joelhos no chão, tentando levantar-se. O homem, então, aproximou-se de Camila e retirou o pano de sua boca.

– Para! Por favor, não mata ela. – era tudo que conseguia falar enquanto suas lágrimas não cessavam – Por favor, por favor, por favor!

O homem coloca de novo o pano na boca da médica e reparou Lauren de pé. Tentou acertá-la novamente com o taco, mas Lauren desviou, fazendo pegar apenas de raspão em seu abdômen, cortando-o. A delegada tentou manter-se de pé, mas logo caiu de joelhos e olhou para Camila, ela não aguentava mais.

– Acho que está na hora de acabar com isso, não é mesmo? – o homem retirou uma arma de sua cintura e apontou para a cabeça de Lauren, que não tirou seu olhos de Camila, que debatia-se junto com Julia, querendo tirar a delegada dali – suas últimas palavras, Jauregui?

– Eu te amo – foi tudo que conseguiu sussurrar para Camila.