História Stalker - Recomeço

Lauren suspirou ao pausar o vídeo no momento em que o jogador passa pela tela, encostou-se na cadeira e encarou a tela, pensando se realmente teria sido o menino. Ouve duas batidas em sua porta e autoriza a pessoa entrar.

– Boa tarde, Srta. Jauregui – levanta seu olhar e vê Garett, delegado responsável por casos de sequestros – há quanto tempo, não?

– Boa tarde, Garett – se levanta e aperta a mão do homem – realmente, não nos vemos desde aquela reunião no começo do ano.

– Que bom que lembra – sorriu e sentou-se de frente para a delegada – e então, como vão as coisas por aqui?

– Intensas – suspirou ao sentar-se novamente – o que te traz aqui?

– Soube que está trabalhando em um sequestro, Talita, certo?

– Sim, aparentemente é um sequestro – encostou-se enquanto observava o homem moreno de olhos claros a sua frente

– Parece que estão tentando transferir esse caso para mim – Lauren encarou-o por alguns instantes esperando o mesmo continuar

– Mas?

– Mas... – suspirou e ajeitou-se na cadeira – queria saber que se, ao invés disso, você não concordaria que trabalhasse junto com você. – Lauren não diz nada, apenas o encara – Se você não ver problema, claro.

– Sabe, Garett... – o delegado fica tenso por alguns instantes – seria um prazer – diz sorrindo, fazendo Garett dar um suspiro de alívio.

– Então... – sorriu sem jeito – quando podemos começar? Não sei nada fora o nome da garota.

– O que vai fazer o resto dessa tarde?

– Hum, nada.

– Vamos tomar um café, então. – levantou-se pegando suas coisas e seu notebook com o vídeo – assim te atualizo.

O homem se levantou e seguiu Lauren até o carro da mesma. Foram até uma cafeteria que a delegada gostava.

– Espera, volta um pouco. – Lauren fez o que Garett pediu – aquele é o Lucas? Ex-namorado da garota?

– Sim, tinha acabado de ver essa parte quando você chegou. – suspirou olhando para a tela

– Falou com ele?

– Sim, mas não consegui nada – suspirou

– Deveríamos focar nele – olhou para a tela enquanto a delegada pedia a conta.

Foram de volta para a delegacia, Garett pegou o número de Lauren e foi embora em seu carro que estava estacionado na frente do local. A delegada entrou e começou a procurar por Kate.

– Srta. Jauregui? – olhou para trás e viu Kate com copo de café na mão – Aconteceu alguma coisa? Fui pegar um café.

– Não, tudo bem – sorriu de lado – só queria te pedir tudo sobre o Lucas. Notas, álbuns de formatura, tudo.

– Certo, para hoje? – sentou-se e começou a digitar

– Não, pode ser amanhã de manhã?

– Claro, entendido.

Lauren acenou e entrou em sua sala, e ao olhar ao redor resolveu dar uma arrumada nas coisas, parecia que um furacão havia passado ali e, como não gosta que outra pessoa mexa nas suas coisas, então arrumou antes de ir embora. Recebeu uma ligação de Camila avisando que iria ficar de plantão, então no caminho para casa pegou algo para o jantar sozinha. Quando chegou em casa, deixou as coisas no balcão da cozinha e subiu para seu quarto para tomar banho e relaxar. Lauren estava com a estranha sensação de estar sendo observada, e mesmo não querendo dar atenção para aquilo, se preocupou com Camila, resolveu então enviá-la uma mensagem.

[21:25] Você: Me liga ou manda mensagem se algo acontecer, por favor. Se cuida!

Suspirou ainda com o celular na mão e desceu as escadas para comer o jantar que havia deixado na cozinha. Quando ia sentar-se para comer, Lauren ouve um barulho de algo mexendo nas folhas do lado de fora da sua casa. Se vira rapidamente e olha pela janela, mas não vê nada, quando vai virar-se para frente novamente a delegada escuta o barulho novamente, então vê algo movimentando-se no canto da janela. Levanta-se em silêncio e vai até a janela, quando ia abri-la para ver o que estava causando aqueles barulhos, seu celular toca, assustando-a. Olha novamente para a janela e a abre, vendo apenas um galho sendo balançado pelo vento. Suspira sentindo-se estúpida, vai até seu celular e vê que Camila respondeu seu mensagem.

[21:30] Camila: Claro, por quê? Está tudo bem?

[21:31] Você: Sim, apenas não quero que nada aconteça com você. Boa noite, beijo.

Depois de responder a médica, Lauren jantou e foi para seu quarto dormir.

– Bom dia, Kate – a delegada diz ao passar pela mesa da secretária

– Bom dia, Srta. Jauregui – sorriu – aqui está. – estende a mão com alguns papéis na direção da delegada.

– O que é isso? – Lauren os pega confusa

– Tudo sobre Lucas Cardoso Martins, como me pediu ontem.

– Ah, claro – sorriu – muito obrigada, Kate!

Entrou em sua sala e colocou os papéis em sua mesa. Passou a manhã inteira lendo a vida daquele garoto. Notas medianas, joga desde criança, pais separados... tinha algo passando em despercebido, mas a delegada não conseguia encontrar o que era. Estava concentrada quando Kate bate em sua porta.

– Desculpe incomodar, Srta. Jauregui, mas tem uma pessoa querendo falar com você e parece urgente.

– Tudo bem, mande entrar.

Lauren ajeita os papéis de volta para a pasta que Kate a entregou e olha para o homem a sua frente. Cabelos brancos, idade avançada, bengala e uma barriga considerável.

– Bom dia, se importa se eu me sentar? Minhas pernas estão me matando. – Lauren balança a cabeça, negando. Então o senhor se senta e coloca sua bengala de lado – Sua secretária é uma bela moça educada.

– Realmente – Lauren sorri gentilmente e encara o senhor que havia um semblante despreocupado.

– Sabe, eu não costumo sair cedo assim de casa. – suspirou – Mas como estou entediado hoje... – sorriu para a delegada.

– Então, – ajeitou-se em sua cadeira – Kate disse que tem algo para me dizer.

– Ah sim, tenho – suspirou – eu tenho algumas câmeras em casa e fiquei sabendo que uma menina foi sequestrada há um tempo e que foi pela vizinhança.

– Sim, Talita. – a delegada apoiou seus braços na mesa.

– Então, como eu disse, eu estava entediado. – mexeu seus ombros – Resolvi dar uma olhada nas gravações da câmera e fui para o dia que ela desapareceu e encontrei o que meu vizinho entregou para vocês.

– A gravação da van, o senhor está falando disso?

– Sim, mas eu sei que ele conseguiu gravar a parte do lado da van e, na minha gravação aparece a placa do veículo. – Lauren se encosta novamente na cadeira, olhando o senhor que nem havia dito seu nome – O que foi? Achei que a senhorita fosse querer.

– Não, claro – sacudiu a cabeça – quer dizer, quero sim. – o senhor tira de seu bolso um CD em um pacote e entrega para a delegada – Agradeço muito pela ajuda.

– Não agradeça a mim – disse se levantando devagar e pegando sua bengala – agradeça ao meu tédio.

– Obrigada. – diz sorrindo e observando o senhor ir embora

– Até mais, olhos verdes.

Assim que o senhor saiu da sala, a delegada pega seu notebook e coloca o CD para que possa assistir a gravação que o homem havia mencionado. Quando a van aparece, Lauren pausa o vídeo e anotado a placa, nem acreditando que havia conseguido isso do nada. Sem questionar, se levanta e pede para Kate dar uma olhada nos detalhes do veículo com base na placa.

– Ok, van preta na posse de Jorge Florêncio – vira a tela para que a delegada possa ver a foto do homem.

– Esse é o endereço atual dele, certo? – Kate confirma e Lauren o anota – Obrigada.

A delegada sai da delegacia em direção ao estacionamento para pegar seu carro para ir até o endereço do tal Jorge Florêncio. No caminho faz uma ligação para o delegado Garett e o avisa do endereço, falando para encontrá-la lá. Lauren estava acompanhada por duas viaturas quando chegou ao local, logo depois chegou Garett.

– Por que estamos aqui? – o  delegado pergunta saindo do seu carro.

– Consegui esse endereço pela placa da van, é o dono do veículo.

Garett acena e Lauren manda os policiais baterem na porta, mas ninguém atende. Lauren pede para baterem e anunciar que é a polícia, mas nenhum movimento é notado na casa. A delegada se aproxima e percebe uma sombra na janela se movimentando, então fala para os policiais arrombarem a porta, pegando sua arma. A delegada é a primeira a entrar na casa, vasculhando tentando achar Jorge, mas só escuta um grito vindo de cima das escadas. Sobe correndo e enquanto passava pelo corredor, é atingida por uma cadeira por alguém que sai correndo em seguida, Lauren grita para que alguém o pegue lá embaixo e escuta outro grito, identificando de onde estava vindo. Abriu uma das portas e encontrou uma menina amarrada em uma cama, a delegada abaixa a arma ao reconhecer Talita. Se aproxima e desamarra a menina que tinha lágrimas nos olhos, pega a mesma no colo e a leva para fora.

– Essa é a...?

– Talita? Sim! – Lauren a coloca sentada na ambulância que havia acabado de chegar e olha em volta, procurando o homem que a atacou.

– Não se sinta feliz. – ouviu uma voz arrastada vindo de dentro de uma das viaturas, olhou e era Jorge sorrindo para ela – Você achou ela e me achou porque ele quis.

– Ele quem?

– Você vai ouvir notícias dele. – o homem riu – Ele sempre consegue o que quer, ele está no comando.

– Ele quem? – se aproxima do homem, sentindo raiva daquele papo.

– Seu pesadelo. – Sussurra e começa a rir em seguida.

Lauren observa a viatura retirá-lo dali e entra em seu carro para ir ao Hospital falar com Talita. Quando dá partida em seu carro, Garett aparece no seu vidro.

– Então, é isso? Acabou?

– Não. – suspira e olha para o delegado – Parece que acabou de começar.