História Stalker - Câmera de segurança

– Lauren?

– O-oi? – respondeu rápido ficando de pé

– Oi – ficou encarando-a sabe-se lá quanto tempo, até que ouviram um gemido vindo de dentro do quarto – Oh Deus

Camila entrou apressada no quarto e Lauren ficou encarando a porta, totalmente sem reação para o que acabara de acontecer. Escuta novamente um gemido de Kate e entra no quarto, ignorando o aviso de que não era permitido.

– Que dor de cabeça – reclamou a secretária

– Tente não se mexer – Camila a analisou e comentou que nenhum caco de vidro tinha ficado em sua pele, o que era bom – eu só vou pegar umas coisas para limpar esse sangue seco e analisar se é preciso dar pontos.

Saiu do quarto deixando apenas a delegada e sua secretária, que estava com uma quantidade considerável de sangue, mas não eram muitos os cortes.

– Acho que te devo desculpas pelo susto – Lauren disse um pouco sem graça se aproximando

– E eu por ter quebrado a mesa – fez uma careta

– Não ligo para a mesa – revirou os olhos – comprarei uma mais forte, aliás

– Não é necessário, essa só quebrou porque já estava trincada

– E por que não me falou? – a secretária abriu a boca para responder, mas Camila adentrou novamente no quarto com alguns objetos.

– Ok, isso pode arder um pouco – colocou-os em uma mesinha ao seu lado – Quer segurar em alguma coisa, toalha, travesseiro?

– Lauren, pode me dar sua mão? – a delegada a olhou um tanto surpresa pelo pedido, ouviu Camila suspirar, mas ignorou se aproximando e pegando na mão de Kate.

– Tudo bem – disse começando a limpar os cortes de Kate, que mordia o lábio inferior e apertava a mão de Lauren cada vez que sentia uma ardência maior. Já Lauren observava Camila fazer seu trabalho concentrada, não acreditava que depois de tanto tempo ela simplesmente estava ali. Era inevitável não pensar nos momentos que tiveram, tanto os ruins como os bons, logo também veio na memória como Camila a machucou de uma forma intensa quando terminaram – ein?

– Oi? – respondeu ao ser arrancada de seus pensamentos, reparando que a médica já havia dado os pontos em alguns cortes e curativos em outros

– Perguntei se podemos conversar lá fora

– Ah, claro – disse soltando a mão da secretária e seguindo a médica – algum problema? – disse ao saírem e fecharem a porta

– Não, apenas recomendações – Camila folheou algo sem olhar para Lauren – Kate vai precisar desse remédio para quando sentir doer, e é bom para a cicatrização – entregou a receita para Lauren e a olhou para terminar – é preciso que você troque os curativos dela de 5 em 5 horas

– Eu?

– Não é você quem vai cuidar dela? – levantou uma sobrancelha e logo a encarou confusa

– Ta, pode ser – Camila bufou

– Enfim, volta daqui duas semanas para tirar os pontos – arrancou outro papel e entregou para a delegada, ajeitando seu óculos em seguida – dúvidas?

– Já posso levá-la? – a médica assentiu e Lauren a olhou por um tempo, ainda a achava muito linda

Lauren entrou novamente no quarto e disse para Kate se ela estava se sentindo bem ou queria alguma ajuda para se levantar. A secretária aceitou e passou um braço pelo pescoço de Lauren, que segurou na cintura de Kate.

– Precisa de uma cadeira de rodas? – disse observando a cena

– Não, a Lauren pega bem – encarou a médica, que abriu espaço para as duas passarem, como uma cara nada boa

– Obrigada, Dra, até daqui duas semanas – disse Lauren se despedindo, Camila deu um sorriso cínico e saiu andando

Chegaram no carro, Lauren ajudou Kate a entrar e aconchegar-se. A secretária teimou que queria ir de volta ao trabalho, dizendo que estava bem. Mas Lauren não queria deixar de jeito nenhum, dizendo que nem mesa ela teria. Então deixou Kate em sua casa era exatamente 15:30. Parou duas ruas depois e ficou no carro pensando sobre Camila, mais especificamente em seu comportamento sobre Kate. Seria ciúmes? Não, ela trocara Lauren muito cedo para ainda sentir algo. Então seria o que? Esses pensamentos foram interrompidos quando lembrou-se de Fernanda, teria que fazer esse caso andar logo. Voltou para delegacia e notou que alguém que trabalha lá já havia limpado toda a bagunça e tratou logo de explicar para os outros o que aconteceu e que já havia tomado as devidas providências. Ao entrar em sua sala seu telefone começou a tocar. Se jogou na cadeira, passou a mão em seu rosto e suspirou antes de atender.

– Escritório da delegada Jauregui, Jauregui falando – ficaram uns dois segundos em silêncio, quando ouviu o som tão conhecido já. Os ruídos com a respiração pesada.

Reparou que era sempre o mesmo som, então desconfiou que fosse uma gravação. Aguardou em silêncio para tentar ouvir a voz no final, mas ainda assim não conseguiu entender o que falava. Fim da ligação. Lauren colocou o telefone novamente em seu lugar e bufou de nervoso, alguém estava realmente brincando com ela e isso estava passando dos limites. Adiantou qualquer serviço que tinha para fazer no escritório e quando deu 17:20 resolveu ir atrás de Ana Júlia no Arena Fight Club sem um aviso prévio. Ao chegar reparou que o lugar era frequentado por várias pessoas de diferentes faixas etárias. Ao entrar não foi notada, mas logo um homem suado, sem camisa e com um short de lutador veio se aproximando e tirando suas luvas.

– Olá, posso ajudar? – estendeu a mão para Lauren, que logo apertou.

– Sim, vim falar com uma de suas alunas – disse voltando sua mão para o bolso de sua calça

– E você é? – cruzou seus braços

– Delegada Lauren Jauregui – cruzou de volta, o encarando

– Ah – o homem descruzou os braços e limpou a garganta, um tanto constrangido – qual o nome da aluna que deseja?

– Ana Júlia

O homem levou Lauren até uma sala e disse que logo voltava com a menina. Lauren olhou em volta da sala repleta por troféus e fotos com alunos e professores em campeonatos. Em uma delas conseguiu reconhecer Fernanda, sorridente enquanto segurava um cinturão.

– Delegada? – Lauren olhou para a porta, vendo uma menina loira de olhos castanhos com um corpo forte a olhar curiosa – me chamou?

 – Sim, preciso falar com você sobre Fernanda

– A acharam?

– Não – suspirou se sentando – mas pretendo, então preciso que me conte tudo que sabe sobre o último dia que a viu

– Bem, ela estava normal – suspirou e se sentou – não mudou nada em sua rotina, a menos pelo fato de que foi embora mais cedo do treino por ter passado mal.

 – Passado mal? O que ela sentiu? – a delegada se inclinou para frente

 – Disse que queria vomitar, que seu estômago estava ruim – deu de ombros – deve ter sido algo que comeu

– Você disse que ela não saiu da rotina, então ela comeu o que costuma comer?

– Sim, na escola antes de irmos embora ela come um lanche natural que deixa guardado em sua bolsa – Lauren parou por um instante e pensou como é fácil sequestrar alguém que não saia da rotina

– Você sabe se aqui tem câmeras na porta?

– Tem sim

– Poderia chamar aquele homem para mim? – a loira assentiu se levantando e indo até a porta – aliás, obrigada pelas respostas

– De nada, só quero ela de volta – esboçou um quase sorriso e saiu

– Sim, delegada? – disse o homem musculoso ao chegar na sala

– Poderia deixar que eu veja a filmagem da sua câmera de segurança do último dia que Fernanda veio?

– Claro – o homem atravessou a sala indo até o computador e Lauren se aproximou

Após alguns minutos começou a filmagem daquele dia. A delegada pediu para que ele pulasse para a última meia hora antes que Fernanda saísse e não viu nada de suspeito, logo viu o momento em que a menina sai do local, 17:40. E então quando acaba de marcar 17:41 ela vê uma pessoa passando em passos apressados, calça jeans, tênis e capuz, não dando para reconhecer, mas tendo a quase certeza de que era um homem. Aquilo poderia não ser nada, mas quando marcou 18:00 aquela pessoa voltou ao local mais devagar, parou na calçada, ainda de capuz e mãos nos bolsos da blusa de frio, e ficou parado olhando diretamente para a câmera. Isso fez Lauren arrepiar e entender, aquela pessoa não só sequestrou Fernanda, como também sabia que a delegada iria assisti-lo.