História Stalker - Sentimento adormecido

Lauren suspirou e assistiu o vídeo várias vezes. Pediu para o homem, que agora sabia que seu nome era Cadu, gravar em algum lugar para ela e assim o fez.

– Você conhece ele? – perguntou a delegada em uma das vezes que assistiram

– Não – suspirou – não se parece com nenhum dos alunos

– Fernanda já apareceu aqui com algum rapaz?

– Não que eu me lembre, sempre com a Ana Júlia

Lauren agradeceu e saiu da sala acompanhada por Cadu, estava se despedindo e deu uma última olhada para Ana Júlia, que agora estava de luvas e observando a delegada ir embora, logo voltando ao que estava fazendo. Lauren entrou em seu carro e foi duas ruas para cima do local, com intuito de saber como era o lugar onde Fernanda começava ir embora sozinha. Ao chegar viu que se tratava de uma praça não muito bem cuidada. Por ali havia algumas pessoas, a maioria passando rápido, de cabeça baixa, na pressa do dia-a-dia, então nem a notaram direito, mas ainda assim a delegada estava sentindo-se observada. Discretamente ela olha em volta, nada. Entra novamente no carro e vai direto para sua casa. Foi para o banho e saiu de roupão do banheiro, a fim de relaxar o corpo já que sua mente estava borbulhando. Vai até a cozinha, pega uma maçã e então seu telefone toca. A delegada suspira e o olha, pedindo para que não seja a mensagem dos ruídos. Vai até o mesmo e o atende.

– Alô?

– Lauren? – reconhece a voz de Camila – desculpa a hora

– Tudo bem, sem problemas – coloca a maçã de lado e se senta no sofá – aconteceu alguma coisa?

– Não – suspirou tomando coragem para falar – é que eu preciso falar com você

Depois que Lauren foi embora do hospital com Kate, Camila mudou totalmente de feição, parecia mais longe e distraída. Sua amiga, e também atendente, chegou a perguntar o que havia acontecido, e ela simplesmente respondeu: “Aquela era a Lauren”, fazendo com que a moça já entendesse tudo. Nunca havia visto Lauren antes, mas sabia de tudo entre a médica e ela.

– Está assim porquê aquela moça toda cortada é namorada dela? – perguntou acompanhando Camila, que daria uma carona

– Eu estou normal, ta? – bufou – e não sei se elas namoram

– Ah, normal você não está – entrou no carro – mas deixa quieto esse assunto.

– Ela parece estar mais linda – murmurou enquanto dirigia – e eu pensava que isso fosse impossível

– Tenho que concordar, ela é realmente linda – encarou a médica – se arrepende de ter obedecido sua mãe naquela época?

– Que pergunta, ein? – olhou para a atendente com uma cara fechada

– Desculpa, é que como sua mãe que mandou vocês terminarem, imagino que não sej...

– Sim, me arrependo – disse interrompendo Duda

– Acha que se não tivesse acontecido aquilo tudo, ainda estariam juntas? – Camila suspirou, não pareceu brava com a pergunta, mas sim pensativa

– É, acho que sim – olhou para Duda ao parar em frente a casa da mesma

– Posso te perguntar só mais uma coisa? – a médica assentiu – ainda sente algo por ela?

Camila abriu a boca para responder o de sempre, já que há muito tempo ouve essa mesma pergunta, mas parou e pensou se havia algum pingo de verdade nela, se calando. Sua amiga entendeu o que isso queria dizer, ela não estava pronta para responder essa pergunta para alguém, precisava antes responder para si mesma. Então sussurrou um “boa noite” e saiu do carro da médica, que respirou fundo e foi para sua casa. Ao chegar se jogou no sofá, pensando em como ama sua profissão mas o quanto se cansa. Deu de ombros e foi para o banho.

“– Não quero que ela me mande para outra cidade morar com meu pai – disse entre lágrimas

– Isso não vai acontecer, Camz – tentou limpar as lágrimas de sua, até então, namorada

– O que ta dizendo? Eu não quero te perder – levantou-se para encarar Lauren

– Não está me perdendo – suspirou – eu só não quero que ela continue te tratando como está só por estar me namorando, também não quero que vá morar com seu pai, também só por estar me namorando – se aproximou e pegou uma de suas mãos – Eu não quero te ver mal por minha culpa, nunca. Eu sei como ama sua mãe e como ela é tudo para você, então eu jamais farei você ter que escolher entre ela ou eu – o rosto de Camila estava banhado de lágrimas a essa altura – você não terá o mínimo de vantagem comigo.

– Mas eu te amo – sua voz saiu difícil de ser escutada, mas ainda assim machucou Lauren ter que ouvir aquela frase enquanto Camila chorava

– Eu também te amo – abraçou-a o mais forte que pôde”

A médica estava com sua testa encostada na parede, deixando a água morna cair em seu corpo enquanto tinha lembranças aleatórias com Lauren. E mesmo que essa tenha sido triste, ela preferiria que tivesse acabado assim do que da forma que realmente acabou. Saiu do banho, colocou seu pijama e fez algo para comer. Ao deitar em sua cama percebeu que seus pensamentos não saiam da delegada, olhou para o criado mudo que tem ao lado e pensou em telefonar para a mesma. Pesquisou qual seria o número, mas achou apenas contato profissional. Lembrou-se da ficha de Kate e correu para ver qual era o número de contato que havia ali. Era diferente de todos que achou na internet, então ou era de Kate ou de Lauren. Discou e ficou na agonia ao ouvir o barulho a chamar.

– Alô?

– Lauren? – percebe que o número era mesmo da delegada e seu corpo estremece ao ouvir a voz da mesma – desculpa a hora

– Tudo bem, sem problemas – Camila não consegue pronunciar mais nada – aconteceu alguma coisa?

– Não – suspirou tomando coragem para falar – é que eu preciso falar com você – disse de uma vez

– Pode dizer – sente suas mãos suando só por pensar em um papo não profissional com aquela mulher

– Tem que ser pessoalmente – a delegada fica em silêncio – pode vir na minha casa algum dia?

– Ahn – Lauren hesita – posso sim

– Amanhã depois do nosso trabalho?

– Por mim, tudo bem

– Marcado – um silêncio constrangedor se instala – boa noite!

– Boa noite!

Camila desliga o telefone rapidamente, tentando entender o que aconteceu. Ok, Lauren viria a sua casa no dia seguinte para conversarem. Nada demais, certo?

“– Nós vamos ficar bem – repete Camila pela vigésima vez

– Para de falar por mim – Lauren estava brava e extremamente triste

– Laur...

A – Sério, só... para! – a olhou brava, Camila se cala, nunca havia visto Lauren assim – se você está bem, ótimo, só me deixa em paz”

Parou pensando como foi seus últimos dias com Lauren antes de não se verem mais e lembrou-se de como a machucou e a fez mal. Se pegou sem saber o que diria para a mesma no dia seguinte. Mas a pergunta que estava se fazendo iria ter resposta: Ainda sente algo pela delegada?