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História Stand by You - Not your fault


Escrita por: chadaescrita

Notas do Autor


ALÔ GENTE~
Um mês depois e eu voltei. Tentei compensar a demora fazendo um capítulo longo, mas acho que falhei no conteúdo pq eu sou meio louca, então o capítulo saiu igualmente louco.
Enfim, espero que aproveitem Hoseok e Jeongguk aparecendo novamente. Vai parecer "parado", sei lá, mas é pq eles estão no hospital e não dava para pular essa parte, ok?
Próximo capítulo eles retornam a rotina e no capítulo 20 eu encerro a fanfic /choros/
Obrigada pelos favoritos e comentários, nem acredito que passamos de 500+ T____T vocês são demais!
Aproveitem a leitura!

Capítulo 18 - Not your fault


Fanfic / Fanfiction Stand by You - Not your fault

Jeongguk abriu os olhos e tudo o que ele via era branco e muita claridade. Não fazia a menor ideia de onde estava ou o que tinha acontecido, mas notava que não conseguia se mexer direito.

Seus braços pareciam pesados e em uma posição desconfortável sem que pudesse realmente mexer à vontade como se lembrava de fazer, e seus olhos tentavam se adaptar àquele ambiente com cheiro de produto de limpeza. Sua garganta estava seca e seus lábios rachados; parecia que estava em algum lugar extremo, pois o frio era intenso demais e ele sequer se lembrava de estarem no inverno para tanto. Tremia um pouco, isso era notável, mas não conseguia puxar o cobertor para cima; tudo lhe atrapalhava, inclusive o acesso em sua mão, onde ele notava aquela agulha irritante presa em sua pele e levando vai saber que remédios para sua corrente sanguínea.

Todos aqueles fios transparentes, aquela roupa desconfortável, aquele cheiro desagradável e o fato de estar sozinho em uma cama fria, indicavam o que ele menos gostava: estava em um maldito hospital. Desde que era pequeno ele passava mais da metade de seu tempo nos hospitais por causa de sua mãe, uma mulher determinada, mas de saúde muito frágil. Desenvolveu um trauma considerável desses locais de aparência doentia e de clima de velório pelo simples fato de que ali, no fundo, parecia ser sua segunda casa tamanha a frequência de suas idas.

Era horrível.

— Que bom que você acordou! — Uma voz desconhecida soou em seus ouvidos e ele se virou na direção do som para ver quem era. Sua visão demorou um pouco para se ajustar aos detalhes do rosto alheio, uma mulher jovem, porém de aparência cansada e um sorriso fraco no rosto indicando que não dormia direito há muito tempo, típico de médicos dedicados ao hospital e aos seus pacientes.

— O que houve? — Jeongguk tentou se mexer novamente procurando um apoio melhor, mas foi em vão. Suas costas e bunda já estavam dormentes de ficar na mesma posição, afinal ele não fazia ideia de quanto tempo se passara que estava ali, deitado. Sem contar o fato de não conseguir usar seus braços o irritava demais, sentia-se como se estivesse preso, um inútil, e só então notou que seus braços estavam, de fato, imobilizados.

O que diabos havia acontecido consigo para tanto? Sua mente ainda vagava tentando puxar as memórias, mas sentia-se um pouco tonto demais para pensar sem muito esforço mental.

— Tente não fazer muito esforço, hm? — A voz desconhecida, Jeongguk notou, era suave, carinhosa demais, quase como se ela visse em si um filho seu. O modo como ela o olhava com atenção, depois desviando para o acesso, mostravam uma preocupação evidente e, talvez, só talvez, o Jeon notou ali certo alívio.

— O que houve comigo?

— Bom — ela se afastou um pouco para olhá-lo melhor e suspirou, pensando em como explicaria tudo aquilo —, você acabou de acordar e deve estar um pouco confuso, mas tentarei resumir para não cansá-lo demais. Você levou um tiro no braço esquerdo e teve o direito deslocado devido ao impacto do disparo da arma de fogo que utilizou e, para um melhor tratamento, ambos devem ficar imobilizados por um tempo.

Jeongguk piscou algumas vezes processando aquelas palavras, uma a uma. Fechou os olhos e respirou fundo se deixando levar para o seu último momento antes de acordar ali naquela cama fria e, quase que instantaneamente, recordou-se do horror que passaram naquela mansão de vidro ridícula que ele desejava nunca mais colocar os pés.

Lembrou-se da confusão que Bogum causou, do tiro que ele levou e, por fim, do momento que conseguiu pegar a arma e atirar contra ele. Não gostava sequer de se lembrar da dor que sentia percorrendo todo o seu corpo enquanto estava ali, deitado, vendo Bogum ir contra Seokjin e Namjoon, sem saber ao certo como estavam os outros ou o que de fato acontecia naquele lugar. Tinha a vaga lembrança apenas de que em meio ao breu ele fez tudo ao seu alcance para tentar ajudar todo mundo e, mesmo que tenha sido inconsequente de sua parte, não se arrependia de seus atos.

Agora, com tudo à tona em sua mente tão de repente, sentia que se pensasse mais um pouco ficaria enjoado. Isso, ou talvez fosse apenas os remédios.

Todavia, havia uma pessoa em especial que aparecia em sua mente, quase que diante de seus olhos, como uma miragem perfeita e cheia de luzes chamativas em volta, gritando consigo por ser um imbecil e ele sequer sabia o motivo.

— Taehyung — murmurou.

— Oi?

— O Taehyung, cadê ele? Ele está bem? E os meus amigos?

— Acredito que você esteja falando de um dos garotos que está no quarto como visitante. — Ela olhou para o relógio e depois para o monitor, ignorando os olhos pesados e aflitos do Jeon implorando por mais respostas já que aquelas foram vagas para si. — Todos os que deram entrada no hospital estão bem, não se preocupe demais. Você está se sentindo bem?

— Cansado, com um pouco de dor e irritado por não poder mexer meus braços — reclamou.

— Eu sei, mas infelizmente você precisará se acostumar a não se esforçar, ok? É importante para a sua recuperação. Vou conversar com a médica que está encarregada do quarto onde estão para providenciar sua ida até lá. Volto em breve, só tenha um pouco mais de paciência, por favor.

Ela sequer esperou Jeongguk responder e logo se afastou da cama alheia, saindo do local em questão e o deixando, novamente, sozinho como quando acordou.

 

- B -

 

— Como está se sentindo?

— Bem, eu acho — disse um tanto nervoso. — Um pouco enjoado.

— São os remédios. — O médico conferiu um por um e ajustou a quantidade que descia pelo acesso de Hoseok. — Vou providenciar sua ida ao quarto e se você continuar muito enjoado não hesite em chamar a médica responsável, ok?

— Tudo bem. — Hoseok fechou os olhos tentando não fazer muito esforço. Apenas o ato de falar o deixava um pouco enjoado, mas não queria mencionar isso já que ele havia acabado de acordar, portanto podia ser normal. — Os outros… como estão os meus amigos?

— Eu cuidei apenas da sua cirurgia, mas sei que os demais que deram entrada no hospital estão bem e aguardam por você.

— Que bom. — Hoseok abriu os olhos e um sorriso fraco despontou em seus lábios. O médico o olhava com ternura e um pouco curioso, provavelmente por achar incrível que ele se lembrasse dos demais depois do que havia passado.

— Vou providenciar logo o reencontro de vocês! — Ele se afastou e saiu do quarto, deixando Hoseok aliviado em saber que os veria novamente.

 

- B -

 

Taehyung andava de um lado para o outro enquanto mordia as pontas do dedo, perdendo as contas de quantas vezes havia feito isso na última hora. Estava aflito, cansado e impaciente demais; a espera por algo sempre fora uma tortura, mas aquela em especial era excessivamente insuportável.

Não conseguia parar de pensar na cirurgia de Jeongguk e Hoseok, mas principalmente no quanto temia que algo desse errado. Já se sentia culpado o suficiente e, se por acaso um deles morresse ali, nunca se perdoaria.

Horas de espera haviam se passado e ninguém se deu ao trabalho de aparecer para dar notícias sobre os dois. Não chegou a procurar por alguém porque Namjoon o impediu e mandou confiar na equipe — aparentemente seu pai providenciou todas as regalias possíveis para o filho e seus amigos —, pois eles eram os melhores.

O tique taque do relógio parecia cada vez mais alto nos seus ouvidos e ele estava quase quebrando tudo dentro daquele quarto irritantemente branco e tedioso; ficar parado nunca foi o seu forte e nisso ele se assemelhava muito bem com Jeongguk.

Jeongguk.

O desespero para saber se Jeongguk estava bem corroía-o por dentro desde que botara os pés para fora daquela casa, acompanhado de Jisoo. Lembrava-se perfeitamente bem do barulho da arma de fogo disparada ecoando e ele sem poder correr de volta para o local e ver o que havia acontecido. Atormentava-se constantemente com o fato de que se seus amigos estavam ali, abatidos, machucados, saindo de cirurgias e deitados em camas de hospital aguardando por sua recuperação, era única e exclusivamente culpa sua.

Além disso, sua mente trazia à tona lembranças inúteis e o faziam recordar o quanto odiava hospital pelas incontáveis vezes que fora parar em um por causa de Bogum. Portanto estar ali por causa dele outra vez era quase como um soco da vida lhe dizendo como este encosto o rondava até nesses momentos. Não via a hora de se ver livre dessa assombração; poderia apodrecer na cadeia ou até mesmo morrer depois de colocar os pés lá dentro que ele não se importaria nenhum pouco.

De repente a porta se abriu e ele parou de andar de imediato na esperança de que fossem Jeongguk e Hoseok entrando naquele quarto. Entretanto, sua decepção só não foi total porque se tratava de uma médica, a doutora Jung, a mesma que conversou com ele antes de irem para o quarto.

— Olá, vim ver como estão. — A doutora Jung abriu um sorriso gentil e se aproximou da cama de Yoongi, verificando o monitor e os remédios. — Estão todos se sentindo bem? Não há reclamação de dor?

Os três negaram com a cabeça e ela sorriu, satisfeita.

Assim, a doutora conferiu Namjoon e Seokin também, pois mesmo que seus ferimentos fossem mais leves eles não estavam isentos de observação por pelo menos mais um período de tempo. A exaustão era evidente no rosto dos dois, mesmo que sustentassem um breve sorriso dizendo que estava tudo bem e que não havia motivos para se preocupar com coisas tão superficiais. A vida de ninguém era trivial a ponto de ser descartado os mínimos cuidados — exceto Bogum, esse eles não se importavam de alguém esquecer com a bala alojada na nádega.

Os remédios estavam em uma boa dosagem e o rosto abatido de Yoongi, que até então se encontrava em pior situação dentre eles, ganhava mais cor conforme o tempo passava, tendendo a melhorar quando fosse o horário da próxima refeição.

— C-com licença. — Taehyung estava à beira da loucura e seco por qualquer tipo de informação que lhe aliviasse o peso que sentia no peito. Tentava ser educado mesmo com sua voz carregada de preocupação, controlando todos os impulsos de seu corpo a vontade que sentia para mandar para a puta que pariu a educação que estava tendo para com a médica e a chacoalhar até dizer onde eles estavam e por que diabos demoravam tanto. Conteve-se ao máximo para não ser visto como um louco desesperado que merecia ser contido pelos seguranças, o que ele de fato aconteceria se ele fizesse tudo o que tinha vontade naquele exato momento. — Por que os outros dois estão demorando tanto?

A doutora Jung se virou para ver de onde vinha o questionamento em uma voz um tanto quanto embargada e não se surpreendeu em nada quando viu o garoto de anteriormente, o mesmo que ela deu a notícia sobre a cirurgia. Notava em seus olhos o quanto ele só queria saber se os amigos estavam bem.

— Estávamos apenas esperando ambos acordarem para trazê-los ao quarto, logo devem ser transferidos para cá.

— Mesmo?

— Sim, pode relaxar que os dois estão bem e, seguindo as instruções dos médicos, logo vão se recuperar. Peço apenas que tomem muito cuidado, pois eles não podem fazer nenhum esforço, ok?

Taehyung assentiu algumas vezes, praticamente confirmando o que ela pediu pelos outros que permaneciam mudos. Estavam preocupados, mas no estado atual do Kim, foi pedido por Jimin para que não falassem nada que pudesse alarmá-lo mais e o deixasse agitado em demasia.

Na verdade Jimin se perguntava como o amigo estava aguentando tudo aquilo de pé. Notava que tudo que envolvia Jeongguk o deixava daquela forma, descontrolado. Talvez fosse o fato de que, depois de tanto tempo sofrendo, ele finalmente havia achado alguém que era parecido consigo; o entendia às vezes e às vezes não, o irritava demais, mas acima de tudo o amava. Eles eram opostos e ao mesmo tempo muito iguais, um caso raro de combinação amorosa que havia dado certo da maneira mais inusitada possível.

Sabia perfeitamente bem que Taehyung mudava constantemente de humor dependendo do que se passava em sua mente e, por isso, admirava-se dele estar ali, aguentando firme e forte.

— Bom, se precisarem de alguma não hesitem em me chamar. — A doutora se retirou do quarto, deixando-os mergulhados no silêncio que logo foi preenchido pelo tique taque do relógio, aquele que se continuasse ecoando na cabeça do Kim, ele logo jogaria pela janela.

— TaeTae…

— Hm?

— Por que você não descansa um pouco? Você não parou um segundo desde que colocou os pés aqui.

— Eu não ‘tô cansado. — Sua resposta fora curta e grossa, o suficiente para Jimin se calar e saber que não devia insistir com o cabeça dura que tornou a andar de um lado para o outro, mais impaciente ainda.

Na poltrona ao lado, onde anteriormente Taehyung estava sentado, estava Jisso, dormindo. Seu cenho estava franzido e ela parecia sentir dor, mas ninguém tinha coragem de acordá-la, não depois de todo o tormento que eles haviam passado, afinal até mesmo ela tinha direito a descansar um pouco.

E era isso que Jimin esperava que o Kim fizesse, sentasse sua bunda na poltrona do outro lado e fechasse os olhos, mas a determinação do outro em se manter de pé e acordado era incrível.

— Como ele consegue ser assim? — Yoongi questionou baixo o suficiente apenas para o namorado ouvir.

— Assim como?

— Esse misto de emoções. Ele parece uma montanha russa por dentro, mas por fora parece bem normal. — Yoongi já havia reparado nisso tudo, pois embora não conhecesse Taehyung assim tão bem como os demais, notava facilmente como o outro era um misto de várias pessoas em um só.

Taehyung se demonstrou alguém descontraído, provocador, alegre e fiel quando se conheceram, principalmente na presença de Jeongguk. Todavia, quando Bogum ressurgiu, ele se mostrou uma pessoa fragilizada pelas mágoas e sofrimentos do passado, que quase se deixou levar por inteiro outra vez. Porém, novamente, lá estava o Jeon presente no cenário, tentando o trazer de volta a realidade e mostrando que ele podia sim se recuperar.

Todavia, agora, naquele quarto de hospital tedioso, Taehyung se mostrava outro tipo de pessoa; alguém desesperado, preocupado, que não está nem aí para as próprias dores ou o quanto o próprio corpo está prestes a ceder. Queria apenas saber se os outros estão bem.

— Ele sempre foi assim — disse no mesmo tom. — Sei lá, sempre sorridente e espontâneo, mas por dentro sempre travando suas próprias batalhas internas. Eu o admiro muito.

— Acha que ele vai ficar bem agora que, tecnicamente, tudo acabou?

— Ele já se demonstrou uma pessoa muito forte antes, então eu acho que o Jeongguk vai conseguir lidar bem com ele — sorriu pequeno. — Eles realmente se amam.

— Isso eu também concordo. — Yoongi sorriu, pensando em como Jeongguk havia mudado na presença de Taehyung. Estava orgulhoso do modo como o mais novo havia se soltado mais consigo mesmo e com os demais.

Jimin mesmo já havia pontuado como o amigo havia mudado na presença de Jeongguk a ponto de deixá-lo ocupar toda sua mente. E não era algo ruim, pelo contrário, mostrava um amadurecimento incrível em um período de tempo muito curto, mas mais ainda, mostrava um amor tão puro que surgiu assim, do nada, por causa de um simples gesto que Taehyung quis fazer para o amigo. Realmente, os dois eram um casal estranho juntos, mas muito certo.

— Por que estão demorando tanto? — Taehyung resmungou outra vez.

— Ela saiu há uns dois minutos, tenha um pouco mais de paciência. — Seokjin já estava ficando enjoado de tanto ver o mais novo andando de um lado para o outro, gastando tanto a sola do sapato quanto o piso frio.

— Mas- — Sua fala foi interrompida, novamente, pela porta se abrindo. Dessa vez, felizmente, não era apenas uma médica entrando no quarto e sim enfermeiros trazendo uma cama.

Hoseok apareceu sorrindo — e ninguém ousaria perguntar como diabos ele conseguia sorrir em um momento como esse, já que conheciam bem o amigo e sabiam que se dependesse dele, um largo sorriso estaria estampado sempre em suas feições como se nada de triste de fato o atingisse —, mas estava ainda mais pálido do que eles conseguiam se lembrar.

O cabelo bagunçado e os lábios sem cor alguma eram mais do que suficiente para que alguém desejasse ir até ele a fim de colocá-lo no colo e mimá-lo pelo resto da vida.

Contudo, ninguém o fez. Taehyung permaneceu parado ao lado da porta acompanhando o movimento dos enfermeiros trazendo a cama e posicionando-a do outro lado do quarto. Jisoo, que acordou com o barulho e o falatório alto, tinha os olhos fixos em Hoseok e mais ninguém.

Jimin se remexeu ao lado de Yoongi pronto para ir até o amigo e lhe acariciar os fios escuros, dizendo palavras de conforto e o fazendo rir, mas se conteve ao se lembrar do ferimento do Jung e que ele deveria evitar qualquer esforço.

Os outros três olhavam para Hoseok com simpatia, afinal estavam todos no mesmo barco, deitados em uma cama desconfortável, fria, sem graça e trajando uma roupa que não cobria a bunda direito, sem sequer poder se mexer como gostariam.

Os enfermeiros conferiram o acesso de Hoseok, bem como a inclinação da cama a fim de não machucá-lo no ferimento em recuperação. Deram algumas instruções e deixaram todos cientes de que se precisassem, era só chamar. Assim que saíram pela porta, o silêncio tomou conta do local e, como se parecessem bonecos de cera, todos permaneceram parados onde estavam quase que sem piscar.

— Vocês vão ficar me olhando com essa cara de velório?

Jimin se levantou da cama com cautela e caminhou até Taehyung ainda parado ao lado da porta, como se desacreditasse no que estava vendo. Na verdade, em sua cabeça ele não conseguia entender por qual motivo todos os que amava haviam se ferido e ele, que era o real causador disso tudo, estava ali, inteiro. Não achava justo e muito menos digno de se aproximar deles, culpando-se internamente por não ter feito nada.

— Vem! — Jimin o puxou pelo braço fazendo o amigo se aproximar da cama de Hoseok. Seu corpo apenas obedeceu ao toque, mas sua voz estava presa da garganta lhe impedindo de dizer algo, o que era curioso já que até segundos atrás ele falava com facilidade.

— TaeTae — Hoseok esticou a mão em direção ao amigo e o puxou para perto, segurando seu pulso com delicadeza —, para de fazer essa cara e de pensar que a culpa é sua ou eu juro que assim que eu melhorar eu vou fazer você pagar o maior mico da história na faculdade. Dançar a parte do “shy shy shy” das Twice não será suficiente, pode acreditar.

— Não mesmo, Taehyung é muito fofo para você transformar essa dança em algum tipo de mico — murmurou Jimin.

— Então “ice cream cake”, o que você acha?

— Eu vou fingir que não conheço vocês se fizerem isso.

— Pode apostar que eu faço todo mundo saber que você nos conhece, Jiminnie. — Hoseok abriu um largo sorriso e Jimin retribuiu. Ele entendia bem o que o outro estava tentando fazer: mostrar que o pior havia passado e que ele estava bem, não precisava daquela tensão toda a sua volta só porque ele havia se machucado. Estava vivo, era o que importava. — Agora, parem com essa cara de enterro, por favor!

— Hobi… — Taehyung o olhava com lágrimas nos olhos. Queria abraçá-lo e pedir desculpas por tudo isso, mas tentava engolir o choro e toda a sua vontade. — D-desc-

— Para com isso! — esbravejou.

— Mas-

— Mas o que, Tae? Já foi e não adianta você se culpar por isso. Ele me machucou, mas eu ‘tô aqui, não estou? Não foi culpa sua, não foi culpa de ninguém além do Bogum.

— Ele tem razão. — Jisoo se aproximou deles, mas permaneceu um pouco afastada, com receio de que ela não fosse digna o suficiente de estar ali. No fundo, ela se sentia exatamente igual a Taehyung. — Nada disso é culpa sua e sim minha e do Bogum.

Hoseok pendeu a cabeça um pouco para o lado direito, analisando-a. Ele ainda tentava entender quem era Jisoo e o que pretendia, sem saber ao certo se podia confiar nas palavras que saíam de sua boca e se de fato havia mudado. Era claro que ela havia ajudado Taehyung, mas ainda assim ele estava desconfiado. Podia acreditar naquele olhar que dizia que ela estava arrependida, que ela parecia se importar com ele? Talvez por ele ter sido o mais magoado por ela nessa brincadeira toda fosse difícil aceitar.

— Não acho que adianta ficar discutindo de quem é a culpa agora que tudo já aconteceu. Vamos aproveitar que tudo terminou bem. — Jimin cortou aquele clima estranho que ficou de repente, enquanto Taehyung engolia algumas lágrimas que ameaçavam cair. Ele não queria chorar, queria se fazer de forte e estar ali para os outros.

— O que aconteceu com o Bogum? — Hoseok desviou o olhar de Jisoo e se focou em Jimin, abrindo um sorriso fofo novamente.

— Jeongguk atirou na bunda dele, mas infelizmente o cretino ainda está vivo. Assim que tiver alta vai para a cadeia.

— Ao menos vai ficar sem andar direito por um bom tempo — falou Hoseok.

— E sem sexo também — completou Taehyung.

Jimin, Hoseok e Jisoo o olharam sem entender absolutamente nada.

— O que foi? Ele preferia, ué — deu de ombros.

— Não acredito!

Hoseok não se conteve e começou a rir de forma exagerada enquanto os outros não entendiam qual tinha sido a graça da situação. De repente, em meio à risada, ele levou a mão na barriga, mais precisamente em cima do ferimento e, enquanto tentava parar de rir e controlar a respiração, ele apertava o pulso do Kim com a mão.

— Para de rir, Hobi! Seus pontos vão abrir! — Taehyung empurrou os ombros do amigo fazendo-o se deitar e relaxar um pouco, mas ele ainda ria em demasia.

— D-desculpa. — Hoseok finalmente conseguiu se controlar e respirou fundo, tentando não voltar a rir e assustar todo mundo. — É só que eu me lembrei de uma frase que uma amiga da faculdade fala com frequência.

— Qual? — perguntaram em conjunto.

— Que um passivo sem dar a bunda, é um inútil. Embora ele possa usar a boca, os dedos e tal, mas se o que ele gostava mesmo era de ficar por baixo…

— Céus, Hobi! — Taehyung o abraçou, talvez um pouco mais aliviado que o amigo realmente aparentava estar bem, sorrindo e sem muitas dores. — Você é um idiota, mas eu amo você.

Jimin também o abraçou e, por um momento, os três se sentiram no colegial novamente. Não era exatamente uma época que sentiam falta, mas foram muitos momentos juntos, desde descobertas, problemas, sofrimentos, alegrias, mudanças e, naturalmente, crescimento.

Era boa a sensação de nostalgia apenas por um abraço. Jisoo chegou a deixar um sorriso leve despontar em seus lábios, afinal antes de tudo acontecer — no caso, Bogum surtar e deixar a vida de todos eles de ponta cabeça —, eles eram exatamente daquela forma, unidos e sempre sorrindo.

— Eu também amo vocês — sussurrou.

— Isso tudo é muito fofo, mas nós também amamos vocês, ok? Só não podemos nos levantar e ir até aí — Seokjin resmungou do outro lado do quarto e os três começaram a rir. Afinal, quem não queria aquele tipo de amizade para si? Eram como uma família e estavam sempre lá um pelo outro não importava o que acontecesse.

Jimin foi o primeiro a se soltar do abraço, retornando ao lado de Yoongi que fazia algumas caretas tentando se ajeitar melhor na cama desconfortável. Jisoo tornou a se sentar na poltrona do outro lado, ciente que a que estava ao lado de Hoseok seria do Kim.

— E onde está o Jeongguk? — Hoseok questionou ao verificar que faltava apenas ele. Por um segundo ele temeu que algo ruim tivesse acontecido, mas conhecendo Taehyung ele sabia que se esse fosse o caso, o garoto sequer estaria ali, de pé.

— Tudo o que sabemos é que, assim como você, ele foi liberado e logo deve vir para cá — murmurou desconfortável.

— Relaxa, Tae. Tenho certeza de que ele está bem!

Taehyung suspirou e se sentou na poltrona ao lado da cama de Hoseok. Era a primeira vez que os amigos o viam sentando desde que começara a reclamar da demora. Talvez ver Hoseok ali, bem e alegre, o tenha relaxado de alguma forma a ponto de poder ao menos se sentar e parar de, de certa forma, levar os outros à loucura junto consigo.

Entretanto isso não o impediu de olhar para o maldito do relógio fazendo tique taque — ainda mais alto do que antes se isso fosse possível —, quando o silêncio preencheu novamente o ambiente.

Estavam todos cansados, isso era evidente e, por mais que Taehyung se recusasse a descansar, estar sentado e imerso naquela espera começava a lhe pesar as pálpebras. Contudo, quando estava prestes a cochilar, a porta do quarto se abriu novamente.

A doutora Jung entrou e abriu mais a porta para dar mais espaço ao que claramente era uma cama com, finalmente, Jeongguk nela.

— Pronto! — Ela fechou a porta enquanto os enfermeiros ajeitavam a cama ao lado de Hoseok, tendo apenas a poltrona que Taehyung estava sentado entre eles. — Agora que todos vocês estão aqui eu preciso passar algumas instruções.

Taehyung queria simplesmente pular em cima da médica e jogá-la pela janela. Por que diabos precisava ser justo na hora que trouxeram Jeongguk para o quarto? Parecia que as pessoas naquele hospital gostavam de vê-lo sofrer, pois era uma espera interminável até mesmo quando o Jeon estava ali, do seu lado.

— Que instruções? — Jimin se levantou da cama de Yoongi — que mesmo que todos os enfermeiros passassem e lhe dissessem para sair dali, ele não o fez —, e caminhou para mais perto da médica, como se aquilo o fizesse prestar mais atenção, mesmo que o quarto estivesse sem qualquer tipo de ruído ou algo que o impedisse de entendê-la.

— Primeiro: nada de deitar nas camas dos pacientes, entendido? Eles precisam de espaço para se recuperar e, também, não pegar nenhuma infecção. — A doutora lhe lançou um olhar de censura e tudo que Jimin fez foi dar de ombros, pouco se importando, pois ele não sairia da cama do namorado nem por um decreto. — Segundo: nada de esforços, principalmente os pacientes Yoongi, Hoseok e Jeongguk. São os que mais precisam tomar cuidado com os pontos que podem abrir, portanto chamem os enfermeiros antes de qualquer coisa, entendido? Nada de querer ir ao banheiro sozinho ou até mesmo se levantar sem ajuda.

— Certo.

Todos assentiram, exceto Taehyung que parecia hipnotizado com o fato de que Jeongguk estava ali e sequer podia tocá-lo porque a médica — que antes ele até gostava, mas agora passava a odiar por enrolar tanto e ter aparecido na hora mais inconveniente para falar algo que todos já estavam carecas de saber e que, inclusive, parecia até que tinha aprendido com Hoseok e Jimin a aparecer nos lugares quando menos deveria — estava matracando. E também pelo fato de que ele queria pular no namorado e com certeza seria repreendido por isso.

— Mais uma coisa — disse, aproximando-se da cama de Jeongguk e olhando-o com atenção, quase como se fosse lhe passar um sermão, mas basicamente repetindo tudo que havia dito anteriormente em alto e bom som. — Jeongguk-ssi, em hipótese alguma você pode forçar os braços, ok? Já devem ter lhe instruído isso, mas é bom reforçar ou do contrário sua recuperação será mais demorada.

— O que houve? — perguntou Taehyung, o tom preocupado e os olhos curiosos fixos no mais novo.

Jeongguk assentiu para a médica e desviou o olhar para o namorado, queria tantas coisas naquele momento, mas principalmente abraçá-lo, tocá-lo, beijá-lo…

Malditos braços imobilizados!

— O ombro direito é o deslocado por causa do disparo da arma de fogo e logo, se ele mantiver a imobilização e não atrapalhar o processo de cura, já estará bom — esclareceu rapidamente. — Contudo, o ombro esquerdo foi o atingido pelo tiro e, se não bastasse, o ferimento estava cheio de cacos de vidro em volta, por isso a quantidade de pontos recebida foi maior. Provavelmente deixará uma cicatriz.

— C-cicatriz? — Taehyung engoliu em seco e Jeongguk o olhou com tristeza. Sabia muito bem o que aquela palavra significava. Todos ali sabiam.

— Tae… — Sua voz saiu em um sussurro, mas o outro o olhava tão fixo que com certeza viu o movimento de seus lábios.

— Eu… eu ‘tô bem — sorriu fraco. — É sério!

— Não se preocupem com a cicatriz. Depois, com calma, eu indicarei uma pomada que pode ser passada no local a fim de diminuí-la. — A médica, por sua vez, pareceu não notar a mudança de clima quando aquela simples palavra foi pronunciada, fazendo o Kim gaguejar. Na verdade, ela sequer parecia notar o quanto os dois se olhavam intensamente esperando pelo momento certo de estarem juntos, enquanto ela continuava ali falando e falando.

— Quantos pontos ele levou? — Hoseok perguntou de repente e a médica desviou a atenção para a cama ao lado.

— Dezesseis pontos.

— D-dezesseis? — Taehyung só sabia gaguejar e Jeongguk só sabia lhe olhar com preocupação, querendo esticar a mão até, mas impossibilitado de tal ato.

— Sim. — A doutora olhou para Taehyung, preocupada. — Você está se sentindo bem? Está pálido e com a voz embargada.

Aproximou-se para examiná-lo melhor, mas Taehyung apenas se afastou dela, um pouco mais brusco do que gostaria.

— E-estou ótimo! — pigarreou. Respirou fundo e tentou não se importar com aquilo agora; não podia ceder a sua mente e aos seus problemas do passado, pois ser forte, nesse momento, era a sua obrigação. Jeongguk precisava dele; os outros precisavam dele.

— Tem cert-

— Tem mais alguma instrução, doutora Jung? — Jeongguk a interrompeu antes que a situação piorasse e eles precisassem colocar mais uma cama ali naquele quarto, e aí seriam seis acamados e um Jimin desesperado tentando cuidar de todos.

Taehyung havia mudado, ele sabia bem disso, mas certas coisas ainda mexeriam com o mais velho e, quanto menos tocassem no assunto, melhor.

— Não. Já passei tudo o que eu precisava. Vou deixá-los para o final de reencontro, mas sem exaltar os ânimos. Eu volto mais tarde para conferir como estão — disse, direcionando um sorriso gentil exclusivamente para o Kim.

Talvez fosse por notar como o outro estava apreensivo olhando para Jeongguk, desesperado para saber cada pormenor e, se possível, até virá-lo de ponta cabeça para ter certeza de que tudo estava no devido lugar.

Entre as últimas palavras da médica e a porta do quarto se fechando, os segundos que se passaram pareceram se arrastar em uma lentidão excessiva. Todavia, assim que o ambiente voltou ao normal, notaram que ninguém fazia ideia de como proceder a seguir, principalmente Taehyung que apenas piscava e não sabia se levantava, se perguntava algo, se chorava ou se não fazia absolutamente nada.

— Eu não posso ir até você, então… Bom, se ficar aí sentado apenas me olhando nós passaremos o dia todo assim. — O tom de Jeongguk não era ríspido, pelo contrário, soava irritado e preocupado. O modo como cortou o silêncio entre eles foi semelhante a como Hoseok havia feito anteriormente, pois pelo visto os que estavam bem fisicamente pareciam mais afetados que os que estavam ali, na cama, ferrados.

— N-não… — Taehyung se levantou e tudo parecia em câmera lenta de repente. Sequer se assemelhava ao garoto agitado de tempos atrás; parecia receoso que se encostasse em Jeongguk ele fosse sumir, embora soubesse que ele estava de fato ali, na sua frente, o olhando intensamente e com uma expressão impaciente. — Como você está?

Muito irritado! — Jeongguk franziu o cenho e Taehyung pendeu a cabeça para o lado, tentando entender de onde vinha todo aquele mau humor não costumeiro. — Eu não consigo mexer meus braços e isso está me matando! E olha que estou acordado não tem nem duas horas! Agora imagina ficar desse jeito por vai saber quanto tempo?

E, assim, Jeongguk disparou a reclamar e fazer caretas involuntárias, enquanto os demais apenas ouviam em silêncio. Parecia uma espécie de desabafo reprimido em seu peito, não só por não poder mover seus braços, mas por tudo que havia acontecido e ele tinha, de certo modo, aguentado calado até então.  

E apenas quando Jeongguk finalmente parou de falar — e não porque havia parado com suas indignações, mas sim para recuperar o fôlego —, foi que ele notou o olhar de todos em si, confusos.

— Eu pretendia um reencontro fofo, mas você parece muito bem. É o mesmo Jeongguk irritante de sempre — brincou Taehyung.

O fato de ouvir Jeongguk matracar sem parar como se estivesse perfeitamente bem — exceto pela falta de mobilidade — o fizera, de certa forma, relaxar um pouco e respirar aliviado.

— Tae! — Jeongguk desencostou o corpo do travesseiro, com um pouco de dificuldade, olhando-o indignado. — Eu não consigo nem te tocar, isso vai me deixar maluco!

— Olha lá, o outro nem acordou direito e já está pensando em pegação — brincou Jimin.

— Ah sim, por acaso sou eu que estou grudado no meu namorado como se fosse um polvo desesperado por toques? — Jeongguk retrucou e Jimin lhe direcionou uma careta, mas logo desviou o olhar para o Min para ter certeza que não estava passando dos limites. — O Yoongi não consegue nem respirar!

— Sinto muito, Jeongguk, mas mesmo que seja possível vocês se pegarem, eu quero dizer que meus olhos não precisam presenciar tal cena, portanto se contenha — Hoseok provocou e se ajeitou melhor na cama, deixando um sorriso brincalhão adornar seus lábios.

— O que vocês pensam que nós somos? Um casal que vive se pegando e mais nada? Existem momentos fofos entre nós, sabiam? — Taehyung os olhou com certa indignação, mesmo que soubesse a resposta que viria a seguir.

— Vocês são exatamente isso — responderam juntos.

— Aish! — Jeongguk se jogou novamente no travesseiro, cansado daquela posição sem apoio algum por causa dos malditos braços. — De quem foi essa ideia de todos ficarem no mesmo quarto?

— Culpa o pai do Namjoon que achou que isso era uma boa ideia — Seokjin esclareceu. Não que se importasse em estar ali, com eles, mas que seria muito melhor uma privacidade, só ele e Namjoon, isso seria.

— Péssima ideia… péssima ideia! — resmungou.

— O que você acha que eu faria com você em um quarto sozinho, Jeongguk?

— Não sei — revirou os olhos —, mas talvez estivesse deitado nessa maldita cama desconfortável comigo ao invés de estar aí de pé me olhando?

— Sempre tão impaciente e irritante…

Jeongguk o olhou incrédulo novamente. Sua irritação se dava por muitos motivos, mas o principal é que ele realmente queria tocá-lo e não era maliciando o gesto nem nada, era apenas sentir sua pele de encontro com seus dedos, sentir seu cheiro e os beijos. Todavia, findar a distância era impossível e, mesmo que ele não amasse contato físico, com o Kim ele se sentia carente dos toques com pouquíssimo tempo distantes.

— Então… — Jimin os interrompeu e só ali eles repararam que ele realmente não se importava em desobedecer às regras de não se deitar ao lado do paciente. — Você, Tae, parecia uma pilha de nervos à beira de um ataque cardíaco minutos atrás, quase matando todos nós do coração por causa dessa peste que só soube reclamar e, agora que pode agarrá-lo, vai ficar aí um cutucando o outro verbalmente?

— Jiminnie! — repreendeu, olhando-o atônito. Sequer sabia o motivo de repreender o amigo sobre revelar o seu estado anterior. Estava estampado na sua cara o quanto ele estava preocupado com Jeongguk, mesmo que este tenha claramente acordado de mau humor após a cirurgia e estava reclamando sem parar, mas que aparentemente já estava mais calmo e melhor acomodado em seu lugar.

— Desculpa — murmurou Jeongguk.

— Olha só, tentem ser normais ao menos uma vez nesse relacionamento. — Seokjin raramente soava irritado, mas ele estava cansado de esperar os dois mais novos. — Eu não fiquei vendo você, Kim Taehyung, andar de um lado para o outro por horas e reclamar constantemente do barulho do relógio para, assim que Jeon Jeongguk, esse pirralho indelicado e que só soube reclamar até agora, entrasse nesse quarto, vocês ficassem com essa palhaçada na nossa frente. Parem de frescura e se beijem logo.

Tae — Jeongguk sussurrou e acabou saindo tão baixo que se o namorado não estivesse ali, ao seu lado, provavelmente não teria ouvido.

Taehyung se aproximou mais e mais da cama, encarando aqueles olhos negros que ele tanto sentia falta. O pouco de provocação fazia parte deles, mas o que ele realmente queria era só cuidar do mais novo do mesmo modo que fora cuidado dias atrás, antes dessa confusão toda acontecer.

— Hm?

— Eu não posso te puxar para mais perto — murmurou um tanto quanto frustrado, fazendo um biquinho fofo.

Taehyung sorriu e com cuidado empurrou o corpo de Jeongguk mais para o lado. Quando a cama ganhou um pequeno espaço livre para que o mais velho ali se sentasse e se aproximasse do outro, ele o fez.

Olhar para o Jeon daquela forma, meio frágil e emburrado, era quase como pedir para olhar alguém que se Taehyung tocasse, sumiria. Sentia a hesitação nas pontas dos dedos, com medo de machucá-lo ou fazer alguma besteira, mas tudo o que desejava era se aproximar mais. Então, pegou a mão esquerda de Jeongguk na sua de maneira sutil e acariciou a palma com o polegar gentilmente.

— Dói muito?

— Não mais, até porque aumentaram a dose do remédio, mas incomoda bastante.

— Jeongguk, eu…

— Não, nem começa. — Jeongguk apertou a mão alheia que ainda acariciava gentilmente sua palma, fazendo Taehyung o olhar. Estavam tão perto e ao mesmo tempo tão longe; aquele pequeno espaço que ainda existia entre eles soava errado demais. — Não é sua culpa e eu tenho certeza que todo mundo aqui já te disse isso. Tira isso da sua cabeça, aproveita que acabou e que você precisa cuidar de um namorado que não consegue mexer os braços direito e vai reclamar disso até voltar ao normal para manter sua mente ocupada.

— Mas- — Taehyung mordeu o lábio inferior e finalmente findou o resto do espaço entre eles. Notava nos olhos do outro que não adiantava nada ficar batendo naquela tecla de quem era o culpado ou não, pois assim como Jimin e Hoseok lhe disseram, a situação já havia acabado e apontar dedos não resolveria nada, muito menos tiraria eles do hospital. — Eu fiquei com medo de te perder e perder os outros tam-

— Mas não perdeu. — Jeongguk sorriu gentil e Taehyung se aproximou ainda mais, encostando sua testa na alheia, encarando-o ainda mais de perto, sendo possível ver absolutamente cada pormenor que o rosto do mais novo tinha. Estava pálido, com pequenos cortes, mas seus olhos de um negrume intenso brilhavam tanto ao olhá-lo que Taehyung perdeu a fala por alguns instantes. — Eles estão aqui… Eu estou aqui e nós não vamos a lugar nenhum sem você.

— Eu realmente amo você — sussurrou.

— Eu também te amo, Tae — sussurrou de volta e fechou os olhos lentamente ao sentir a pontinha do nariz de Taehyung em sua bochecha; era sutil e tão rápido quanto o momento aconteceu, ele se foi. Logo ele sentiu os lábios alheios encostando-se ao seu em um selar casto e que os permitiu ficar daquele jeito por longos segundos, apenas sentindo um ao outro.

A destra se soltou da mão alheia apenas para ir de encontro aos fios escuros da nuca do mais novo, acariciando o local. Jeongguk logo deixou sua boca entreaberta, arrepiando-se com o contato dos dígitos do Kim contra a sua pele e, consequentemente permitindo que ele o beijasse. Taehyung iniciou um beijo calmo e suave, completamente diferente do jeito afoito e cheio de vontade que quase sempre eram os ósculos trocados por eles. Gostava de sentir a língua do mais novo contra a sua, sem pressa, se deliciando de cada mínimo detalhe e aproveitando bem a boca um do outro.

O ósculo foi cortado lentamente, mas o Kim se recusou a se afastar. Ficar ali olhando as feições alheias era tudo o que ele queria fazer no momento. Decorar cada mínimo detalhe como se nunca mais fosse o ver novamente era o seu pensamento no momento. Não que ele achasse que Jeongguk fosse sumir ou deixá-lo, mas porque sentia uma necessidade estranha dentro do peito de ter sempre aquele rosto que tanto gostava bem detalhado em sua mente a fim de nunca esquecê-lo.

Jeongguk abriu os olhos e deu um largo sorriso para o Kim. Se ele fosse fazer uma pequena linha do tempo em sua mente, ele notaria facilmente que seu mundo havia virado de ponta cabeça desde que conhecera Taehyung. A briga entre os amigos, o namoro falso, a reconciliação, a revelação e a descoberta dos sentimentos deles um pelo outro fora algo que se fosse contado para o Jeon do passado, ele jamais acreditaria.

Todavia, hoje, deitado naquela cama de hospital ridícula e olhando os olhinhos castanhos do mais velho, ele percebeu que não mudaria absolutamente nada desde o dia em que se viram pela primeira vez. De alguma forma cada mínimo detalhe foi importante para o crescimento dos dois, para o modo como eles eram hoje e, inclusive, para como eles serão dali para frente.

Estar na presença de Taehyung era um verdadeiro turbilhão de emoções e ele tinha plena consciência disso, mas mais do que isso, tinha certeza que apenas um louco seria capaz de machucar ou abandonar uma pessoa com um coração tão puro, um olhar tão gentil e um sorriso encantador como o que recebia agora. Se Jeongguk pudesse, diria ao mundo todo como as coisas estavam melhores desde que o mais velho entrou em sua vida.

Ele só esperava que quando saíssem dali, tudo finalmente estivesse em seu lugar.


Notas Finais


Relevem os erros. Eu resolvi revisar e de 5k eu levei o cap pra 7k, portanto revisar não é meu forte.

Para quem não viu, postei uma pwp recentemente: https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-bangtan-boys-bts-love-sex-and-wedding-5794947

Não esqueçam de acompanhar o nosso projeto @tkwishes e olhar o fc no twitter ^^

Obs: Rafa, minha surpresa para você está nesse capítulo, espero que você a encontre <3

É isso amores, espero que tenham gostado. Comentários são sempre bem vindos~
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Beijos!


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