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História Stand by You - Love and friendship


Escrita por: chadaescrita

Notas do Autor


ALÔ POVO~
Trouxe o penúltimo capítulo de SBY. Vou tentar trazer o último antes de completar um mês, eu juro.
Segue 10k de lemon flex - que eu enrolei pra caralho e aí saiu isso -, umas bizarrices aí e um finalzinho importante.
Enfim. Nem acredito que isso aqui está quase terminando T___T
Obrigada pelos comentários e por 600+ favoritos!
Aproveitem a leitura ~

Capítulo 19 - Love and friendship


Fanfic / Fanfiction Stand by You - Love and friendship

Quando todos os meninos receberam alta do hospital, o pai de Namjoon fez questão de mandar um avião particular buscá-los em Jeju apenas para que tivessem mais conforto. Jeongguk e Hoseok estavam consideravelmente mais fracos que os demais mesmo após o repouso. Ninguém protestou aquilo, nem o próprio Namjoon.

Tudo o que eles queriam era retornar para seus respectivos apartamentos e se aproveitar do atestado médico — Jimin e Taehyung eram os únicos que fisicamente estavam bem. De maneira geral, Seokjin e Namjoon também estavam fisicamente dispostos, mas ninguém precisava saber daquilo.

Bogum estava na cadeia e ninguém queria ouvir falar no nome do demônio outra vez, exceto Jimin que possuía um conhecido na polícia que vez ou outra lhe trazia informações de como estava à vida do encosto preso. Aparentemente ele arranjava briga com todo mundo que queria se aproximar de si, mas nem sempre conseguia fugir das provocações — era louco, mas não era dois. De qualquer forma, ninguém se importava com o que acontecia com ele desde que estivesse preso e longe de todos.

Dias se passaram desde o retorno a Seul e com a retomada de suas atividades as coisas finalmente pareciam estar entrando nos eixos novamente. Mesmo perdendo muita coisa na faculdade — e no colégio, no caso de Jeongguk —, eles não estavam tão preocupados, pois mesmo sem saber como, todo mundo ficou sabendo do acontecido em Jeju, resultando em vários colegas — daqueles que dizem ser seu amigo, mas só aparecem quando querem pegar uns minutinhos de fama — surgindo oferecendo cadernos para cópia e até mesmo para colocar o nome no trabalho. Parecia até cena de anime de tão surreal que era; e é claro que eles se aproveitaram disso.

E apesar de todos alegarem estar bem, o pai de Namjoon fez questão de indicar o melhor psicólogo para todos eles e os obrigou a frequentá-lo. No fundo estava fazendo bem para todos, pois o trauma fora em níveis distintos para cada um, sendo Taehyung e Jimin os mais afetados psicologicamente. Jeongguk era o menos empolgado com as sessões, principalmente por sua vontade quase nula de conversar com um desconhecido, mas fora mesmo assim por insistência do Kim. Os demais não eram de comentar muito do que estavam achando, todavia ninguém reclamou quando lhes foi oferecido ajuda. Enfim, um dia de cada vez para eles se recuperarem.

 

Taehyung mal tinha retornado às aulas — as provas sequer estavam próximas — e já se sentia extremamente desgastado e desejando férias novamente. Talvez fosse o fato de que ele ainda se preocupava com Jeongguk, mesmo que o mais novo já estivesse visivelmente melhor a ponto até de retornar às aulas, às vezes reclamando da dor no ombro esquerdo — em partes era manha e resmungos —, e também do quanto às pessoas em sua sala só sabiam encher o seu saco. Não estava muito disposto para conversar com ninguém, mas acabava sendo amigável com todo mundo já que eles foram gentis consigo quando ele precisou faltar uma quantidade considerável de aulas após o retorno deles a Seul.

De qualquer forma, Jeongguk estava bem, mas ainda tinha uma pequena dificuldade em erguer o braço esquerdo para trocar a blusa. Com isso, muitas vezes ele resmungava pelos cantos do apartamento o quanto aquilo era irritante e o quanto não aguentava mais ser um inútil que sequer conseguia tirar as próprias roupas sem se atrapalhar. Era um exagero gigantesco por parte do mais novo, mas Taehyung até que achava muito fofo o modo como ele se importava em não atrapalhá-lo — havia dedicado muito de seu tempo cuidando dele no retorno dos dois, mas não se importava, pelo contrário, gostava de mimá-lo.

Enfim. Era sábado e sua aula extra havia acabado, portanto ele poderia voltar para sua casa e ficar com Jeongguk o restante do dia sem se importar em ser perturbado. Imaginava que os meninos possuíssem planos para o dia de hoje já que era o primeiro final de semana que todos pareciam estar desocupados. Entretanto, o Kim só queria descansar e sair da cama na segunda-feira de manhã implorando por mais cinco minutos.

E quando ele dizia cama, referia-se a de Jeongguk, cujo colchão macio ele passou a adotar como seu lugar favorito desde que retornaram. Passava mais tempo no apartamento do mais novo do que no seu próprio, principalmente após descobrir que o apartamento dele era um pouquinho maior que o seu e, inclusive, possuía uma banheira — o que era uma tremenda sacanagem ele usufruir sozinho. Além disso, fora um choque para si no início, pois ele acreditava piamente que todos os apartamentos ali eram do mesmo tamanho — minúsculos igual ao seu — e sem espaço suficiente para algo tão grande.

Eles moravam praticamente juntos considerando que Taehyung só desgrudava de Jeongguk para serviços essenciais e feitos de forma individual — e a recíproca era verdadeira, similar àqueles casais irritantemente apaixonados. Portanto não havia sequer necessidade de tocar a campainha ou algo do tipo; o Jeon já havia lhe dado a chave reserva do apartamento para caso precisasse — o que veio bem a calhar.

— Jeongguk?

— Aqui — murmurou.

Taehyung abriu a porta procurando pelo namorado e assim que entrou na sala parou no mesmo instante diante da cena bizarra que seus olhos presenciavam. Ele queria rir, mas sabia que seria xingado, portanto apenas pressionou os lábios e disfarçou sua vontade.

O moreno estava com um braço enroscado para cima na camiseta que ele claramente tentava tirar sozinho e sua cabeça tentava passar pela gola — o que não ocorreu com sucesso. Não que ele fosse incapacitado disso, só que determinadas blusas eram mais complicadas do que outras e seria cômico se não fosse trágico — do ponto de vista de Jeongguk, claro, porque para Taehyung aquilo era deveras divertido.

— O que diabos você está fazendo? — indagou, colocando a mão na boca para conter o riso que insistia em querer sair.

— Tentando tirar a minha blusa? — respondeu irritado e abafado.

Taehyung questionava-se de como Jeongguk ainda conseguia respirar.

— E não me esperou por qual motivo? — Taehyung sabia que ele estava cansado de depender de sua ajuda para se trocar quando sentia seu ombro esquerdo doer, principalmente com essas blusas mais justas que é difícil até para passar a cabeça, que dirá os braços para alguém que ainda sente dor. Custava Jeongguk esperar ele voltar como fazia nos outros dias?

Teimoso demais.

— Eu queria tomar banho, oras — deu de ombros.

— Quanto tempo você está nessa posição, Jeongguk? — Quanto mais ele se mexia, mais embolado ficava; era uma verdadeira bagunça. Taehyung se lembrou automaticamente da época em que era uma criança e sua mãe ainda lhe vestia ou tirava sua roupa para lhe dar banho. A situação era bem semelhante e era por isso que o Jeon se incomodava tanto com sua atual condição.

— Uns dez ou quinze minutos — murmurou tentando se mexer e ficando ainda mais irritado.

— Você é impossível! — Taehyung jogou sua mochila no chão e caminhou até Jeongguk sentado no sofá, esperando uma ajuda divina, pois se o Kim não aparecesse ele simplesmente ficaria ali tentando arrancar a camiseta a todo custo e provavelmente falhando miseravelmente.

— É chato demais depender de você o tempo todo quando eu estou praticamente bom! — bufou.

— Praticamente não significa totalmente. — Taehyung retornou a camiseta de volta ao corpo de Jeongguk antes de erguer com o mínimo cuidado seus braços e aí retirá-la. — Se você ainda sente dor não tem problema nenhum depender de mim. Não precisa ser tão orgulhoso.

— Não é orgulho — suspirou cansado. — É só que...

— Logo você estará bom de novo, então apenas aproveitei eu te mimar um pouquinho ok? — E, com isso, o Kim se inclinou selando os lábios alheios e o puxando pelo pulso em direção ao banheiro. — Além do mais, você cuidou de mim nas férias, por que não posso fazer o mesmo?

— Tudo bem. — Jeongguk se sentia frustrado, mas ele admitia que gostava do modo como estava sendo tratado porque era bom. Nunca fora assim em sua vida e Taehyung sempre transformava as coisas à sua volta em alguma espécie de novidade para si. Havia sim cuidado do mais velho nas férias como se ele fosse a pessoa mais forte do universo — mesmo não sendo — e por isso se sentia meio inútil daquela forma.

Ao entrarem no pequeno banheiro de azulejos brancos e sem muita decoração — porque Jeongguk tendia a ser uma pessoa bem prática e que não se importava com pormenores —, Taehyung abriu a torneira, ajustando a temperatura para algo agradável — que não danificasse a pele do mais novo — e a deixou encher. Sentou-se na tampa do vaso sanitário e puxou Jeongguk para o seu colo enquanto esperava a água completar o nível necessário.

— Quer que eu entre com você? — sussurrou rente a orelha de Jeongguk.

— Quero — respondeu baixinho.

Era tão fácil se arrepiar com os toques e a voz mais grave de Taehyung. Ele conseguia ir de momentos extremamente sexys para momentos fofos — e o contrário também — em questão de segundos, e Jeongguk se perguntava como alguém conseguia ser daquela forma. Era sempre uma montanha russa de caras e bocas, trejeitos, sensações. Era maravilhoso sentir o frio na barriga ao estar ao seu lado e ao mesmo tempo irritante se sentir tão afetado.

— Você precisa relaxar um pouco, amor. Desde que voltamos de lá você parece um poço de tensão e nem tem mais motivos para isso.

— Eu sei. — Jeongguk se remexeu no colo de Taehyung e se virou para encará-lo. — Eu só não quero que você se machuque de novo e-

— Eu ‘tô bem, Jeongguk, de verdade. Não precisa se preocupar mais com isso e mesmo se eu não estivesse assim tão bem ou uma recaída acontecesse, eu tenho ajuda médica e tenho você, não tenho? — Taehyung apertou a cintura do mais novo e sorriu gentil.

Jeongguk encostou seu queixo na cabeça de Taehyung e o abraçou meio desajeitado. Gostava do cheiro do mais velho, gostava de tudo nele e se perguntava quando foi que mudou tanto dessa forma — ou talvez sempre fora assim, apenas não tivera esse seu lado desperto antes — a ponto de querer apenas cuidar e ser cuidado, algo que ele nunca imaginou outrora.

Afastou-se apenas para olhá-lo, sem motivo aparente, simplesmente porque gostava de contemplar o que era bonito e Taehyung era mais do que isso, era lindo e tão fofo.

Viu as feições do mais velho ganharem um sorriso bobo e no mesmo instante sentiu seu queixo sendo puxado pela destra alheia em sua direção. Taehyung selou os lábios do Jeon e o beijo suave, mexendo-os inicialmente antes de deixar sua língua deslizar para o interior alheio, explorando algo que já conhecia tão bem. Encostaram-se uma na outra e aquilo só intensificou mais a vontade, fazendo o mais velho deslizar sua destra até a nuca de Jeongguk e o puxá-lo mais para si, aprofundando com vontade o que já estava bom.

Beijar das mais variadas formas havia virado uma constante na vida dos dois e aos poucos eles foram conhecendo o corpo alheio bem o suficiente para saber se podiam ou não continuar com o ósculo. Às vezes nenhum dos dois queria interromper aquilo e respirar virava algo em segundo plano, afastando-se minimamente apenas para recuperar o fôlego antes de retornar ao beijo regado de saliva e mordiscadas nos lábios um do outro.

Taehyung prendeu o lábio inferior de Jeongguk entre seus dentes e encostou sua testa na dele. O peito do mais novo subindo e descendo, a respiração ofegante dos dois preenchendo o ambiente entre eles. Os lábios inchados e completamente sensíveis pelo ósculo trocado só deixavam a boca um do outro ainda mais convidativa. O Kim mordeu o cantinho de seu lábio inferior involuntariamente, pensando no quanto os lábios de textura de pêssego do Jeon agora estavam bem mais vermelhos e molhados, entreabertos apenas esperando outra reivindicação de sua parte — ou não.

— Acho que a banheira já encheu! — Jeongguk sorriu sacana quando viu a intenção de Taehyung e se afastou, ganhando um chiado como resposta após se levantar de seu colo.

— Você faz de propósito — resmungou baixinho.

Jeongguk riu soprado e fechou a torneira da banheira. Terminou de tirar suas roupas enquanto sentia o olhar atento do mais velho em si. Cada mínimo pedaço de pele exposta era observada por Taehyung. Não tinha malícia — embora o desejasse sempre —, era apenas sua vontade em admirá-lo do jeito que ele era, pedacinho por pedacinho. Gostava de apreciar os traços alheios e de como o achava fofo e bonito da forma que fosse.

O Jeon entrou na banheira e suspirou ao sentir a água quente em contato com a epiderme. Era tão reconfortante poder tomar um banho mais demorado daquela forma e depois dali apenas se aconchegar na cama e dormir.

Antes do Kim ele não usufruía da banheira — apenas em casos raros — por não ver necessidade de ficar naquele local até a água esfriar. No entanto, quando se estava acompanhado — muito bem, diga-se de passagem —, tornava-se extremamente difícil não querer ficar ali por quanto tempo fosse. E, ainda, os finais de semana acabaram por ser os seus favoritos, pois era quando tudo se transformava em uma boa distração.

— Você não vem? — questionou ao ver que Taehyung sequer saiu do lugar, mas permanecia com o olhar fixo em si. Tão intenso e com um sorriso bobo despontando em seus lábios.

— S-sim — gaguejou. Era muito fácil se perder quando olhava para Jeongguk daquela forma e nunca saberia explicar os motivos que o levavam a olhá-lo como se estivesse vendo o mesmo garoto fechado daquela rampa de meses atrás. Não era exatamente o mesmo e sabia muito bem disso, mas ainda via os traços de provocação, o modo como ele o olhava tão intenso e com um sorriso de canto que faziam a pele do Kim formigar.

Taehyung retirou suas roupas, jogando-as em qualquer lugar e se sentou na banheira, derrubando um pouco da água quente para fora; não conseguia se importar com a bagunça que estava causando no banheiro alheio e nem quem seria obrigado a enxugar aquilo depois. Jeongguk estava um pouco mais afastado de si para que ele pudesse entrar, mas não hesitou em vir até o mais velho quando este o chamou apenas esticando a sua mão. O Jeon se aconchegou no meio de suas pernas, apoiando suas costas de maneira confortável no peito do Kim.

E ele sabia muito bem como Jeongguk estava se sentindo e tudo o que queria era aliviar a tensão alheia. Quando ele próprio se sentiu um peso no passado, o Jeon não hesitou em confortá-lo de todas as formas possíveis, portanto agora não seria diferente. Não gostava de vê-lo daquela forma e deixar aquele pensamento desnecessário fazer morada na mente do mais novo era inadmissível. Inclusive, soava bobo demais aquela preocupação diante de tudo que já passaram juntos. Assim, envolveu gentilmente o moreno em um abraço e deixou um beijo em sua bochecha, tão suave quanto eram seus toques.

— Me deixa cuidar de você, hm? — sussurrou, deixando alguns selares pelo pescoço de Jeongguk, fazendo-o estremecer com o contato repentino.

— Mas você já faz isso, Tae — murmurou, pendendo um pouco a cabeça para o lado conforme sentia os beijos do namorado fazendo seu caminho.

— Só hoje, eu quero que você relaxe ok? — Taehyung tocou a cicatriz de Jeongguk no ombro esquerdo com a ponta dos dedos. Aprendera a não se sentir mal com aquilo; não era sua culpa, haviam lhe ensinado isso e, por tal motivo, não queria que o outro se sentisse como se fosse culpado também, porque aquilo fora culpa de outra pessoa, não deles. O que ocorrera no passado ficaria lá e felizmente todos estavam vivos, bem, saudáveis e retomando o rumo das coisas.

Meses atrás o Kim jamais imaginaria que conheceria seu vizinho, muito menos que ele viria a ser seu namorado — fosse de mentira ou não — e que eles passariam por aquele turbilhão de coisas que foram as caóticas férias. No fundo, foram dias de altos e baixos que ele não consegue esquecer — e nem quer. O sofrimento serviu para fortalecê-lo e o modo como Jeongguk conquistou o seu espaço em seu coração fora crucial para que tudo o que o fazia sofrer ficasse para trás. Portanto, esses pensamentos inúteis deveriam ir embora e dar lugar apenas ao que era bom; e sendo honesto bom era estar ali, com ele, na banheira, na cama, no sofá, em qualquer lugar que eles pudessem ficar juntos.

Há quem diga que eles estavam ainda mais grudados e insuportáveis desde que retornaram de Jeju. Provocações ainda eram a principal característica dos dois — na frente de todos, principalmente. E talvez, só talvez, eles estivessem até um pouco mais necessitados de toques, beijos e carinhos — mais melosos e manhosos quando estavam sozinhos.

Jeongguk suspirou ao sentir as pontas dos dedos de Taehyung passeando pela sua pele com uma delicadeza sem fim. Tinha horas que ele achava que o mais velho ainda o via como uma pessoa prestes a quebrar, frágil por causa dos ferimentos. Todavia, ele havia notado que ser carinhoso também fazia parte das mil facetas que o Kim possuía dentro de si, e não seria ele a reclamar daquilo; era bom, se sentia amado das mais variadas formas.

Hyung — murmurou baixinho enquanto fechava os olhos. Chegava a ser engraçado como ele usava aquele tratamento apenas nos momentos mais íntimos, como se fosse algo só deles.

— Hm? — Taehyung começou a pressionar alguns pontos em específico pelas costas de Jeongguk. Era cuidadoso para não machucá-lo com a força exercida e, embora não fosse nenhum massagista, sabia como aquilo podia aliviar um pouco e era prazeroso.

Quem não gostava de uma massagem?

— Isso é bom… — Jeongguk arqueou mais as costas como se permitisse que o Kim tivesse mais acesso a cada centímetro de seu corpo.

— Eu sei — sussurrou.

Com isso, Taehyung arrastava os polegares do meio para as laterais das costas de Jeongguk, exercendo certa pressão e ganhando alguns gemidos baixos do mais novo. Não era nada similar aos conhecidos sons de prazer, mas era bom de qualquer forma e o mais velho passou a desejar que aquele momento não se acabasse tão cedo, apenas se prolongasse mais. Aquilo viraria outra coisa se ele não se focasse direito.

— Hm... — O último gemido baixinho tirou Taehyung de seu eixo em instantes. Ele era humano afinal e, bom, os gemidos de Jeongguk não o ajudavam em nada, fora o fato de estarem em uma banheira em uma posição um tanto quanto sugestiva. O clima podia ser ótimo apenas para relaxamento, mas não o impedia de imaginar o Jeon em seu colo.

Havia perdido o foco completamente.

— Assim fica difícil, Gukkie — resmungou ao sentir a fisgada em seu baixo ventre. Esticou sua mão até perto dos xampus e sabonetes, tateando em busca do pequeno tubo de lubrificante que havia deixado ali da última vez.

— Acho que eu não relaxei o suficiente, hyung. — Jeongguk foi um pouco mais para trás, praticamente colando os corpos dos dois e sentindo a ereção alheia se esfregar em sua cintura. Relaxou mais o seu corpo, afinal estava dentro de uma banheira e ali ele podia se soltar e ficar mais a vontade; deixaria que o mais velho guiasse seus movimentos.

Taehyung respirou fundo e puxou Jeongguk para se sentar em seu colo, acomodando-os da maneira mais confortável possível dentro daquele espaço que agora parecia um tanto quanto pequeno demais para o que pretendiam fazer, mas totalmente possível.

Assim, passou a beijá-lo cuidadosamente pelo pescoço, parando na pintinha adorável que ele possuía ali e mordiscando-a até a pele ficar levemente avermelhada. Os toques ainda eram sutis demais, diferentes da afobação comum de ambos e da absurda bagunça em que se transformavam quando estavam juntos.

— Você quer-

— Não. Assim está bom. — Jeongguk gostava quando o sexo entre eles era algo intenso, mas também gostava quando era algo mais apegado ao carinho e não se importava quando Taehyung assumia o controle, embora gostasse de tê-lo também. Então hoje, só hoje, ele faria exatamente como lhe foi pedido e relaxaria, sendo guiado e cuidado. — Só hoje, como você me pediu.

Taehyung sorriu diante da resposta. Nunca era só hoje, eles sabiam bem disso, mas o dia de amanhã era outro e o hoje deles seria daquela forma. Cuidar era algo constante no vocabulário deles desde que tiveram a primeira vez juntos.

— Ok — sussurrou e tornou a beijá-lo pelo pescoço descendo até o ombro, deslizando suas mãos pelos braços do Jeon até conseguir entrelaçar seus dedos nos alheios.

Os beijos logo se tornaram pequenas mordidas e os suspiros logo se transformaram em gemidos baixos que ecoavam naquele minúsculo recinto. Os sons os deixavam ainda mais extasiados daquele momento acontecendo tão devagar, quase em câmera lenta, que fez Jeongguk se remexer já demonstrando certa impaciência. Algumas coisas não mudariam nunca, independente do quão acostumado ele estava.

— Tae...

— Não seja tão impaciente, Jeongguk — sussurrou mordiscando sua orelha.

— Então não me torture tanto assim — resmungou.

Taehyung riu e soltou as mãos de Jeongguk, dedilhando suas costas até chegar em sua cintura. Resolveu, então, massagear um pouco as coxas alheias, apertando-as com gentileza e vez ou outra se aproximando do membro já desperto do mais novo, resvalando seus polegares entre seus testículos e o membro teso.

— Era para você ir… ir logo e não me torturar mais… Hm… — Sua reclamação saiu entre gemidos conforme os toques do Kim ficavam mais ousados. Seu polegar alcançou a glande do mais novo, espalhando o líquido pré-gozo já em abundância e vez ou outra bombeando-o apenas para o seu bel-prazer. Era maravilhoso ver o corpo de Jeongguk corresponder aos seus toques daquela forma.

— E perder a chance de ter você gemendo dessa forma? — riu soprado.

— Ridículo — balbuciou.

Taehyung retornou suas mãos à cintura de Jeongguk e deslizou a destra entre suas pernas, tocando com o indicador a entrada alheia. Pegou o lubrificante de outrora e despejou nos dedos, retornando novamente para a posição anterior. Penetrou o primeiro dedo e viu o mais novo arquear mais as costas enquanto se segurava nas bordas da banheira. A ardência era evidente, o desconforto se fazia presente e ele queria apenas encerrar logo tudo aquilo com o Kim lhe invadindo do modo correto.

O loiro tornou a beijá-lo pelo pescoço, subindo até seu maxilar e virando gentilmente o rosto de Jeongguk para iniciarem um ósculo calmo e profundo. Aquilo também servia como uma pequena distração para o segundo dedo inserido, fazendo o gemido do mais novo ser engolido pelo beijo e os dedos do moreno se agarrem mais a borda da banheira.

— Vai logo, hyung!

Shhh — Taehyung começou a bombear Jeongguk lentamente com a canhota enquanto inseria um terceiro dedo a fim de alargá-lo um pouco mais.

Os gemidos sôfregos eram perfeitos em meio à respiração pesada dos dois. A temperatura dos corpos era alta e eles nem conseguiam reclamar do fato de que a água agora já estava morna. Taehyung retirou seus dedos, colocando um pouco mais de lubrificante na mão apenas para espalhar em sua extensão. Então, puxou a cintura de Jeongguk para um ângulo melhor, encostando a glande em sua entrada e penetrando-o vagarosamente. Era aconchegante e um prazer enorme sentir a pressão que o interior do mais novo exercia ao redor de seu falo. Se pudesse ele ficaria ali, parado, apenas sentindo-o.

Jeongguk já estava um pouco mais relaxado e não parecia sentir tanta dor assim, já que logo consentiu que Taehyung se mexesse.

— Posso mesmo? — questionou receoso.

— S-sim — murmurou.

Taehyung pressionou o corpo de Jeongguk mais para baixo, entrando mais fundo nele e arrancando-lhe um gemido baixo.

Jeongguk permanecia apoiado nas bordas da banheira e resolveu se utilizar daquilo para subir e descer no colo de Taehyung. Não precisava fazer muito esforço a ponto de cansar seus braços, mas sentia perfeitamente bem o pênis do mais velho entrando e saindo.

Ganhava ajuda do Kim no vaivém que se tornara constante, em um ritmo que chegava a ser torturante para alguém tão impaciente quanto ele, mas que inundado com o prazer o fazia nem se importar, embora gostasse quando era mais rápido, bagunçado e desesperado. As mãos de Taehyung na cintura do Jeon faziam uma pressão maior a cada nova estocada, e ele arranhava a pele alheia com o prazer que sentia, fazendo os dois gemerem alto.

Quase não existia mais água naquela banheira devido aos movimentos e o banheiro estava um verdadeiro desastre. Mas quem sem importa?

— Assim… assim fica complicado… — Taehyung quase viu estrelas quando Jeongguk desceu uma última vez, com mais força que das demais, ganhando um gemido arrastado e rouco do mais novo que o arrepiou por inteiro.

— Então goza para mim, hyung — falou baixo, pendendo a cabeça para trás. Aquilo, porém, era o fim para o resto de sanidade ainda existente em Taehyung.

Taehyung passou suas mãos por debaixo das coxas de Jeongguk, ajeitando-o melhor e o fazendo apoiar os pés nas bordas da banheira, deixando-o ainda com mais acesso para arremeter como queria. Segurou na cintura do mais novo pressionando-o novamente para baixo e, assim, levando sua destra até o falo abandonado do outro.

— Continua assim, hm? — sussurrou contra a orelha do mais novo enquanto espalhava o líquido pré-seminal com o polegar antes de bombeá-lo com lentidão.

E foi o que Jeongguk fez. Era um pouco desconfortável daquela forma e ele precisava pegar impulso com o braço que não doía para conseguir se manter firme, arrancando gemidos altos do Kim do jeito que ele gostava. Era prazeroso demais ouvir seu nome sair trêmulo com a voz rouca de Taehyung; era prazeroso demais sentir a mão alheia envolvendo seu membro e o masturbando tão bem enquanto transavam. E aquele conjunto todo era tão, mas tão prazeroso que ele poderia ficar ali por muito mais tempo, ignorando totalmente qualquer desconforto e se focando apenas nas maravilhas que aquilo trazia ao seu corpo.

Era relaxante até demais.

— Hm… E-eu… — Jeongguk engoliu a própria frase, incapaz de completá-la quando sentiu seu corpo todo estremecer e logo vir na mão do namorado.

Taehyung logo levou suas mãos à cintura do mais novo e aumentou o ritmo das estocadas para logo se desmanchar dentro dele e deixar o corpo de Jeongguk cair em cima do seu. Orgasmo sempre os deixava em um torpor indescritível, fazendo-os permanecer daquela forma por longos minutos apenas se focando em cada sensação proporcionada por aquele momento.

— Céus, Gukkie, era para você relaxar! — disse ainda um pouco ofegante enquanto abraçava o corpo alheio em cima de si.

— E eu relaxei, mas não consegui tomar meu banho — riu.

— Podemos tentar de novo se quiser.

Jeongguk suspirou e saiu de cima do Kim. Virou-se ficando de frente para ele e se sentou em seu colo novamente, inclinando-se e aproximando seus lábios da boca de Taehyung, puxando seu lábio inferior entre seus dentes e sorrindo levemente, com um olhar cheio de malícia e um tanto travesso.

— Acho que o banho pode esperar mais uma vez — respondeu antes de beijar Taehyung de modo intenso, fazendo a língua dos dois se desejar ainda mais, pressionando seu corpo contra o do Kim em um pedido desesperado por mais.

Apenas beijá-lo nunca o saciaria por completo e sabia que era recíproco.

Era sempre assim entre os dois; nunca satisfeitos, sempre querendo mais um do outro, independente do cansaço ou de como estivessem física e mentalmente. Era simples, se pudessem estar juntos daquela forma mais íntima, satisfazendo um ao outro das mais variadas formas, então estava tudo bem.

Cortou o ósculo e se afastou um pouco, despejando lubrificante nas mãos e espalhando nelas antes de se encaixar entre as pernas do mais velho. Mordia o lábio inferior com um pouco mais de força enquanto olhava para Taehyung sempre tão bonito, com as madeixas coladas na testa e os lábios entreabertos o fitando tão intensamente.

Tão lindo.

— S-sim o seu banho pode- — Taehyung engoliu suas palavras quando sentiu o dedo de Jeongguk em sua entrada. Às vezes tudo o que ele queria era xingar o mais novo pela impaciência, mas não é como se ele não fosse igual algumas vezes.

— O que foi, hyung? — O sorriso de outrora se aumentou e se transformou em uma mescla de pura malícia e satisfação.

— N-nada! — Taehyung fechou os olhos, entregando-se aos toques alheios. No fundo de sua mente o bom e velho diabinho lhe dizia que deveria socar o namorado no meio do nariz pelo belíssimo filho da puta que ele era, mandando-o para o hospital novamente. Entretanto, como eles queriam distância daquele local asqueroso, preferiu se segurar e ignorar aquela vontade.

Jeongguk beijava o pescoço do Kim e o marcava com menos delicadeza do que ele havia feito consigo anteriormente. Gostava tanto daquela tez acobreada cheia de borrões coloridos que se tornara inevitável querer marcá-lo sempre que podia. Adorava transformá-lo em sua tela particular com tons de vermelho e roxo que só ele veria, que só ele saberia como foram feitos, por qual motivo foram feitos e o quanto cada um era especial.

— Só vai logo, Jeon- — Taehyung impediu-se de continuar falando quando o segundo dedo foi inserido, alargando-o. — Por favor, pula essa parte.

— Hm… — Jeongguk deixou alguns selares na clavícula do Kim antes de descer até seu mamilo direito e ali mordiscá-lo. Brincava com o mesmo passando a língua e sugando-o até sentir o bico rígido o suficiente. Era uma área tão sensível e que ele gostava de abusar simplesmente para ouvir os gemidos arrastados que Taehyung lhe dava enquanto ele intercalava entre um e outro.

Gukkie — suplicou. O tom começava a se tornar um pouco mais manhoso e o desespero já era mais do que evidente.

Jeongguk podia ser um poço de impaciência, mas tomava o seu tempo para provocar Taehyung o máximo que podia.

— Eu gosto quando você implora assim — sussurrou antes de atacar os lábios alheios com uma mordida leve que logo se transformou em um beijo bagunçado. No entanto, era diferente dos anteriores; havia se tornado algo esfomeado demais e sedento demais. Sua língua contra a alheia apenas implorava por mais daquela boca que se encaixava na sua tão bem e os fazia manter um ósculo em sincronia. — Mas ainda não…

Jeongguk se afastou sem tirar seus dedos do interior de Taehyung. O sexo lento e relaxante de outrora só o deixou mais excitado e isso significava que ele iria aproveitar do momento que eles tinham. A dor? Ele ignorava a todo custo, empurrando-a para o fundo de sua mente.

— O que- — Taehyung não aguentava mais interromper as próprias frases se surpreendendo com as ações de Jeongguk. — Merda!

Jeongguk se abaixou e tomou o falo alheio em sua canhota, passando a língua na glande em movimentos circulares. Desceu pela extensão, passando lentamente por cada veia saltada enquanto com a destra ele movimentava seus dedos no interior de Taehyung. Começou a bombeá-lo bem devagar espalhando mais o pré-gozo antes de abocanhá-lo com vontade.

Subia e descia chupando o membro do Kim, respirando pelo nariz até sua garganta estar relaxada o suficiente para enfiá-lo por inteiro dentro de sua boca. Mantinha seus dedos estocando o mais velho enquanto o chupava em um ritmo mais rápido, sempre mantendo com o seu olhar preso no do outro. Seu ritmo e sua respiração eram descompassados, claro, mas era bom tê-lo em suas mãos quando minutos atrás era ele que estava em situação similar — embora menos provocativo.

— Jeongguk! — Taehyung embrenhou seus dedos nos fios negros do mais novo e os puxou fazendo-o parar a felação antes que ele gozasse em sua boca, por mais tentador que fosse. Ver o mais novo passando a língua nos lábios após engolir cada gota e ainda por cima sorrindo de canto era uma visão dos céus e do inferno ao mesmo tempo, todavia não aguentava mais aquela demora toda para ser penetrado de uma vez. — Me fode logo, por favor.

— Vira para mim — pediu, passando a língua nos lábios inchados da felação e retirando seus dedos do interior do mais velho.

Taehyung empurrou Jeongguk, afastando-o de si, e se ergueu apenas para se virar, ajoelhando-se na banheira e apoiando suas mãos na borda enquanto inclinava-se um pouco para que o mais novo tivesse um melhor acesso. Sabia que sairia dali com os joelhos machucados, pois ficar ajoelhado no duro da banheira era horrível, mas não dava para se importar naquele momento.

Seu namorado era lindo, mas era um cretino. E ele não estava muito atrás por ter perdido o foco de algo que deveria ser “relaxante” e se transformou em uma tensão sexual bem comum aos dois.

Jeongguk espalhou o lubrificante em seu falo e se posicionou atrás de Taehyung, penetrando-o lentamente igual fora consigo. As costas do mais velho se arquearam no mesmo momento e ele passou a distribuir selares em suas omoplatas enquanto lhe acariciava a pele de suas nádegas esperando que o desconforto passasse. O incômodo sempre estava lá, embora fosse bem menor agora.

— P-pode ir — murmurou alguns longos segundos depois.

Jeongguk obedeceu e começou a estocá-lo mantendo um ritmo calmo, vendo o Kim tombar a cabeça para trás e fechar os olhos enquanto mordia o lábio inferior. Aquela cena sempre seria algo belo aos olhos do mais novo, simplesmente porque Taehyung inteiro era uma perfeição que ele não conseguia mais descrever. Gostava de cada mínimo detalhe existente e esperava que ele soubesse disso, que soubesse o quanto ele era especial.

Então, em meio ao vaivém resolveu colar seu corpo junto ao de Taehyung e acelerar mais o ritmo enquanto distribuía selares pelo seu ombro. Notou que o mais velho apertava a borda da banheira com força desmedida a ponto dos nós de seus dedos ficarem pálidos e os gemidos eram um pouco mais controlados.

Hyung… — Seu hálito quente bateu contra a tez acobreada de Taehyung e ele instantaneamente abriu os olhos, virando o rosto minimamente até encontrar o biquinho fofo que Jeongguk fazia para si.

— O q-que foi? — Sentia uma dificuldade absurda de pronunciar qualquer coisa que fizesse sentindo enquanto Jeongguk se arremetia para dentro de si com tanta facilidade.

— Se você conter os seus gemidos dessa forma ninguém vai te ouvir — disse com um sorriso malicioso.

Era um diabo encarnado no corpo de um garoto tão meigo e também tão irritante.

Não conseguia entender de onde vinha aquele misto de personalidades tão instigantes. Jeongguk costumava dizer que o Kim possuía inúmeras facetas, mas desde que começaram a namorar e ele começou a conhecer o mais novo melhor, foi que percebeu que o caso dos dois era bem semelhante. O Jeon tinha os mais diversos jeitos consigo — e com os outros também — e Taehyung conseguia amar todos, até mesmo os que lhe provocavam mais do que deveria.

— Idiota — resmungou, mas não deixou de gemer alto quando Jeongguk saiu de dentro de si quase que por completo e o estocou novamente, atingindo o ponto certo.

E aqueles gemidos por si só eram o que faziam Jeongguk aumentar o ritmo e esperar por mais. Pressionou a canhota na cintura de Taehyung e levou sua destra até o membro esquecido, bombeando-o em um ritmo similar ao das estocadas. Era desajeitado e desesperado, mas o prazer iminente estava lá e ele não tinha do que reclamar, queria apenas se desmanchar mais uma vez e se entregar ao orgasmo que sentiria.

— Vai… mais rápido… — Taehyung só teve tempo de pedir e logo sentiu a velocidade do vaivém aumentar, tanto em seu interior quanto em seu membro. Não demorou muito e ele veio pela segunda vez naquele dia, para algumas estocadas depois Jeongguk também vir dentro de si.

— T-tae — gemeu sôfrego e ofegante demais.

O orgasmo era sempre intenso e os espasmos que percorriam o seu corpo eram tão bons que Jeongguk sequer possuía força para se mexer. Queria ceder ali mesmo, mas a posição desconfortável dos dois o impedia de tal ato. Assim, afastou-se do corpo do mais velho e se sentou na borda da banheira, completamente exausto. Sequer sabia como conseguia se manter naquela posição, enquanto Taehyung sentou em cima de seus calcanhares e deixou seu corpo amolecer.

O único som que preenchia o ambiente era o modo ofegante como eles respiravam e os carros passando na rua. O banheiro tão pequeno estava abafado demais e apertado demais com o calor que causaram um ao outro.

— Sente-se melhor? — Taehyung levantou o rosto e olhou para Jeongguk com um sorriso todo fofo no rosto.

— Muito! — Jeongguk sorriu de volta e fechou os olhos respirando fundo. — Mas eu ainda quero o meu banho.

— Só mais uns minutos e aí a gente toma esse banho. — Taehyung se acomodou melhor na banheira e esticou as pernas, enquanto Jeogguk permaneceu onde estava e da mesma maneira. — Mas é para tomar banho, entendeu? Sem excitar essa coisa que você tem no meio das pernas!

— Quem foi que ficou duro primeiro? — rebateu.

— Aish! — Taehyung fez uma careta e Jeongguk abriu os olhos apenas para olhá-lo e rir de suas expressões. Conseguia ser ainda mais fofo nos momentos mais inusitados. — Vem logo antes que eu te largue tomando banho sozinho e vá para casa.

— Não exagere, hyung. Seu apartamento já está criando teia de tanto que você fica aqui. — Jeongguk saiu de seu lugar e tirou a tampa do ralo, deixando o restante da água escorrer para que pudessem enchê-la novamente.

— Você é- — Taehyung iria responder, mas Jeongguk o calou com um beijo gentil e intenso, puxando de leve os fios loiros de sua nuca e ganhando um suspiro baixo com o modo que conduzia o ósculo. Sabia que o mais velho gostava dos toques mais simples e sutis, por isso não poupava esforços para agradá-lo.

Aproveitou-se da distração criada — que ele poderia bem ficar mais uns longos minutos só naquilo — para abrir a torneira da banheira e deixar a água morna preenchê-la novamente antes de se separarem.

— Bolha de sabão! — Taehyung falou de repente com os olhinhos brilhando.

— Quê? — Jeongguk jamais se acostumaria com os momentos aleatórios do mais velho.

— Bolhas de sabão relaxam — disse com um dar de ombros, acomodando-se melhor na banheira. — Vai, pega o xampu e o sabonete líquido!

— Céus, como você pode ser assim? — murmurou, mas fez o que Taehyung pediu. Acomodou-se entre suas pernas, mas virado de frente para ele e entregou os frascos solicitados.

— Deixa eu me divertir! — resmungou e o olhou com um sorriso travesso. — Mas antes vamos tirar no “par ou ímpar” para ver quem vai limpar essa bagunça!

Jeongguk revirou os olhos, mas como ele poderia negar alguma coisa a Taehyung quando ele havia se transformado no seu mundo inteiro e lhe mostrado o quanto era bom ter alguém ao seu lado?

Amava-o e gostava da relação dos dois daquela forma.

 

- B -

 

— Jimin, nós vamos esperar o Hoseok ou é melhor ir indo? — Yoongi falou um pouco mais alto para que ele escutasse de seu quarto, onde se trocava.

— Ele disse que não vai. Parece que vai encontrar a Jisoo de última hora. — Jimin apareceu na sala e encontrou Yoongi largado em seu sofá e mexendo no celular.

— Bom, então vamos indo. — Yoongi guardou o celular no bolso e se levantou, caminhando até Jimin que de repente parecia todo tímido perto de si. — O que foi?

— É que parece que tudo está dando certo para todo mundo finalmente — murmurou envergonhado.

Yoongi não era muito bom em demonstrar seus sentimentos, até porque as coisas com Jimin desde que voltaram iam sempre tão bem que ele ficava perdido de como agir novamente. Quando namoraram pela primeira vez tudo era uma novidade e, embora ele fosse uma pessoa complicada na época e o Park um tanto reservado, a comunicação fluía bem. Todavia, agora que tornaram a se conhecer das mais variadas formas, parecia que havia ficado mais complicado se expor.

— S-sim — gaguejou e esfregou a nuca. — E você está ainda mais bonito com o cabelo tingido de preto.

Jimin ficou sem saber o que responder, com suas bochechas ganhando um tom rosado lindíssimo e seus dedos mexendo uns nos outros entre os anéis que utilizava. Yoongi passou a língua nos lábios e, ao invés de cortar aquele clima esquisito que se instaurou diante do elogio, resolveu apenas pegar a mão do namorado e guiá-lo para fora do apartamento.

O prédio em que moravam não era o mesmo de Taehyung e Jeongguk, mas a distância era mínima e em questão de cinco minutos eles já estavam no corredor do segundo andar com Namjoon e Seokjin chegando ao mesmo instante. Pretendiam chamar o casal para sair e conhecer o café que inaugurou recentemente na esquina e relaxar antes das provas começarem.

— Então… — Namjoon olhou para as duas portas e depois para os amigos. — Onde você acha que eles estão?

— Até onde eu sei o Taehyung não sai mais do apartamento do Jeon- — Jimin parou de falar no instante em que ouviu vozes saindo do apartamento do mais novo.

Para com isso... — Um resmungo evidente da voz de Jeongguk antes que a voz se elevasse. — Taehyung! Meu Deus, como você é idiota!

Eu? Você que começou! Para de ser criança, Jeongguk e volta já aqui! — rebateu.

Não! A culpa é toda sua mesmo. — Jeongguk começou a resmungar coisas desconexas em meio ao som de coisas caindo no chão. — Taehyung, me solta!

— Sério, o que nós fizemos na outra vida para merecer essas duas pestes como amigos? — Yoongi questionou e esticou a mão para tocar a campainha, mas foi impedido por Jimin.

— O que você está fazendo? E se eles estiverem em uma espécie de sexo ultra bizarro que nós desconhecemos e interrompermos pela milésima vez como sempre fazemos? Hoseok pode não estar aqui, mas né? — O espanto em seu rosto era evidente e talvez o casal do outro lado daquela porta de madeira fina tenha desenvolvido um pequeno trauma em si. — Não aguento mais ver os dois pelados!

— O problema é deles que transam em tudo quanto é lugar! — Seokjin deu de ombros e tocou a campainha de maneira impaciente. — E você tem algo idêntico ao deles entre as pernas, Jimin, por que a vergonha?

Jimin se recusou a responder aquele absurdo. Cada dia que passava com seus amigos parecia que eles se soltavam mais. Sempre tão íntimos e despejando besteiras desnecessárias que fazia qualquer pessoa os olhar torto onde quer que estivessem. Era uma vergonha.

Posso ir atender a porta ou não? — Ouviram Jeongguk perguntar em tom debochado do outro lado. — Me solta logo, peste!

O que eu fiz para merecer uma pessoa tão irritante como você, hm? — Taehyung pareceu rir do outro lado, mas soou abafado demais para eles terem certeza. — E você vai desse jeito mesmo?

Você sumiu com todas as minhas roupas, o que quer que eu faça? — Agora, ouviam os passos do Jeon se aproximando da porta.

Eu não sumi com elas, eu apenas coloquei metade para lavar e metade para passar!

Tanto faz! — bufou e abriu a porta sem questionar quem era. — O que foi?

Jimin, Yoongi, Seokjin e Namjoon estavam parados esperando a discussão — ou o que quer aquilo que ocorresse entre quatro paredes entre os dois — acabar. Notaram que Jeongguk estava apenas com uma toalha enrolada em sua cintura e atendia a porta de forma tão casual, quase como se soubesse que seriam eles — ou por realmente não se importar com quem quer que fosse que estivesse ali. Sequer assemelhava-se com o garoto de meses atrás, todo cheio de pudores e não me toques. Taehyung tendia a mudar as pessoas com o tempo, soltá-las à sua maneira e aquela pessoa na frente deles era a prova viva.

— Er...

— Vão ficar aí parados me olhando como se nunca tivessem me visto? — Jeongguk pendeu a cabeça para o lado como se o gesto o fizesse entender o momento estático dos amigos.

— Nós chegamos em uma má hora? — Yoongi quem perguntou primeiro.

— Má hora? Não, por quê? — Jeongguk abriu mais a porta e deixou os amigos entrarem. — Entrem ou daqui a pouco nós não teremos mais vizinhos porque seremos expulsos do prédio.

— Nós? Você né? O escandaloso aqui é você, não eu. — Taehyung deu de ombros e, quando viu Jimin se aproximar de si, puxou o amigo pelo pulso para se sentar ao seu lado.

— Claro, era eu gemendo alto no banheiro mais cedo — retrucou Jeongguk.

— Cala a boca, Jeongguk. Como se a ideia tivesse sido minha — reclamou, tentando não demonstrar constrangimento com a menção daquilo tão repentinamente.

Jeongguk revirou os olhos e encostou-se à parede esperando que os amigos abrissem a boca para ao menos mencionar o motivo da visita já que não haviam marcado nada.

— Certeza que não chegamos em má hora? — Namjoon questionou.

— Já disse que não. Por que acham isso?

— Porque a cena toda é um tanto quanto bizarra, não acha? — Jimin pontuou e Taehyung se remexeu ao seu lado, virando-se para encará-lo melhor.

— Do que está falando, Jiminnie? — indagou confuso.

— Nós chegamos ao corredor ouvindo vocês berrarem, rirem, derrubarem coisas, berrarem de novo, Jeongguk atendendo a porta de toalha enrolada na cintura e mais discussão. O que nós podemos pensar?

— Que nós dois transamos e estamos agindo normalmente? — responderam.

— Sério? — Namjoon olhou de Taehyung para Jeongguk e depois o inverso. Notou que os dois pareciam serenos demais e um tanto quanto relaxados, embora apenas o Kim estivesse vestido o suficiente. — Então o que diabos aconteceu?

— Bom, de maneira resumida: Jeongguk precisava relaxar e nós relaxamos, mas o banheiro ficou uma verdadeira bagunça e aí ele perdeu no “par ou ímpar”, o que o obrigou a limpá-lo. Eu vim para aquela coisa que ele chama de quarto e parece mais uma zona de guerra e peguei suas roupas, colocando metade para lavar e as limpas para passar. No fim ele ficou sem nenhuma, quis roubar as minhas, não conseguiu e ainda por cima perdeu a toalha. E se não bastasse tudo isso ainda teve a cara de pau de tacar o pano molhado na minha cabeça. Conclusão: eu tenho um namorado ridículo que parece uma criança e que neste momento só tem a toalha para “vestir”. Não que eu me importe, é claro.

A explicação do Kim fora o suficiente para os três gargalharem aliviados, deixando o casal sem entender onde aquilo era engraçado.

— E qual a graça? — Jeongguk arqueou uma sobrancelha tentando entender.

— Eu não sei por que nós ainda nos surpreendemos com vocês dois! — Jimin enxugou as lágrimas que se formaram no canto de seus olhos devido à gargalhada excessiva.

— O que? Nossa, vocês são estranhos demais! — Taehyung revirou os olhos e tornou a encostar-se no sofá de maneira mais relaxada.

— Enfim! — Seokjin se recompôs e resolveu falar do assunto que os fez ir até o apartamento dos dois. — Nós viemos aqui para ver se vocês querem ir ao café novo que inaugurou.

— Querer, eu até queria, mas alguém fez questão de me deixar sem roupas até para ficar em casa e ainda escondeu a chave do próprio apartamento só para eu não ir até lá pegar as dele. — Jeongguk olhou torto para Taehyung que apenas riu e o chamou esticando a mão. Mesmo que quisesse se fazer de emburrado, ele aceitou no ato e caminhou até o Kim, sentando-se ao seu lado e tentando não deixar nada aparecer.

— Vão vocês. Eu realmente preciso descansar depois do dia de hoje. — Taehyung fazia movimentos circulares na cicatriz de Jeongguk, um toque suave que fazia o mais novo estremecer devido ao contato dos dígitos quentes contra a sua pele fria. Olhava atentamente para o local, se perdendo na pele alva ao seu lado.

— Ok. — Jimin notou que o melhor amigo não queria sair, só pretendia ficar ali com Jeongguk pelo resto do final de semana e não seriam eles que atrapalhariam os dois. — Então nós vamos indo e qualquer coisa nos liguem!

Jeongguk meneou a cabeça olhando de soslaio para um Taehyung completamente concentrado em si. Não foi apenas ele que notou aquele clima que começou a se instaurar ali e logo Seokjin já estava puxando Namjoon pela mão, seguindo de Yoongi e Jimin. Fecharam a porta sem fazer muito barulho, deixando os dois lá em seu próprio mundo.

— Você acha que o Taehyung está bem, Jiminnie? — O tom de Seokjin era preocupado, principalmente depois de tudo o que ocorrera.

— Acho que ele está em boas mãos e é a única coisa que ele precisa — sorriu gentil.

— Você tem razão. — Seokjin entrelaçou os dedos com Namjoon e o mais alto lhe sorriu mostrando suas adoráveis covinhas. — Então, vamos? Estou faminto!

Jimin olhou uma última vez para a porta fechada do 210. Sabia perfeitamente bem como o amigo agia e correspondia mediante as coisas que lhe confidenciava. Vê-lo daquela forma, alegre e se perdendo em pensamentos ao olhar para Jeongguk era mais do que suficiente para ele ter a certeza de que os pedacinhos quebrados do Kim eram colados novamente, dia após dia.

 

- B -

 

Naquele mesmo sábado, Hoseok estava sentado do lado de fora da sorveteria esperando com certa impaciência. Ele nunca foi uma pessoa que se importou em esperar, principalmente porque seus amigos costumavam se atrasar para absolutamente tudo, portanto estava acostumado. Todavia, o dia de hoje era diferente e ele se sentia inseguro, com medo de que estivesse apressando as coisas e, talvez, que não devesse ter confiado nela.

A realidade é que ele veria Jisoo naquele dia e, por mais que soubesse que ela havia mudado e toda aquela ladainha que seu cérebro tornava a repetir toda vez que ficava com o pé atrás com a garota, ele ainda tinha aquele receio por tudo o que houve no passado. Sabia que devia superar aquilo já que o próprio Taehyung havia perdoado a garota depois do que passaram, mas por algum motivo Hoseok ainda se sentia incapaz de confiar totalmente nela, embora soubesse que não confiaria cegamente, não como fora um dia.

Portanto ali estava ele esperando Jisoo para tomarem um sorvete e conversarem um pouco, tentar retomar a amizade que possuíam, pois aos poucos ela foi conquistando todo mundo no seu ciclo de amigos e, assim, Hoseok notou faltar apenas uma pessoa se “enturmar” com a garota de feições graciosas e madeixas sedosas: ele mesmo. Assim, resolveu tomar uma atitude e mudar aquela situação ou ao menos tentar, pois nas palavras de Seokjin todo mundo merece uma segunda chance.

Ele suspirou ao notar que Jisoo estava do outro lado da rua, uma expressão indecifrável em seu rosto e certa hesitação ao atravessar a rua. Ele não sabia ao certo o que pensar, mas algo dentro de si o alertava de que as coisas não eram como antes, ela não era como antes. E, pior, aquilo não martelava em sua cabeça por conta da traição de anos atrás, mas sim porque Jisoo havia perdido o brilho no olhar, parecia vazia depois de tudo o que ocorrera. De qualquer forma, talvez conversando com ela mudasse um pouco a sua visão das coisas.

Observou os cabelos recém cortados de Jisoo se esvoaçarem com o vento enquanto ela vinha em sua direção sustentando um sorriso diminuto em seu rosto. Era completamente diferente da época em que namoravam; costumava ser uma pessoa tão amorosa e gentil, cheia de carinhos, sorrisos, e bochechinhas coradas. Em algum momento, naquela época, ela acabou perdendo essas características, dando lugar a uma garota mais madura e fechada que Hoseok desconhecia, mas não deixava de gostar.

Respirou fundo e se forçou a afastar aquelas lembranças que de nada lhe seriam úteis naquele momento. Estava ali para tentar perdoá-la e descobrir se ele poderia confiar na pessoa que agora ela dizia ser; não seria cem por cento, sabia disso, ele não era ingênuo ou tolo — não como fora um dia —, mas não aguentava mais aquela sensação estranha dentro do peito que indicava que precisava fazer alguma coisa.

— Oi Hobi — murmurou.

— Olá Jisoo.

Sentia-se apreensivo principalmente porque ela usava o seu apelido com tanto intimidade, como se nada tivesse acontecido. Taehyung dizia que ele estava paranóico, o que era totalmente compreensível depois de tudo o que eles passaram, mas no fundo Hoseok sabia que não era isso, tinha algo mais no jeito dela, no tom de voz, nas coisas que Jisoo fazia que de alguma forma não se encaixavam com o seu instinto.

— Por favor, sente-se — Hoseok apontou para a cadeira a sua frente, único lugar que Jisoo poderia se acomodar, visto que ele havia feito questão de pegar uma mesa bem visível e de apenas dois lugares; aquilo evitava muito contato e ainda podia respirar com mais facilidade, sem se sentir sufocado.

— Fiquei feliz com o seu convite. — Jisoo brincava com os próprios dedos, agora apoiados em seu colo, quase como uma menina inocente e acanhada.

Hoseok se limitou a sorrir antes de responder. Porém, antes que pudesse falar qualquer coisa, o garçom apareceu com dois cardápios e ficou rondando a mesa de ambos, esperando que eles escolhessem que sorvetes iam querer.

— Vamos escolher primeiro e aí conversamos melhor — murmurou.

Jisoo assentiu e analisou o cardápio com calma, escolhendo um milkshake de morango médio ao invés de algum sorvete mais elaborado como era a especialidade do local. Hoseok, no entanto, preferiu pegar uma banana split — algo que soava americanizado e ele tinha vontade de experimentar. Assim que fez os pedidos o garçom se afastou, informando-os que voltaria logo com os mesmos.

O silêncio pairou entre eles, mas longe de ser algo confortável quando acontecia quando se está entre amigos íntimos que de repente não sabem bem que assunto conversar. Não, era irritante, desgastante, estressante e o fazia ter vontade de se levantar e ir embora para não precisar lidar mais com aquela situação toda. Por isso, resolveu que ele seria o primeiro a tomar a atitude ou eles não sairiam dali nunca e ele não pretendia estender a conversa dos dois pelo resto de sua tarde.

— Bom — Hoseok se ajeitou na cadeira e tentou soar o mais confortável possível diante da tensão que sentia —, acho que está na hora de tentarmos sermos amigos novamente, não?

Jisoo ficou em silêncio por alguns longos segundos, apenas fitando a própria mão em seu colo e Hoseok achou aquilo estranho, principalmente porque ele tinha plena certeza que ela diria com todas as letras um altíssimo sim em relação aquilo. Não questionou, claro, pois a garota deveria ter seus motivos para não o responder na hora.

— Eu acho que sim. — Jisoo respirou fundo e ergueu o olhar, fitando Hoseok com atenção e uma intensidade absurda; parecia querer procurar dentro dele algum resquício do que eles foram anteriormente, mas notando que aquilo não existia mais. — Mas acho que não existe mais um nós na nossa relação.

— Do que está falando? — O garçom se aproximou com os pedidos de ambos, deixando-os na frente de cada um, murmurando um breve bom apetite antes de se ausentar outra vez.

— Que eu sei que você tem os dois pés atrás comigo e que o motivo de me convidar é apenas para verificar se pode confiar em mim novamente. — Jisoo sorriu de canto e mexeu seu milkshake sem muita vontade aparente de tomá-lo. — E eu já te digo que não, você não pode confiar em mim novamente porque eu não confio em mim mesma.

— Então por que se aproximou de nós novamente? — indagou sem conseguir tocar em seu sorvete que logo começaria a derreter.

— Acho que eu só queria me lembrar dos bons momentos que tive com vocês quando eu ainda me considerava normal. — Sua voz soava rouca e ela parecia imersa em nostalgia, mas Hoseok tinha dificuldade em acreditar naquelas palavras porque elas pareciam tão vagas. Jisoo tomou um pouco do conteúdo presente no copo a sua frente antes de desviar o olhar para a rua pouco movimentada. — Eu não pretendo ficar na vida de vocês por muito mais tempo, até porque não vejo um motivo para continuar onde estou.

— E o que você pretende fazer? — questionou com certa curiosidade e uma pitada de desconfiança.

— Um pouco antes do aniversário do Taehyung eu pretendo me mudar, mas não sei ao certo para onde irei ainda.

Taehyung fazia aniversário no final do ano, em dezembro, entre as festas de Natal e Ano Novo, portanto era até que entendível ela resolver ir embora desse período, onde as coisas estavam menos agitadas.

— E até lá pretende fazer algo? — Hoseok não entendia o motivo de puxar assunto com ela daquela forma, tentando entender o que se passava em sua mente diante daqueles olhos negros sem brilho algum. Seu sorvete a muito havia derretido, fazendo-o perder a vontade de tomá-lo.

— Eu tranquei a faculdade por enquanto até resolver o que eu quero e já arranjei um emprego temporário perto do apartamento que eu e Bogum morávamos. — Ao pronunciar o nome do outro, ela acabou se incomodando um pouco. Esfregou a nuca e apertou os olhos, como se tentasse engolir o bolo que se formava em sua garganta com as lembranças do que ela não fazia questão alguma de recordar.

— Então você só tem mais alguns meses? — Hoseok empurrou o parato a sua frente para o canto e apoiou os cotovelos na mesa, como se aquilo o fizesse se concentrar melhor naquela conversa de rumo completamente diferente do que imaginou.

— Sim… — Jisoo deu um último gole em seu milkshake e só então Hoseok notou que o conteúdo todo havia se esvaído durante a conversa. — Mas não se preocupem porque eu não pretendo aparecer na frente de vocês como tenho feito nos últimos dias.

Jisoo fez menção de se levantar, indicando que a conversa entre eles podia se encerrar ali e, consequentemente, que sumiria da vida de todos aqueles que ela desgraçou de algum modo. Não fora sua culpa integralmente, todos sabiam disso e ela própria inclusive, mas o modo como se sentia não a permitia ficar no meio daquele círculo social. Na verdade, Jisoo sabia que sua mente era conturbada demais e que não estava completamente curada, afinal foram anos vivendo apenas com Bogum e, mesmo que ele estivesse preso, isso não significava que era algo fácil de lidar.

— Acredito que não o verei mais, Hobi, portanto- — Jisoo cortou a própria frase quando sentiu Hoseok segurando seu pulso, não forte demais, mas também longe de ser algo muito gentil ou carinhoso.

Hoseok a encarou por alguns longos segundos que ele jurava serem minutos. Algo estava errado; sabia que ela tramava alguma coisa e não era contra eles, mas mesmo assim aquilo o intrigava. Queria poder ler mentes ou conseguir entender através do olhar o que Jisoo queria dizer com tudo aquilo; parecia dar voltas e mais voltas, sem chegar a um lugar específico, mas com um plano traçado e até mesmo já posto em prática.

— Você pretende voltar para o Bogum, é isso? — Sua pergunta era legítima, já que não sabia o que pensar ou o que falar de fato.

Jisoo riu soprado, soando até um pouco triste demais, pois ela esperava que cedo ou tarde alguém trouxesse à tona a possibilidade de ainda ser leal a Bogum; mesmo depois de tudo que passara algumas vítimas acabavam por idolatrar a pessoa que lhe fazia mal. Ela era uma garota de personalidade forte, totalmente torta e quebrada por dentro, mas em fase de desintoxicação por parte daquela pessoa que um dia fez juras de amor; esperava que tudo desse certo. Era quase como se o encanto por Bogum tivesse se quebrado naquela última noite, quando ele ousou bater nela com tanta força que se viu obrigada a fugir; ali fora instintivo e ela só pensava em lutar por sua vida de alguma forma.

— Não, Hoseok, eu não pretendo voltar para o Bogum. Como eu disse, vou embora e quero distância dessas lembranças ruins. Pode não parecer e até ser difícil de acreditar, mas aos poucos eu estou me adaptando a uma vida sem ele por perto. — Seu olhar para o Jung era intenso, desviando-o logo em seguida para os dedos gelados fechados em seu pulso. — Além do mais, um dia todos caem.

— C-como assim? — Hoseok a soltou e apenas continuou encarando o rosto de Jisoo com cuidado.

— Entenda como… como se todos nós caíssemos e levantássemos sabe? Eu caí e agora estou me levantando novamente. — Jisoo suspirou com um meio sorriso, como se aquilo fosse o máximo que conseguia dizer. — Bogum faria apenas eu cair no fundo do poço outra vez.

Sua explicação não fazia tanto sentido quanto Hoseok realmente queria, mas sabia que não podia forçar. Jisoo não parecia mais disposta a conversar, ficando agitada de repente como se estivesse com medo de falar mais do que deveria. Assim, ela logo resolveu que o melhor era se curvar e atravessar correndo a rua, olhando minimamente para os lados e sumindo das vistas do Jung como se em um passe de mágica.

Aquela, Hoseok sabia, seria a última vez que um deles veria Jisoo novamente.


Notas Finais


Relevem os erros pq mesmo quando reviso né...........
Aguardem o capítulo 20 que eu tenho apenas uma parte preparada, mas prometo tentar trazer o quanto antes.
Comentários e favoritos sempre fazem essa autora mais feliz!
Não se esqueçam de olhar as outras fanfics que eu JURO que vou atualizar em breve. Tem gente me cobrando e eu sei que estou relapsa </3

Não esqueçam de enviar o seu pedido para o @tkwishes e de conferir a FicFest ^^

Qualquer coisa estou no twitter @tkdestroylives ~


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