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História Stand by You - I have a plan


Escrita por: chadaescrita

Capítulo 3 - I have a plan


Fanfic / Fanfiction Stand by You - I have a plan

Taehyung caminhava perdido em pensamentos quando avistou as madeixas escuras de Jeongguk, parado em frente ao seu prédio, procurando algo dentro da mochila. Parou ao alcançá-lo, encarando-o atentamente.

— O que você está fazendo? — perguntou cruzando os braços.

— Procurando a minha chave? — Jeongguk o olhou com confusão.

“Garoto louco”, pensou ainda procurando pela chave enquanto Taehyung se aproximava mais um pouco.

— Onde você mora? — Uma pontada de curiosidade surgiu enquanto o moreno deu um passo para trás.

— Por que você quer saber? — perguntou desconfiado.

O Kim aproximou-se mais uma vez.

— Nada, só achei estranho você parado aqui fora procurando sua chave — respondeu, dando mais uns passos na direção do Jeon e pegando a própria chave do bolso, abrindo o portão do prédio azul em seguida. Jeongguk, então, ficou boquiaberto por alguns segundos, sem respondê-lo. — O que foi?

— Você mora aqui? — Jeongguk apontou para o prédio.

— Sim ué, acabei de abrir o portão — disse, olhando-o como se ele fosse idiota.

— Uau. Isso que eu chamo de ironia — resmungou.

Ironia ou não, ali era um condomínio fechado com três prédios de cores diferentes: azul, verde e amarelo. Cada prédio continha vinte andares, com oito apartamentos em cada um. Eram em formato de estúdio, com divisão apenas para o banheiro. Os alunos consideravam como apenas um quarto, pois o seu tamanho era realmente pequeno, porém o suficiente para morarem sozinhos.

A grande maioria dos alunos de cidades vizinhas ficavam ali, fossem do colégio ou da faculdade.

— Ironia por quê? — Jeongguk fazia menos sentido a cada minuto.

— Jimin mora com você? — indagou, ignorando a pergunta anterior.

“Além de louco, ele é lerdo? Não entendeu que eu moro aqui também?”, pensou indignado.

— Não, ele mora no prédio verde. Esse aqui é pequeno demais para duas pessoas mesmo que sejam amigas — explicou sem entender como Jimin surgiu na conversa.

— Ele mora no mesmo prédio que o Yoongi hyung... — murmurou, mas aquilo o Kim não ouviu. Jeongguk se agachou de repente, tentando encaixar as novas informações adquiridas. Se não fazia sentido antes, agora menos ainda.

Taehyung assistiu os movimentos do mais novo e sentiu uma vontade repentina de empurrá-lo; uma brincadeira boba que gostava de fazer. Então, aproveitou o momento e o fez, empurrou Jeongguk de modo que ele perdeu o equilíbrio e caiu de bunda no chão.

O Kim ria da cena enquanto o mais novo encontrava-se no chão boquiaberto, encarando-o com incredulidade.

“Definitivamente esse garoto é louco”, pensou revirando os olhos.

As atitudes do mais velho eram tão estranhas quanto ele mesmo, já que em questão de segundos após rir de sua cara, a mão de Taehyung estava esticada na sua frente ajudando-o a se levantar.

— Qual é a sua, garoto? — questionou irritado, tirando a poeira de suas roupas.

— Eu acho que você não percebeu ainda, mas eu sou mais velho que você. Que tal você falar comigo da maneira correta? — Taehyung não soava ofendido, na verdade não parecia sequer de fato se importar com isso.

— Só nos seus sonhos que eu vou falar contigo formalmente ou te chamar de hyung — falou, arrumando a mochila novamente em suas costas. — Eu realmente não entendo você. Esquisito.

— Você não precisa me entender só aceitar. — Taehyung cruzou os braços e deu de ombros.

Jeongguk ignorou, desviando o olhar para a porta que o outro segurava ainda aberta. Estavam ali, parados, na frente da entrada sem qualquer motivo aparente.

— Vou adicionar extremamente convencido à lista de coisas que você é — falou, passando por Taehyung e entrando no prédio.

— Ei, onde você está indo? — berrou, porém correndo atrás dele.

— Para casa! — respondeu, abrindo a porta do elevador e entrando sem sequer esperar o mais velho.

Taehyung estava tão cansado que demorou em perceber que o mais novo estava parado na frente do prédio procurando a chave de casa porque ele obviamente morava ali.

“Onde metade do colégio e da faculdade mora”, pensou consigo mesmo.

Jeongguk, então, apertou o botão do segundo andar bem na hora que o Kim ia fazer o mesmo. Olharam um para o outro, pasmos com aquela coincidência. Acabou por bater com a palma em sua testa e palavrões ficaram presos em sua garganta.

— Sério que você mora aqui e ainda por cima no segundo andar? Eu nunca te vi. — Taehyung encarou o Jeon incrédulo, tentando lembrar se ele realmente nunca o tinha visto por ali. Lembraria-se do moreno se esse fosse o caso, tinha certeza.

— Mais uma ironia — grunhiu e abriu a porta do elevador assim que chegaram ao segundo andar.

No entanto, ao saírem do elevador, Taehyung e Jeongguk se depararam com uma silhueta bem conhecida esperando em frente ao apartamento 210.

— Yoongi hyung, você está esperando faz tempo? — A voz era gentil e Taehyung percebeu como Jeongguk era respeitoso com o loiro. Tão diferente de como ele o tratava.

Yoongi levantou os olhos na direção da voz, entretanto seu queixo caiu quando seu olhar topou com a visão de Taehyung ao lado de seu melhor amigo.

— Não, mas a julgar pelo que estou vendo eu poderia dizer que sim, que dormi te esperando e estou vivendo um pesadelo. — O olhar era fixo no garoto de madeixas arroxeadas, como se o Jeon sequer existisse naquele momento.

— Eu não apareceria nos seus pesadelos, Yoongi. Sou precioso demais para estar nessa sua mente pequena — Taehyung respondeu com a voz fria, sorrindo de canto. — Infelizmente nós moramos no mesmo prédio e andar. Não tenho nada a ver com o seu amigo aqui.

— Seu... — Yoongi respirou fundo, interrompendo-se. Resolveu que o melhor era ignorar o comentário. — Que bom então. Você já tem um namorado, não pode querer dois.

Taehyung ignorou qualquer coisa que saísse da boca do loiro, não ouvindo de fato. Destrancou a porta e entrou, batendo-a com força. Depois, respirou fundo e sentou no chão, colocando as mãos por entre os fios recém pintados. Sentia a exaustão tomando conta de seu corpo pela manhã cansativa que tivera.

Depois de alguns minutos necessários para a recuperação do que diabo estava acontecendo naquele dia, Taehyung se recompôs. Tirou o celular do bolso e ligou para Jimin.

— Jiminnie? — perguntou com a voz preocupada e cheia de remorso por mais cedo. Ouviu apenas Jimin respirar fundo do outro lado da linha antes de respondê-lo.

— E-eu não devia... t-te atender, Tae. — A voz soava diferente, um pouco arrastada e ele até mesmo soluçava.

— Jimin, você está bêbado? — Taehyung bateu na própria testa desacreditando na situação.

— Não... Quase... — Jimin ria e soluçava ao mesmo tempo.

Taehyung suspirou. Aquilo tudo era culpa sua e o amigo afogava as mágoas na bebida, sem ele como havia combinado.

— Desculpe, eu me descontrolei. Não vai acontecer de novo — fungou.

— Não m-mesmo. As coisas entre n-nós não terminaram bem e v-você só piorou! — Jimin não conseguia ficar bravo com o amigo para sempre, ele sabia disso.

— Eu vou dar um jeito nisso. Eu prometo. Vem para cá?

Jimin murmurou um sim desleixado e desligou. Taehyung jogou o celular longe, passou a mão nos fios bagunçados e fitou o chão, apreensivo. Então, levantou-se e caminhou até a cozinha, abrindo a geladeira a fim de encontrar algo que lhe servisse. Notou que ainda havia dois engradados de cerveja que Hoseok trouxe da última vez, e provavelmente o amigo traria mais também.

Que se dane a ressaca no dia anterior, seu melhor amigo precisava e ele também. Aquilo tudo era demais para aguentar logo no primeiro dia.

 

- B -

 

Jeongguk entregou uma xícara com café preto para Yoongi e sentou ao seu lado no sofá. O Min olhava para o líquido escuro pensando nas palavras que iria dizer, e o Jeon sabia que ele não era de conversar; era difícil para sequer sair da própria zona de conforto e estar ali já era um milagre sem tamanho, então resolveu não pressionar. Os dois eram assim, por isso se davam tão bem.

Alguns minutos depois, Yoongi deu um gole em seu café já morno, exprimindo os primeiros vocábulos após o silêncio torturante.

— Jeongguk, o que eu faço? — perguntou com lágrimas nos olhos. O Jeon nunca tinha visto o amigo assim e era difícil até saber o que responder.

— Em relação a que, hyung? — Era melhor ir aos poucos com alguém que raramente se abria.

Yoongi respirou fundo.

— Quando eu conheci o Jimin, nós tivemos as semanas mais incríveis. Eu podia jurar que ele era apaixonado por mim e eu por ele; mas tinha dias que ele não podia sair comigo e, tudo bem, até porque nós não nascemos grudados... — Yoongi fez uma pausa ainda fitando o líquido já frio. — Um dia eu fui até um dos lugares que nós costumávamos frequentar e adivinha só?

Suspirou pesadamente, olhando para o amigo por longos segundos, porém o Jeon nada disse, apenas aguardou que ele continuasse.

— Ele e o “cabeça de uva” estavam abraçados. Jimin afagava os cabelos dele com tanto carinho, tanta intimidade... Aquilo me destruiu por dentro, Jeongguk. Eu não sabia mais o que fazer, e só significava que ele tinha outra pessoa. Então, cortei meus laços com ele sem explicação e decidi que se eu o visse de novo, fingiria que não o conhecia — explicou, encerrando sua fala com as lágrimas ameaçando cair.

Após ouvir aquilo, as coisas começaram a fazer sentido para o mais novo. Ele também acreditava que Taehyung e Jimin eram um casal desde o início, mas isso não significava que o Park traía o Kim com Yoongi, certo? E se fosse o caso, por que diabos eles ainda estariam juntos?

Alguma coisa não se encaixava naquela história.

Suspirou. Era difícil entender, já que Taehyung era esquisito por si só e extremamente próximo de Jimin. Ele não negava quando as pessoas chamavam o Park de “seu namorado” e tampouco o tratava do mesmo modo que os outros.

Não havia explicação plausível para a situação ou havia?

Yoongi fungou e sorveu novamente o café já frio. Jeongguk raramente via o amigo chorando, era uma pessoa durona e não era qualquer um que mexia com as suas emoções.

Sabia que a situação precisava se resolver por causa dos amigos em comum, para não ficar um clima esquisito; era insustentável ficar com os outros e não ter o Min por perto por causa do ambiente entre eles. O Jeon era reservado, claro, quase não tinha amigos, mas os poucos que ele tinha preservava com a sua vida.

— Você viu, e todo mundo também sabe como os dois são juntos. Felizes até demais eu diria. — Yoongi esfregou os olhos e revelou uma expressão de desgosto com as lembranças.

Jeongguk apertou o ombro do amigo tentando passar algum conforto, pois não havia palavras suficientes para consolá-lo quanto aquilo. Ao menos não enquanto não soubesse de toda a verdade.

— Acho melhor eu ir. — Yoongi olhou na direção dele e sorriu cansado. Levantou-se rapidamente, encostando na maçaneta sem hesitação.

Ao abrir a porta, no entanto, eles se depararam com Taehyung abraçando Jimin com força e murmurando vários pedidos de desculpa. Olhou para Jeongguk e Yoongi assim que viu a porta aberta, soltando o amigo de imediato como se tivesse sido pego no flagra.

Jimin girou o corpo para ver quem estava atrás com a atitude repentina e abriu a boca em descrença, quase derrubando o engradado de cerveja no chão. Um nó em sua garganta se formou e ele achou que o efeito do álcool estava ainda pior nesse momento. Jurava que estava vendo coisas; só podia estar alucinando.

Taehyung não conseguia acreditar na sorte de merda que ele tinha. Com tantos momentos para eles abrirem a porta tinha que ser justo quando Jimin havia acabado de chegar, todo vermelho e vulnerável? Péssimo timing.

“Merda. Merda. Merda. É uma conspiração, só pode”, pensou desesperado.

Jeongguk, que estava atrás, colocou a mão no rosto e balançou a cabeça, incrédulo com o momento errado.

Yoongi sentia seu estômago dando voltas e não aguentava nem mais um minuto no mesmo ambiente que os dois. Virou-se para o Jeon, dando um tapinha nas costas sem lhe dirigir uma única palavra e saindo em direção a escada de emergência. Jeongguk permaneceu imóvel vendo o outro ir embora às pressas, depois desviou o olhar para Taehyung e balançou a cabeça novamente antes de entrar de volta em seu apartamento.

Taehyung puxou o amigo para dentro e fechou a porta atrás dele. Jimin ainda parecia em choque e limitou-se a pegar uma cerveja em cima do balcão, largando o engradado que trouxe no chão. Foi direto em direção ao sofá, tomou um gole do líquido e deitou-se olhando para o teto. Aquilo indicava claramente que não era para o Kim ousar falar nada.

Obedeceu, é claro, e permaneceu encostado na porta, fitando o nada, pensando como ele podia ter estragado tudo. De novo.

Vários minutos se passaram e o silêncio permanecia pesado entre eles. Taehyung, então, pegou uma garrafa de cerveja para ajudar a pensar melhor — ou não, ele só queria beber e esquecer tudo aquilo — e se apoiou no balcão. A sua mente passava por todas as possibilidades imagináveis para desfazer aquela confusão, porém nada do que pensava servia parecia servir para a situação.

Contudo, havia um cenário que não tinha considerado ainda. Era absurdo e ele achava que o álcool começava a se manifestar para sequer cogitar uma ideia tão maluca.

Maluca, mas plausível.

Precisaria de alguém para ajudá-lo. Era simples, precisava de um namorado, mesmo que falso. Aquilo com certeza mostraria para Yoongi que ele e Jimin eram amigos muito próximos e talvez desse brecha para os dois conversarem e se resolverem.

Tomou outro gole de cerveja e pensou mais um pouco, completamente aquém do que estava a sua volta. Esse plano era arriscado e ele não tinha ninguém em mente que aceitaria algo tão imbecil, já que estava fora de cogitação pedir aos seus amigos mais próximos. No entanto precisava tentar.

— TaeTae? — Jimin o chamou novamente olhando com certa preocupação. — O que você está fazendo?

— Nada. — Taehyung balançou a cabeça, afastando a linha de pensamento estabelecida e sorrindo.

— Mesmo?

— Sim, só estava pensando no que a gente podia jantar para te animar — disse com a voz mais alegre para que o melhor amigo não desconfiasse.

Jimin pareceu acreditar, pois apenas sorriu pequeno. Isso ou era o álcool atrasando o julgamento dele.

— Acho que hoje a gente merece pizza... E muita cerveja — respondeu com um sorriso torto, ainda tropeçando nas palavras.

Era melhor esquecer aquele dia por enquanto, era a única certeza que Taehyung tinha. Levantou-se e foi em direção ao amigo, jogando-se no espaço vazio do sofá ao seu lado.

— Ok. Pizza, muita cerveja e... Mario kart bêbados? — Taehyung abriu seu melhor sorriso retangular, pois Jimin merecia mesmo tudo que fosse animá-lo agora.

Jimin abriu um sorriso mais alegre do que outrora e concordou. Quem resistia a pizza, cerveja e mario kart? Ninguém.

Assim, passaram a tarde toda bebendo, jogando e berrando quando caíam para fora da pista.

No final do dia pediram duas pizzas inteiras de pepperoni e um sabor maluco que só Taehyung parecia gostar, mas que o Park já estava acostumado e que foram devoradas em questão de segundos tamanha a fome deles.

O álcool fez seu efeito definitivo depois de um tempo combinado com o excesso de comida. Logo eles pegaram no sono no chão frio da sala, e com certeza acordariam com uma ressaca absurda no dia seguinte.

 

- B -

 

Semanas se passaram e Taehyung ainda não tinha ideia de quem poderia fazer o papel de namorado falso. Quanto mais tempo passava, pior ficava. Yoongi quase não aparecia mais na presença deles, pois sabia que Jimin estaria lá.

Isso apenas deixava Jimin extremamente magoado e em um dia qualquer ele confessou ao Kim que chegou a considerar usar algumas drogas para esquecer tudo isso.

Taehyung, claro, jogou o garoto debaixo do chuveiro deixando a água gelada escorrer pelo corpo do amigo.

— Você vai parar com essa palhaçada ridícula de drogas e vai parar de beber também. Você sabe muito bem o quanto eu odeio isso e os motivos — reclamou andando de um lado para o outro, irritado.

— Posso sair dessa merda de chuveiro gelado? — bufou.

— Deixa de ser ridículo. Você vai ficar aí até me convencer que parou de pensar besteira! — Cruzou os braços, porém arrependeu-se ao ver o amigo tremendo com a baixa temperatura.

— Tae... Está frio — falou manhoso.

— Certo. Sai logo daí. Mas se eu descobrir que você se envolveu com drogas ou bebeu de novo — e eu vou descobrir, Jimin — você se prepara! — grunhiu.

— Eu não vou, Tae. Desculpa até mesmo pelo pensamento... Está tão difícil, mas eu vou superar, prometo. — Jimin saiu do chuveiro genuinamente arrependido.

Deixou que o Kim enxugasse seu cabelo e o tirasse do banheiro. Taehyung ficou ainda mais preocupado com todo o ocorrido e mais do que nunca sabia que precisava por o maldito plano em prática. Era sua última opção.

Jimin não merecia sofrer.

 

- B -

 

Jeongguk também andava tendo alguns problemas.

Ele queria ir atrás de Yoongi e dar apoio, no entanto o amigo desejava ficar sozinho. Passava os intervalos na sala criando suas composições, e mesmo quando o Jeon ia atrás dele, a conversa era sempre sobre passos de danças e suas letras, nada mais do que isso. Era curto e direto demais para dois melhores amigos.

Já das vezes em que Jeongguk não ia até a sala do Min, ele permanecia na companhia dos demais. Passou a conhecer um pouco mais sobre Taehyung, pois o mais velho tagarelava sem parar mesmo que ele não fosse o foco da conversa no momento. Chamava a atenção para si com facilidade.

Entretanto algo o intrigava. Taehyung parecia não controlar as próprias mãos e na grande maioria das vezes ele estava com o braço em volta do ombro do Park, puxando-o e abraçando-o.

Jeongguk agradeceu internamente o fato de Yoongi não aparecer mais na rampa para testemunhar aquelas cenas, pois de certa forma aquilo era incomodo para quem não estava acostumado. Não entendia como alguém podia agarrar tanto as pessoas. Ele era completamente diferente e evitava contato físico com quem não era muito íntimo; o Min era igual e esse era apenas mais um ponto em comum entre eles.

 

- B -

 

Jimin ficou de passar na sala do Hoseok antes do seu primeiro período para conversar sobre aulas extras de dança. Então, Taehyung resolveu parar na rampa para pensar um pouco mais em como colocar seu plano em prática, pois ele corria contra o tempo para ajudar o amigo.

Aquela história toda o deixava maluco e se ele não resolvesse logo iria pirar.

De repente, avistou Jeongguk sentado, no canto, com as pernas esticadas e as mãos no bolso, com os fones de ouvido e uma expressão de concentração.

Taehyung não ligava muito para o que os outros pensavam dele, já que normalmente as primeiras impressões que passava não eram as melhores. Assim, aproximou-se do Jeon e agachou-se na sua frente; ficou encarando até o garoto tirar os fones e resolver falar consigo.

— O que foi? — indagou, erguendo uma sobrancelha, desconfiado.

— E se eu te disse que tive uma ideia maluca para resolver essa situação bizarra? — perguntou sem tirar os olhos do rosto de Jeongguk.

Jeongguk parou a música que emanava dos fones de ouvido e o observou com calma, sem entender direito o que fora dito.

— Que ideia? — questionou ainda desconfiado.

— Eu preciso de um namorado — respondeu rapidamente.

— Do que você está falando? Você já tem um — disse, franzindo a testa.

— Ahn? Como assim eu já tenho um? — Foi a vez de Taehyung ficar confuso.

— Jimin é seu namorado, oras — respondeu como se fosse óbvio.

— Ah, sim. Jimin... — Já estava acostumado com o apelido “namorado” quando se tratava do Park devido à grande proximidade dos dois; não se incomodava com aquilo. — Não, ele não.

— Vocês formam um casal bonitinho, não se desgrudam nem nada. Não é à toa que isso magoa o Yoongi hyung — disse, brincando com o fone de ouvido e enrolando-o nos dedos.

Taehyung congelou e permaneceu com o olhar fixo no Jeon a sua frente. Sua voz não encontrava o caminho até a sua garganta para responder o que acabara de ouvir. Respirou fundo, porém.

— Espera — falou baixo —, está me dizendo que você e o Yoongi acham que o Jimin é meu namorado de verdade? Não é só um apelido ou uma brincadeira como às vezes usam? — perguntou incrédulo após longos segundos que pareciam uma eternidade.

— Apelido? — Jeongguk o lhou ainda mais perplexo.

— Sim, apelido. — Taehyung suspirou. — A grande maioria dos nossos amigos sempre nos chamam de namorados porque somos muito próximos e fazemos tudo juntos. Do tipo “olha lá o seu namorado” e coisas assim, mas sempre foi uma brincadeira! — falou alto. Taehyung estava atônito; esqueceu completamente que nem todo mundo via daquela forma.

“Deus do céu eu consegui ferrar a vida do Jimin umas vinte vezes”, pensou.

— Que espécie de brincadeira estúpida é essa? — Jeongguk respondeu perplexo. Olhava para o mais velho como se ele fosse mais louco do que jamais imaginou.

— Isso não importa agora! — Praticamente berrou inconformado com a descoberta. — Jeongguk, você não está entendendo... Jimin não é meu namorado, nunca foi, nunca será, nem um milhão de anos!

— Eu já te falei o quanto você soa louco quando fala as coisas? — Jeongguk arregalou os olhos desacreditado no que ouvia.

— Jimin é meu melhor amigo, só isso! — falou e passou a mão nas madeixas sedosas. — Esse apelido ridículo precisa acabar!

— Deixa eu ver se entendi direito: você está querendo me dizer que não são namorados? Que é apenas amizade? E que o Yoongi ver vocês dois juntos, abraçados, enquanto ele estava namorando o Jimin foi apenas um mal entendido? — Jeongguk não entendia mais nada e sua cabeça girava com as informações despejadas.

— Ele nos viu? Puta merda! — Taehyung perguntou estupefato. Sua expressão agora era de tormento. Tudo fazia sentido.

— Sim. Em um dos dias que eles não podiam sair, Yoongi acabou indo em um dos restaurantes que costumavam frequentar. Acontece que ele viu vocês dois juntos, abraçados, enquanto Jimin afagava o seu cabelo — explicou e largou o fone de ouvido no chão, sentindo um peso enorme no peito.

— Não! Não tem nada a ver. Esse dia era um tanto complicado e o Jimin só estava me ajudando! — falou descrente, mas mais para si mesmo do que para Jeongguk. — Não acredito que eu estraguei tudo desde o começo!

Então, Taehyung sentou ao lado do Jeon e apoiou a cabeça na parede, fechando os olhos com força.

— Não acredito que vocês tem uma brincadeira tão estúpida a ponto de confundir os outros — reclamou.

Taehyung não respondeu, apenas permaneceu em silêncio, deixando que os dois ficassem imersos naquele momento estranho antes de se manifestar.

— Eu ainda acho que o meu plano pode dar certo — falou por fim.

— E qual é o seu plano? — questionou curioso, porém ainda fitava o teto, descrente do que estava acontecendo.

— Eu achava que se eu tivesse um namorado o Yoongi poderia dar uma chance para Jimin e eles poderiam conversar. Agora que eu descobri que o problema sou eu, então... — explicou o plano por cima. — Ele realmente acredita que somos namorados?

— Claro. Você nunca negou quando chamamos o Jimin de seu namorado — retrucou.

— Droga. Se eu soubesse que era isso... — resmungou e puxou os fios de leve.

— Vocês se agarram o tempo todo também. Isso pode ser normal para os amigos que te conhecem, mas definitivamente não é normal para mim e para o Yoongi hyung que te conhecemos a bem menos tempo. — Jeongguk não entendia como aquilo podia ser normal para qualquer pessoa, porém.

— Ué, é normal dois amigos se abraçarem, sabia? Eu faço isso com os outros também, mas o Jimin é fofo demais, difícil resistir — disse, sorrindo com a lembrança do jeito adorável do melhor amigo.

— Certo. Eu não consigo entender você e seu jeito, mas seu plano faz sentido — falou, mudando de assunto e ignorando a lógica oferecida. — Hoseok hyung é o mais próximo de você, por que não pede a ele?

— Hoseok é hétero, nunca daria certo. E eu também não posso pedir pro Namjoon hyung e pro Seokjin hyung, já que eles têm uma queda um pelo outro. Ficaria muito óbvio e Yoongi perceberia — disse inconformado. Suspirou pesadamente, bagunçando ainda mais seus fios desordenados.

Jeongguk mordiscou o lábio e passou a vasculhar em sua mente todas as pessoas que conhecia que lhe deviam algum favor e que poderiam fazer essa maluquice por ele, mas não surgia ninguém corajoso o suficiente. Percebeu, então, que Taehyung o fitava com intensidade.

— O que foi? — perguntou, encarando de volta.

— Sabe... você bem que podia fazer o papel do namorado — sussurrou.

Jeongguk soltou o ar vagarosamente e analisou o rosto de Taehyung com calma antes de surtar pelo que ouvira.

— Você ainda quer o meu respeito, Taehyung? — Sua voz era séria e o olhar pesado, talvez até indignado com a audácia.

— Soa mais ridículo falando em voz alta, mas você é o único que eu conheço que entenderia os motivos e que poderia fazer isso. — Taehyung revirou os olhos com o exagero.

— Sua ideia é estúpida. Quem vai acreditar nessa merda? Nós nos suportamos hoje em dia, mas definitivamente não nos adoramos — Jeongguk pontuou, voltando a brincar com o fone de ouvido entre seus dedos.

— Com tudo isso que tem acontecido nós quase não nos provocamos mais, é só manter esse ritmo e eles vão acreditar. — Taehyung falava qualquer coisa para convencer o moreno, mesmo que aquilo não convencesse nem a si próprio.

Jeongguk balançou a cabeça arrumando a própria franja. Então, cruzou os braços e franziu a testa com a linha de raciocínio fornecida. Será?

— Não, nem pensar! — disse com firmeza.

— Eu vou precisa implorar agora? — Taehyung fuzilou Jeongguk com os olhos.

— Seria interessante ver você implorar... — Jeongguk abriu um sorriso convencido. A mudança de humor no mais novo era evidente quando se tratava do Kim fazendo algo que o satisfazia, ou melhor, que deixava o mais velho levemente irritado.

— Céus, como você é irritante! — Taehyung respirou fundo. Fez uma pequena pausa e massageou as têmporas. — Por favor, Jeongguk. Essa é única chance que nós temos! — Usou a sua voz mais gentil, olhando com olhos pidões e por pouco não levantou as mãos, imitando um cachorrinho para soar ainda mais convincente. Patético.

Jeongguk deixou o queixo cair no ato. Ele tinha certeza que Taehyung era maluco, pois a mudança na voz foi instantânea e convenceu o Jeon no segundo que as palavras o atingiram.

— Você tem certeza que devia estar na faculdade fazendo composições musicais? Teatro cai muito bem para você — respondeu com certo receio.

— Eu sou ótimo interpretando, mas é só uma diversão. — Taehyung deu um sorriso orgulhoso e viu o Jeon revirar os olhos. — E admita que o jeito como eu falei e te olhei te convenceram a aceitar, porque eu sei que você vai dizer sim.

— Bem que você queria — Jeongguk respondeu, querendo passar a impressão de que nada do que o Kim fizesse o afetaria de verdade.

O mais velho fez uma careta e mordeu a ponta da língua; achava que havia sido convincente o suficiente.

Ficaram em silêncio por mais alguns segundos e então Taehyung se manifestou primeiro.

— Tem mais uma coisa — disse baixo, encontrando o olhar de Jeongguk.

— O quê? — perguntou desconfiado novamente.

— Você precisa ser sincero comigo; eu não quero arranjar mais confusão. Você já sabe como eu sou e o que isso causou na relação dos dois. Não quero me intrometer em uma possível relação sua com alguém — explicou. Na mente de Taehyung aquilo soava razoável, já que tudo isso aconteceu por causa dele.

— Não vejo problema nisso. As pessoas tendem a não se aproximar de mim por causa do meu jeito. — Jeongguk deu de ombros.

O Kim precisava concordar com o dito. Jeongguk era uma pessoa reservada e às vezes de cara fechada; estava óbvio que ele não deixava qualquer um entrar na sua vida. Taehyung foi uma estranha exceção, mas provavelmente por causa dos amigos em comum, não porque ele queria de fato.

— Que seja — respondeu por fim e sorriu leve. No entanto, de repente uma dúvida crucial surgiu em sua mente. — Espera, você gosta de garotos?

— É sério? Você pergunta isso agora, depois que eu aceitei? — Jeongguk bateu na própria testa e fez uma careta. — Eu não teria aceitado essa coisa maluca se não gostasse, seria sem sentido igual com o Hoseok hyung.

— Certo. Verdade. É que normalmente tem um monte de meninas atrás de você, apesar de sempre ignorá-las — esclareceu. Taehyung observava, inclusive, duas garotas olhando para Jeongguk do outro lado da rampa, o que fez com que o moreno seguisse seu olhar.

— São da minha sala. Elas só chegam até mim em duplas ou grupos pequenos, mas raramente sozinhas.

— Que irônico. Lindo, gênio e assediado por várias garotas. — Taehyung brincou, fazendo uma careta divertida.

— Não é engraçado. Eu odeio isso. Elas não me deixam em paz. Espera até descobrirem o nosso “namoro”, vão te fuzilar com os olhos em instantes — falou sério e sentiu uma pontada no estômago com os elogios do outro, mas resolveu ignorar.

— Mal posso esperar por isso. — Taehyung sorriu e encostou-se à parede de novo, deixando o silêncio preencher o espaço entre eles mais uma vez.


Notas Finais


Obrigada a todos que pararam um pouquinho do seu tempo para ler os dois primeiros capítulos. Obrigada pelos favoritos/comentários!


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