História Star Tabby Interativa - 026 ;; And to Make Things Worse

Seoul, Janeiro de 2011.

A capital coreana parecia mais populosa do que Kara imaginava. Eram tantas pessoas andando ao mesmo tempo, falando ao telefone, com expressões sérias. A japonesa estava ficando tonta com aquilo tudo. E para piorar a situação, ela havia acabado de chegar na Coreia do Sul depois de conseguir convencer os pais a deixa-la ir ao país. Não conseguia, de modo algum, chegar até o apartamento que a mãe havia alugado para ela. As pessoas a ignoravam ou eram grossos quando ela perguntava onde estava, apenas pelo fato de ser uma japonesa. Será que dá para piorar?, a Park pensou. Naquele mesmo momento ela percebeu que tudo poderia piorar.

Um grupo de homens começou a se aproximar rapidamente dela. E ela havia percebido que não era coincidência. As pessoas não ligavam para aquilo, não olhavam, e quando olhavam, preferiam ignorar. Até mesmo as mulheres. Aquilo deixou Kara ainda mais desesperada. Ela estava para entrar em pânico, pensou que algo ia acontecer com ela a qualquer momento. Tinha que fazer algo rápido.

— Continua andando. — Um braço magro a envolveu pelo ombro. Kara não ousou olhar para o garoto que havia dito aquilo. Continuou andando, estava ficando um pouco mais calma. Olhou para trás discretamente e percebeu que os homens não estavam mais ali.

O garoto que até agora não havia se identificado, levou-a até um restaurante ali perto. Sentaram-se em uma das mesas. Aquele silêncio incomodava Kara.

— Qual seu nome? — Ela perguntou e o garoto direcionou seu olhar até ela.

— Luhan. — Ele sorriu de um jeito fofo. — E o seu?

— Kara. — A japonesa retribuiu o sorriso. Pensou que se Luhan não tivesse a salvado, algo muito ruim poderia ter acontecido. — Obrigada por aquilo. Eu me perdi, vim hoje para cá. Quando aqueles homens começaram a me sentir eu pensei que ia desmaiar no meio da rua. — Kara disse com um coreano meio enrolado.

— De onde você é? — Luhan perguntou, olhando para o cardápio.

— Japão. — Ela respondeu, tentando ler o que estava escrito no cardápio.

— Eu também não sou daqui. Sou chinês. Imagino o que você deve ter passado. — Comentou. — Hm, você já comeu algo do cardápio?

— Na verdade eu não estou conseguindo ler direito. — Kara soltou uma risada, abaixando o rosto. Estava envergonhada. Bem que ela deveria ter treinando mais um pouco de seu coreano antes de ir de fato para a Coreia.

— Gosta de carne? — Luhan perguntou, soltando o cardápio na mesa. Sabia exatamente o que pedir. Kara apenas assentiu. — Bulgogi, pode ser?

Assim que Kara confirmou, Luhan chamou o garçom que logo anotou o pedido. Pediram também uma garrafa de refrigerante. Continuaram a conversar sobre diversos assuntos. Contaram suas experiências de ter chegado na Coreia e como foram tratados na primeira vez que estiveram no país. Luhan contou que era trainee de uma empresa e logo se tornaria um idol, que era questão de pouco tempo. Kara sorriu e disse que também era trainee, e que fora descoberta em um clube de música do Japão. Passaram um bom tempo ali comendo, bebendo Sprite e conversando. Kara decidiu que, como agradecimento, pagaria a conta, por mais que Luhan insistisse em paga-la. Foram para fora do estabelecimento e ele a levou até seu apartamento.

Luhan e Kara se despediram, mas prometeram manter contato. Aquele era o início de uma bela amizade.

Seoul, Novembro de 2014.

As garotas haviam voltado da escola não fazia uma hora. Seis das onze garotas haviam já se formado, as outras continuavam estudando. Só que dividir sua vida entre estudar e treinar não era tão fácil quanto parecia. Principalmente agora, que elas estavam em semana de prova. Começaram a ficar acordadas até mais tarde estudando com o auxilio de Nara, que era a melhor no grupo quando o assunto é estudos.

Naquele momento, Xiaoli estava treinando, afinal aquilo ajudava a liberar a energia que ela tinha de sobra. Enquanto isso, as outras garotas estudavam, sentadas no chão da sala do dormitório. Nara e Adeline conversavam baixinho, enquanto observavam as garotas, para ver se elas faziam suas atividades.

Harin foi a primeira a terminar sua tarefa. Guardou os materiais na mochila e pouco tempo depois, ouviu seu telefone tocar. Correu até a mesa de jantar, afinal seu celular estava lá. Pensou ser uma ligação de seu irmão ou talvez de seu pai. Tinha esperança que ele estivesse ligando para ela, para que conversassem de verdade. Na verdade, foi uma surpresa e tanto, percebeu que era Lorena, uma amiga sua do tempo que morava no Brasil.

As garotas prestaram atenção naquela cena a partir do momento em que nenhuma palavra fora dita durante toda a ligação. Harin conversava com a amiga por meio de gestos, ou melhor, por libras. Foi uma conversa rápida para matar a saudade. Lorena perguntou quando a amiga iria voltar para o Brasil e Harin disse que gostaria de voltar em breve, apesar de não ter certeza. Depois, falou sobre como estava sendo viver na Coreia. Sua amiga ainda disse que sentia a sua falta no país natal e estava feliz pela amiga estar prestes a realizar o sonho. Conversaram mais um pouco e logo Lorena disse que tinha que desligar, pois era hora de dormir. Se despediram e agora Harin tinha um sorriso no rosto. Era muito bom conversar com sua amiga.

— Você fala língua de sinais? — Yeonhyo perguntou. Parecia surpresa com aquilo, todas estavam, na verdade.

— Sim. Libras e ASL. Estou aprendendo KSL também. — Harin sorriu ao perceber o interesse das suas unnies com aquilo.

— Eu não sabia disso. — Nina disse. — Por que você aprendeu?

— Eu estava conversando com uma amiga minha chamada Lorena. Começo ela desde quando éramos menores. Ela é surda, então eu decidi aprender libras para me comunicar melhor com ela. Quando comecei a aprender inglês, também aprendi ASL. E agora estou estudando coreano, então achei legal aprender a língua de sinais daqui também. — Harin respondeu com um sorriso pequeno nos lábios. Ninguém sabia daquilo além de sua família e amigos que moravam no Brasil.

— Isso é tão bonito, dongsaeng. — Adeline deu um sorriso grande, para depois tomar um gole de seu café.

— Um dia você podia nos ensinar. — Jieqiong deu a ideia, se interessando naquilo.

— Eu adoraria. — A mais nova do grupo respondeu, sentando-se de volta no chão e continuando a conversar com a maknae line do grupo, enquanto Adeline e Nara conversavam sobre diversos assuntos enquanto tomavam um bom café.