História Star Tabby Interativa - 007 ;; Our Dark Queen

Temporal Manipulation ;; 01/01/94

Seoul, 2013.

Os longos cabelos de Park Kara estavam propositalmente bagunçados e seus lábios estavam pintados de vermelho sangue. Ela usava um cropped preto junto com uma saia de couro vermelha que ia até um pouco antes de seus joelhos. Fez diversas poses no fundo branco enquanto segurava o exótico chapéu vermelho em seu rosto, que por conta da transparência, mostrava seus belos e delicados traços.

— Certo, Kara. Você foi ótima hoje. — O fotografo elogiou e a jovem Park Kara sorriu, levantando-se e indo até uma mesinha com várias garrafas de água. Tomou vários goles de uma das garrafinhas, fazer todas aquelas poses estava a deixando cansada e com sede. Tinha que ir para a empresa treinar ainda!

Aquele era mais um dos diversos photoshoots que fazia. Daquela vez, era um para a Vogue Korea. Kara era uma das maiores supermodels da Ásia, e agora a jovem garota estava prestes a se tornar uma das melhores no seu ramo. Poucos meses atrás, havia fechado um contrato com a Victoria’s Secret e, além de liderar a PINK, também fazia diversas campanhas para a marca principal.

Sentou-se em uma cadeira disposta no estúdio e fechou os olhos, esperando que tirassem sua maquiagem. Aquilo tinha virado sua rotina. Maquiagens fortes e conceitos estranhos para as capas da Vogue, campanhas de maquiagem para a Shiseido, ensaios fotográficos divertidos ao lado das spokemodels da PINK... sua vida estava uma loucura. Não que era antes, mas agora estava muito mais corrida.

Enquanto a mulher tirava completamente a maquiagem carregada, Kara começou a lembrar de quando enganou sua mãe e seu pai, fingindo que iria para a Coreia do Sul apenas e exclusivamente para estudar. Se engaram, pois em dois mil e onze foram surpreendidos pelo rosto de Kara estampado em todos os jornais do país: ela havia se tornado uma modelo e agora estava desfilando com roupas que muitos considerariam vulgares. Claro que a Sra. Park Key não gostou nada daquilo.

Antes disso, ela sempre tinha que dar a imagem de boa menina para qualquer um que a visse. Enquanto sua irmã, Keiko, era a irmã perfeita, Kori, o mais novo, iria herdar todos os negócios da família. Mesmo em sua adolescência, já era a dama perfeita, a esposa que qualquer homem desejava ter. Mas Kara estava cansada de tudo isso. Estava cansada de ter que parecer com Keiko, sua irmã mais velha — uma grande advogada.

Por isso ela os enganou. Ela havia bolado o plano do século, pedindo para estudar em um colégio da Coreia e se preparar para faculdade para depois se casar com um homem da mesma classe da família que sua mãe teria o prazer de escolher. Mas agora estava ali naquela cadeira, depois de posar para mais uma revista, depois de fazer mais uma capa. Eram tantas nesse curto período de tempo que ela não poderia contar nos dedos. Logo ela se tornaria uma idol e teria ainda mais compromissos. A liberdade que ela quase não tinha agora seria tirada completamente dela.

Então seu celular apitou. Era a hora de treinar. Suspirou e assim que a mulher terminou seu trabalho, Kara trocou de roupa, colocando o shorts e a blusa simples que havia usado para ir para o local e saiu do prédio de cabeça erguida.

[...]

Tirou os óculos de sol assim que entrou no prédio de trainees. Tudo que ouvia naquele momento eram os sussurros das garotas, que a xingavam e a olhavam como se Kara fosse a pior pessoa do mundo. Vadia, deveria voltar para o seu país!, disse uma garota de cabelos tingidos de um tom de rosa bem claro. Ela se acha só porque já é famosa!, completou a outra.

Kara pressionou os lábios e fingiu que não ouviu. Quando estava no Japão, os comentários eram sobre sua beleza, que ela deveria se tornar modelo ou Miss. Na Coreia era outra história. Os comentários de ódio eram cada vez mais presentes. Talvez era por isso que Kara era tão quieta. Ela sabia que chegaria uma hora que não conseguiria mais ouvir aquilo, mas tinha que se portar como uma dama. Assim como sua mãe a ensinou.

Passou por uma garotas que a deram sorrisos falsos, os quais ela apenas retribuiu com o melhor sorriso que podia dar e um “annyeonghaseyo” baixo. Andou até o refeitório e encontrou SoHye, Adeline e Jieqiong em uma mesa, conversando animadamente enquanto não havia ninguém mais ali.

— Perdi alguma coisa? — Kara sorriu e sentou-se ao lado de Jieqiong.

— Adi passou mal. — Jieqiong foi rápida em dizer, mas assim que viu o olhar de SoHye sobre si, continuou: — Mas não deveríamos falar sobre isso agora, não é? Ela já está melhor!

— O que eu te disse sobre não parar de comer, Adeline? — Kara olhou para Adeline que desviou o olhar. — Depois conversamos sobre isso. SunHye, preciso falar com você. — SoHye sorriu ao ouvir o apelido usado exclusivamente por Kara. Assentiu e se levantou, seguindo Kara até uma sala vazia.

— Então, o que aconteceu? — SoHye perguntou. Conhecia Kara muito bem, notou em seu tom de voz que algo de errado havia acontecido.

— Lembra que eu ia ajudar as trainees com a dança? — Kara suspirou e começou, dando uma pausa e espero a reação de SoHye, que apenas assentiu. — Eu não sei se deveria. Elas não gostam de mim. Sempre ouço comentários maldosos delas. O que eu faço?

— Olha, dongsaeng, acho que você não deveria se importar tanto com isso. Eu sei que machuca, mas comentários assim sempre vão existir.  Vai ser desse mesmo jeito quando debutarmos. Se você fizer algo, elas vão continuar porque vão saber que você se intimida com isso. — Hye disse, gesticulando, como era seu costume. — E você sabe que esses comentários não são verdade.

Kara suspirou. Ela encontrou em SoHye um porto seguro. Sabia que poderia ligar para ela as duas da manhã pedindo conselhos que SoHye iria ajuda-la. SoHye era seu Sol, sempre brilhante, sempre iluminando a todos. Enquanto isso, Kara era como a Lua: bela e cheia de mistérios.

— Eu te amo. — Kara disse, olhando para a mais velha

— Eu sei.