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História Star Wars: Redemption - Luz e escuridão


Escrita por: MyraOrgana

Capítulo 4 - Luz e escuridão


Em Jakku, a pequena Rey usava seu bastão para se defender de ladrões Tusken Raider, três deles tentavam roubar os recicláveis da garota. Rey girou e acertou seu bastão na cabeça de um ladrão, desorientando-o, mas outro agarrou a sua arma de defesa com força, desestabilizando a menina. O barulho de dois tiros interrompeu a pequena batalha que se desenrolava, um atingiu um braço e o outro uma perna dos Tusken que não haviam sido derrubados por Rey.
- Três contra uma? Onde está a honra de vocês? – A jovem Zoe Minsbek apontando sua arma para eles, os ladrões fugiram.
- Obrigada. – Rey disse ajeitando sua mercadoria dentro da bolsa.
- Você daria conta, mas não consigo resistir uma briga. – A outra sorriu. – Meu nome é Zoe.
- Rey.


A Zoe Minsbek adulta sentiu um nó subir em sua garganta. Quando seu pai foi assassinado ela desistiu da maioria dos seus ideais, mas mesmo assim, nunca havia trabalhado para a Primeira Ordem antes. No fundo de seu coração, ela nutria uma simpatia pelo ideal de liberdade que os rebeldes defenderam anos antes quando combateram o Império.
Saiu da barraca e sentou-se em uma pedra, sentia-se sufocada, soltou um suspiro alto mesmo que sem planejar, era noite e o acampamento estava silencioso. Rey e o Wookie dormiam, o droide R2-D2 parou ao seu lado, apitando baixinho como se pudesse compreender emoções humanas. Ela havia perdido Luke Skywalker de vista, mas não era só isso que a impedia de capturar Rey, as memórias que ela nem acreditava ter mais dançavam vivas na sua mente.

O pai de Zoe vinha em sua direção com aquele olhar que sempre a acalmava. O olhar tranquilizador que dizia que o trabalho estava terminado e que agora eles já iam partir, Zoe nunca imaginou que aquela seria a última lembrança que teria dele.
Um tiro e tudo mudou.
Seu pai foi morto sem a chance de se defender, golpeando pelas costas, sem honra alguma.


A caçadora virou-se alerta ao ouvir o fanfarrar de folhas sendo pisadas, Luke Skywalker puxou seu capuz com a sua mão robótica e encarou a mulher.
- Posso sentir o conflito e o desespero em você. – Ele disse sereno.
-Talvez eu só esteja com fome. – Zoe debochou e Luke deixou escapar um pequeno sorriso, o comentário ácido lembrou o homem de sua juventude.
- O que faz aqui fora, criança? – Perguntou.
- Não sinto sono.
- Consciência pesada? Rey confia em você, já eu ainda não tenho certeza. – Ele disse.
- Bem, você não me conhece, seria tolice minha esperar que confiasse. – Terapia Jedi, agora? Era só o que faltava, Zoe já estava se sentindo farta daquilo. Queria ir para a Matrem Stara e sumir, não suportava remoer suas memórias.
- Não é por não conhecer que não confio em você, Zoe, eu não confio em quem tem medo de ouvir seus próprios medos. Não confio em quem se deixa ser dominado por eles.
- Eu não tenho medo de nada, pergunte a Rey. – Zoe cuspiu.
- O medo é o caminho para o lado negro. O medo leva a raiva, a raiva leva ao ódio, o ódio leva ao sofrimento.
- O que você sabe sobre mim? O que esses poderes loucos de Jedis podem te contar sobre minha vida? – Zoe explodiu. – Você tem alguma ideia de tudo o que eu passei? É fácil para você separar as coisas lado da luz e lado negro, em bom ou ruim, bem, pessoas são muito mais complexas do que isso. Às vezes nós não temos escolha!
- Sempre há escolha.
Um momento de silêncio constrangedor pairou sobre os dois. Por mais que Luke não confiasse em Zoe, ele havia aprendido com seu pai que mesmo as mais sombrias almas podem se redimir.
Zoe Minsbek virou as costas e saiu em passos firmes, murmurou que iria olhar sua nave, mas não sabe se Luke ouviu ou sequer se importou, ela precisava de silêncio e paz para organizar sua cabeça. Estava se sentindo nostálgica e confusa, odiava isso, tudo o que ela queria era terminar o trabalho e seguir em frente, sem complicações com moral ou caráter.

Era a primeira vez que a jovem Zoe tentava negociar sozinha, estava com os comerciantes de Jakku contando as maravilhas sobre o sangue da espécie Kree que planejava vender, quando vários outros aliens se aproximavam, percebendo a movimentação estranha, Zoe guardou a mercadoria e se preparou para lutar, quando outra garota apareceu em um Speeder e estendeu a mão para Zoe subir.
- Cuidado com quem você negocia! Alguns aqui não têm honra alguma! – A piloto gritou contra o vento.
- Rey? – Zoe indagou reconhecendo a voz.
- Você me salva, eu te salvo, somos quase um time.


Zoe ficou encarando a Matrem Stara, sentindo o peso das memórias em seus ombros. Depois que o pai faleceu, ela foi pra Jakku negociar as mercadorias que ainda tinha. Era só isso o que ela sabia fazer para sobreviver.

- Então tudo o que você faz é juntar o lixo e trocar por comida? – Zoe perguntou enquanto devorava uma das porções de Rey.
- É bem mais difícil do que parece. – Rey respondeu dando um leve chute na perna da amiga. – Aliás, é só até a minha família voltar.
- Pelo menos você tem um plano. – Zoe suspirou.
- Sinto muito pelo seu pai. – Rey disse verdadeiramente comovida. Sabia o quanto doía viver solitária, ao menos ela ainda tinha a esperança de ter sua família de volta, Zoe não tinha o luxo da ilusão. – Você pode ficar aqui por um tempo, se quiser. Mas vai ter de me ajudar com o lixo, vamos precisar de mais porções.
- Duas órfãs brincando de casinha? Vai ser demais. – Zoe riu.


Ela nunca teve outra amiga, nunca teve outra pessoa que ofereceu ajuda, nunca passou tanto tempo em um lugar só quanto em Jakku. Como Zoe pensou que poderia fazer isso com Rey? Sequestrá-la e entregá-la para a Primeira Ordem? Isso era baixo demais, até para ela.
- Ótimo, e o que eu faço agora? - Zoe gritou para as estrelas no céu. - A Primeira Ordem não vai ficar nada feliz em saber que peguei o dinheiro deles e me mandei, vou ter de trocar minha vida pela dela? – Zoe chutou uma pedra frustrada. Milhares de pensamentos zuniam em sua mente. Se ela devolvesse o pagamento a deixariam em paz? Óbvio que não, General Hux provavelmente riria na cara dela e mandaria acertar um tiro de blaster no meio dos seus olhos, isso ao menos se ele fosse capaz de rir! E ainda havia Kylo Ren e as histórias sinistras que acompanham o nome daquele que dominava a força... A força! Se ela conseguisse fugir, talvez, se ela tivesse sorte, a Primeira Ordem acreditaria que ela havia falhado, que Luke Skywalker havia matado a garota e ninguém procuraria por ela. Mas a primeira Ordem sabia que Rey estava com Luke? Por que isso não estava nos arquivos?
Tantas dúvidas, tantas informações faltando. Lutando contra sua aflição, Zoe tentou dormir um pouco, o que sabia é que partiria pela manhã, fora isso, não havia planejamento nenhum.
Mas antes mesmo que a garota pudesse descansar, Rey gritou por Zoe ao lado de fora da Matrem Stara.
- Mestre Luke disse que você estaria aqui. – Rey disse quando Zoe saiu da nave.
- Mestre Luke acha que sabe de muitas coisas. – A caçadora respondeu amarga. – Por que o chamar de Mestre, de qualquer forma?
- Ah Zoe... – Rey deu um sorriso tímido. – Lembra-se das histórias, certo? Você tinha tanta fascinação por elas! Estou aqui com Luke porque ele é meu mestre Jedi e eu sou uma padawan, ele me ensina coisas, me ensina os caminhos da força.
- O quê? Você diz que... Impossível! Nós nunca fomos alguém, éramos uma aprendiz de mercenária e uma catadora de lixo, nunca isso poderia acontecer com você...
- Não subestime nem a mim nem a você, Zoe. – Rey disse. – Eu também duvidei no começo, mas a força despertou em mim. Olhe...
Rey inspirou fundo e ergueu seus dedos no ar, algumas folhagens do chão se levantaram até a mão da padawan, então, a vegetação verde a envolveu como se dançasse ao seu redor, antes de voltar delicadamente para o chão. Zoe arregalou os olhos.

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- Isso explica muita coisa, afinal. – Mais uma informação que os cretinos da Primeira Ordem esconderam dela, como queriam que ela tivesse sucesso se nem ao menos podia se preparar para o que iria enfrentar?
- Você não veio parar aqui por acaso, veio Zoe? – Rey perguntou.
- Você sempre esperou demais de mim, não é irmã? – Zoe soltou uma risada forçada. - Mas eu sempre fiz as escolhas ruins.
- Todos têm luz e escuridão dentro de si, Zoe, você tem que escolher qual lado vai te dominar.
- Rey, tem pessoas procurando por você, sua cabeça esta valendo muito dinheiro e eu considerei, bem, sinto muito...
- Kylo Ren e os restos da Primeira Ordem, eu imagino. – Rey disse amargurada.
- Sim. – Zoe admitiu.
- Então tome sua decisão, Zoe, mas não vou me render à Kylo Ren sem lutar. – Rey disse olhando firme nos olhos da amiga. Ela tinha fé na adolescente que havia crescido junto com ela, mas não sabia o quanto da Zoe criança ainda restava na mulher que estava na sua frente.
- Não vou lutar com você, mas não posso lutar ao seu lado. – Zoe disse após um silêncio constrangedor. – Vou partir um contrato com a Primeira Ordem, Rey, isso vai me trazer muitos problemas, tudo que posso fazer para te ajudar é avisá-la que eles não vão desistir. Eu roubei o mapa que trazia até você na base da resistência, vou te entregar o drive e vou partir pela manhã.
- É o suficiente saber que você ainda é minha irmã, ainda é a mesma pessoa. – Rey abraçou forte a mulher, Zoe não recebia tal ato há muito tempo. As duas deixaram a nostalgia, por um segundo parecia que estavam de volta à Jakku, então se separaram.
- Ah claro, ainda é a mesma, disse a aprendiz de Jedi. – Zoe revirou os olhos e Rey riu.
- É, tenho uma boa história para contar. – Rey respondeu.
Elas conversaram por um bom tempo. Rey contou sobre o despertar de sua força, como conheceu seu amigo Finn, como eles levaram o droide BB-8 de volta para Leia e descobriram o mapa para Luke, recontou a história de seu mestre, o garoto de Tattooine que descobriu sua força e se tornou a nova esperança da galáxia. Contou sobre a Aliança Rebelde, sobre Obi-Wan Kenobi, Yoda e Darth Vader, que era na verdade o pai de Luke e Leia, Anakin Skywalker, corrompido pelo lado negro da força. Luke havia redimido seu pai antes de sua morte, assim se destruiu a segunda estrela da morte e a nova republica deu os seus primeiros passos. O mais difícil para Rey foi contar sobre Han Solo, o grande amigo que havia sido assassinado pelo próprio filho: Kylo Ren.
Zoe se sentiu mais assustada ainda ao lembrar-se da figura mascarada, perder o pai fora o ápice da dor para a mulher, como alguém poderia matar a própria família?
- Junto com a luz do sol, a luz do coração dele foi embora quando ele atravessou Han com seu sabre. Não havia mais Ben Solo, só Kylo Ren.
- Olhando a história dos Skywalker, talvez não ter família tenha suas vantagens. – Zoe disse zombeteira.
- Você sempre teve um senso de humor esquisito. – Rey julgou.
– Bem, agora é minha vez de contar uma história. – Ela completou voltando para o interior da sua nave, no painel de controle pegou os dois drives de informações.
- Esse você já deve ter visto. – Zoe entregou o primeiro drive pra Rey. – Roubei da resistência para achar vocês, e esse a Primeira ordem me entregou, contém seus dados.
Rey pegou os drives, analisando intrigada.
- O que foi? – Zoe questionou a testa franzida da amiga.
- Eles têm pesos diferentes. – Rey disse. – Pegue um em cada mão... Vê? É sútil, mas o da primeira ordem é mais pesado.
- Drives são diferentes, podem ser construídos de varias formas... – Zoe parou a fala e ponderou por um segundo. – Ah não ser que...
Suspeitando, Zoe começou a tentar abrir o drive, sem sucesso com suas próprias mãos, ela pegou a faca que carregava na bota e com o cabo que protegia a lamina acertou um golpe no drive, o partindo em diversos pedacinhos, mas uma pequena vermelha ainda piscava dentro do circuito quebrado.
- Droga! – Zoe disse. – Aquele desgraçado do general Hux e da Capitã Phasma – Zoe pisou com toda força na luz vermelha, quebrando-a.
- O que foi? – Rey perguntou.
- Vamos chamar os outros, precisamos partir agora, a Primeira Ordem estava rastreando o Drive. – Zoe disse correndo para fora da nave.
- Rastreando? – Rey quase gritou. – Você trouxe a Primeira Ordem até nós sem perceber?
- Aparentemente sim, mas podemos deixar a discussão para depois. – Zoe retrucou.
- Mestre Luke vai ficar furioso!
- Se não sairmos agora ele não vai viver o bastante para isso.

As duas correram de volta para o acampamento, Rey acordou Chewbacca e logo eles começaram a levar os suprimentos para a Millenium Falcon, a nave que pertenceu a Han Solo e que Rey assumiu com a morte do homem. Zoe ajudava, agilizando o processo, o único a continuar parado foi Luke.
- Você tomou sua decisão. – Ele murmurou quando Zoe passou perto o suficiente para ouvir. – Está do nosso lado.
- Eu estou do meu próprio lado, só isso, e como agora precisamos todos sair daqui, seria útil a sua ajuda.
- Passei tantos anos me escondendo e você arruinou tudo em menos de 48 horas.
- Deixe para se lamentar quando estivermos seguros, velho Jedi. – Zoe disse e voltou o trabalho com Rey e Chewie.
- Não tem nenhum respeito, e ainda é convencida. – Luke disse para R2-D2 que soltou vários bips.
- Não, eu não era assim quando jovem! – Luke retrucou ultrajado e o droide soltou mais ruídos.
- O caso com o Jabba the Hutt foi isolado, e eu estava certo, acabei com todos... – Mais bips soaram. – Ah, claro que Leia e Han ajudaram, mas eu fiz a maior parte... Vamos ajudar Chewie a desmontar as barracas.

A maior parte já estava pronta e eles estavam prestes a partir, voltariam para a base da resistência, mas um zunido alto fez o grupo virar sua cabeça para o céu. Naves da Primeira Ordem se aproximavam.
- Não dava pra ser fácil pelo menos uma vez! – Zoe gritou.



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