História Stay - She

Meu despertador, fez-me acordar ao som de The Stage[1] numa manhã nublada de quarta-feira. O dia aguardado chegou.

Bem, chamo-me Anne Evans, brasileira, 25 anos e atualmente, testando minhas responsabilidades como adulta. Sou formada em Direito, tendo concluído o curso com 21 anos, passei esses anos estudando pra caramba e finalmente consegui uma contratação para trabalhar em um famoso escritório... Em Los Angeles.

Sim, baby, você entendeu direitinho... LOS ANGELES! A ansiedade está destruindo meu psicológico, mas não apenas ela, há também a dor por ficar longe da minha família. Entretanto, os objetivos são: conseguir desenvolver bem meu trabalho e conquistar o direito de trazer uma filial para o Brasil. Fui longe demais? Talvez, mas, só ter almejado esse emprego já me faz crer que posso ir além.

(...)

A despedida foi angustiante; chorei, choraram. O embarque foi tranquilo e mesmo estando no meu querido Brasil, o voo não atrasou.

Após fucking dezesseis horas de viagem, finalmente desembarquei em LA. No saguão do aeroporto, esperava-me o guia que iria meu auxiliar nos primeiros dias de adaptação, vi sua plaquinha com meu nome e sorri simpática, disfarçando o cansaço.

- Olá Matt. - ele era brasileiro e morava a muitos anos em LA, trabalhando como guia.

- Oi Anne, como foi a viagem? – Sorriu ele e ajudou-me com as malas.

(...)

Conversamos durante todo o trajeto, ele explicou-me algumas primeiras informações importantes sobre meu apartamento, as mínimas regras de convivência entre os moradores, etc.

Após Matt passar todas as instruções, fui finalmente deixada sozinha no apartamento, levei as malas para o quarto e joguei-me na cama. Como eu precisava daquilo! Apaguei e quando acordei, no outro dia, estava bem recuperada da viagem.

Fiz compras, fui à cafeteria e na volta conversei com o porteiro do prédio, que por sinal se chama John e é um “old man” muito simpático.

Precisava ir ao escritório para um “reconhecimento” do lugar, era sábado à tarde e eu já estava com meu crachá de acesso. Portanto, vesti uma calça qualquer e um moletom, calcei um tênis surrado, fiz um coque nos cabelos, peguei minha bolsa e saí do prédio rumo ao meu futuro local de trabalho. Como o apartamento foi escolhido estrategicamente por ser perto do escritório, decidi ir andando seguindo as instruções do Maps[2] no celular.

Essa cidade é simplesmente encantadora, não é à toa todos os elogios e relatos de amor por ela. Andava distraída, como sempre e avistei, do outro lado da rua o prédio do escritório. Devido um momento de insanidade total, decidi atravessar ali mesmo, sem faixa de pedestres ou semáforo. Foi nesse belo instante que ao primeiro passo fora da calçada sentir uma grande dor como algo batendo em mim e rodopiei ao cair no chão. Ouvi outro gemido além do meu e olhei para o lado, um cara estava jogado na calçada todo embolado em uma bicicleta, ele não só gemia de dor, como também xingava alto a louca que se meteu na frente dele na ciclovia.

Tentei sentar, mas cacete, minhas costas doíam muito, talvez uma costela fraturada? Talvez. O cara levantou, segurando o pulso que parecia doer bastante, mas de resto ele parecia inteiro, virou de frente para mim e o tempo parou de correr.

PUTA MERDA! Eu olhei aqueles olhos, aqueles fucking olhos azuis e reconheci imediatamente a figura estonteante que se fazia irritada a minha frente. Jared Hot Sexy Leto. FUCK MAN! Eu não ouvia mais seus xingamentos, não sentia mais dor e desaprendi a respirar ou meus pulmões resolveram parar de trabalhar para comtemplar aquele homem.

[1] Música da banda Avenged Sevenfold, do álbum de mesmo título.

[2] Aplicativo do Google de localização.