História Stay - Stay

Não ia demorar, era o que ele esperava, que não iria realmente demorar.  Já haviam se passado meses que suas pernas não estavam colaborando com ele, seu coração apertava ao pensar que seu maior sonho havia se acabado. O jovem de cabelos negros estava desesperado, seu corpo não respondia como devia. Seu sonho estava se transformando em pesadelo a cada novo movimento que ele tinha que fazer. Cada vez que tentava dançar sobre aquele chão liso de madeira, um musculo ardia e o corpo ia ao chão.

Nem sempre sua vida foi assim, na realidade ela mudou a pouco mais de oito meses. Esse fora o tempo que dividia sua brilhante carreira como idol e sua vida com corpo ferido e falho. Olhando para o espelho, via sua imagem destruída e sua vontade já não era mais refletida em seus olhos. Sentia-se frustrado, a cadeira de rodas ainda habitava o fundo da sala e o rádio ainda tocava as mesmas músicas que ouvia antes daquele inferno começar. Irritado com sua própria desgraça e falta de ação quebrou o espelho com um soco e os estilhaços espalharam-se pelo chão da sala de treino.

Encostou-se na parede e deixou seu corpo ir caindo até encontrar o chão. Não era a primeira vez em meses que a frustração era sua amiga, desde que decidiu voltar a viver ela estava ali. Sim voltar a viver, por alguns momentos ele achou sinceramente que deveria se deixar partir. Mas essa ideia havia lhe acometido apenas no momento em que seus olhos fecharam e ele sentiu que havia perdido tudo no meio daquela madrugada.

“Era uma madrugada comum de dezembro, o chão estava escorregadio devido a neve que havia caído no dia anterior. Todos estavam dentro da van, estavam voltando de um show em Busan, havia sido realmente divertido. Naquele veiculo não havia um que não estivesse exausto, por exemplo os rapazes que estavam nos três bancos da frente. Bang estava cansado, mas sua cabeça bolava as músicas do próximo CD. Kim conversava com Yoo sobre como as fãs estavam mais animadas desde a última vez que passamos ali. Jung e Choi estavam dormindo tranquilos ao lado dele. Bom a ele apenas restou mais uma vez fazer-se de dorminhoco, ele estava com dores nas costas desde que as bateu no chão dias antes para impedir que em um movimento errado seu amor se machucasse feio.

Não reclamava de dor, na verdade ele não reclamava de nada, apenas aproveitava a companhia dos amigos e de seu amado. Seu amado era uma definição estranha que JongUp achou para chamar o rapaz que amava em silêncio. Sim, bem como qualquer outra coisa, ele preferiu não falar para ninguém sair prejudicado. Guardava seu amor pra si, afim de não deixar um mau estar entre seus amigos. Aquele grupo, aquelas pessoas, eram uma parte muito importante de sua vida.

Sua mente viajava nas lembranças boas que haviam feito até ali, mas também viaja em lembranças que amargavam sua boca. Em algum momento sua mente o levou até o dia em que ele se descobriu apaixonado. Foi durante um fanservice, do nada o ciúme lhe invadiu a incerteza que aquilo lhe trouxe o acertou em cheio. Ver aquela pessoa com os braços envolta de outro, as testas coladas e os rostos próximos. Aquilo o enlouqueceu...”

Naquele dia seus pensamentos acabaram ali, o moreno não sabia bem o que houve apenas viu tudo rodar e no final eles todos estavam envoltos em aço retorcido, gritos e dor. Não tinha em sua mente imagens claras do acidente, só lembrava que olhará nos olhos de seu amado e dizer que o amava. Foi tudo que ele pode fazer antes de apagar e passar dez dias lutando entre a vida e a morte.

Seus ferimentos não foram tão graves, mas o tempo que levaram em socorre-lo o fizeram ficar tempo demais sangrando e isso o prejudicou. Acordou desnorteado e ouviu um grito de felicidade saindo dos lábios de sua mãe, que correu para fora do quarto e chamou um grupo de médicos que o enlouqueceram e por tal ele preferiu fechar os olhos. Estava cansado demais para tentar entender o que havia acontecido, ficaria desse modo por mais alguns dias. Exatamente vinte dias depois do acidente ele resolveu que deveria buscar respostas.

As respostas vieram com tudo sobre si, isso esmagou seu coração no peito. Moon olhava para o líder da banda e ouvia cada uma das respostas para cada uma de suas perguntas mudas. Soube naquele dia que ele havia sido o que chegará ao hospital no pior estado, YongGuk e Himchan haviam machucado seus ombros e as mãos, YoungJae e Zelo haviam ferido suas pernas e tiveram cortes feios em seus abdomens. Daehyun estava com o braço engessado e um grande curativo na testa, mas no fundo não era nada grave. Já sua situação era realmente complicada ele chegou com cinco cortes na coluna, dois cacos de vidro cravados em seus joelhos, seu ombro completamente quebrado e duas costelas fraturadas. Naquele momento ele realmente ficou puto pois isso iria trazer grandes transtornos a ele, mas no fim do dia seguinte ele chorava agradecendo por todos que lhe eram queridos estarem vivos e bem.

Três meses depois, suas costelas estavam bem e seu ombro já havia começado a dar sinais de melhora. Suas costas doíam nos pontos que foram atingidas, mas no fundo sua frustração vinha de seus joelhos. Todo seu corpo respondia bem ao tratamento e a fisioterapia, mas seus joelhos ignoravam qualquer esforço e ao andar sentia a dor mais insana de sua vida. Bem lá no fundo de sua mente, ele sabia que aquilo era o reflexo de sua vontade de nunca mais querer ver cenas como a de dias atrás. JongUp não queria mais ver seu amado em outros braços, seus amigos correndo riscos em momentos que deveriam estar apenas vivendo vidas tranquilas.

No quarto mês após acidente se pegou chamando-se de inútil, sem qualquer sentido ele havia achado que era apenas um intruso naquele mundo. Demorou alguns dias para que Chan o convencesse que não era bem assim, Guk também estava ao lado do dançarino. Dificilmente esqueceria do momento em que o líder disse-lhe que era bom que o rapaz não se acostumasse com a moleza, pois em breve estariam juntos em cima de um palco. Esse foi um dos seus motivos para não desistir, depois desse momento ele sentia-se ainda mais apoiado pelos mais velhos e aquilo o reconfortava. Muito embora estivesse feliz, algo ainda faltava.

Foi no quinto mês após o acidente, eles estavam ensaiando para fazer seu primeiro comeback com seis membros depois de todo aquele trauma. Era uma música suave e que não tinha grandes coreografias, afinal o corpo do rapaz ainda não aguentaria. Por algum motivo que lhe faltava a memória agora, foi até o vestiário, ao abrir a porta pode ouvir um barulho estranho e resolveu segui-lo. Maldita fosse sua imensa curiosidade. Seu coração partiu-se em pedaços ao ver que o fanservice de dias atrás, era mais real do que ele gostaria. Youngjae estava nos braços de Zelo, aquilo fez suas pernas já fragilizadas levarem-no ao chão. Claramente ele fez barulho, mas não se importou nem um pouco de fazer barulho. Os dois vieram a ele perguntando como ele se sentia, os olhos castanhos encontraram os olhos de Jae e aquilo o deixou ainda mais quebrado.

Nesse momento ele realmente quis desistir e se questionou se o outro havia escutado sua confissão. Por um instante quis questionar, mas preferiu não faze-lo seria cruel demais para seu coração saber que nunca fora correspondido. “Acho que fiquei tempo demais em pé no ensaio, desculpa assusta-los.” Essas foram suas palavras em resposta a preocupação alheia, soltou uma risada leve afim de esconder a dor de seu coração partido. Os dois mais velhos do B.A.P questionaram se ele queria voltar pra casa, eles poderiam lidar com aquilo, mas para fazer o teatro perfeito ele disse que tudo ficaria bem e que apenas precisaria se apresentar sentado.

De forma implacável o tempo passou depois daquele dia e o dono de mexas roxas espalhadas pelo cabelo escuro, mantinha uma mentira para que os outros não precisassem se preocupar com ele novamente. Só havia um pequeno detalhe naquela história, ele havia perdido o animo devido a ter que mentir e trancar tudo dentro de si ele estava perdendo a vontade de viver. As dores que sentia ao dançar eram um reflexo de seu emocional, os médicos haviam dito a ele seu corpo havia se recuperado completamente.

Resolveu que era hora de se levantar, respirou fundo e depois soltou o ar pensando em qual mentira inventaria para ter quebrado o espelho. Bufou irritado ele deveria ter pensado melhor antes de fazer aquilo, mas a frustração era tanta que ele estava cansado de segurar tudo dentro de si. Saiu do prédio da empresa que cuidava deles e seguiu para o dormitório, rezando para que ele estivesse vazio não queria ter que dar explicações. Pelo menos não por hoje, apenas por hoje ele queria não precisar fingir que estava tudo bem e mentir sobre sua dor.

A sorte lhe sorriu pela primeira vez em meses, o local estava vazio o que para si era uma maravilhosa noticia. Seguiu para o quarto que agora dividia com Bang, ele havia pedido para mudar alegando que não precisaria subir escadas e isso o ajudaria a ficar melhor. Todos haviam aceitado, Bang e Zelo que um dia haviam saído do dormitório voltaram, eles todos no inicio precisavam ter certeza que estavam realmente vivos e juntos. Finalmente depois de meses ele havia conseguido dançar todos eles eram uma família de novo, até a  noite anterior quando Zelo pediu Youngjae em namoro oficialmente aquilo acabou com Up uma vez mais. Ele sentia-se frustrado por não ter mostrado o que sentia, mas sabia que se o fizesse poderia ter criado problemas enormes a todos.

A água fria tocava sua pele esse era o único momento de alivio depois de horas tentando fazer seu corpo responder e onde podia por pra fora sua dor sem ninguém ver. Saiu do banho, limpou sua mão não havia mais lagrimas em si então para ele a dor era uma amiga. Pensou um pouco enquanto fazia seu curativo e por fim seguiu para comer algo. Novamente encontrou tudo vazio, na geladeira um aviso dos outros que eles foram ao mercado então ele resolveu ver televisão. Um drama ia rodando no aparelho, mas ele não tinha sua atenção ali ele busca uma explicação para seu corpo não responde-lo. Fechou os olhos buscando respostas em si mesmo, foi o suficiente para ele adormecer.

-Deixe-o dormir Zelo. –a voz de Dae era cautelosa e baixa. –Não o vejo dormir assim tão profundamente a meses, desde que ele voltou suas noites são perturbadas por pesadelos do nosso acidente.

-Hyung você acha que ele está realmente bem? –a voz de Jae era preocupada, mas o mais novo preferiu não se iludir. –Ele parece tão diferente de antes, nem mesmo a dança dele é igual.

-Não sei  Jae, apenas sei que ele esconde algo de nós. – Himchan dizia tranquilo, foi quando o outro sentiu algo cobri-lo. –Só que é impossível para nós obriga-lo a falar, se ele não quer. Devemos respeita-lo quanto suas decisões.

Ouvindo aquelas palavras, Uppie quis abrir seus olhos para finalmente colocar pra fora todo o peso que vinha carregando sozinho. Realmente ele queria desabafar, mas qual seria o preço por essa sua decisão. As coisas continuariam bem ou a banda encontraria um fim após doze anos juntos? As duvidas o invadiu e ele resolveu permanecer calado e voltar a dormir.

-Acordem ele imediatamente. –a ordem veio acompanhada da voz de trovão de YongGuk. – Vamos Moon JongUp acorda por bem antes que eu perca a paciência!

A voz do outro estava irritada, o mais novo rezava que alguém intervisse. Kim o fez, mas não foi o suficiente. Bang queria ele acordado e o rapaz foi simulando estar acordando devido ao griteiro. Aquele barulho todo, a discussão entre os cinco era resultado da preocupação expressa de forma agressiva do líder. Se fosse anos antes se preocuparia com os vizinhos, hoje Moon já não dava a mínima para nada. Bocejou e fez o melhor teatro que podia para fingir acordar, olhou com cara amassada para todos e sorriu falsamente feliz.

-Moon Jong Up! –a voz do líder era grossa e quando irritada dava certo pavor, até porque ele não aumentava o tom de voz com frequência. –Me explica por que porra o espelho da sala de treino está quebrado?!

-Ah isso... –Uppie sorriu sem graça, ele ainda não havia inventado uma desculpa e isso era ruim. –Eu tive um probleminha de calculo de rota e acabei batendo nele durante um movimento e ele...

Foi inventando a situação de acordo com o que ele podia, todos olhavam para ele de forma descrente. Era difícil acreditar que um dançarino no nivel dele cometeu um erro desses, mas o acidente havia mudado a todos. Depois de uma longa mentira e um tempo enrolando seus amigos, finalmente tudo ficou tranquilo. Decidiram que ele pagaria pelo espelho, o jantar apenas foi tranquilo e ele mantinha a manga cobrindo a mão machucada na colisão com o espelho. No momento de dormir tudo parecia perfeito até que a voz rouca se tornou presente, aquilo algo que não estava nos planos do moreno.

-Por que você está mentindo pra gente Uppie? Você acha que não percebemos sua mão? –Bang falava com a voz carregada de pesar. –Mais que droga está te deixando tão magoado a ponto de você se machucar assim? Por que não me conta a verdade? Ou quem sabe fala pro Channie. Por que você se fechou assim?

A dor na voz do outro pesou em seu coração, mas seria ele capaz de contar a verdade. Talvez ele conseguisse contar ao hyung em que ele sempre confiou, mas ele se sentia tão inútil e pequeno por estar daquele jeito. Não queria mostrar aquela dor a ninguém, pois tinha medo de magoar os outros e acabar com tudo. Ele já havia perdido seu amor, YoungJae, seu sonho a dança, não podia perder a música e os amigos. No final do dia ele sabia que só estava cansado demais de perder.

-Desde o acidente você esconde algo, será que isso tem a ver com Youngjae? –aquilo pergunta despertou a curiosidade do rapaz fingindo estar adormecido. –Ele me contou que você se declarou a ele antes de perder a consciência, mas ele não respondeu para não te magoar. Me questiono o quanto esse silêncio dele não tenha a ver com essa bolha que você se enfiou e não nos deixa entrar. – a voz do rapaz mais velho estava começando a embreagar-se pelo choro. –Uppie eu sei como é amar e não ser correspondido, sei como dói.

O rapper cheio de charme sabia realmente o que era esse sentimento? Impossível, ele sempre teve os e as amantes que queria em sua cama. Duvidava muito que o outro entendesse sua dor e frustração. Ele provavelmente estava apenas dizendo aquilo da boca pra fora. A vontade do mais jovem era simplesmente fazer algo para que o outro dormisse, mas pelo jeito o outro havia trocado de lugar com o tagarela do grupo e resolveu falar a noite toda.

-Sabe eu sou apaixonado a um longo tempo, mas tentei de todo jeito evitar admitir pois não queria estragar tudo. E se algo desse errado quais seriam as consequências dos meus atos. –o vocalista realmente havia pensado com o seu dongsen. –Para evitar pensar, sai com varias pessoas a fim de esquecer, ou pelo menos, amenizar esse amor. Foi inútil cada dia ficava mais forte e quando sofremos o acidente eu quase enlouqueci porque a pessoa que eu amava estava cheia de sangue com cortes espalhados em seu corpo.

Moon tinha certeza que o outro falava tudo aquilo por achar que ele estava dormindo. Talvez ser o ouvinte mudo de seu hyung não fosse mal, ele sabia que era doloroso ficar em silêncio sobre dor e amor então resolveu apoiar o outro. Então nesse ponto ele parou e pensou em algo que lhe pareceu estranho, o outro também amava um dos membros mais quem seria. Pensou com cuidado tendo imaginar qual dos rapazes seria, talvez fosse Himchan, aqueles dois sempre foram tão ligados.

-Naquele maldito dia eu quase te perdi e não podia impedir porque eu estava todo ferrado também. –a voz era pesarosa e a mente do outro havia paralisado com a informação. –E agora falando contigo dormindo eu confesso que estou com medo de te perder, pois cada vez que te vejo no palco ou dançando parece que você está procurando a morte JongUp. O que está acontecendo que esconde de nós? Por que não confia na gente. Por que não consegui confiar em mim?

O choro finalmente tomou conta dele, o que pareceu ser perfeito para aquele momento. Não demorou três segundos para o choroso rapper encontrar os olhos abertos do colega de quarto e travar. A mente de ambos estava a mil, mas o sorriso tranquilo do mais novo pareceu quebrar a tensão de tudo. Não era um sorriso falso, mas também não era um sorriso alegre.

-Hyung, você ainda consegui chorar, então eu te pedirei um favor muito grande e pesado. –sentou com cuidado e reclamou baixinho de dor. –Chore no meu lugar essa noite. Eu de tanto que chorei sozinho no escuro daquele quarto de hospital ou nas sessões de fisioterapia, não consigo mais chorar. De tanto esconder meu amor e minha dor eu não consigo mais chorar, me perdoe por não contar antes. E me perdoe por nunca ter notado sua dor por me amar. Prometo que vou resolver isso, apenas não chore mais depois de hoje tudo ficará bem.

Depois disso o mais velho entre eles chorou como se não houvesse amanhã, o outro havia deitado a cabeça dele em seu colo. Enquanto acariciava os cabelos negros, o moreno sorria triste ele já sabia o que faria, não podia deixar aquela situação se prolongar. Contou toda a verdade sobre sua dor, vontades e frustração para o outro que chorava e tentava consola-lo e o apoiar. Acordou abraçado ao rapaz que agora saiba que o amava de uma forma tão doce, mas ele não era capaz de retribuir. Saiu da cama com cuidado para não acorda-lo. Deixou um bilhete no espelho do quarto deles e abandonou o dormitório com apenas a mochila de treino nas costas.

Guk acordou não muito depois e sentiu o perfume que tanto lhe encantava e notou que não estava na sua cama, mas sim na dele. Abriu os olhos com dificuldade devido a luz do sol que invadia o quarto procurou o outro, mas ele não estava ali. Lembrou da noite anterior e o quanto ele chorou, lembrava bem do desabafo e tremeu ao pensar no quanto o jovem aguentou sozinho. Saiu do quarto e encontrou todos na cozinha indo tomar café, sentou-se como Himchan mandou. Estavam todos ali, mordeu os lábios carnudos pensando se era certo ou não.

Aproveitou a ausência do mais novo e contou a verdade a todos ali, contou tudo que ouviu na noite anterior. Contou desde o dia que Uppie descobriu seu amor pelo Jae, do dia que o segurou e se machucou durante a pratica, sobre a vontade de desistir da vida ao não conseguir mover-se direito depois do acidente, do quão doloroso era ver seu amado feliz com outro mas não conseguir ficar bravo. No final da narrativa já havia esquecido que pensou que o outro o veria como um fofoqueiro intrometido, ao narrar a história observou o quão inútil ele havia sido para o amado. Isso deixou o rapaz amoado, sentia vontade de chorar uma vez mais até perder a consciência.

-Ele sempre ficou quieto para evitar algo que ele achava que seria ruim Hyung...-a voz de Dae era pesarosa. –Me questiono quantas vezes ele sofreu sozinho e nós nem sequer percebemos.

-JongUp tem o habito de esconder as coisas por baixo de seu sorriso. –a voz rouca do rapper esta cheia de preocupação. –Assim que ele sair do banheiro falarei com ele e pedirei que ele seja mais honesto quanto a dor dele e nos deixe ajuda-lo.
 
-Que estranho... –todos olharam o tagarela de plantão de plantão. –Vocês não o viram sair, eu o vi mas quando fui falar do café ele já havia saído de casa. Será que ele foi treinar assim tão cedo?

A pergunta pegou todos de surpresa, resolveram ligar na empresa e ele não estava lá. Talvez tivesse ido até o parque treinar como fazia na época de trainee, apelaram para o celular do rapaz e nada. Foi apenas ai que o medo os tomou, onde estaria ele, por fim Bang decretou que sairia para procura-lo, todos resolveram se juntar ao mais velho.  Enquanto se arrumava o finalmente viu o bilhete pregado no espelho e um arrepio correu sua espinha.

-Vamos correndo para todos os locais onde Uppie costuma ir. –a voz do mais próximo ao dançarino era baixa. –Quanto mais rápido cobrirmos os locais melhor e...

Himchan foi interrompido pela chegada do outro. Suas mãos estavam tremulas e o bilhete entre elas tinha uma letra tão conhecida pra eles.

-Não temos tempo Hyung, ele está a beira de fazer algo que não vai ser bom. –Daehyun apareceu na sala desesperado. –Ele deixou um bilhete avisando que daria um jeito de não nos preocupar mais depois de ensaiar.

O pânico faiscava nos olhares dos cinco ali reunidos, um deles carregava uma culpa gigantesca. Não pode proteger a pessoa que amava e por isso corria o risco de perde-la para sempre. Saíram correndo em busca do rapaz de mexas azuis pela cidade toda, em algum lugar ele estaria era impossível que ele desaparecesse. Conforme o tempo ia passando o medo consumia a todos os membros do B.A.P., eles apenas se questionavam onde estava o seu aluado.

Olhando ao redor Gukkie lembrou do dia que bêbados ele e Uppie subiram no local onde gravaram um MV uma vez. Foi nesse dia que soube que amava o mais novo e descobriu que ele sempre sofria com as coisas em silêncio. Lembrou-se do outro dizer algo como ali ser o único lugar que ele sentia-se livre e capaz de expulsar sua dor. Na época aquilo lhe pareceu tolice, mas para um bêbado o que não era sem fundamento? Talvez isso fosse a respostas que ele estava procurando, na realidade ele precisava que fosse.

Sem pensar muito ele correu até o prédio e voou pra dentro do elevador assim que possível, tinha que chegar na cobertura do prédio o mais rápido e breve possível. No tempo entre lembrar e chegar no lugar, ele avisou os outros. Chegou a tempo de ver o rapaz dançar uma coreografia intensa e não errar ou para-la. Estava orgulhoso o garoto dançava com alma, parecia que era sua última dança. Era realmente sua última dança? Será que ele iria desistir da dança? Do B.A.P? Bang só tinha uma chance de impedi-lo, não iria perder o amor de sua vida.

Viu a proximidade do mais novo com o peitoral do prédio, correu na direção dele temendo o pior...