História Stay - Capítulo 3

Nova mensagem

Paola Carosella:

- Acordado?

Hesitou em responder, seus dedos tocaram o nome na tela e automaticamente, um arrepio percorreu seu corpo. Pensou em diversas respostas "estou, mas não para você" "estou, mas estou ocupado" "estou meu amor, que saudade". Pensou também em não responder, o que não seria justo, devia àquela mulher, sua alma, seu coração, seu cuidado. Caralho! Diante do dilema, resolveu responder.

Henrique Fogaça:

- Oi

Seus dedos estavam agitados e logo viu que ela estava digitando. Bloqueou o celular. Não queria conversar, não depois de ficar horas e horas pensando nela e só agora conseguido ir dormir. Não queria saber dela. O ódio já o dominava quando lembrou que ela poderia estar dormindo do lado daquele homem. Fechou os olhos na esperança de tudo não passar de um pesadelo. Novamente, lembrou que não poderia fazer isso. Não com ela. Desbloqueou a tela.

Paola Carosella:

- Precisamos conversar, urgente.

Naquele quarto de hotel podia escutar a respiração pesada e o barulho de alguém digitando.

Henrique Fogaça:

- Pensei que já tinha conversado tudo.

Paola Carosella:

- Não se faça de durão. Eu estou falando sério.

Henrique Fogaça:

- Eu não quero saber. Não depois de tudo o que aconteceu.

Paola Carosella:

- Fogaça, por favor. Não faz isso comigo, com a gente.

Henrique Fogaça:

- É, deve ser sério para você pegar todo seu orgulho e colocar na lata de lixo para vim conversar comigo.

Paola Carosella:

- Tá vendo o que eu faço por você.

Henrique Fogaça:

- Ah caralho, não me venha com essa. Quer conversar? Então desembucha.

Paola Carosella:

- Nossa Henrique Fogaça, você já foi mais educado. Mas ok. O que eu tenho para falar é muito sério, tem que ser pessoalmente.

Henrique Fogaça:

- Isso tá cheirando um plano para me ver. Não vou cair nesse papo. Me esquece.

Desligou o celular, colocou em cima do criado e virou para a parede. Dormiu em meio às lágrimas. Ele queria vê-la, ah como queria. Mas sabia que se isso acontecesse, toda a sua fortaleza cairia por terra.

Enquanto isso, Paola mandava mensagens desesperada. "Você sabe que não posso te esquecer" "Fogaça, por favor, eu to falando sério. " Fogaça?" "Henrique Fogaça?!" " Ah puta que pariu". Não obteve nenhuma resposta. Vencida pelo cansaço, tristeza e sono, adormeceu.

Uma semana se passou, por suposto, a semana mais longa da vida do casal. Henrique continuou firme em sua posição de não respondê-la​, mas se pegava pensando no que ela queria tanto conversar. Seria mais uma de suas recaídas? Será que o fulano lá não tava dando conta do recado? Será que realmente estava com saudades? Ou será que era algo realmente importante? Ele não sabia, mas estava analisando a possibilidade de descobrir.

Saindo de seus devaneios, pegou suas malas e embarcou de volta para o Brasil. Olhando as nuvens e aquele céu azul, lembrou de quando ficava contemplando essa beleza no jardim de sua amada.

2014

As gravações do Masterchef haviam acabado, todos estavam de férias. Teriam que voltar em dois meses para gravar a final ao vivo. Paola limitou-se a ficar em casa, cuidando de sua filha e seus restaurantes. Henrique havia programado uma viagem com os filhos, mas Fernanda pediu para viajar com eles. Não negou. Então mudou de planos, ficaria em São Paulo, com seus restaurantes e com Paola.

Era domingo de manhã, Paola havia preparado um bolo delicioso de cenoura, suco natural de abacaxi e um café reforçado. Fran ainda estava dormindo. Henrique também. Eles haviam passado a noite juntos, se divertiram fazendo o jantar e assistiram um filme que Fran escolheu. Uma noite em família perfeita. Claro, que a noite para Henrique e Paola não acabaram ali, foram para cama com muito fogo. Adormecerem sentindo os batimentos um do outro. Paola acordou cedo, tecnicamente, oito horas. Desceu para a cozinha, organizou e preparou o café da manhã. Sentou no jardim e pôs-se a admirar o belo dia. O céu estava azul, havia poucas nuvens e uma brisa leve balançava seus cabelos. Henrique ficou extasiado vendo aquela cena. Sentou ao lado, e a puxou para um abraço, sentindo sua doce fragrância. Deram bom dia através de um longo olhar e um beijo calmo. Logo Fran chegou, juntando-se aquele momento. Abraçou os dois e sentou no colo da mãe. Henrique também a envolveu em seus braços, como se estivesse abraçando o mundo.

H - Amo vocês. (Sussurrou no ouvido de Paola)

Ela sorriu jogando um beijo para ele e beijando o topo da cabeça de Fran.

Levantaram, tomaram o delicioso café da manhã preparado com muito amor. Logo, Henrique foi para seu restaurante e Paola passou o resto do dia brincando com sua filha.

2017

Henrique voltou a realidade quando percebeu que já estava aterrizando em solo brasileiro. Sentiu seu coração arder e decidiu ligar para ela.

Ligação on:

P - Alô

H - Oi Paola. Você queria conversar comigo né?! Então me encontre em meia hora no Sal.

P - Meia hora no Sal?! Consigo daqui uma hora, o restaurante está lotado.

H - Por mim ok, contando que não se atrase. Tchau

P - Até breve.

Paola levou um susto, não esperava por essa ligação. Não estava pronta para dizer o que tanto precisava. Sentiu seu corpo estremecer ao imaginar encontrando-o. Respirou profundamente e continuou o mais depressa seu serviço. Passado à uma hora, saiu apressada pelas marginais de São Paulo. Estava agitada, agoniada. Precisaria de muita coragem, não só pela notícia que daria a ele, mas por tudo o que viria pela frente.

Chegou ao Sal uma hora e vinte minutos daquela ligação. Pediu para falar com Henrique mas a disseram que ele não estava. Ela estranhou, pos ele foi tão firme com ela. Ligou. Ninguém atendeu. Ligou de novo e nada. Começou a observar o restaurante e viu todos vidrados na televisão. Não podia ser. Não estava vendo aquilo. Não com ele.

O que Paola não sabia era que depois daquela ligação, Fogaça pegou um uber em direção ao Sal. Após 22 minutos de trajeto, um carro desgovernado atingiu em cheio o carro onde estava, fazendo-o colidir em outros veículos e capotando. O motorista não sobreviveu, estava preso às ferragens. Henrique estava gravemente ferido. A ambulância chegou o mais depressa​, retirou-o do local. Os médicos estavam assustados tamanha a proporção do acidente e dos ferimentos. Henrique estava vendo tudo embasado, não conseguia compreender o que estava acontecendo, sua mente estava confusa e só conseguia dizer "Paola". Foi por ela que ele chamava enquanto entrava na ambulância. Os médicos apressavam mais e mais o motorista, até que houve um breve silêncio e o que se ouviu depois só piorou a situação.

- SEM PULSAÇÃO! ELE ESTÁ SEM PULSAÇÃO!