História Stay Wild - A wild monster.

Jongin.

Já haviam se passado três semanas desde a minha última diversão, eu estava entediado, quando eu vivia sozinho eu nunca sentia tédio, mas quando me juntei a eles tudo mudou, eu não podia ser sempre quem eu era, eu tinha que me controlar a maior parte do tempo, e a única forma de eu conseguir me controlar era dormindo ou transando, e como Kyungsoo estava fazendo uma grave desnecessária, eu só podia dormir.

Eu ainda me lembro de quando me tornei o que sou, eu ainda me lembro do primeiro sangue que manchou minhas mãos, eu ainda lembro dos primeiros gritos de desespero que ecoaram pelos meus ouvidos, eu havia nascido para ser o que eu sou.

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— Doutor, pelo amor de Deus, isso não é normal, os olhos dele mudam sempre que ele fica com raiva ou se sente ameaçado, às vezes ele faz os próprios olhos mudarem, isso não pode ser normal, nenhuma criança é capaz de fazer tal coisa.

— Eu já fiz diversos exames com o seu filho e nada explica como isso ocorre, porém, isso não é algo para se ter medo, seu filho é apenas...especial.

— Especial ? Não, ele não é especial, aquele garoto...aquilo nunca será especial e muito menos normal, ele sempre será uma aberração.

Aquilo... Aberração...

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Eu precisava me divertir, por que entregaram ele ? Ele havia sido uma ótima diversão, uma das melhores que já tive, eu precisava dele de volta, eu queria ele de volta, meu novo brinquedo.

O sangue dele em minhas mãos, os gemidos de dor dele ecoando pelos meus ouvidos, o olhar dele fixo ao meu, e então, tudo volta a ficar claro.

— Vamos, acorde, temos café da manhã. - Kyungsoo diz enquanto balança meu corpo, um tentativa comum dele de me acordar.

Depois de muita relutância eu aceito me levantar e caminhar até a cozinha onde me sento em uma das cadeiras da mesa. Eu me debruço sobre a mesa, eu quero voltar a dormir, quero voltar para aquele sonho maravilhoso, porém, um tapa em minha nuca me desperta de vez e me faz erguer a cabeça. Kyungsoo era o único que podia fazer isso, era o único que eu nunca iria machucar.

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Um copo cai no chão e se parte em diversos pedaços fazendo o som do vidro se partindo ecoar pelo quarto e meus olhos se desviarem rapidamente para ele. Seus olhos estava mais grandes que o normal, seus lábios em formato de coração entreabertos, ele olha para o casal ensanguentado sobre a cama, seus olhos se desviam para mim, ele vai gritar e correr, eu terei que fugir pela janela, mas eu não vou conseguir.

— Você está ferido. - Ele diz me fazendo olhar para a minha camisa branca cujo a área do meu abdômen estava coberta de sangue.

Ele fecha a porta de forma rápida, passa com cuidado pelos cacos de vidro no chão, se aproxima de mim e se agacha a minha frente no canto do quarto. Sua destra vai de encontro a barra da minha camisa e, quando ele está prestes a levanta-lá, eu seguro seu pulso com força o fazendo olhar para mim. Eu posso sentir minha pupila dilatar, os olhos dele estão fixos nos meus, ele vai se afastar, todos se afastam.

— Isso é incrível... - Ele sussurra.

Incrível...

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Eles estão discutindo se devemos ir ou não, eu deveria opinar também ? Não, minha palavra é a ultima que levam em conta aqui, porém, eu não quero ir, já vi aquele lugar, eu não me controlaria se fosse para lá, não daria certo, mas infelizmente, todos aceitam ir.

Eu posso ouvir meu eu inteiro gritar em desespero, eu posso sentir o animal selvagem dentro de mim começar a rasgar a minha pele querendo se libertar, ele sabe que terá muito brinquedos por lá, ele sabe que eu não conseguirei me controlar.

Muitos já tentaram, muitos falharam, não há quem consiga me controlar.

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— Você sabe por que está aqui ?

Eu permaneço em silêncio e com a cabeça baixa, meus fios cobrindo meus olhos, meus dedos brincando com a caneta que ele usava para assinar papéis que decidiam a vida de todos que viviam naquela droga de lugar.

— Você está aqui para receber ajuda, você não é normal, você é um ponto branco no meio de diversos pontos pretos.

Pontos pretos...pontos pretos que começam a ficar manchados de vermelho.

— Você entende o que estou querendo dizer ? - Ele questiona e eu permaneço em silêncio, ele não gosta quando eu fico em silêncio, isso faz ele suspirar alto e olhar para um dos grandes homens em frente à porta de saída daquela porra de sala. — Mais um monstro, isso já está se tornando tedioso.

Mais um brinquedo, talvez meu último brinquedo. Ergo a cabeça e olho para ele, seu olhar assustado e sua respiração falha denunciam seu medo do meu olhar. A caneta cujo eu brincava antes agora está atravessada no olho direito dele. Eu sou segurado pelos homens grandes, eles me dão choque, eles me sufocam, eu apago.

Monstro...

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Eu estava cansado de dormir, eu teria que dar um jeito de fazer com que Kyungsoo acabasse com aquela greve. Eu podia sentir a van balançar vez ou outra, mas aquilo nunca seria o suficiente para me despertar, afinal, era necessário um sono pesado para me manter controlado.

Odeio ser acordado, mas ele me acorda, ele é o único que possui coragem para isso. Eu pego minha máscara e cubro meus lábios e nariz, aquilo me manteria controlado, aquilo sempre ajudava a me manter controlado, era como um mordaça para um pitbull.

Aos poucos eles saem da van, eu sou o último a sair, meus olhos vagam por todo o local, eles vagam pelas árvores, pela grama, pelos prédios e pelas pessoas, mas então, minha respiração se acelera, meus batimentos aumentam, meus olhos se fixam nos dele e um sorriso brota em meus lábios por debaixo da máscara.

Você voltou para mim, meu brinquedo.