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História Stigma - Scorbus - O Beijo


Escrita por: van_wolfe

Capítulo 12 - O Beijo


Todos estavam semi acordados na sala comunal da Sonserina, para onde se virasse, bocejos interrompiam conversas dos alunos sentados no chão ainda de pijamas. Os únicos acordados o suficiente eram Albus e Scorpius, que haviam acordado antes de todos, e depois da conversa no Corujal, estavam mais acordados do que nunca. Eles estavam sentados lado a lado em frente a uma estante de livros no canto da sala, as lombadas dos livros servindo de apoio para as costas, enquanto assistiam o movimento lento dos colegas em acordar. Os mais novos ainda cochilando no sofá e os já um pouco mais velhos sentados no chão de frente a lareira discutindo sobre as fadas mordentes.

Albus estava irrequieto por dentro, não parava de mexer os dedos dentro do sapato e as mãos estavam debaixo das pernas para controla-las. Queria muito falar com Scorpius, seus lábios coçavam para pergunta-lo qualquer coisa, mas após o momento no corujal, se sentia confuso. Scorpius mal se mexia, e se estava nervoso assim como Albus, nem aparentava. Tomado pelo ímpeto de tomar alguma atitude, ele se levantou e estendeu a mão para Scorpius. Malfoy levantou a cabeça o olhando desconfiado.

-O que? -perguntou aceitando a mão para se levantar. 
  -Eu quero conversar com você. -disse baixo, mesmo estando um tanto afastado dos colegas sonolentos. -As fadas foram soltas lá em cima, elas não estão no dormitório. -disse já pronto para se virar e ir em direção a porta. Scorpius o segurou pela mão, não tinha tanta força assim para impedi-lo de sair dali totalmente, então foi arrastado uns dois passos antes que conseguisse parar Albus enfiando os calcanhares no chão. 
  -Vamos conversar, mas... eu tenho a impressão que minha culpa as fadas estarem soltas. -sussurrou largando a mão dele sem que percebesse, olhou para os colegas e virou a cabeça para Albus de novo, ele não parecia entender, então Scorpius o empurrou para o dormitório como queria antes. Afinal teriam parado ali mesmo. -Ontem à noite, -continuou ao fechar a porta e se virar para Albus, esse estava no centro do dormitório. As opressoras paredes de pedras circulares deixavam o dormitório menor e úmido, e as camas de armações grandes não ajudavam a abrir espaço, portanto Scorpius de sentia trancado com Albus, e sem jeito de fugir do que ele queria saber. Se fosse preso, quem ligaria não é mesmo? Teria uma desculpa para não ir ao casamento. -Ontem eu fui na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, e eu tenho a impressão de ter deixado a porta aberta. -disse cruzando o espaço entre as camas e puxando Albus pelos braço consigo, levando-o para sua cama. 
  -O que foi fazer lá? -Albus perguntou se sentando tenso na cama. Scorpius se inclinou e o olhou de perto, Albus recuou a cabeça um pouco com a testa franzida. O cheiro de Albus chegou a Scorpius como um tapa na cara, pois não era o mesmo de antes, ele torceu o nariz para o perfume diferente que sentia nele. 
  -Fui... passear. -respondeu se recostando mais até bater as costas na pilha de travesseiros. -Vou me sentir mal se alguém se machucar. -retrucou para si mesmo. 
  -Não foi você. -Albus tentou parecer relaxado com as costas curvadas e tentando se entreter com as costuras no lençol sobre a cama de Scorpius. 
  -Você está pensando oque deu na sua cabeça para fazer aquilo no Corujal. -Scorpius afirmou com os olhos baixos para suas mãos, onde antes o anel prateado deveria estar, mas agora estavam escondidos numa caixinha no fundo do malão. 
  -Não. -riu Albus. -Eu só estou começando a entender porque você estava estranho comigo. -ele se deitou na cama, com as pernas ainda pendendo para fora dela. -Eu só não esperava que fosse algo... importante. -ele riu e virou a cabeça para Scorpius que o observava com os olhos apertados por causa da pouca luz que as tochas proporcionavam. -Todo o time sabia? 

  -Toda a escola. -riu Scorpius. No antro da sua mente, o Baile de Inverno sempre era recordado, gostava de lembrar de como acolhedora fora aquela noite, mesmo com a breve confusão entre eles e Scamander. Albus arregalou os olhos surpreso, seu peito elevou quando puxou uma grande quantidade de ar, e se sentou novamente. 

  -Você devia ter me contado qualquer coisa, estou me sentindo idiota. -bufou e cruzou as pernas sobre a cama, os joelhos quase tocando as solas do sapato de Scorpius, que por estar praticamente esticado na cama, o assistia inclinado para trás. 

  -Apagaram o você que eu conhecia, então eu não sabia como você iria reagir. -Scorpius cruzou as pernas e se afastou das almofadas que já doíam suas costas, agora havia um espaço entre eles, bastava saber quem iria quebra-lo primeiro, e se iriam quebra-lo. 

  -Eu me lembro da aliança. -disse direcionando os olhos vermelhos aos dedos que tamborilavam levemente sobre o lençol, como se ainda pudesse sentir o aro de metal prendendo a carne do dedo. -Você tirou da minha mão quando eu acordei. 

  -Eu não podia deixar você com ela, podia? -perguntou Scorpius. -Você faria perguntas demais. 

  -Podia ter ficado. -os lábios dele se curvaram ao dizer isso, mas disse sabendo que aquele assunto, já tão revirado, apenas traria uma discussão entre eles. -Eu sei, o ministério, seu pai, muitas coisas estavam empatando, mas... -Albus suspirou e ergueu as costas cansado daquela posição. -Eu não quero brigar. 

  -Muito menos eu. -Scorpius sorriu e cruzou os braços, o sorriso foi sumindo como gelo sob o sol quente daquela indecisão. -Se quiser esquecer, não que se lembre, mas se quiser esquecer disso, eu vou entender. 

  Albus abaixou a cabeça, a cascata de cabelos curtos e castanhos cobrindo o rosto, Scorpius o viu apertar as mãos. Scorpius não acreditava que Albus o pedisse para esquecer, mesmo sendo um Albus um pouco diferente, a essência dele não o permitiria apenas esquecer essa parte da sua vida. Uma vozinha no canto da mente de Scorpius o perturbava, dizendo que desistisse daquilo entre eles dois, mas assim como qualquer outra coisa que ela dizia Scorpius a ignorava fervorosamente. Já estava perdendo a paciência quando os olhos de Albus se voltaram a ele, um estremecimento correu o corpo de Malfoy, aquilo ainda o impactava. Albus estreitou os olhos como duas fendas sangrentas, e se aproximou um pouco. 

  -Eu não tenho nada oque esquecer, tudo que eu tinha já me foi tirado. -refletiu com um tênue sorriso. -Já que eu não tenho nada oque lembrar... não precisamos esquecer de nada. 

  Scorpius respirou aliviado, entre todos aqueles escombros em que a sua vida de encontrava, ouvir Albus dizer aquilo aliviava o mal estado que estava por dentro. Ele sorriu ainda não tão convencido que tudo estava relativamente bem.

  -É, acho que você não mudou tanto. -afirmou esperando captar o olhar dele novamente, mas ele estava evitando-o o olhar. Dali, ainda afastado, Scorpius conseguia ver suas orelhas vermelhas, então ele estava com vergonha de o olhar, talvez Scorpius não devesse ter mesmo o contado. -Você...

  -Eu acho que eu não devo me sentir culpado por ter ficado com raiva do Phillip, não é? -Albus o interrompeu, voltou a levantar o rosto e não o abaixou mais. O sorriso travesso era obra do Albus de antes, Scorpius reconhecia aquela fagulhinha de similaridade, estava tentando mudar os papéis para os originais, onde quem ficava encabulado com as provocações era Scorpius, não ele. -Ele parece um pervertido te olhando. 

  -Você também fazia isso, eu nunca reclamei. -Scorpius deixou escapar pelo instinto de retrucar a provocação. -Quero dizer...

  -Eu entendi. -riu Albus. -Só me faz um favor. 

  -Qual? -Scorpius questionou se apoiando num cotovelo sobre o joelho. 

  -Me... -Albus respirou fundo, as bochechas rubras contrastando a pele clara. Parecia estar pensando bem antes de pedir, e Scorpius o esperava escolher as palavras certas, mesmo que julgasse saber oque era o favor. -Olha, não entenda mal, é só que... -ele desistiu de novo e riu. -Eu não sei perguntar isso. Eu só estou curioso é que... você vai entender em alguma hora quando eu conseguir dizer a frase inteira, mas... 

  -Albus, pode pedir. -Scorpius disse achando graça da confusão do outro, ele não ficava com vergonha muito fácil. 

  -Ok. -ele relaxou os ombros e afastou os cabelos do rosto. -Me deixa te beijar. -disse apressado quase tropeçando nas palavras. Scorpius queria responder que não precisava pedir para que ele fizesse aquilo, mas pelo esforço dele, ficou calado e assentiu. Se ajoelhou na cama, Albus apoiou as mãos para trás como e estivesse tomando sol. Scorpius estava nervoso, não era só beija-lo como muitas vezes já havia feito, era como se voltasse ao Corujal, e novamente o desse o primeiro beijo da vida dele. Scorpius segurou seu rosto, os dedos sentindo os ossos protuberantes da mandíbula quadrada, não lembrava dele estar tão magro da última vez que o tocou. 

  -Suas chances de acabar com isso esgotaram. -sussurrou acariciando o rosto dele com o dedão, Albus parecia um gato ao responder aos carinhos de Scorpius, se inclinando e com os olhos quase sonolentos novamente. 

  -Eu não queria acabar isso de qualquer jeito. 

  Scorpius se aproximou, os olhos de Albus sumiram por trás das pálpebras e seus lábios se entreabriram dando-o total liberdade para fazer oque quisesse. Quando Scorpius tocou seus lábios e sentiu os dele correspondendo, foi como se fogos de artifício explodissem no seu estômago, sentia-se livre e apaixonado de novo. As mãos de Albus  agarrando a sua cintura, o pedindo indiretamente que se aproximasse mais, soltando uma das mãos do rosto dele, Scorpius bateu nas suas pernas para que as esticasse, e assim ele sentou no colo de Albus. O ritmo envolvente do beijo, a saudade acumulada no peito de tanto tempo sem poder fazer aquilo, sentir o corpo de Albus o correspondendo sem que precisasse ter medo de ficar muito perto. 

  Nunca que aquilo seria igual a qualquer outro beijo, nem mesmo que Philip um dia conseguisse tocar seu coração de alguma forma, Scorpius não conseguiria não comparar a Albus. Ninguém iria o deixar tão feliz quanto Albus e nunca encontraria amizade melhor do que a de quem mais amava no mundo, não existia outra pessoa para competir esse cargo, mesmo que seu coração mandasse se afastar, ele só queria estar mais perto. E naquela manhã ele estava conseguindo a proximidade que queria.

  Quando se afastaram do beijo, o ar faltava nos pulmões como se estivessem imersos em água. Albus mantinha as mãos rígidas na cintura de Scorpius para não deixa-lo sair, como se essa possibilidade pudesse ser cogitada, e um sorrisinho começou a surgir quando já respirava com mais calma. Scorpius estava satisfeito com a atitude de Albus e mais ainda com o beijo, ter oque desejava a muito tempo era mais do que satisfatório. Ele segurou o queixo de Albus e o fez o olhar, Albus sorriu como um calmante para o coração de Scorpius e jogou os braços prendendo mais a sua cintura e puxando-o para perto. 

  -Eu me sinto mal por ter esquecido disso. -confidenciou Albus, mas o sorriso ainda estampava seu rosto. -Mas você pode me relembrar de vez em quando. 

  -Eu vou fazer questão de lembrar. 

***


Notas Finais


Eu sei que vocês estavam esperando isso, e como eu também estava..


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