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História Stigma - Past


Escrita por: strawhee

Notas do Autor


Esse é o capítulo especial e vai ser sobre o Taehyung \o/

Espero que eu consiga fazer vocês se emocionarem ;v;
Quemeutôtentandoenganar?Soupéssimanisso

Boa leitura e até as notas finais <3

Capítulo 19 - Past


Fanfic / Fanfiction Stigma - Past

Eu sempre tive uma avida alegre, meus familiares eram bons comigo, sempre tive tudo o que quis, e até então eu era um garoto gentil e bondoso. Sempre gostei de ajudar os outros, era cercado de amigos e adorava fazer trabalho voluntário em um asilo e um canil perto de minha casa. Eu estudava de manhã e durante a tarde ficava nesses trabalhos voluntários, e toda vez que chegava em casa era recebido pelos meus pais e minha querida irmã, fazia de tudo para agradar a pequena garota, era a coisa mais importante em minha vida. Minha avó estava em nossa casa por uns dias pois meu avô havia falecido há pouco tempo, e ela não queria ficar sozinha em casa. 

Até que chegou um final de semana em que meus pais decidiram viajar para uma cidade próxima, iriamos de carro na Sexta e voltaríamos no Domingo.

Mas aquilo fora a nossa perdição.

(...)

*Oito anos atrás*

Estávamos no carro voltando para casa, já era noite e a estrada estava vazia, uma leve neblina havia se formado na estrada por causa do mau tempo e meu pai dirigia devagar. No banco do carona, minha mãe conversava com ele sobre o que iriam fazer no aniversário da minha irmã, pois o dia estava próximo, faltavam somente seis dias. Já no banco de trás, eu e minha irmã jogávamos um jogo em meu celular enquanto a garota cantarolava uma música qualquer. 

-Você perdeu, Tae! Agora é minha vez! -Ela diz com um sorriso no rosto, como se fosse algo bom eu ter perdido praticamente na última fase do maldito jogo.

-Certo, certo... Toma -Eu entreguei o aparelho para ela. -Mas o último biscoito é meu! -Digo pegando o pacote das mãos dela, e a mesma me olhou com um bico de reprovação.

-É meu, Tae! Eu quero! 

-Você já comeu demais! -Ela tentou puxar o pacote de minha mão, mas eu levantei meu braço, a impedindo de pegar.

-Vamos resolver isso no pedra, papel e tesoura! -Ela diz com um sorriso convencido, ela se achava a mestre do jogo porque eu sempre a deixava ganhar.

-Certo. Pedra, papel e tesoura! -Digo colocando pedra e ela acaba colocando tesoura, a fazendo bufar.

-Isso foi só um aquecimento! -Ela reclama estapeando meu braço.

-Não, não! Eu ganhei! -Eu a abracei de forma desajeitada no banco do carro, a impedindo de me bater. -Eu te amo, nunca me deixe. -Eu sussurrei e um breve sorriso se formou em meus lábios.

-Eu também te amo, Tae. Eu nunca vou te esquecer, vamos ficar juntos para sempre. -Ela diz retribuindo o meu abraço.

-Você jura? -Digo nos separando e estendendo meu dedo mindinho para ela.

-Juro. -Ela enlaça seu dedo no meu e roça a ponta de seu nariz no meu de forma leve, com seu típico sorriso angelical.

E foi nesse ato que eu não sabia

Não sabia que seria a última vez que eu a tocaria e a veria

A última coisa que eu pude ouvir foram os gritos desesperados de nossa mãe

E a última coisa que eu vi foi uma luz forte se aproximando de nosso carro 

Depois disso, tudo ficou escuro.

(...)

Eu abri os olhos devagar, minha visão turva ia se normalizando aos poucos enquanto eu piscava meus olhos tentando me acostumar com a grande claridade daquele lugar. Assim que minha visão já estava normal, olhei em volta e percebi que aquele não era meu quarto, muito menos a minha casa. Me sentei no que até então parecia ser uma cama e foi aí que eu percebi que eu estava dentro de um hospital. Em um poltrona mais a frente minha avó estava sentada cochilando, e eu senti uma dor em meu abdômen, uma dor aguda. Eu olhei para o meu abdômen e eu estava sem blusa, usava somente uma calça que parecia ser hospitalar, minha barriga enfaixada com algo que parecia ser gaze e uma grande mancha vermelha no curativo branco. Meu ombro direito até o meu cotovelo era envolvido por gaze, e mais alguns curativos em minhas mãos, pernas e rosto. Senti um gosto amargo no meio de meus lábios, um gosto parecido com ferro, e ao colocar meu dedo indicador ali foi que eu percebi que sangrava. Minha cabeça latejava, estava desnorteado até que escutei a voz de minha avó.

-Ah meu Deus, Taehyung! Você acordou! -Ela veio até mim e me abraçou com a maior gentileza, como se eu fosse um boneco de porcelana prestes a quebrar. 

-Vó... Cadê minha mãe, meu pai e a minha irmã? -Perguntei franzindo o cenho levemente, minha cabeça latejava mais do que tudo agora. 

Ela somente me olhou, abriu sua boca para proferir algo mas simplesmente não conseguiu. Seu olhar suplicante, suas mãos trêmulas e seus olhos cheios d'água entregaram tudo. Eles não estariam mais comigo. Eles não me pertenciam mais. 

Eles haviam me deixado.

E foi aí que tudo dentro de mim começou a mudar. 

Eu pude sentir uma mistura dentro de mim. A mistura de meus sentimentos bons e mais puros junto de minha tristeza e ódio. 

E eu pude sentir tudo que havia de melhor em mim desaparecendo naquele momento.

Eu não podia sorrir, dizer um "Eu te amo" ou dizer um "Não me deixe". 

Eu só queria chorar, gritar, quebrar tudo. 

Eu queria ficar sozinho.

-Vamos embora. -Eu disse tentando me levantar, mas ela apenas me acomodou novamente na cama.

-Você não pode sair ainda... Os médicos disseram que... -Eu a interrompi.

-Não me interessa o que eles disseram. -Disse de forma baixa e gélida. 

-Taehyung... O que aconteceu com você, meu querido? -Ela diz forçando um sorriso.

-Não sorria, isso não vai me fazer ficar melhor. -Virei meu corpo para o lado e fechei os olhos, apenas ouvindo seus suspiros quase silenciosos. Ela estava chorando. 

-Você deve ter batido a cabeça muito forte, por isso está assim, não é? Você vai melhorar, eu sei que vai. -Ela levou uma de suas mãos até o meu rosto, o acariciando.

-Não encoste em mim. -Eu segurei a mão dela e a afastei. 

Eu não quero ser tocado por mais ninguém. Eu só quero ser esquecido e morrer sozinho.

Vazio.

Você prometeu que ficaria comigo para sempre.

(...)

Depois de alguns dias eu recebi alta do hospital e me mudei para a casa da minha avó. Era um pouco afastada do meu antigo bairro, então acabei tendo que trocar de escola também, pois minha avó já não tinha tanta disposição para me levar até a escola todos os dias. Acabei tendo que deixar meus antigos amigos e minha antiga vida, as pessoas até tentavam me ligar ou mandar mensagem, e em um ato de fúria joguei meu celular no meio da rua, onde fiquei assistindo da calçada os carros passarem por cima do aparelho e o despedaçarem. Não mantive contato com mais ninguém, não apareci mais no trabalho voluntário, eu passava grande parte do dia no cemitério em frente das três malditas lápides, mas ao contrário do que a maioria pensava, eu não estava me lamentando, chorando ou praguejando. 

Eu simplesmente só ficava ali parado.

Eu não sentia mais nada, o único sentimento que continuava em mim era a angústia. Por um tempo eu frequentei um psicólogo, mas tive que ser transferido para um psiquiatra pois precisaria de remédios para depressão e depois de um tempo parei de ir até o psiquiatra. Não se tratava de depressão, e sim de uma nova personalidade. 

O primeiro ano depois do acidente havia sido muito conturbado, eu saía de casa sem avisar, entrava em diversas brigas e cada vez dava mais trabalho para a minha pobre avó, que fazia de tudo para me fazer voltar a ser o garoto alegre que eu era, mas depois de tudo isso eu havia me acalmado. Continuava quieto, falava somente o necessário com as pessoas, meu olhar era cada vez mais gélido e minha voz também, porém agora não dava mais tanto trabalho para a minha avó. No dia do meu aniversário de 15 anos, ganhei um novo celular de minha avó e durante o dia havia ficado em casa com ela, como sempre não trocamos muitas palavras, mas ela gostava de me observar. Quando a noite havia chegado, decidi dar uma volta pelas ruas escuras de Seul, e foi quando eu escutei um barulho estranho vindo de dentro de uma caixa surrada de papelão ao lado de uma árvore em uma rua pouco iluminada. A curiosidade fora maior, e quando me aproximei da caixa, pude ver que havia um pequeno filhote de cachorro dentro da mesma. Ele não parava de se mexer, seu pelo branco estava imundo e além de sujeira havia sangue. Eu o peguei e levei para casa, tratando dele e vacinando em um veterinário que havia ali por perto, e depois de uns dias ele já era um animalzinho alegre e que me acompanhava para cima e para baixo, parecia até mesmo minha própria sombra. Confesso que por mais "adorável" que ele fosse, me arrependia de ter o salvo, pois sua perseguição me irritava. 

Em um dia qualquer decidi sair em um final de tarde, e como sempre, o cachorro veio atrás de mim. Ele usava uma colheira, e o mesmo carregava a própria guia em sua boca, eu o havia ensinado isso para não ter o trabalho de o puxar para cima e para baixo comigo. Não estava tão quente, e eu fazia questão de apenas sair na rua quando estava fresco, pois o cachorro era peludo e não queria que o mesmo passasse mal, seria mais dor de cabeça para mim. 

Enquanto passávamos em frente a um pequeno parque, Buster começou a latir, deixando a guia de sua colheira cair no chão enquanto pulava loucamente ao meu redor. 

-O que foi? Você é um cachorro, não um cabrito ou algo do tipo. -Digo o encarando e olhando para o parque vazio em seguida. -O que? Quer ir? -Suspirei pesadamente e então cocei minha nuca em desconforto. O parque era um lugar agradável, cheio de árvores e grama, plantas e flores, mas o problema era ficar ali parado sem fazer nada enquanto o cachorro se sujava, mas se eu quisesse que o mesmo calasse a boca era necessário fazer um pequeno sacrifício. 

-Vamos. -Digo indo em direção ao parque e o cachorro correu loucamente para dentro do local. Eu apenas me dirigi para um dos diversos bancos vazios e me sentei, observando enquanto o cachorro ia atrás de algumas borboletas e passarinhos que fugiam do intruso saltitante e barulhento. Nesse dia também descobri que Buster era alérgico ao pólen das flores, pois sempre que o cachorro ia cheirar uma ele acabava espirrando. 

-Oi! -Uma voz masculina e alegre soou ao meu lado. Eu virei a cabeça para ver quem era, e me deparei com um garoto de cabelos negros e um sorriso gentil. Ele acabara de se sentar ao meu lado e eu olhei para frente novamente, observando que agora um pequeno cachorro de pelagem negra brincava com Buster. Ele era consideravelmente menor do que meu cachorro, só em uma patada Buster o mataria. 

-Você é o Taehyung, não é? -O ser irritante voltara a falar. Eu apenas balancei a cabeça positivamente, mas confesso que fiquei curioso. Como ele sabia meu nome? 

-Ah... Sabe, sua avó fala muito de você para a minha mãe. -Ele diz chegando para o lado e aproximando seu corpo do meu. -Eu sinto muito pelo o que aconteceu com sua família.

-Não preciso da pena de ninguém. -Digo simplista.

-E-Eu sinto muito por tocar nesse assunto... -Ele acaba  gaguejando e eu o encaro de canto. 

-Por que está se desculpando? Você é idiota ou o que? -Minhas palavras fizeram o garoto estremecer levemente. 

-Desculpe se eu te irritei...

-Mas que coisa irritante, pare de pedir desculpas por nada! Você está se rebaixando à toa. -Digo me levantando e chamando por Buster. O cachorro apenas me olhou levantando as orelhas e correu até mim, colocando sua guia na boca novamente e me seguindo para fora do parque. 

-O meu nome é Hoseok. Jung Hoseok. -O garoto diz atrás de mim, agora segurando seu pequeno cachorro no colo.

-Eu não lhe perguntei nada. -Dou de ombros e sem nem ao menos olhar para trás saio dali, indo em direção à minha casa. 

(...)

Infelizmente depois de meu encontro com Hoseok o garoto passara a frequentar a minha casa. Minha avó diz que pedira para ele fazer isso, pois segundo ela eu estava muito sozinho e precisava de amigos. Hoseok era irritante, sempre sorrindo, não parava de falar nem um minuto, mas não era sua gentileza e bondade que me irritavam nele, e sim o fato de sua personalidade parecer com a minha antes de tudo acontecer. Agora além de Buster me acompanhando para cima e para baixo como minha sombra, também havia Hoseok. 

E eu me incomodava com o Buster.... Pelo menos ele não tagarelava sem parar. 

(...)

Os anos foram se passando e a rotina era mesma, Hoseok grudava em mim 24 horas por dia e algumas vezes até dormia em minha casa. Eu diria que acabei criando um laço com o garoto, mas não chegava a ser uma amizade, e sim uma confidência. Ele sempre me contava tudo que o incomodava e todos os problemas dele, e eu apenas ouvia e algumas vezes (quando estava muito de bom humor) dava alguns conselhos ou o ajudava a resolver os tais problemas. Passamos a estudar juntos, ele dizia que eu era inteligente e praticamente implorou para eu o dar algumas aulas particulares, e foi assim até o fim de nossa vida escolar, porém algo inesperado aconteceu no final do nosso último ano da escola.

Minha avó acabara falecendo. 

Ao contrário do que Hoseok achava, eu não havia me abalado ou ficado triste com aquilo, pois como eu havia dito, já não sentia mais nada há muito tempo, mas é claro que ela faria falta na minha vida, afinal, era ela quem sempre tentava me apoiar e alegrar além de Hoseok. 

Tá legal, confesso que eu fiquei triste sim, mas ninguém precisa saber disso. 

Mas me reconfortava saber o fato que ela havia morrido sem dor, afinal, ela morrera dormindo.

Depois do ocorrido eu não quis mais permanecer em sua casa, as lembranças dela estavam me matando aos poucos, me levando para o mal caminho novamente. Como eu já trabalhava em uma cafeteria em meio período, só me restava procurar um novo local para morar, e foi aí que encontrei o apartamento que moro atualmente. Não era tão barato assim para um estudante que apenas tinha um emprego de meio período em um café, mas como eu já havia dinheiro guardado pude comprar o apartamento e depois de muita burocracia eu pude me mudar. Um ano depois Hoseok acabou se mudando para o apartamento ao lado, e ingressamos na faculdade. Acabamos entrando em faculdades diferentes, mas nossa "amizade" permaneceu, e depois de um tempo nossa cumplicidade acabou virando algo maior.

Eu estava começando a me apaixonar por Hoseok. 

E eu sabia que ele sentia o mesmo por mim.

Então acabamos ficando juntos. Sim, nós namoramos por dois anos, mas no final não deu certo. Eu era muito indiferente, e acabamos terminando. Na verdade, eu terminei, e eu sei que Hoseok ainda gosta de mim. Nós terminamos aos meus 21 anos, e passamos alguns meses sem nos falarmos direito, até que eu passei por cima de meu orgulho e perdi perdão para ele. Hoje aos meus 22 anos, já nos falamos melhor. 

E posso dizer que aos meus 22 anos eu realmente aprendi a amar. Depois de tudo o que aconteceu, quando Jungkook entrou em minha vida eu amoleci de alguma forma. Não me sinto mais tão vazio quanto antes. Tudo não é só preto e branco agora. Ele conseguiu recolorir meu mundo, me fez sorrir novamente, me fez me importar novamente. 

Sinto que agora já posso voltar a dizer eu te amo.

E eu não quero que ele me deixe.


Notas Finais


Espero que tenham gostado <3
Posso fazer um desse de algum outro personagem mais para frente o/
E desculpem se ficou meio curto ;v;

Bom, queria avisar também que pode demorar o próximo capítulo porque eu vou viajar ;v;

Até o próximo capítulo e feliz ano novo <3


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