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História Stigmatized - Vazio


Escrita por: KyrieSparda

Capítulo 1 - Vazio


♥♪♩♡❤♪♯❥

Você disse adeus, e me deixou de braços vazios.

Um golpe tão profundo, eu não merecia.

Você sempre foi invencível para mim.

E a única coisa contra nos agora, é o tempo.

Não poderia ser mais difícil dizer adeus e sem você.

Ver você partir e encarar a verdade.

Se eu tivesse só mais um dia.

Não poderia ser mais difícil viver minha vida sem você.

Estou sozinho, estou sozinho.

♥♪♩♡❤♪♯❥

 

 

Acordei cansada com o celular gritando, deixei tocar, sentir um vazio.

Uma noite na casa da Hinata comemorando o final do primeiro semestre da faculdade de medicina acabou comigo, principalmente por ter escutado tudo que escutei ao chegar na minha casa. Mas, aquele dia especificamente estava pior. Para ser sincera, não andava me sentindo bem nos últimos dias, meu coração apertava, não sabia o que era, nem de onde vinha. Na verdade eu sabia, era o vazio, o mundo que vivia às vezes me parecia um grande vazio.

Talvez seja o estresse, sim, falhava em pensar, pois me sentia muito fraca, queria que tudo fosse diferente, que nada me deixasse para baixo como estava acontecendo ultimamente. 

Todo esse estado interior estava me fazendo muito mal, não conseguia estudar direito, quase não pude sair e me sentir um pouco livre no final de semana ao lado dos meus amigos de turma, uma prova final terrível que peguei logo de cara na faculdade quase me derrubou.

Peguei meu celular e vi a foto da Ino no visor, deixei para atender mais tarde.

Ino é aquela amiga que se encontra uma vez na vida, fica sempre ao seu lado mesmo nas suas piores fases. Nos conhecemos no ensino médio, quando estudávamos no mesmo colégio em Nova York, que é nossa cidade natal. E andávamos muito juntas, éramos inseparáveis, as mais populares mesmo eu não pedindo por isso.

No entanto, sempre gostei muito de dançar, chegamos a ser as famosas lideres de torcida. Ainda somos amigas, porém, infelizmente há um ano tive que mudar de país e Ino passou numa faculdade diferente da minha, optando por um outro curso, o de Direito.

Contudo, com a mudança dos meus pais daqui uma semana, retornarei para casa e voltaremos a estudar juntas, agora na faculdade.

Meus pais, eu os amo muito, mas não sei ao certo como conseguimos conviver. É tudo tão superficial, sinto que isso que venho passando interiormente é da nossa convivência. Muito monótona, distante e fria. Tratam-me sempre como a garota perfeita, exatamente como uma boneca de plástico, que nunca erra em nada.

 Meu avô foi o fundador de uma famosa marca de carros e coube ao meu pai administrar o seu império, mais tarde também começou a mexer com política, voltaremos justamente por sua campanha como governador do estado. Com isso, ele não se tornou uma pessoa muito amável digamos assim, para ele o dinheiro vem SEMPRE em primeiro lugar, ao se conhecer algo ou alguém.

Eu me considero bastante vaidosa, admito, pinto sempre meus cabelos de rosa que é minha cor favorita. Acho sim que sou a patricinha, sonhadora e romântica que Ino tanto me rotula.

 No entanto, minha mãe passa dos limites, ela é muito fútil, vive por beleza e num mundo muito mesquinho e superficial. Às vezes me espanto com algumas atitudes dela, pois em frente a papai se porta sempre com muita classe e educação, mas, é só virar o rosto que começa a diminuir as pessoas, ninguém é bom o suficiente para ela.

Eu cresci em berço de ouro, eu sei, não sou ingrata, sei que tem gente com problemas muito piores que os meus, mas tento sempre ser uma pessoa melhor, mais humana, que trata ao próximo como seu semelhante, não gosto de menosprezar ninguém.

Quando vi pela primeira vez o meu filme favorito aos dez anos, chamado “A bela e a fera”, coloquei aquilo como um lema para minha vida. Não se engane pela aparência das pessoas, a beleza está sempre em seu interior.

Sentia que não me encaixava muito ao que minha família pregava e o que queriam para meu futuro. Não queria ser apenas um rosto bonito, viver por aparências, queria mudar o mundo, salvar as pessoas, acho que realmente sou uma sonhadora. Almejava poder mudar tudo e sentir o mundo no seu mais puro e simples caminho.

- Senhorita Sakura, já acordou? – Nina interrompeu meus pensamentos e bateu na porta de leve do quarto, me fazendo levantar para abrir para ela - Sua mãe te chama na sala, me mandou lhe acordar.

- Ok Nina, obrigada, já vou descer – respondir indo direto para a minha suíte fazer a higiene matinal. Escovei meus dentes, lavei o rosto e passei um pouco de corretivo em baixo dos olhos para tapar algumas olheiras pela noite mal dormida. Após isso, me preparei psicologicamente para os olhares mesquinhos de minha mãe.

Quando cheguei a sala, lá estava ela em frente ao piano com seu vestido bege claro, caríssimo, seus cabelos impecáveis em plenas 7 horas da manhã me aguardando descer para fazermos as costumeiras compras da semana. Sim, ela gostava de comprar roupas toda semana para nós duas, apesar de sempre lhe dizer que não precisava.

Passamos a tarde toda indo a várias lojas de alta costura, ela inclusive mandou fechar um restaurante apenas para almoçarmos. Às cinco da tarde, me vi livre de suas futilidades e liguei para a Ino;

- Oi porca, como foi hoje? Acordou péssima, aposto.

- Testa, você não imagina, aquele milionário lindo que lhe falei ontem, acabou comigo.

- Ino? Você dormiu como ele?

- Não né sua anta, tomamos toddynho e dormimos de conchinha cantando Britney Spears - ironizou.

- Sua idiota! Eu não acredito Ino, isso que você faz não é certo, você não vai esquecer o Sai assim por nada, eu sei o quanto se amavam.

Sai foi o primeiro namorado que a Ino teve, e nosso colega de classe. Ele era tão fofo e romântico com ela! Porém terminaram, pois ele também teve que mudar de país ao se formar, e Ino não aceita namoro por distância, é uma orgulhosa, sofre e não admite.

- Testa escuta bem, pela última vez. Eu não quero mais nem ouvir esse nome ok? Já não basta ele me mandando mensagem todo dia no celular. Foi embora porque quis! Não tinha essa de obedecer a papai e mamãe, ele já era um adulto. Podia ter movido uns palitinhos para ficarmos juntos aqui em Nova york, mas não, quis continuar ser um pau mandado que seja então, não quero mais saber dele.

- Ok, não ta aqui quem falou, só não chora mais tarde então. Bom, vamos nos encontrar semana que vem, não precisa me xingar pois vou me redimir por falar dele te ajudando com meu charme na faculdade. Ajudar você a selecionar melhor seus carinhas, tudo bem? – brinquei e comecei a rir porque ela voltou a reclamar.

 

♥♪♩♡❤♪♯❥

 

E nisso o tempo passou, estava na minha casa nova, ou melhor, de volta a minha antiga casa com meu novo motorista já preparada para o primeiro dia de aula na nova faculdade. Ino me ajudou rapidamente a conhecer tudo e me adaptar. Assim que cheguei, já estava com seu grupinho de garotas conversando sobre as novas matérias desse semestre, professores e possíveis caras interessantes que poderia achar na faculdade. Mas, no meio dessa conversa algo desviou minha atenção.

Um grupo entrando no campus todos fantasiados e com placas enormes, cantando e dançando uma música de boas vindas aos calouros. Achei tão bonito e alegre! Virei-me para Ino e lhe perguntei;

-  Quem são eles?

- Ah, nem olha, são os esquisitos do curso de teatro, vivem passando vergonha na faculdade, só de olhar você já se mancha aqui, então, nem olhe – vociferou e revirou os olhos, eu ia lhe repreender é claro, achei muito radical o que ela disse, mas não dei muita importância naquele momento, logo o sinal tocou e me despedir de algumas meninas que estavam conosco.

Assim que cheguei na porta da minha sala ao lado de Ino, ela me empurrou a um garoto ruivo que disse ser da minha turma, ele a cumprimentou e já veio se apresentando;

- Boa noite, me chamo Sasori Akasuna prazer - me beijou no rosto -  É nova? Bem vinda a Faculdade!

- Oi, Sakura Haruno, obrigada.

- Sasori, você já tem o horário? Passa por favor a Sakura, ela vai ser da sua turma – Ino foi logo pedindo e saiu.

Com o passar da aula conclui que Sasori era bonito, educado e bem o tipo de cara popular rico que sempre atraia as garotas.

Apresentou-me para toda a turma a que era próximo e começou com um papo de que era o maioral. Ino me mandou mensagem no celular durante a aula insinuando que eu me interessasse pelo rapaz, justificando que combinava comigo e que percebeu já estar caidinho por mim. Mais tarde ficou reclamando no intervalo durante alguns minutos dizendo que não se lembrava ser assim, que se irritava, porque de acordo com ela eu sempre chamei mais atenção com os garotos, nunca liguei para isso.

 

♥♪♩♡❤♪♯❥

 

No final das aulas depois de sair da sala e do bloco de medicina, fiquei um tempo do lado de fora do campus após me despedir de Ino e as garotas esperando meu motorista chegar. Após alguns minutos avistei novamente aquele grupo que Ino falou ser de teatro. Eles estavam rindo alto, e uma garota de cabelo ruivo e óculos gesticulava bastante com outra mais baixa e morena.

Foi quando eu o vi;

Estava atrás delas com um sorriso enorme no rosto, conversava com um rapaz ruivo e outro loiro. Ele com seus cabelos negros arrepiados vestia uma fantasia estranha, e assim que me olhou de volta eu vi seus lindos olhos negros brilhantes, super expressivos. Ele me olhou rápido, seu amigo ruivo ao lado também me olhou e fez uma careta engraçada dizendo algo que não conseguir ouvir. Ele sorriu abaixando mais o olhar e logo levantou novamente me olhando seguido de um sorriso, um singelo sorriso de lado que eu não pude deixar de corresponder.

Era muito expressivo, ele todo era muito único. Eu não sei o que aconteceu, mas algo naquele garoto me deixou em êxtase, sentir uma vontade de saber quem ele era, queria conhecê-lo.

 

♥♪♩♡❤♪♯❥

 

No dia seguinte Ino me apresentou para mais um monte de gente e eu fiquei esperando uma oportunidade para perguntar se ela conhecia aquele garoto dos olhos negros brilhantes. Nunca me interessei por nenhum garoto assim logo de cara, mas ela não me deixava falar, não parava de explanar de si mesma, de roupas, maquiagens e seus casos de sexo casual. Eu estava ficando sufocada ao lado dela e das suas amigas.

Conclui que o tempo acabou mudando Ino e não sei o que houve, talvez eu mudei, ela costumava me ouvir mais.

Assim que o sinal do campus soou eu o vi novamente entrando com seu grupo, todos fantasiados, puxei lno para o lado lhe sussurrando;

- Ino, olha que lindo aquele garoto! – lhe apontei com o olhar e ela o seguiu, logo arregalando os olhos.

- Onde?

- Alí nos fantasiados do grupo de teatro, o moreno com o cabelo arrepiado.

- Jesus, testa, já lhe falei para não olhar para esse pessoal do teatro. São estranhos, poluem as vistas com essas roupas bizarras e atitudes espalhafatosas. E além de tudo ouvi falar de ter uns que são bolsistas, cuidado, pode pegar só de olhar, já lhe avisei.

- Credo Ino, você não era assim de julgar por aparências, e ainda sem conhecer antes.

- Amor eu não julgo por aparências, porém somente quem está no nosso patamar, Sakura, eles alí – apontou com os olhos - São ralé, sério, são bolsistas pobres e fazem teatro. Pela mor de Deus, tem coisa mais brega? – ela me respondeu, sentir um um nojo tão grande que acabei me distanciando e indo direto para a sala de aula.

Com o passar dos horários comecei a viajar em alguns pensamentos enquanto via Sasori mexer a boca para falar comigo e não ouvia nada - Como Ino se tornou tão igual a toda minha família? Por que o dinheiro corrompe tanto o caráter das pessoas ao ponto delas não conseguirem enxergar a beleza no mundo, a beleza nas pessoas, o amor, a compaixão e preocupação pelos outros que são verdadeiras fontes de felicidade. Eu não sabia, parei de pensar nisso. 

Voltei para casa e sentir uma vontade enorme de conversar com meu pai quando vi que seu carro estava estacionado na frente da garagem. Bati no seu escritório e ouvi um entre, ele estava mexendo no notebook, assim que me viu me olhou e resmungou;

- Sakura, o que quer? Estou trabalhando.

- Pai, sinto sua falta, você pode conversar comigo um pouco?

- Estou ocupado, chame sua mãe.

- Quero conversar com você pai, não ouviu o que lhe disse? Sinto sua falta, a mamãe não conversa comigo, só sabe comprar roupas e mais roupas e me olhar com indiferença. Preciso lhe confessar umas coisas que estão em meu coração me deixando triste.

Ele pegou o celular e ligou para um número aleatório, me ignorando total.

Meu pai nunca foi de conversar muito comigo, mas me ouvia as vezes. Acho que o tempo o mudou também, sentia-me só. Voltei para meu quarto e começei a estudar algumas matérias que não revisei dos primeiros dois dias. Liguei para Hinata que era minha amiga na antiga faculdade, ela contou como foi os primeiros dias de retorno as aulas por lá.

Após duas semanas eu me sentia literalmente sufocada, mas não queria ficar sem ninguém ao meu lado na faculdade, então aguentei Ino e suas amigas. Mas ela sentiu que eu estava distante, quis que relembrássemos a época em que éramos duas e me chamou reservadamente;

- Testa o que houve? Está muito quieta, calada.

- Estou lhe achando mudada Ino, essas garotas ai, elas criticam tudo, não gostam de nada.

- Sakura, olha, eu sei do que você está precisando. De um namorado, e eu sei quem é o cara perfeito para você aqui nessa faculdade.

- Não Ino, não é isso...

- Sasori, testa, olha lá, ele vive te olhando! É gato, rico e faz medicina igual você. Conheço-o, você vai gostar, amanhã irá ter uma festa na casa dele, provavelmente vai lhe convidar, já fui convidada as festas lá são maravilhosas, então, extravasa garota, você que está mudada. Cadê aquela Sakura que causava junto comigo no colégio? HUM?

E não deu outra, estava eu na festa do Sasori me sentindo péssima, mais uma vez  sem saber ao certo o porquê, vazio, gente vazia, talvez o problema seja eu mesma.

- Sakura vem, vou lhe mostrar as fotos que falei – Sasori me chamou, lhe segui escadas a cima chegando em outro cômodo, ele começou a me mostrar fotos de sua família que era toda de médicos renomados dos Estados Unidos.

- Sabia que no hospital dos meus pais eles conseguem tirar em torno de 2 milhões por mês? Vou trabalhar lá também quando me formar, mas quero ter somente o meu espaço, sonho com isso e vou realizar um dia – Sasori falou, fiquei confusa.

- 2 milhões?

- Sim, quero ganhar tanto quanto eles sendo médico.

- Sasori, medicina é uma profissão para quem nasce com dom, você sabe disso não é? Seus pais devem ser ótimos médicos por terem todo esse reconhecimento, não importa quanto eles ganham e sim quantas vidas eles já conseguiram salvar. Se inspire nisso!

-  Eu sei, mas, isso é quase um marco, eles foram muito espertos Sakura, aos 25 anos meu pai se formou e comprou um hospital ao lado do meu tio, conseguiram ficar mais ricos do que já eram antes.

- Não quero somente ganhar dinheiro com a medicina, quero salvar vidas. Quero muito trabalhar em hospitais de zonas carentes, onde mais se precisa realmente de médicos.

- Sakura você está falando sério? - falou fazendo uma cara zombeteira.

- Sim, qual o problema?

- Sei lá, se imagina, você é uma Haruno, herdeira de uma das famílias mais ricas do país, eu acho que não aguentaria ficar mexendo com o povão. Você é extremamente delicada, não vai aguentar ver gente desdentada e fedorenta de suor – e começou a rir.

- Não se pode pensar assim Sasori, todos somos iguais e devemos ser o mais humano possível, vamos lidar com a vida, a vida das pessoas – falei indignada com o menosprezo que ele fazia questão de demostrar em relação a outros seres humanos.

- Como não Sakura? Vou ser o melhor e me tornar ainda mais rico que meus pais, sempre tive muitas garotas aos meus pés, porém quero uma perfeita igual a você comigo nessa jornada. Estou muito a fim de você, deve ter percebido pois não consigo tirar meus olhos dos seus, sei que é igual a mim Sakura, te achei a garota mais linda dessa faculdade, a gente podia construir isso tudo juntos, entende? – e colocou sua mão em meu rosto, o tirei em seguida.

- Sasori olha, você é um cara legal, bonito mas, não é para mim, não temos muito a ver.

- Eu lhe garanto Sakura temos muito a ver. Somos os melhores, é so olhar para você e para mim, fomos feitos um para o outro – levou novamente sua mão ao meu rosto e tentou me beijar, o afastei e em seguida sai do quarto e da festa. Meu motorista estava na porta me esperando, me sentia em total decepção que exista pessoas que fazem medicina apenas por dinheiro e não por dom.

Na faculdade no dia seguinte me sentei ao lado de Ino e suas amigas no intervalo, e enquanto elas conversavam fiquei olhando as pessoas. O pessoal do teatro estava numa mesa bem afastada de onde estávamos, mas, a alegria deles contaminava a todos mesmo que de longe. Um dos garotos do grupo subiu em cima da mesa e começou a tocar e cantar ao som de violão, chamando a atenção de várias pessoas pelo campus. Eu queria ir até lá, ver e ouvir, mas, assim que sorri os observando uma das amigas de Ino seguiu meu olhar e comentou;

- Acho que a Sakura achou engraçado aquele pessoal bizarro do teatro - falou com desprezo.

- Sakura vem cá comigo – chamou Ino vendo que fechei a cara  para a amiga dela.

- Testa estou com um problema enorme, você pode me ajudar?

- Claro, com o que?

- A professora hoje de Direito Constitucional passou um trabalho avaliativo sem consulta que não consegui fazer nada. Como você é uma Haruno super fofinha e meiga, sei que consegue só com seu charme conversar com o pessoal da reitoria, por favor, a distrai por mim? Pois preciso resolver esse trabalho antes de bater o sinal e conseguir uma nota.

- Ino, isso não vai dar certo é arriscado.

- Sakura você lembra que já fizemos isso uma vez? No colégio? Quebra esse galho para mim por favor, nunca te pedi nada! -  fez um bico que  comecei a rir, aceitei tentar fazer o que ela me pediu, mesmo achando errado. Quando estávamos no colégio era diferente, eu só passava cola para ela.

Cheguei na reitoria e a diretora estava lá, eu a distrai enquanto Ino fingia estar ao celular, vi ela entrando sorrateiramente na sala e depois me contou que ao entrar avistou de cara encima da mesa uma pilha de papéis em uma pasta escrito “Direito segundo período”, assim que viu sorriu, pegou o trabalho com seu nome e enfiou na bolsa saindo da sala.

Lá fora, eu ainda conversava com a diretora quando a vi se distanciando. Passou um tempo ela veio ao meu encontro, me contou tudo e mostrou já ter feito o trabalho, mas também me pediu para tentar colocar de volta na mesa da reitoria. Fiz o que ela me pediu, apesar de tudo não queria perder minha amiga, tinha um medo muito grande de ficar sem amigos de verdade, eu considerava a Ino a única verdadeira que possuia.

Todavia, isso não deu muito certo, me descobriram pelas câmeras e acabamos tomando uma advertência.

No dia seguinte estávamos lá ouvindo a diretora dizer o quando estava decepcionada com nossa atitude e várias outras coisas. Mas, o que me chamou mais atenção foi que ela nos deu uma punição de participar do teatro do campus para um projeto de arrecadação de fundos beneficentes a instituições de caridades. Se não aceitássemos acarretaria a perca de 10 pontos em uma matéria dos nossos respectivos cursos. Apesar de tudo isso, no fundo, eu fiquei animada pois poderei conhecer aquele pessoal tão alegre do curso de teatro!

 

 

♥♪♩♡❤♪♯❥ 

 

 

No campus, no bloco de teatro durante o turno da manhã estava confuso, tinha muitas pessoas em uma fila com um papel amarelo nas mãos esperando algo que nós não sabíamos o que era. Ino foi logo perguntando e ficamos sabendo que tínhamos que esperar alguém vir fazer nossa ficha para poder entrar.

Depois de 20 minutos Ino já estava reclamando do pé doendo por ficar em pé e eu reclamei do mesmo, não estava muito acostumada a passar tanto tempo sem poder me sentar. Porém, logo o incômodo passou, pois eu o vi novamente.

 O garoto dos olhos negros brilhantes, lindo, vestido com uma blusa fina branca de mangas e uma calça jeans rasgada, estava com os cabelos bagunçados, arrepiados e meio úmidos, se aproximou com uma prancheta perto de uma garota na nossa frente e começou a preencher uma ficha para ela.

Fiquei nervosa, Ino na minha frente não parava de reclamar. Quando o garoto olhou para ela, ele me viu atrás e abaixou o olhar dando um sorriso de canto, eu o achei mais lindo ainda de perto, meu coração palpitou forte em meu peito. Ele voltou o olhar para cima encontrando o meu o admirando, contudo, Ino interrompeu nosso contanto lhe chamando;

- Ei? To esperando aqui.

- Oi bom dia, você é voluntária de que curso? – ouvi sua voz pela primeira vez e sentir que ficaria marcada em meus ouvidos para sempre. Ino o olhou rapidamente fazendo bico e lhe respondeu;

- Não somos voluntárias, a reitoria mandou entregar isso – e passou a ele o papel que notificava sobre nossas vagas no teatro.

Ele olhou para ela e para mim rapidamente, e começou a preencher a ficha de Ino. Estava com um olhar de repreensão, pois, minha amiga não parava de reclamar “em ter que ser obrigada a participar de uma coisa patética como o teatro beneficente do campus".

Quando terminou com a Ino e estendeu a mão para pegar o meu papel, eu conseguir o olhar no fundo dos olhos sendo correspondida por um tempo. Assim que lhe entreguei ele o leu em voz alta;

- Sakura Haruno, medicina, 18 anos. Vaga por punição, desvio de material privado da reitoria, 30 dias voluntária ao teatro beneficente – voltou a me olhar, fiquei envergonhada pela expressão também repreensível, contudo, pouco depois foi substituída por uma divertida acompanhado de um cativante sorriso de canto;

- Vou preencher sua ficha, mas lhe garanto que terá muitos pacientes para tratar aqui na ala dos malucos do teatro, doutora Sakura Haruno - eu sorri lhe respondendo;

- Quero ajudar – o vi levantar o olhar novamente e encontrar os meus. Ficamos assim por uns segundos até que alguém o gritou lá da frente;

- Estilo fogo, pode mandar entrar os primeiros da fila? – uma garota morena pareceu falar com ele, que lhe respondeu negativamente, completando que ainda não tinha terminado de preencher todas as fichas.

- Estilo fogo? – lhe perguntei assim que ele entregou a minha ficha preenchida de volta.

- Sim sou eu - e sorriu.

- Isso é um alter ego? – perguntei também sorridente.

- Na verdade não, é meu nome mesmo – respondeu divertido, emendando;

- É algo que fazemos por aqui há algum tempo, apenas palhaçadas, cada estilo diz algo sobre nós, para nos representar.

- Então você é o fogo? – indaguei a ele, acenou positivamente pegando a ficha da menina que estava atrás de mim a dando igualmente o bom dia;

- Fogo representa as transformações da natureza, sua criação e destruição - ele  interpelou e me olhou.

- Dentro de um aspecto destrutivo o fogo representa sim uma destruição, mas, esse estado é passageiro, pois ela representa para os místicos a abertura de um novo espaço para o poder brotar, para o nascimento em uma nova condição, purificando e regenerando, trazendo a transformação íntima de um desenvolvimento espiritual, transmutando a consciência de estado em estado até se atingir a iluminação - vociferei sem tirar os olhos dos seus, e ele alargou o sorriso ainda mais, no qual, encheu meu coração de alegria. 

- Concordo, Sasuke Uchiha, orador da turma dos malucos - estendeu sua mão, a toquei lhe respondendo um oi divertido, ele continuou;

– Sakura, aqui é o ponto chave para se atingir a iluminação, seja bem vinda aos malucos! – se apresentou alegremente, lhe correspondi com um sorriso ainda maior, ao ele virar e ir para mais ao fundo da fila fiquei o observando, o sorriso e o olhar desse garoto eram muito contagiantes, era quase impossível não se deixar levar por eles.

Depois de sermos liberadas entramos na sala de aula, esta por sinal era bem diferente das tradicionais salas de faculdades nos quais geralmente possuiam carteiras uma ao lado das outras em fileiras. Nesta eram postas em círculos e tudo era decorado de balões e confetes. Ino comentou ao meu lado;

- Meus Deus esse pessoal fuma alguma coisa, não é possível, parece uma sala de creche, não consigo nem olhar para tanta breguice! Olha só Sakura aquela garota - apontou para a ruiva que eu tinha visto a um tempo atrás num grupo com o Sasuke - Olha essa roupa, ela acha que consegue combinar laranja com roxo e azul nesse cabelo vermelho ridículo! Coitada precisa de umas aulas de moda – eu já a achei tão bonita porque ela não tirava o sorriso do rosto e se vestia de forma super alegre, Ino me chamou de doida.

Fomos interrompidas com a entrada de uma senhora mais velha no meio da roda, todos se sentaram para lhe ouvir. Ela se apresentou como Chiyo e disse ser a fundadora do curso de teatro na instituição, falou que estava muito alegre por ver vários rostos novos na turma.

- Dou abertura a leitura do roteiro da nossa nova peça escrita pela minha já falecida mãe a muitos anos atrás e aperfeiçoada maravilhosamente por mim! – o pessoal todo começou a rir e chiyo se sentou. Com isso, vi Sasuke se levantando com um papel em mãos, parou exatamente no lugar onde ela estava.

- Sou o estilo fogo! – todos que estavam próximos de onde ele veio lhe gritaram;

- SASUKE! – e ele sorriu.

- Então, obrigado Chiyo por sua presença hoje, significa muito para nós. Para quem está assistindo esta aula pela primeira vez vou lhes dar uma breve explanação antes da leitura do roteiro sobre a jovem dama fundadora, se ela me permitir é claro – ele a olhou e ela acenou positivamente lhe sorrindo incentivador.

- Esta jovem donzela que se encontra conosco hoje, é uma grande inspiração para todos nós, não só por ter trazido este curso que amamos a nossa instituição, não, ela é mais do que isso. A Chiyo é um exemplo para toda uma vida. Superação, essa é a palavra que á define. “Não creio que o sofrimento seja algo ruim, na verdade acho que ele faz parte de um 'conjunto de sistemas' dos quais, nos fazem sentirmos vivos.” Foi a primeira coisa que ela me disse quando a vi pela primeira vez, e ela me salvou, salvou a todos nós da escuridão. Então Chiyo, obrigado mais uma vez por ser essa pessoa incrível que nunca desiste de ajudar ao próximo, mesmo quando se é quem mais precisa dela – ele propalou lhe olhando, ela sorria abertamente, eu consegui ler em seus lábios um obrigada, fiquei muito curiosa sobre o que o Sasuke tanto sofreu para ser tão grato assim a ela.

Ele então começou a ler o roteiro da peça, não consegui prestar tanta atenção assim, a voz dele me deixava embriagada, era tão suave e ao mesmo tempo rouca, trazia paz ao espírito, me peguei fechando os olhos pensando se ele também cantava. Sua voz deveria ser tão linda cantando!

Quando terminou de ler observei o quanto Sasuke parecia ser querido e amado por todos seus amigos, eles sempre demonstravam muito carinho uns pelos outros, abraços, sorrisos, brincadeiras, mas tudo tão inocente e bonito, meu coração se enchia de alegria em vê-los.

Após isso Chiyo voltou a explicar como os papéis seriam sortidos na próxima sexta feira, e explicou como queria a personalidade de cada personagem na peça. Ela nos pediu para anotar quais seriam as melhores qualidades que enxergávamos em nós mesmos, e a passar o papel no final da aula, que a partir disso iria analisar e adequar melhor os personagens a todos.

Fiquei pensando, minha maior qualidade acho que era a simplicidade, quanto mais simples fosse algo, eu me sentia mais feliz em ter. Ino olhou o meu papel, leu a palavra simplicidade e gargalhou;

- Sakura, você simplicidade, onde?

- Eu gosto das coisas simples da vida – rebati, mas ela insistiu;

- Mesmo que você queira ser simples sakura, nunca vai saber o que realmente é ser, você é uma Haruno e terá tudo nas mãos – auferiu, fiquei chateada, pois de certa forma ela estava correta. Meus pais vivem me empurrando a um mundo que me sinto vazia, queria fugir daquilo, largar todo aquele mundo de dinheiro e superficialidade e viver a vida de outro modo. Mas, sei que nunca poderei me libertar do que nasci para ser.

Não queria esse fardo para mim, por isso pretendia ser a melhor médica que pudesse e ajudar o máximo de pessoas que conseguisse.

Levantei e entreguei minha folha a Chiyo, ela já estava recolhendo a da maioria. Me virei para buscar meus materiais e vi Sasuke em um canto isolado me olhando, ele me chamava com um dedo, olhei para o lado e avistei Ino entrando na fila com uma cara emburrada, aproveitei e fui até ele sem que ela perceba.

- E ai, afim de curar uns malucos hoje? – me perguntou, achei tão engraçado ele se referir aos seus amigos e a si dessa forma.

- Só se aceitarem uma médica iniciante mais maluca ainda entre vocês! – lhe respondi sorrindo.

- Acho que você não sabe o que é realmente ser maluca Sakura, vem! - estendeu a mão - Vou lhe apresentar o pessoal, se quiser é claro - peguei em sua mão, sentir um arrepio quente percorrer meu corpo, um aconchego.

Fui com Sasuke para fora do campus de mãos dadas. Chegando na entrada, vi aquelas  mesmas pessoas que andavam com ele na maior bagunça, a garota ruiva estava puxando um garoto loiro pelos cabelos o chamando de idiota e o loiro gargalhava tanto dela que passava mal.

Um moreno de cabelos longos muito parecido com o Sasuke, que até então não o tinha visto, estava em uma posição engraçada no chão imitando algo em uma aparente brincadeira de mímica, Sasuke comentou;

- Como você é ruim Itachi, isso parece até um pato fora d’água.

- Cala a boca Sasuke, você não tá na brincadeira.

- Mas, irmão, quer brincar de mímica então faz o negocio direito! – alegou rindo, e o tal Itachi parou a imitação para nos olhar, ele arregalou os olhos quando me viu.

- Oi...  – falou, Sasuke começou a rir novamente.

- Galera olha só, não se espante ela é do bem! – interveio divertido a todos que pararam o que faziam para nos olhar.

- Quem é ela estilo fogo? – perguntou a morena de coques engraçados na cabeça.

- Esta é Sakura, ela vai ser uma médica no futuro, a trouxe para testar métodos revolucionários em nós pra cura da loucura, principalmente a sua Naruto! – apontou para o loiro que estava vermelho com a mão na barriga, chorava quase passando mal do tanto que riu da menina ruiva, a própria se aproximou de mim;

- Olá Sakura, bem vinda, como você é bonita! Meu Deus você precisa ser batizada, NARUTO? – gritou e eu tomei um susto;

- O que é tomate podre? – ele lhe respondeu levando um cascudo dela, se aproximou de nós.

- Pega minha bolsa no carro, preciso analisar o mapa astral da Sakura – a ruiva lhe impõs e continuou;

- Sakura me chamo Karin Uzumaki, não se assuste com esses abutres se pularem em você, não estão acostumados a pessoas lindas como nós – riu.

- Tudo bem – falei tímida.

- Estes são Naruto, Gaara, Tenten, Rock Lee, Temari e Kiba, esse vovô alí é o Itachi meu irmão mais velho – Sasuke apresentou todos para mim, lhes comprimentei com um pouco de vergonha.

- Você disse tudo errado Sasuke! – a Karin lhe repreendeu – Esses são seus nomes verdadeiros, mas, com o meu mapa astral todos temos um estilo aqui entre nós. O Sasu, eu e o Ita somos o fogo, o Naruto e a Temari ar, Gaara e Kiba terra, Rock Lee e Tenten a água – explicava-me, eu lhe interpelei;

- São os 4 elementos da terra!

- Sim, só falta você, preciso ler seu mapa astral e ver seu signo com o ascendente, a lua e onde cada planeta estava durante seu nascimento, lhe encaixar com a natureza e ver como você se mistura ao mundo.

- Karin e suas bobagens! Olá Sakura, não faço o curso mas lhe desejo boas vindas ao teatro – se apresentou Itachi, eu lhe agradeci.

- Estranho uma garota do seu porte querer falar conosco, geralmente todas nos ignoram mesmo quando tentamos ser amigáveis - Naruto comenta enquanto me analisava.

- Eu não concordo com o que fazem e achei vocês muito legais! – respondi com timidez, tomei um susto porque fui abraçada em conjunto por todos alí que gritaram “bem vinda Sakura” juntos. Sentir que finalmente aqui, entre eles, talvez o vazio que exista em mim desapareça aos poucos.


Notas Finais


Minha primeira fic, desculpem qualquer erro.
Se tiver alguém que leu até o fim comente o que achou, ou o que posso melhorar. A capa foi eu que fiz mas a foto encontrei na internet, então se alguém souber quem fez e quiser me informar, dou os créditos aqui.
A música do início do capítulo se chama Could It Be Any Harder do The Calling.
Obrigada s2 ;)


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