História Still Pretty - Capítulo 5

Um sorriso cobria o rosto de Mike, ela estava de volta. Seu cabelo estava na nuca, ela estava mais alta, mais bonita, seu olhar estava ainda mais penetrante. Quando ela sorria, ah, quando ela colocava aquele sorriso... Uma sensação boa despertava em Mike, um calor no peito, uma alegria. 

Poder ouvir sua voz, mesmo que pouquinho, era uma das melhores coisas do mundo. Poder sentir o calor do seu abraço, a sua pele lisa e macia. Poder conversar com ela. Mike estava, definitivamente, apaixonado. 

Ele estava em pé, usando um terno, gravata de borboleta e com o cabelo entupido de gel. Estava cheiroso e bem arrumado. 

Uma música lenta começara a tocar, várias pessoas ao seu redor estavam dançando com seus pares. Mike estava sozinho. Procurava por alguém ao seu redor. Ele ouviu o barulho da porta ser aberta, um feixe de luz focou em uma bela moça, ela estava com o cabelo penteado, um batom fraco. Ela usava um vestido longo, rosa claro. Ela caminhava em direção a ele, lentamente. Ele observara atentamente cada passo seu. Ela ficou cara a cara com ele. Ele pegou sua mão, e a puxou para perto. Ela pôs suas mãos ao redor de seu pescoço e o encarou. Mike pôs as mãos na cintura e sorriu. O feixe de luz agora estava sobre eles. Eles dançavam lentamente conforme a música. Olhavam-se nos olhos. Mike sorriu ao notar que ela estava ficando corada. 

- Eu te prometi, nós estamos no baile de neve. - Ele disse.

- Amigos não descumprem suas promessas. - Ela disse e sorriu.

- Mike... - Ela o chamou.

Mike ficou em silêncio e a encarou.

- Eu amo você. - Ela sussurrou em seu ouvido, deitando seu rosto em seu ombro logo em seguida. 

- Eu também, El... Eu amo você. - Ele disse sorrindo. 

Ele acordara às 07:00 AM, não haveria aula naquela manhã, era feriado de sabe-lá-o-que. Mike só estava feliz por poder passar o dia ao lado de sua amiga.

Ele abre os olhos, alarga ainda mais o seu sorriso, se levanta de sua cama em um pulo, corre para a porta e a abre e corre para seu porão, sua mãe o para e se surpreende ao ver  sorriso em seu rosto. 

- Mike? O que houve? - Perguntou curiosa. 

- Eu... Eu explico depois. - Ele disse apressado. 

Mike correu para o seu porão e desceu as escadas chamando por Eleven. Mike abriu a tenda improvisada e não viu Eleven. Se desesperou. Chamou por Eleven várias vezes, procurou ela em todos os lugares, saiu do porão e a procurou por toda a sua casa. Não a encontrou. Mike voltou para o porão e caminhou lentamente até a tenda de Eleven. Se ajoelhou e ficou a encarando por alguns minutos.

Respirou fundo e se levantou.

Ele correu, o mais rápido que pôde, correu para longe de casa, para longe de sua família. Para longe da tenda de Eleven.

Ele estava em frente a floresta das trevas, que foi o local onde ele havia "encontrado" sua amiga. Ele caminhou lentamente até o local onde havia visto ela. Ele se sentou no chão e chorou. Chorou muito. Chamou por Eleven. Gritou, berrou, socou o chão, as árvores, puxou os cabelos. Mais uma vez, ele havia tido um sonho com ela. Mais uma vez, ele pensou estar ao lado dela. Mais uma vez, se enganou.

"Tudo isso... Tudo isso que aconteceu... Havia sido apenas parte de um sonho?"

Ele se perguntou diversas vezes. A noite começou a surgir, e junto à ela, o frio e o escuro. A fome e o sono. A tristeza e a solidão. O medo e o desespero. 

Mike se levantou daquele chão de areia, tirou a areia que estava em sua roupa e caminhou de volta para casa. Com uma feição de tristeza. De cabeça baixa. Uma chuva fraca se iniciou, mas Mike continuou a caminhar em passos lentos. Não se importava em ficar doente. Ao menos poderia passar mais tempo em seu quarto, trancado, sem ninguém para conversar. 

A chuva ficou forte, Mike estava totalmente molhado. Ele chegou em casa. Parou em frente a porta e abaixou a cabeça. Deu duas batidas. Ouviu passos apressados. A porta se abriu. Sua mãe o encarou preocupada. Mike entrou, tirou os sapatos e correu para o seu quarto, sem se importar com as diversas perguntas que sua mãe havia feito. Mike bateu a porta e a trancou. Trocou de roupa e desabou em sua cama. Mike gritou. Queria tirar de dentro de si essa dor enorme. Devastadora. Queria se libertar desas correntes que o prendem ao passado. Não funcionou. Mike começou a chorar. Ouviu  diversas batidas na porta de seu quarto, ouviu sua mãe o chamando. Ignorou. 

Se soubesse que amar doeria tanto, não iria se apegar tanto a Eleven. Foi apenas uma semana. Uma semana para Eleven conseguir entrar no coração de Mike, sem ao menos tentar. Um ano. Durante um ano, Mike sofreu por conta disso. Sofreu por não poder ter tido mais momentos ao seu lado. Por não ter a salvo do Demogorgon. Apenas... Apenas ficou parado, com as mãos nos ouvidos, de cabeça baixa. Apenas ouviu ela se despedir. Ficou em silêncio. Viu ela sumir. Desintegrar. Na sua frente. E nada fez. Não teve um dia, uma hora, um minuto, em que Mike não pensou nisso. Que se arrependeu. Que chorou. Sofreu. Se despedaçou. 

"Tudo isso... Tudo isso que aconteceu... Havia sido apenas parte de um sonho? "

Mais uma vez, o jovem garoto perguntou. 

- Mike... Acorda. - Ela o chacoalhou, assustada.