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História Stockholm Syndrome - Kim Ji-won


Escrita por: 1llusion

Capítulo 1 - Kim Ji-won


Era 11 de Outubro, eu estava mais uma vez com aquela dor de cabeça por saber que seria mais um dia pesado de trabalho no escritório. Eu acho que eu gostava de meu trabalho, aprendi a me acostumar com tudo o que era me dado e de alguma forma tive que aceitar que minha vida seria daquela forma, a empresa era de meu pai, ele tivera muito trabalho para que fosse reconhecido e fizesse sua fama como jornalista e agora eu estava ali, trabalhando em uma de suas empresas como o grande orgulho dele. Claro que meu irmão mais velho lhe dava mais orgulho, estava cuidando de negócios no exterior com sua linda esposa que só queria saber de dar filhos e cuidar da casa, era esse o pensamento que meu pai achava que todas as mulheres deveriam ter. Isso era ridículo, eu sei muito bem disso. Ele esperava que assim que eu casasse, que eu largasse aquele emprego e ficasse presa em uma casa cuidando da limpeza, de ser amiga de outras mulheres casadas e que apenas esperasse dar a luz á filhos que com certeza ele diria que eu não estava cuidando bem. Eu tinha saudades de minha mãe, de como ela era sempre tão doce e gentil, sempre dizendo que eu deveria ter paciência e que um dia eu poderia ter uma vida normal sem que meu pai acabasse dizendo que eu estava errada sobre querer uma carreira. Bem, eu não consegui me livrar das críticas dele e após o falecimento de minha mãe, tive que suportar aquele funeral cheio de pessoas que não ligavam para ela, por como meu pai falava para que eu não chorasse. “Seria sinal de fraqueza” ele disse. Eu tive que ser uma boa garota, sempre me comportando elegantemente nas festas da empresa, sempre me mantendo bem e sorrindo gentilmente como se eu fosse um tipo de boneca que permanece como alguém a coloca, mesmo com toda a minha irritação e até a saudade constante de meu irmão mais velho... Droga, eu tinha que continuar de pé e assim eu fiz. Mais uma vez tentando fazer meu trabalho direito vendo os arquivos que eu deveria mandar, ali era uma editora de livros, uma das maiores para ser mais sincera. Hyeonjun Letters, esse era o nome e claro que a empresa tinha o nome de meu pai, o velho chefe mau humorado que colocou a filha como editora-chefe. Eu gostava de ler dramas, até mesmo algumas histórias de terror, mas eu fui ensinada a aceitar somente o que ele dizia ser o padrão da empresa e assim me manter fora do alcance de possíveis erros. Eu havia acabado de chegar, minha cabeça doía um pouco, mas eu tinha que trabalhar. Ajeitei minha camisa social e a calça preta que eu estava usando naquele dia, sempre tinha que me vestir formalmente para evitar ainda mais críticas, olhei o anel em meu dedo suspirando um tanto tensa pensando que meu casamento seria em menos de um ano, aí começaria a verdadeira luta para que meu noivo aceitasse que eu queria continuar trabalhando. Era a única coisa que não me deixava triste afinal, mesmo tendo que fazer o que meu pai quisesse, eu me ocupava com algo além de manter uma boa aparência. Meus cabelos estavam soltos mais uma vez, eram castanho claro e tinham ondulações que eu gostava de manter mesmo que meu pai dissesse que gostaria que eu fosse mais comum, que chamar atenção não era algo tão bom assim. Andei pelas mesas dos editores cumprimentando a todos dali e encarei as mesas, como Junhoe parecia feliz com seu trabalho e me cumprimentava com o sorriso habitual. Virei meu rosto vendo mais uma vez aquele outro editor trabalhando enquanto bebia uma xícara de café, estava com os cabelos um tanto desarrumados, era sempre assim desde que havia chegado e eu odiava ter que escutar críticas de meu pai como se eu fosse uma babá daqueles editores.

- Bom dia, Jihyun – ele falava com o sorriso habitual, geralmente estaria falando com os outros, invés de trabalhar logo á aquele horário, nunca parecia se importar muito com seu trabalho como editor.

- Kim Ji-won, certo? Está fazendo isso errado... Posso? – falei o fazendo se assustar um pouco a me ver olhar os arquivos que estava vendo, ele parecia normalmente bem, mas ultimamente estava mais quieto do que antes, mas eu era assim também. Então eu não podia reclamar de nada.

- Sim, no que eu errei? – ele perguntava olhando para mim e em seguida para a tela do computador, arrumei o arquivo e olhei mais um pouco sorrindo satisfeita, menos um problema para aquele dia. Sei que não devia ficar me intrometendo em como os outros trabalhavam, mas eu queria menos problema, pelo menos eu achava que aquilo seria o meu único problema do dia.

- Assim é melhor, viu? Agora pode voltar á sua análise. Estarei na minha sala se precisar de alguma coisa, Kim Ji-won – falei ao me afastar da mesa dele e caminhei até a porta de minha sala escutando o barulho de meus sapatos de salto, minha sala não havia muita coisa, eu só estava ali para trabalhar de qualquer forma. Sentei á minha mesa e passei a mão em minha testa sentindo mais uma vez a dor de cabeça eventual, devia ser por estresse. Olhei a porta vendo Ji-won entrar com algumas pastas e colocar sobre minha mesa me olhando por um tempo, normalmente eu escutava a conversa das outras mulheres do escritório de que ele era um tanto estranho, eu não podia pensar assim uma vez que ele era conhecido de meu noivo. E eu não o achava tão estranho assim, olhei as pastas bufando mais uma vez já me sentindo exausta – O chefe ainda não está satisfeito, não é...?

Ele sorria de lado.

- Melhor não pensar assim, a vida que tem sempre pode piorar – ele falava pegando o porta-retrato de minha mesa, era a foto do primeiro encontro que eu tivera com Hanbin. Acabei descobrindo depois de muito tempo que apenas meu noivo tinha seus convidados já prontos, eu nem sequer sabia quem seria minha madrinha. Talvez fosse melhor uma cerimônia pequena, mas meu pai não queria saber, gostava mais de Hanbin do que de mim e como adorava algo que lhe mostrasse para a mídia, acabou por querer que o casamento de sua filha fosse mais fotografado do que qualquer ídolo. Isso me estressava, odiava tudo aquilo, detestava ter que ver pessoas me fotografando tudo por causa do ego de meu terrível pai. Olhei Ji-won, ele quase nunca falava e só o conheci uma vez em que havia trago um arquivo, bem cima da hora e por causa disso não pude sair do escritório no natal. Olhei para ele sem gostar que mexesse em meus pertences daquela forma, mas encarei as pastas já odiando todo aquele dia. Ele ria e me olhava ainda com o porta-retrato em mãos – É esse ano o casamento, não é? Seu noivo não deve ter escolhido nada da cerimônia, não é? – ele me perguntava ainda com aquele sorriso de lado a me olhar, peguei o porta-retrato de sua mão e coloquei no lugar em que estava com um olhar sério.

- Não mexa em minhas coisas – falei seriamente – E geralmente o noivo não parece ajudar tanto assim, queria que pelo menos ele escolhesse o bolo comigo... – bufei ao pegar as pastas abrindo a primeira vendo tudo o que eu tinha que ler, estava cansada, mas era melhor do que ficar presa em casa – Casamento é apenas gasto de dinheiro, queria apenas casar no civil...

- Talvez nem case então se é esse o problema. A vida é algo bem curioso, dá algumas oportunidades para que seguíssemos um caminho diferente. O que faria se tudo isso que te estressa fosse apenas uma segunda preocupação, Senhorita Jihye? – ele estava com a voz firme como se tivesse certeza de que eu não aguentaria a pressão de um noivado, de ter que planejar uma cerimônia do jeito que eu detestava. Olhei para ele querendo que saísse de minha sala, não entendia por que ele era tão estranho com todos e como achava que podia mexer nas coisas em minha mesa daquela forma, ainda mais quando nunca havíamos nos falado realmente, apenas nos cumprimentávamos quando eu chegava e já havia chegado a falar com ele em uma festa de natal da empresa. Levei meus olhos para a pasta pensando em meu noivado. Eu queria mesmo aquilo tudo? Simplesmente não sabia.

- Eu preciso sair um pouco, avise o chefe que eu estava passando mal. – falei sem aguentar mais aquela dor de cabeça, me levantei sem conseguir mais me manter firme e saí da sala suspirando profundamente ao fechar meus olhos com força, minha enxaqueca estava cada vez pior. Escutei alguns passos atrás de mim vendo Ji-won ir atrás de mim – Volte ao trabalho, eu só preciso de um pouco de ar fresco! – falei estressada ao apertar o botão do elevador, eu não devia sair do prédio, mas eu não estava mais aguentando de estresse. Estava de noite, naquele dia eu nem deveria estar ali, mas estava por querer diminuir meu trabalho naquela semana, eu tinha que ir sozinha provar meu vestido de casamento afinal.

- Está passando mal, se for cair por aí me sentirei culpado por saber como estava quando saiu daqui – ele falava seriamente colocando as mãos nos bolsos, parecia estar com sono, mas ainda estava no trabalho – Se acha que está no direito de ter dores de cabeça, deve saber que estou trabalhando desde madrugada. – ele riu balançando a cabeça negativamente a me olhar, ele era bem mais alto do que eu e nunca aceitava os conselhos que eu dava, mesmo assim ele tentava trabalhar o melhor que conseguia. O que era estranho, por que não parecia gostar de trabalhar em uma editora de livros, tinha boas habilidades para fazer o que quisesse, mas continuava ali fazendo análises e me entregando coisas nas quais era evidente que não gostava de fazer. Então por que continuava ali? Assim que o elevador chegava, entrei com Ji-won e permaneci em silêncio até ver como realmente parecia cansado.

- Por que trabalha aqui? Parece exausto, sempre parece assim na verdade – falei tentando manter aquele diálogo já que ele iria me acompanhar – Sabe, não precisa ir comigo.

- Nunca vi seu noivo aqui. Seu pai vive indo gritar com você em sua sala, mas nunca vi o seu noivo vir te entregar flores ou te dar bom dia por aqui – ele falava rindo suavemente ao passar a mão nos cabelos – Que noivado estranho. Não faz parte o noivo ficar visitando a noite e decidirem tudo juntos? Ainda mais com um casamento tão perto desse jeito.

- Hanbin não é muito romântico e eu gosto disso, faz com que eu possa me concentrar melhor em coisas mais práticas – falei suspirando baixo, mesmo que nunca conversássemos, era bom poder falar com alguém e Ji-won não parecia ser um homem de má índole, talvez só estivesse preocupado que eu caísse passando mal por aí.

- Não é exatamente o que uma noiva feliz falaria, não parece tão animada assim – ele ria suavemente ao me olhar – Às vezes, não te dá vontade de desaparecer? Deixar tudo isso para trás?

- É uma ideia tentadora sumir para pode respirar um pouco, mas eu amo meu noivo. Ele tem o emprego dele, anda ocupado demais e por isso não posso pedir para que me visite todos os dias, mas...  – suspirei baixo um tanto triste ao saber que Hanbin não parecia o mesmo que eu havia conhecido em meu primeiro encontro, era algo estranho como as pessoas mudam. Não via mais aquele sorriso, como acariciava meu rosto, até mesmo o sexo havia mudado um pouco. Olhei para a porta do elevador me perguntando se eu poderia ter uma vida melhor, mas nada vinha á minha mente – Acha que é possível que as pessoas possam melhorar?

- Talvez. Para o melhor e, bem, para a pior também – Ji-won falava ao ver a porta do elevador se abrir saindo pela mesma ao meu lado, nunca havia falado muito com ele e me sentia culpada por ter sido grossa ao falar para voltar ao trabalho. Ele estava sendo gentil em me acompanhar, se eu passasse mal na rua pelo menos ele poderia me ajudar, não parecia uma pessoa ruim. Andei pela recepção do prédio acenando para o porteiro e saí do prédio sentindo o frio que estava, que horas deveriam ser? Será que era tarde para estar frio daquela forma? Olhei para o lado vendo Ji-won colocar o casaco que usava em meus ombros e dei um leve sorriso como agradecimento.

- Escuta, desculpa por mais cedo... Eu fui grossa com você, sou a editora-chefe, mas não devia ter falado daquela forma. – falei realmente me sentindo culpada, mas ele simplesmente pareceu não me escutar, apenas andando na frente e parando apontando assim para um pequeno bar, me olhando em seguida. Será que ele estava bravo por eu ter aumentando o tom de voz naquela hora? Eu tinha me desculpado, mas se fosse com Hanbin já estaríamos brigando por como eu não tinha o direito de falar daquela forma.

- Uma bebida?

- Não costumo beber. - olhei para onde estava apontando, era um pequeno bar, daria muito bem para que eu bebesse algo e voltasse para trabalhar, olhei em volta sentindo o frio mais uma vez, mas ele sorriu gentilmente, eu escutava as mulheres do escritório falando que ele era estranho, mas ele parecia tão normal que não consegui ver de onde elas viam isso, o sorriso era bonito para ser sincera.

 – Eu não conto pro seu pai que a editora-chefe gosta de beber no expediente, o que tem de mais? Juro que chamo um táxi se você ficar bêbada. – ele falava de um jeito animado, eu não sabia direito o que fazer, mas fazia tanto tempo que não me chamavam para nada que acabei achando uma boa ideia. Ele parecia ser uma pessoa tão animada que talvez não fizesse mal que eu relaxasse um pouco.

- Tudo bem, só uma bebida não vai fazer mal... – falei timidamente o seguindo para atravessar a rua vendo o bar, era pequeno e meio escuro, parecia um bar de esportes, do tipo que meu irmão gostava de ir. Fazia tantos anos que eu não ia á um bar que quando sentei á uma das mesas não consegui relaxar, eu estava noiva e agora estava ali com um colega de trabalho que eu mal conhecia. O que eu tinha na cabeça? Olhei Ji-won que se sentava á minha frente com o mesmo sorriso de antes, me acomodei em seu casaco enquanto olhei em volta vendo os homens dali gritando ao verem algum jogo na televisão, bati meus dedos repetidamente sobre a mesa pensando em Hanbin, o que ele estava fazendo agora? Trabalhando enquanto eu estava em um bar cheio de homens? Tentei parar de pensar nisso e olhei Ji-won que havia pedido duas bebidas para nós, encolhi meus ombros timidamente dando um leve sorriso – Não sei se devia estar aqui. Nem me lembro a última vez que estive em um lugar desses...

- Mas está, não é? Depois é só mentir que estava trabalhando – ele sorria mais uma vez olhando as bebidas chegarem, mexia no celular voltando a me olhar calmamente – Não precisa se preocupar, acho que o estresse do trabalho não vai mais te incomodar, Park Jihye. Acho que posso te chamar assim, não é? Estamos fora do trabalho.

- Eu sempre vou acabar me estressando com aquele trabalho...

- Talvez as coisas mudem e não precise mais se preocupar.

- Como pode ter certeza? Aquele trabalho é sempre estressante, queria poder fugir das críticas e de ter que fazer tudo correto ás vezes... Todos parecem gostar tanto de trabalhar na editora de meu pai, menos eu – levei as mãos ao copo, mas escutei meu celular tocar vendo que era Hanbin – Ah, um minuto, é meu noivo. – falei ao me levantar para atender a ligação em um lugar mais silencioso já que naquele bar estavam todos gritando por causa do jogo que estava passando, mas assim que cheguei á porta do bar pensei em como Hanbin era. Eu estava tão cansada que não quis que soubesse que eu estava em um bar com outro homem, não queria que ele discutisse comigo logo com a dor de cabeça que eu já estava.

- Jihye, eu e seu pai já escolhemos o fotógrafo do casamento. Está no trabalho agora? – ele perguntava, eu sei que não devia mentir, eu mesma já me sentia culpada. Mas eu precisava beber alguma coisa para tentar aliviar todo aquele estresse.

- Eu tive que sair para falar com um editor – menti – Mais tarde estarei em casa...

- Tudo bem, não tenha pressa.

Olhei o celular finalizando a chamada, por que eu havia mentido? Eu não tinha nada com Ji-won, não seria nada de mais falar que estava com um colega de trabalho. Talvez depois de voltar ao escritório eu pudesse ligar de volta e ir para casa mais cedo, não tinha pressa. Logo o veria mesmo, iria para nosso apartamento e faria seu jantar como todas as noites. Voltei para dentro do bar e me sentei á mesa em que eu estava segurando o copo levando á boca tomando alguns goles da cerveja. Então ele sorriu mais uma vez inclinando a cabeça ao me olhar ainda em silêncio como se não conseguisse tirar os olhos de mim. Senti meu rosto corar ao ver como me olhava, não gostava de não poder saber o que se passava por sua cabeça.

- É bonita, sabia? – ele falava levando uma das mãos até a minha, passando delicadamente os dedos sobre minha pele – Sempre está bonita na verdade, um trabalho estressante não combina com você. Mas, você também mente bastante.

- Está me elogiando e depois me chama de mentirosa...? – perguntei tomando mais alguns longos goles da cerveja, descansando o copo na mesa ao olhá-lo sem conseguir compreender, fechei meus os olhos por um momento o sentindo segurar em minha mão. Minha dor de cabeça estava ainda pior.

- Você mentiu sobre a bebida. Gosta de beber, costumava ir á bares com seu irmão mais velho antes de conhecer Hanbin e começar a ficar apenas no trabalho. Eu falei sério quando disse que não precisaria mais se preocupar com o estresse – ele falava apertando minha mão aos poucos fazendo com que eu abrisse meus olhos – Ei, está com sono?

- Só um pouco. Acho que estou trabalhando demais. – falei ao tomar mais alguns goles, ele também estava bebendo e olhava uma vez ou outra para a televisão do bar, devia estar torcendo por algum time que estava jogando naquele dia, lembro-me de ter pedido mais bebidas e bebi mais, fazia tempo que eu não bebia, a última vez foi quando meu irmão ainda estava na Coréia. Sentia saudade dele. Olhei para Ji-won que ainda segurava minha mão e franzi o cenho – Como sabe que eu costumava beber com meu irmão?

- Foi um palpite, eu sei quando mulheres estão mentindo. É um dom e uma maldição – ele ria mais uma vez entrelaçando os dedos nos meus lentamente, nem me lembrava a última vez em que Hanbin havia segurado em minha mão, ele havia ficado um pouco mais bruto e egoísta com o tempo, diferente do que eu havia conhecido – Devo dizer que você é uma péssima mentirosa também e eu sei que você mentiu para seu noivo sobre estar aqui, talvez por medo dele te criticar ou talvez por que já esteja mentindo para ele há algum tempo. – ele falava enquanto eu bebia mais, eu estava me sentindo um tanto tonta e me levantei querendo ir ao banheiro pelo menos lavar meu rosto para ver se conseguia melhorar, escutei quase que lentamente o som de meus passos e encarei a placa na porta do banheiro andando até a mesma, algo estava realmente errado. Eu era fraca assim para bebida? Não, eu era mais forte que meu irmão ainda mais para cerveja. Entrei no banheiro e me olhei no espelho sentindo minha cabeça latejar dando alguns passos para trás sentindo alguém me abraçar por trás, deixei que o casaco em meus ombros caísse e fechei meus olhos com força os abrindo lentamente sem conseguir me manter bem, por que eu estava tão tonta afinal? Olhei o espelho a ponto de ver que quem havia me abraço era Ji-won, passando o rosto em meus cabelos apertando meu corpo naquele abraço, ele era bem mais alto e mais forte do que eu. Senti seu beijo em meu pescoço fazendo minha pele se arrepiar, o que ele estava fazendo sozinho cominho no banheiro feminino? Não, eu não podia fazer isso, estava noiva. Senti ele manter aquele abraço com um dos braços, levando a outra mão para passar em meu corpo, abri minha boca para dizer que não, mas meu corpo amoleceu de repente.

Foi tudo o que eu me lembro de que havia acontecido. A voz dele, o gosto da bebida, o casaco quente em meus ombros, o beijo quente em minha pele. Senti meu corpo pesado e uma tontura forte me atingir como se eu não me aguentasse de pé, nem faço ideia de quanto tempo eu estava apagada. Não sei o que havia acontecido, mas quando acordei senti como se eu tivesse sido atingida por uma pedra, tentei me mexer pensando que eu já estaria em casa, talvez em um táxi ou quem sabe tudo não teria passado de um sonho estranho? Assim que tentei mover minhas mãos, mas as olhei vendo que estavam amarradas forte o bastante para deixar marcas. O que havia acontecido? Eu estava sem meus sapatos, não estava mais com as roupas que eu lembrava ter vestido antes, o que eu vestia era apenas uma camisa larga. Eu havia passado a noite com Ji-won? Não, acho que eu me lembraria. Ainda estava tonta e não conseguia me mexer direito, eu havia sido dopada? Onde eu estava? Choraminguei ainda me sentindo estranha ao ver que eu estava em um colchão no chão, o lugar era escuro e eu não conseguia soltar minhas mãos. Eu tinha medo do escuro e aquilo só me apavorava ainda mais e eu só me lembrava de ter bebido com Ji-won. A luz se acendeu de repente, olhei em volta vendo que o lugar era vazio, escuro. Havia só o colchão em que eu estava, a lâmpada no teto, alguns papéis colados nas paredes. Só eu sei como eu estava passando mal e nem sequer conseguia levantar, estava tão frio ali a ponto de eu ter certeza que minha voz poderia tremer.

- Alguém...? – falei baixo, eu estava apavorada e não sabia por que me prenderiam em um lugar como aquele, olhei para a escada dali escutando a porta se abrir, lá estava ele, descendo calmamente com os cabelos bagunçados como antes, estava sem camisa, talvez eu estivesse vestindo a dele. Comecei a chorar querendo que o pior não tivesse acontecido, ele riu e descia as escadas, se abaixando para me olhar mostrando que na mão direita segurava um revolver, encostando o cano da arma em minha cabeça me fazendo chorar mais.

- Ji-won... Solta as minhas mãos, está doendo – falei ainda em lágrimas, mas ele apenas me olhava com o sorriso que sempre tinha nos lábios como se o que eu queria não fosse importante.

- Lágrimas não vão te ajudar aqui, Jihye – ele falava rindo suavemente – Se você se comportar tudo vai ser mais fácil.

- Por favor, não faça isso...

- Shh. Eu que dito as regras aqui – ele falava forçando o cano da arma em minha cabeça – Eu não quero me ver forçado a atirar, simpatizo com você. Mas quero que entenda que sua situação será apenas por algum tempo. Poderá ser dias, meses, talvez o ano todo. Depende de quanto o seu pai irá pagar – ele sorria mais uma vez passando o cano da arma em meus cabelos e então meu pescoço – Até lá, vai fazer o que eu te mandar, sem choro ou gritos, entendeu? Não tenho ordens de te tocar, então pelo menos por agora você pode ficar tranquila quanto á isso – ele falava ao se levantar e olhar para a pequena janela dali, deveria ser um tipo de porão. Então com um leve sorriso indo até mim me virando para que eu o olhasse, eu não conseguia parar de chorar e balançava a cabeça negativamente implorando para que me soltasse dali, queria ver meu pai, meu noivo, queria minha vida de volta. Não me importava de virar uma dona de casa entediada, eu só queria sair dali. Senti a mão dele em meus cabelos, os alisando lentamente, fechei os olhos com força e virei o corpo sem querer que me tocasse.

- Me deixe em paz, o que foi que eu te fiz...?! – minha voz estava tremendo  e sentia as lágrimas caírem sem parar por meu rosto, ele limpava as lágrimas e virava meu rosto para que eu o olhasse.

- Não entendeu ainda? Não tem nada haver com você, mas com o dinheiro de seu pai. Você vai se comportar e parar de chorar, senão as coisas serão ainda mais difíceis para você. Acredite, não vai querer me ver com raiva – ele inclinava a cabeça para o lado olhando meus lábios e então meus olhos castanhos – E um conselho: Nem pense em gritar. Ninguém vai te escutar, não sou tão burro para te levar para um lugar cheio de pessoas. E se você não fizer o que eu mandar, bem, tente adivinhar. Não terá comida, água, quer mesmo ficar aqui embaixo sem um cobertor descente sendo que estamos no inverno? Aqui é o lugar mais frio dessa casa, aliás. É isso que quer?

- Eu quero Hanbin. – falei ainda em lágrimas.

- Vai ser do jeito difícil não é? – ele ria e se levantava andando até a pequena mesa que havia no canto daquele porão imundo e me olhava pegando o copo de água, bebendo lentamente. Eu estava morrendo de cede, talvez a droga que havia me dado me fizesse ficar com cede que eu estava. Eu não conseguia me levantar, estava chorando e o olhava quase em súplica por um único gole, mas ele já havia bebido o copo inteiro – Oh. Desculpe querida. Estava com cede? Talvez esteja com fome também – ele falava tirando da bandeja sobre a mesa um sanduiche jogando o mesmo no chão, pisando sobre o mesmo com um sorriso nos lábios, enfim se voltando para mim ainda com a arma em mãos – Acho que precisa de um tempo para pensar na situação em que se encontra, não é mesmo? Eu sou uma pessoa péssima por não dar espaço para que você fique sozinha com seus pensamentos, não é? – ele falava andando até a escada rindo baixo – Ah sim, eu sei que tem medo do escuro. Mas, vou apagar as luzes até que siga as minhas regras.

- Ji-won! Não, por favor! – gritei o vendo já perto da porta abrindo a mesma, apagando as luzes me deixando ainda mais apavorada – Me deixa ir embora, Ji-won! – gritei mais uma vez, mas ele havia fechado a porta sem dizer mais nada, voltei a chorar desesperadamente olhando uma pequena luz em outro canto do porão vendo que parecia ser uma câmera. Ele me vigiaria por ali, talvez? Comecei a chorar mais sabendo que tudo dependia da ligação e da boa vontade de meu pai. Se ele não ligasse, o que poderia acontecer comigo? O que Ji-won faria?

Eu apenas pensava no sorriso de Ji-won, as coisas que havia me falado e como havia parecido gentil ao colocar o próprio casaco em meus ombros. Por que eu havia mentido para Hanbin? Por que eu havia acabado em um bar com um homem que eu mal conhecia, bebendo e logo sentindo aquele beijo em meu pescoço e a mão passeando por meu corpo? A única certeza era que meu pesadelo estava apenas começando. 



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