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História Stockholm Syndrome - Você mataria por mim?


Escrita por: 1llusion

Notas do Autor


You're so fucking special
I wish I was special
But I'm a creep, I'm a weirdo

Capítulo 14 - Você mataria por mim?


Eu queria saber o que Hanbin poderia ter feito, ele sempre foi uma pessoa tão comum a meu ver que era estranho pensar nele como alguém que poderia ter sido cruel no passado. Naquela noite, estranhamente eu sonhei com ele, na verdade com o dia em que eu havia me mudado para seu apartamento. Não havia muitas coisas minhas, eu praticamente só havia levado minhas roupas para lá, lembrei de como sempre conversávamos enquanto ele via o que queria na televisão da sala. Eu gostava dele, mas não sentia que ele me amava por completo como qualquer mulher gostaria de sentir. Acordei pensando em como tudo parece ter acontecido ontem, o relacionamento em que eu não me sentia á vontade nem mesmo com meu próprio corpo, a insegurança que eu sentia todos os dias sempre esperando algum elogio vindo de Hanbin, mas eu sempre sentia que nada que eu fizesse era bom realmente, então... No dia em que Ji-won me sequestrou, me lembrei de quando eu estava no elevador, a pergunta que me fez sobre meus problemas e meu noivado com Hanbin: “Ás vezes, não te dá vontade de desaparecer? Deixar tudo para trás?”. Eu havia respondido que era uma ideia tentadora, talvez eu tivesse o encorajado a fazer o que fez. Olhei em volta suspirando baixo, dormi pesado dessa vez, olhei em volta e encarei um volume nos cobertores ir até perto de mim, levantei o cobertor suspirando aliviada de ser apenas Ji-won, ele sorriu abrindo meu roupão dando alguns beijos em minha barriga, deitando a lateral do rosto ali fechando os olhos por um tempo. Talvez estivesse cansado de todas as manhãs e todas as noites ficar fazendo as rondas pela floresta com a espingarda como se estivesse caçando algum animal que poderia me ameaçar. Passei a mão em seus cabelos e olhei em volta mais uma vez encarando o armário onde eu havia achado o anuário. Queria perguntar o que havia acontecido, mas sempre que eu citava o nome de Hanbin ele ficava irritado, estava sendo gentil depois que eu havia feito o teste de gravidez, talvez eu devesse apenas deixar isso de lado.

- Está com sono? – perguntei ao olhá-lo vendo que se deitava ao meu lado encostando o rosto em meus cabelos sem dizer nada, parecia realmente exausto.

- Fiz a ronda, estou ficando com sono nos últimos dias para ser sincero – ele sorriu e me olhava quando virei meu rosto para olhá-lo também, dava uma leve risada passando um dos dedos em meus lábios – Com fome?

- Não muita, pode me fazer um chá...? – perguntei o vendo sorrir com o pedido, se levantando da cama, saí também e caminhei atrás dele, ultimamente eu não estava me sentindo segura sozinha em algum cômodo daquela casa. Gostava de tê-lo á vista, sentia-me mais segura assim. Ele estava com roupas mais quentes pelo frio que estava fazendo e descia as escadas calmamente seguindo para a cozinha, desci alguns degraus e o olhei na cozinha fazendo meu chá, encolhi meus ombros sabendo que a minha curiosidade era maior do que eu sabia. Ele sorriu ao me olhar como se soubesse o que eu estava pensando, andei até a porta da cozinha um tanto quieta – Permissão para entrar na cozinha?

Ele riu mais uma vez e negou com a cabeça.

- Não. Sente-se na sala, meu anjo – falava sorrindo de lado, eu não podia ir até perto dele se não tivesse permissão para entrar na cozinha, para mim aquilo era perfeitamente normal. Virei e andei até a sala me sentando em um dos sofás sem falar nada, ele havia me mandado sentar na sala afinal. Ele ainda na cozinha me olhava sorrindo satisfeito que eu estava á aquela distância, sempre dizia que gostaria de me ver cozinhar, mas não gostava muito que eu o observasse fazer nem mesmo meu café da manhã. Dizia que estragava a surpresa do que me serviria. Ele me olhou por um tempo rindo mais uma vez – É adorável como precisa sempre saber o por quê de tudo, sabia? Por que quer saber tanto assim sobre o que é meu problema com Hanbin?

Droga, ele sabia como eu era e eu não devia me surpreender por ele ter me perguntado daquela forma. Suspirei e abaixei a cabeça, não queria que ele se irritasse ainda mais quando estava sendo tão gentil comigo nos últimos dias.

- Eu não sei muito sobre você, não me conta muitas coisas – falei timidamente olhando a janela, a neve caindo lá fora fazendo aquele cenário ficar ainda mais bonito. Queria ir lá, mas não tinha permissão, Ji-won havia dito que eu tinha que ficar em casa descansando e evitando fazer esforço, depois de um tempo ele voltava com a bandeja com duas xícaras de chá e após deixar na mesa de centro, seguia para as escadas que levavam ao segundo andar e voltava com o anuário em mãos, se sentando ao meu lado abrindo o mesmo calmamente como se soubesse que o melhor a ser feito era que aquela minha curiosidade fosse saciada de alguma forma, o olhei sabendo que não gostava de falar sobre si mesmo e uma culpa me afetou – Desculpe-me. Não gostou que eu mexesse em suas coisas, eu devia ficar no porão pelo resto do dia... Eu mexi suas coisas e ainda me vi no direito de ficar irritada...

Senti sua mão alisar meus cabelos carinhosamente.

- Queria saber algo sobre mim, te perdoei por causa disso – ele falava me mostrando as fotografias do anuário – Eu era o que tinhas as melhores notas, também era do time de basquete. Acabei conhecendo Hanbin quando estávamos no primeiro ano do ensino médio na verdade. Ele ganhava de mim em tudo, ser sociável, nas pessoas gostarem dele, era como se de alguma forma eu estivesse á sua sombra – ele falava um tanto sério sobre e então passava as páginas com certa força como se sentisse ódio apenas de olhar aquelas fotos, por mais que eu quisesse saber sobre o que havia acontecido, vê-lo daquele jeito me incomodava. Dei um leve beijo em seu rosto fazendo com que parasse de virar as páginas e me olhasse como se eu tivesse interrompido toda aquela revolta que ele sentia. Selei levemente seus lábios o fazendo dar um leve sorriso ao fechar o anuário, ele sorriu por um instante e me olhou durante um tempo – Eu menti. Meu pai está vivo, mas não minha mãe. Jiun havia falado aquele dia “nossos pais” por que meu pai se casou novamente, minha mãe acabou morrendo em um acidente de carro. Ela traía meu pai e isso acabou se espalhando, virou uma piada na época por meu pai dizer que o único filho de sangue que ele poderia ter mesmo era Jiun. Virei uma piada como se eu não fosse mais nada, quem espalhou isso foi Hanbin. Eu havia contado á ele isso e sem pensar duas vezes ele fez com que eu fosse visto como algo vergonhoso. Não foi apenas por ser criticado, foi por não ser mais levado a sério, por ter me transformado em algo sujo e ignorado – ele falava jogando o anuário de lado olhando a lareira apagada sem falar durante algum tempo, estava com um ódio no olhar por se lembrar do que ele havia feito. Havia passado por um momento difícil e Hanbin que era seu amigo acabou por transformar a situação em uma bem pior – Eu disse á mim mesmo que a minha maior felicidade era deixá-lo miserável, roubar o que era mais importante á ele. Então, passei anos e mais anos tentando pensar no que eu poderia fazer para acabar com a vida de Hanbin – falava ao se levantar e acender a lareira enquanto eu escutava atentamente a tudo que falava, me olhando em seguida observando cada mínimo detalhe de meu rosto – Então, eu entrei na faculdade depois de meu pai falar tanto em minha cabeça e fiquei obsecado por como alguém como você poderia existir, eu tinha que te olhar para ter certeza de que era real. Foi quase como algo que me desse ódio, como alguém assim havia pego minha atenção – Ji-won voltava-se a se sentar ao meu lado, mexendo em meu cabelo – Eu te segui e descobri como tudo em você era perfeito, então quando vi que estava noiva de Hanbin quando trabalhávamos na mesma editora... Senti ódio e inveja. “Ele já fez da minha vida um inferno, por que ela escolheu logo ele?” foi o que pensei. Tive que te roubar, era aquilo que ele gostava e também por que eu não queria que fosse dele, tive que fazer o que eu fiz.

- Você sempre pensou em mim dessa forma...? Como se eu fosse perfeita? – tive que perguntar enquanto pegava minha xícara, tomando meu chá, nossos olhares se encontraram mais uma vez e ele concordava com a cabeça. Era estranho, sempre me senti como uma pessoa que sempre errava em tudo e que precisava de melhorar em tantas coisas, suspirei ao pensar nisso e encolhi meus ombros saboreando o chá que havia feito – Bobby... Por que nunca falou comigo? É que eu só tenho que saber...

Ele sorriu de lado e acariciou a lateral de meu rosto.

- Se visse como eu era insano, isso te assustaria. Mesmo que eu fosse capaz de me dar um tiro apenas se você me pedisse – falava levando algumas mechas de meu cabelo para trás de minha orelha me olhando de um jeito apaixonado – Por acaso você sorriria para uma pessoa tão estranha como eu? Eu sei que não, você era tudo e eu já não tinha mais nada.

- Podia ter tentado. Ninguém gostava de meu violino, muito menos do meu café... Você nunca vai parar de ser insano ou estranho de sua forma, mas você gosta de tudo o que eu odeio em mim mesma – falei me sentindo um tanto triste de saber que ele amava tudo em mim que me dava certa insegurança, o olhei com receio, mas dei um leve sorriso – Eu não entendia como podia amar tudo em mim, eu mesma não conseguia gostar de mim mesma... – falei terminando de beber meu chá, colocando a xícara na bandeja de prata, encarando um pouco a lareira.

- Então deixe que eu te ame mais então. – virava meu rosto para si – Talvez seja tão estranha quanto eu.

- Eu sou o que disser que é.

- Então você é. - Ainda senti alisar meus cabelos daquela forma de antes, me aproximei me acomodando em seus braços sentindo os lábios dele nos meus, ao parar aquele beijo olhei em seus olhos dando um beijo no canto de sua boca sorrindo levemente.

- Eu estou aqui, isso que importa... Não é? – perguntei sorrindo ao olhá-lo, ele me puxava para perto sorrindo ao me manter perto de seu corpo, sem falar nada, apenas olhando em meus olhos, virava o rosto pegando uma sacola que estava na poltrona ao lado do sofá em que estávamos me entregando a mesma, a abri dando uma risada ao tirar uma pequena roupa de bebê em um tom de azul claro, minha cor predileta. Senti meu rosto se corar ao ver aquela pequena roupa em minhas mãos, mas antes que eu pudesse falar, ele beijava meus lábios ferozmente me deitando no sofá me cercando com os braços voltando a me beijar com vontade, eu só queria que aquilo não acabasse, estava apaixonada por Ji-won e mesmo que eu me machucasse por causa disso, eu simplesmente não sabia como controlar o que eu sentia e muito menos queria parar de olhá-lo daquela forma apaixonada que eu olhava, levei minhas mãos á seu rosto olhando em seus olhos pensando em como eu o amava – Não quero que pense que uma hora ou outra vou voltar a pensar em Hanbin como antes, Bobby... Eu já te disse que meu lugar é aqui.

Ele sorriu ao escutar e beijava mais uma vez meus lábios passando os dedos em minha barriga.

- Vamos ter mais de um? – Ji-won sorria abrindo meu roupão lentamente como se não tivesse nenhuma pressa. Meu rosto havia se corado por completo com o que havia dito, ele sempre era direto e dei uma risada sabendo que ele não costumava falar coisas apenas por falar, levantei meu corpo ficando com meus lábios próximos dos dele a ponto de sentir sua respiração. Ele parecia decidido á aquilo, senti o beijo em meu pescoço e como abria meu roupão, encolhi meus ombros o fazendo rir e me olhar vendo como eu ainda parecia sem jeito de ficar sem roupas na frente dele – Outra coisa que eu amo é como ainda fica sem jeito assim, não ficava assim na frente de Hanbin? – ele perguntava tirando lentamente o roupão de meu corpo.

- Só quando... Você sabe – respondi em voz baixa sabendo que a resposta para aquela pergunta era um pouco estranha, dei um leve sorriso e o olhei ainda com o rosto corado – Ele não me olhava como você, eu acho. Isso me fez não gostar muito de meu corpo. – falei baixo ainda me sentindo sem jeito, Ji-won me olhava atentamente rindo de minha resposta, encostando sua testa na minha.

- É impossível não te olhar, quero que veja como eu te vejo – me puxava pela cintura ainda perto de mim – Eu sei que ele devia gostar de você, mas eu sei que ele te traía. E você sabe que eu nunca te magoaria dessa forma.

Aquilo era verdade, quando recebi o pedido de casamento de Hanbin eu sabia que ele já tinha saído com outras mulheres e voltava para casa sem me dar nenhuma explicação. E eu achava que era minha culpa, que eu não conseguiria que alguém me amasse como eu via as outras mulheres do escritório falando de seus relacionamentos. Talvez eu nunca tivesse amado Hanbin, apenas aceitado como se isso fosse o que eu tinha de fazer para não me sentir tão sozinha. Abracei Ji-won sabendo que eu o amava de uma forma descontrolada, era doentio, mas eu o amava. Beijei seus lábios sentindo suas mãos descerem por minhas costas e seus lábios voltarem ao meu pescoço, soltei um suave gemido sorrindo com aquele toque tão quente, minha pele sempre se arrepiava com o jeito que me tocava, suspirei olhando por um momento para a janela franzindo o cenho ao ver uma luz bem ao longe, o que me desesperou, levei minhas mãos aos ombros de Ji-won, o afastando por um momento.

- Bobby, a floresta...! Tem alguém lá! – falei alto sentindo minhas mãos tremerem, ele imediatamente parou de me beijar e se levantava do sofá correndo até a janela bufando ao ver que eu estava certa, vesti meu roupão e corri até o armário de armas dele, voltando com a espingarda entregando a mesma para ele.

- Droga, vou ter que verificar isso. Meu anjo, pegue o revolver. – ele falava indo até a porta, fui até o armário pegando a arma e amarrando melhor meu roupão, o seguindo até a porta estranhando que dessa vez ele me deixasse sair em situações como aquela. Geralmente eu teria que ficar no porão em situações de emergência, então... Ele confiava completamente em mim? Saí da casa segurando o revolver que pesava em minhas mãos, estava nevando e ventava como nunca, Ji-won olhava em volta e seguia andando pela neve tentando ver o que era a luz, mesmo que estivesse afastada, era um grande risco se descobrissem a casa, ele apontava a arma para frente e me olhava suspirando profundamente – Jihye, se ver alguém, atire. É uma ordem. É pelo nosso bem, meu, seu, do bebê – ele sorriu ao me olhar – Conseguiria atirar em alguém por mim?

Deveria ser algo que eu tivesse que responder negativamente, algo que eu pensasse que era loucura. Atirar em uma pessoa, matar um ser humano... Eu ainda tinha sanidade ou ele havia tirado isso de mim? Até aquele momento ele me ensinou que tudo aquilo era para o meu próprio bem, que estava me mantendo segura. Eu tinha que me comportar para que não fosse para o porão escuro e minúsculo, seguir as regras dele e agora eu o amava de uma forma insana.

- Não vão nos achar, não é...? – perguntei tremendo de frio, sentindo a neve ir em meus cabelos.

- Claro que não, meu anjo. Eu te prometi que te protegeria, lembra? – ele falava – Se for uma ameaça. Prometo irmos para longe daqui, para onde quiser estar. Vai ficar tudo bem, sabe que não minto quanto á isso. – falava se aproximando de mim e dando um leve beijo em meus lábios – Apenas faça o que eu falo, entendeu? Estou fazendo isso por que eu te amo. Se conseguir avistar alguém, atire. Não importa onde mirar, apenas faça isso.

Balancei a cabeça positivamente sabendo que eu tinha que obedecer. Ele ia na frente tentando ver se era mesmo uma ameaça, comecei a tremer de frio, tentei andar mais á frente para tentar alcançá-lo mas o vi subir entre as árvores, me virei sentindo minhas mãos tremerem e levantei a arma atenta a qualquer som, andei entre as árvores procurando encontrá-lo, mas eu não o achava, a neve parecia estar piorando e pude ver mais á frente a luz que eu tinha visto antes, tentei andar mais á frente ainda aliviada de ver que estava longe demais da casa, poderia ser que não nos descobrissem ali. Então, em meio da neve, virei meu rosto podendo escutar um som, como se fosse alguém andando na neve. Será que era Ji-won? Talvez as buscas estivessem ali...? Poderia ser que meu irmão tivesse o achado suspeito e anotado a placa do carro de Ji-won. Poderia ter seguido até certo ponto do caminho...? Tremi com a chance de que pudesse ser meu irmão, mesmo assim a ordem viera em minha mente e andei até mais perto do som, podendo ver entre as árvores alguém, o vento e a neve iam contra meu corpo e em um prolongado suspiro apontei a arma fechando meus olhos até escutar o disparo. 



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