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História Stockholm Syndrome - Problemas


Escrita por: 1llusion

Capítulo 15 - Problemas


Eu nunca havia disparado uma arma em toda a minha vida, era pesada em todos os sentidos imagináveis, era como segurar algo que poderia acabar com a vida de uma pessoa. Fiquei paralisada pensando em como pude mesmo atirar pelo desespero de ser alguém estranho ali, o correto seria que eu gritasse e pedisse por ajuda, mas eu já não era eu mesma. Era uma pessoa diferente do que eu já tinha sido um dia, agora eu já havia visto um homem ser morto, vivia com medo de acabar irritando Ji-won, o homem que havia me raptado e me mantido como refém, muitas vezes apontando uma arma para minha cabeça. E eu o amava, simplesmente o amava e estava vendo tudo o que seria racional como errado e sujo. Andei pensando no som do tiro, certamente Ji-won seguiria o som se tivesse escutado. Tentei andar na neve sentindo o vento frio e como meu corpo tremia, eu não devia andar na neve vestindo o roupão dele. Encarei que alguém estava em meio da neve e forcei meu olhar para tentar ver quem era sentindo meu coração apertar. Não. Dei alguns passos para trás vendo a o corpo que estava em meio da neve ensanguentada, não sei se eu havia acertado em algum lugar que fosse fatal, mas parecia ter sido o bastante para que desmaiasse e ficasse sangrando em meio da neve branca, minhas mãos tremeram mais uma vez e dei mais alguns passos para trás sem saber o que eu estava fazendo, minha sanidade já tinha sido destruída a ponto de que eu tivesse atirado pensando que era melhor matar uma pessoa do que ver Ji-won bravo por eu não ter atirado? Todo aquele sangue em meio da neve me deixou chocada e enjoada como se eu fosse desmaiar a qualquer momento, fiquei a encarar o corpo me aproximando vendo que ainda respirava, mas que estava sangrando e muito, então um novo desespero tomou conta de mim.

- Hanbin...?

Eu não entendia, ele estava me procurando sozinho e no meio da neve? O que estava pensando afinal? Fiquei parada sem saber o que pensar, me virei escutando Ji-won gritar por mim e então correr até onde eu estava. Ele o queria miserável, seria bem capaz que desse um tiro na cabeça de Hanbin para acabar com aquilo de uma vez por todas, mas ele olhava o corpo sangrando na neve e bufava pegando o revolver de minhas mãos e guardando na calça, logo em seguida me entregando a espingarda parecendo preocupado com tudo aquilo.

- Vai para casa, guarda minha espingarda, tente se manter calma. Não é bom que fique em meio desse frio – ele falava segurando meu rosto com as duas mãos me olhando fixamente – Deixe que eu cuido disso.

- Mas, Bobby...!

- Vai. É uma ordem, Jihye. Não posso deixar um corpo aqui, se tiver mais alguém pela floresta logo o acharão. Deixe que eu cuido disso, já disse que não gosto que suje suas mãos.

Era uma ordem, eu tinha que obedecer. Havia me ensinado a ser assim, a seguir tudo o que falava para que não se irritasse. Não era bom vê-lo bravo, poderia me prender no porão como muitas vezes fez. Mesmo com o meu medo, o choque de saber que ele me dominava tanto a ponto de que eu tivesse atirado em Hanbin... Eu não tinha escolha. Voltei meu caminho para a casa, andando em meio de todo aquele vento frio e da neve macia, entrei na sala correndo para guardar a espingarda no armário de armas perto da escada e ainda apavorada passei a mão em meus cabelos subindo para o segundo andar sem saber o que fazer, vesti uma roupa mais quente e corri até a escada, me sentando nos degraus encarando a porta quase sem piscar. Eu o havia matado? Não, ele estava respirando ainda. Por que ele estava na floresta? Se escapasse, falaria com a polícia e Ji-won seria preso, condenado. Não podia mais ver o que era racional, talvez eu fosse uma pessoa completamente doente por já estar deprimida de pensar em como o tratariam, como jamais me deixariam me aproximar de meu sequestrador que era agora o homem que eu amava e o pai de meu filho.  Eu estava tremendo só de imaginar tudo o que poderia acontecer, eu sei que Ji-won havia me sequestrado, mas... Eu não via isso como culpa dele, ele me amava, cuidou de mim e me fez ver o que era perigoso. Eu sou doente por pensar assim...? Encarei a porta sem conseguir me acalmar, eu estava com medo de tudo o que poderia acontecer. Finalmente vi a porta se abrir e Ji-won entrar arrastando o corpo para dentro da sala. Levantei sem saber o que fazer, quais seriam as ordens dele? Mas ele não havia falado nada, apenas erguia o corpo de Hanbin e levava para um dos únicos quartos que eu não sabia o que era, a porta era perto do armário de armas e entrava levando o corpo para dentro, andei até perto da porta sem saber o que eu devia fazer, mas pude ver Ji-won sentar o corpo encostando as costas de Hanbin contra uma pilastra, amarrando o corpo ali da melhor forma que podia, suspirava de forma pesada e se levantava como se odiasse ter que fazer isso, me olhando em seguida.

- Meu anjo. – ele falava com um ar cansado andando até mim beijando meus lábios e sorrindo de lado ao segurar em minhas mãos, as acariciando – Suas mãos estão geladas. Tem que se manter calma, fique perto da lareira para se manter aquecida. Eu tenho que ir lá fora, limpar os rastros que fiz até entrar aqui. Consegue ficar bem até que eu volte? Tentarei ser o mais rápido possível.

- Não me deixa sozinha, Bobby – pedi ainda com a voz trêmula – Eu o matei...?

Ele riu como se a minha preocupação fosse hilária e dava um beijo em minha testa.

- Não, meu anjo. Eu o mataria ali mesmo, mas é arriscado. Pode ter mais alguém na floresta, se achasse o corpo com certeza mais pessoas rondariam a área e nos achariam. Fora que enterrá-lo com esse tempo seria burrice de minha parte, facilmente o achariam quando a neve derretesse – beijava mais uma vez meus lábios e em seguida beijava carinhosamente minhas mãos – Preciso esperar que ele acorde para saber se as buscas estão por perto e aí, acabo com ele. Não precisa se preocupar com isso, ele está machucado e amarrado naquele quarto. Apenas quero que fique aqui e se mantenha calma, eu cuido de tudo. – falava mais uma vez beijando minhas mãos antes de se afastar fechando a porta do quarto em que havia largado o corpo de Hanbin. Concordei com a cabeça e o observei sair pela sala para ver os rastros de sangue, eu tinha que obedecer, então andei até a sala e me sentei perto da lareira tentando respirar profundamente, tentando aquecer minhas mãos, mas eu apenas sentia meu corpo tremer de medo. Por um instante pensei em todo o tempo que eu estava ali, quanto tempo que eu estava sendo refém de Ji-won? Eu o amava agora e ia até mesmo ter um filho dele, era um amor doentio. Encarei a porta do quarto em que estava Hanbin, provavelmente amarrado e machucado pelo meu disparo. Levantei querendo ir lá e olhar fixamente para seu rosto, ter certeza de que era ele mesmo, mas... Isso não me era permitido, agora eu estava com Ji-won e eu deveria vê-lo como alguém que queria me levar de volta para a minha vida antiga. Não podia voltar a ser a noiva dele, a ver o olhar de crítica quando descobrisse que eu estava apaixonada pelo meu próprio sequestrador. Dei um passo para trás e voltei a me sentar perto da lareira tentando aquecer minhas mãos, era confuso estar entre minha sanidade e minha insanidade. Como se tudo o que fosse correto agora não fosse mais permitido para mim, encarei a porta algumas vezes escutando alguns sons como se fossem gemidos de dor de Hanbin. Ele logo seria morto por Ji-won assim que a neve parasse de cair, era como se a neve fosse o próprio tempo limitado dele, como se cada floco de neve fosse um minuto que jamais voltaria. Pude escutá-lo gemer mais de dor e gritar possivelmente tentando se soltar das cordas que Ji-won o amarrara, levei minhas mãos aos meus ouvidos, os tampando e fechando os olhos com força rezando para que desmaiasse mais uma vez. Por favor, pare de gritar, não quero me lembrar de como é sua voz. Fiquei ali com os olhos fechados me agoniando ainda mais por escutar cada vez mais os gritos de Hanbin. Depois de algumas horas Ji-won voltava, entrando na casa e andava até mim, tirando as mãos de meus ouvidos.

- Shhh. Está tudo bem, não há mais rastros e vou cuidar para que ele pare de gritar – falava com a voz tranquila ainda me olhando – Pode fazer um café para mim? Está frio e faz tempo que não faz aquele café para mim.

- Claro, Bobby... – sorri levemente me levantando o sentindo bagunçar meus cabelos e beijar minha testa carinhosamente indo até a porta que havia fechado, caminhei até a cozinha para fazer o café mesmo que eu ainda pensasse no que iria falar com Hanbin, mas não queria vê-lo bravo a me ver querendo me intrometer. Pude escutar um som alto enquanto eu fazia o café, servindo depois de pronto na caneca que Ji-won tanto gostava, peguei a mesma e andei até a sala batendo delicadamente na porta – O café... – falei baixo sem saber se deveria bater na porta, a mesma se abria e vi Ji-won me olhar com um leve sorriso deixando a porta aberta, pegando a caneca e dando um gole no café voltando para dentro da sala. Hanbin parecia ainda com dor e com frio, parecia que Ji-won havia lhe dado um soco no rosto e não parecia estar calmo.

- Fale de uma vez, quantas pessoas estão na floresta? Não está tão machucado para não responder a essa pergunta. – Ji-won falava tomando mais do café colocando a caneca em uma pequena e velha mesa enquanto Hanbin o olhava sem conseguir entender por que estava ali até que olhasse para onde eu estava, demorando um pouco para me reconhecer.

- Jihye?! Meu deus, é você mesma? Fuja daqui, esse homem é louco! – ele gritava e encarava Ji-won com raiva – Não toque nela...! Foi você que a sequestrou, não é?! – ele estava com cada vez mais raiva, mas assim que me olhava, por impulso me escondi atrás de Ji-won que sorriu de lado com o que eu havia acabado de fazer, então o olhava suspirando profundamente.

- A única pessoa que está a assustando é você, Hanbin – ele falava então virando o rosto para me olhar – Meu anjo, está tudo bem, não precisa ter medo. Ele não vai te arrastar para fora daqui. – levava a mão até a minha, entrelaçando nossos dedos calmamente, voltando a olhar Hanbin que não conseguia entender.

- Não a toque! Trate de me desamarrar para que eu quebre a sua cara! – ele gritava ainda mais tentando se soltar me olhando em súplica vendo que mesmo assim eu estava atrás de Ji-won, como se o jeito que me olhava só me desse ainda mais medo – Jihye, sou eu, seu noivo... Não se lembra de mim? Eu tenho te procurado desde que foi levada... Tem que me escutar, esse cara é um psicopata! – ele falava tentando se soltar das cordas, mas gemia de dor com o tiro na perna, franzia o cenho ao ver como eu abraçava o braço de Ji-won – Jihye...?

- Bobby... Se ele continuar a gritar assim vão acabar escutando... – falei baixo abraçando mais o braço de Ji-won.

- Hanbin. Ela não quer ser resgatada e você teve o infeliz azar de estar perto do lugar em que moramos. Quem atirou em você foi ela, não eu. Agora precisa falar quantas pessoas estão na floresta, como chegou aqui, tudo o que eu precisar saber, entendeu? Só está a assustando assim – falava me abraçando ao olhá-lo – Jihye não é mais sua noiva, então sugiro que não repita isso. Não fale como se pudesse dar ordens por aqui, por que não está ciente da situação em que está agora – Ji-won o olhava inclinando a cabeça para o lado – Não entende não é? Eu e Jihye nos amamos agora, ela nunca foi sua.

- Não pode estar falando sério! Jihye, se afaste dele! Esse cara não pode estar falando a verdade!

- E por acaso a amava de verdade? – Ji-won perguntava seriamente como se estivesse cansado de todos os gritos dele – O casamento que teria com ela, foi por qual motivo?

Olhei para ele sem saber por que estava perguntando logo aquilo, encarei Hanbin por um instante o vendo me olhar e em seguida desviar o olhar como se estivesse envergonhado.

- Do que sabe? Não é da sua conta.

- É sim da minha conta quando alguém tenta machucar Jihye. – Ji-won bufava mais uma vez – Responda antes que eu mude de ideia e atire no meio de sua testa. – era uma ameaça real, ele nunca falava algo só por falar. Hanbin respirava profundamente e ainda permanecia sem olhar para mim, então fechando os olhos com força como se não tivesse mais escolhas.

- O pai de Jihye. Eu queria fazer negócios com a empresa dele, só conseguiria isso se eu me casasse com ela... Eu... Era mais um contrato do que tudo – ele admitia e levantava a cabeça me olhando em súplica, balançando a cabeça negativamente – Por favor, tem que me soltar, denunciamos esse psicopata que te sequestrou...! Jihye, ele não te ama, quem que ama de verdade sequestra uma pessoa dessa forma?!

Eu sabia que era algo do tipo, mas escutar a verdade de Hanbin era como se eu tivesse a conclusão de como minha vida era uma farsa, como que eu era usada por causa do dinheiro de meu pai. Como eu era fácil de ser enganada e, pensando no que ele havia dito, abracei mais uma vez o braço de Ji-won me negando ao pensando de voltar á aqueles que eu tinha que chamar de colegas de trabalho, á família que só foi atrás de mim quando alguém havia me levado.

- Eu o amo, Hanbin. Por favor, pare de gritar e fale quantas pessoas estão na floresta. – pedi o vendo me olhar em choque, como se não acreditasse que eu estava realmente pedindo por aquilo, ele mesmo me olhava sem conseguir falar mais nada, como se não me reconhecesse mais. Abracei com mais um pouco de força o braço de Ji-won o olhando enquanto encolhia meus ombros querendo que ele respondesse de uma vez, poderia ser assassinado á qualquer momento. Eu tinha atirado nele, mas não conseguia me recuperar de como foi traumático ver Ji-won matar o próprio irmão bem na frente de meus olhos – As buscas tem que parar, eu não quero voltar mais... Sinto muito, Hanbin. Fale, se tem algum carinho por mim, responda. – pedi mais uma vez o vendo me olhar já com lágrimas nos olhos como se Ji-won houvesse matado a Jihye que ele conheceu um dia, abaixava a cabeça soluçando de tanto chorar.

- Me perdoa... Por favor, o convença a me tirar daqui... – ele pedia em lágrimas, mas Ji-won me olhava beijando meu rosto e passando a mão em meus cabelos.

- Desculpe, meu anjo. Devia ter falado para que fosse para o quarto, não quero que se machuque com gente como ele... – sorria de leve dando um leve beijo em meus lábios na frente de Hanbin – Não deve falar com ele, isso só vai te magoar. Não gosto de te ver triste dessa forma, sabe disso – voltava a olhar Hanbin com frieza – Eu a mantenho protegida de pessoas como você e, por tê-la usado por tanto tempo, por enquanto quem decidirá o que vai acontecer com você até que a neve pare de cair... É a própria Jihye. Então, se quer um conselho de verdade, é melhor responder o que ela te perguntar. Parar de gritar se isso a incomoda. Quando a neve parar de cair, eu serei forçado a pensar o que fazer com você. Mas, até lá é melhor que não entristeça Jihye, isso só me irritaria e não quer me ver sem paciência. – Ji-won falava ainda o olhando com frieza, irritado por como Hanbin havia me deixado afetada com aquela resposta. Beijava meu rosto me envolvendo em um abraço passando a mão em meus cabelos ainda sem tirar os olhos dele que chorava ainda mais como se estivesse encurralado e, ao abaixar a cabeça, gemia de dor mais uma vez com a perna que ainda sangrava.

- Eu vim sozinho... O irmão de Jihye os seguiu, disse que viu alguém parecida com a irmã em um carro com você e me falou que deveria ser impressão dele, mas eu resolvi investigar isso sozinho... – ele finalmente respondia e levantava a cabeça para nos olhar – Por favor, me deixe falar sozinho com Jihye...!

- Não merece isso. Eu já disse, ela não é mais sua. – Ji-won falava com a voz firme, fechei os olhos pensando no que eu estava fazendo e em como estava fugindo de tudo e de todos, mesmo assim ele segurava em minha mão me levando para fora do quarto colocando as mãos em meus ombros e encostando a testa na minha – Meu anjo, por favor, ele te enganou por anos... Eu não posso te deixar ter piedade dele, eu te amo e sabe que quero o seu bem. Preciso mantê-lo aqui, senão vão tirar você de mim – ele sorria de lado acariciando as laterais de meu rosto tentando ignorar como Hanbin gritava pelo meu nome – Não volte a amá-lo, eu não aguentaria uma vida sem você aqui. Não vou deixar que te enganem novamente, que te machuquem e que te façam chorar como fizeram, então... Fique comigo. – ele sorriu mais uma vez beijando meus lábios lentamente me trazendo novamente para seus braços, sabia muito bem que eu jamais o mandaria matar Hanbin. Eu não queria que ninguém morresse, o olhei e retribuí os beijos da mesma forma.

- Eu te amo, Bobby... Por isso, deixe que eu o convença que devem me deixar aqui com você, deixe que eu convença Hanbin – falei beijando mais uma vez seus lábios – Me deixa fazer isso. Por nós dois...

Ele olhou em meus olhos enfim sorrindo por confiar completamente em mim para aceitar aquilo.

- Eu te amo, Jihye. Eu mataria qualquer pessoa que me pedir.

Eu tinha em mente convencer Hanbin que meu lugar era com Ji-won, que voltar seria um erro e eu realmente não queria mais ser resgatada. Mas... Ele entenderia isso antes que a neve parasse de cair e que, assim, o destino dele estivesse nas mãos de Ji-won e de seu revolver?


Notas Finais


Agora sim as coisas vão ficar ainda mais doentias


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