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História Stockholm Syndrome - Sangue e Neve


Escrita por: 1llusion

Capítulo 22 - Sangue e Neve


Eu estava tensa, na verdade eu estava tremendo de medo. Por que eu não pude me controlar um pouco e simplesmente não ter ido cuidar de Hanbin? Eu traí a confiança de Ji-won e agora estava tudo em risco. Eu não queria ir embora ainda mais no estado em que eu estava, queria que Hanbin fosse embora e me deixasse ali onde era meu lugar, mas agora... Eu havia colocado remédio no café de Ji-won, o fiz praticamente apagar enquanto eu cuidava dos ferimentos de Hanbin. O que eu estava pensando, afinal? Suspirei mais uma vez já com vontade de chorar, estava sentada no sofá e encarava o alçapão, eu logo estaria presa ali pelo o que eu fiz. Não queria ficar presa novamente, mas seria meu castigo. Pude escutar os passos na escada, Ji-won estava ainda sonolento e descia os degraus me olhando fixamente e andava até mim me olhando seriamente, parecia que o remédio era mesmo forte a ponto que dormisse tanto assim, ainda mais para ele que conseguia facilmente passar noites sem dormir. Eu já estava tremendo de medo, o olhei quase que pedindo para que me perdoasse, mas de certa forma eu sentia que devia ser punida por ter feito aquilo.

- Bobby... Eu não tive a intenção de... – tentei falar, mas ele cruzava os braços e me olhava ainda da mesma forma séria.

- O que fez além de me medicar daquela forma?

A voz dele estava séria e até mesmo brava, eu nunca havia o escutado daquele jeito e isso era aterrorizante, o bastante para que meu corpo se encolhesse de tanto medo. Eu não tinha escolha e ele tinha toda a razão de estar bravo.

- Eu cuidei dos machucados de Hanbin, sei que não devia... Eu estava assustada, sei que não tenho permissão para isso – tentei me explicar já sentindo algumas lágrimas caírem por meu rosto, sabia que ele ficaria com raiva, já tinha um ciúme doentio e saber que eu o havia dopado para ajudar Hanbin, isso seria além do limite. Queria pedir para que me perdoasse, mas senti a mão em meus cabelos, ele estava me olhando como se não acreditasse, como se aquilo poderia ser a pior coisa que eu já poderia ter feito na vida – Bobby, me perdoa, eu não queria mais ninguém morrendo...

- Você traiu minha confiança, Jihye! Eu faço tudo por você, sabe quantas coisas eu sacrifiquei para que tudo aqui fosse perfeito para você?! Fala, Jihye! Por que fez isso?! – ele gritava ainda me segurando fazendo com que eu o olhasse, ele estava furioso comigo e me puxava pelos cabelos fazendo com que eu me levantasse – Vou ter que te jogar em um porão novamente?! É isso que quer de mim?!

- Não, claro que não é isso que eu quero! – falei com a voz trêmula o sentindo me soltar finalmente, tentei me aproximar querendo que se acalmasse, mas tive medo de tocá-lo – Bobby, por favor, eu não quero ir embora... Não queria que matasse outra pessoa, se nos acharem, vai ser preso por ter matado Hanbin, eu... Eu não quero que seja preso. – tentei explicar mais uma vez, mas ele ainda parecia cego pela raiva que estava sentindo e levava a mão á meu rosto segurando o mesmo com força. Olhava em meus olhos ainda vermelho de ódio e então finalmente pareceu escutar o que eu havia dito, suspirando profundamente.

- Fale a verdade.

- É isso, eu não quero mais sangue em suas mãos – falei ainda sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto – Não mata mais ninguém, por favor...

Eu não era nada diferente de Ji-won, não é...? Eu havia ignorado o fato que ele matou as pessoas que foram á primeira casa e nunca mais toquei no nome de Jiun. O que eu era ou o que eu havia me tornado? Mesmo assim, eu ainda amava Ji-won de uma forma tão doente que eu ficava com medo dele ser preso e que nunca mais eu pudesse vê-lo. Ainda assim, eu estava tremendo de medo. Queria dizer que aquilo não se repetiria, ele não parecia convencido de que eu estava falando a verdade, então me segurava pelo braço com força me fazendo andar até o alçapão. Queria pedir para que não me trancasse ali, que eu estava grávida e certamente acabaria perdendo o bebê se eu continuasse sob todo aquele estresse, mas eu não consegui dizer nenhuma palavra, eu estava tremendo e não queria que ele me machucasse, Ji-won então me soltava e abria o alçapão e me olhava ainda seriamente.

- Quero confiar em você, mas não me deixa outra escolha.

Eu o tinha traído, era justo. Andei ainda trêmula e entrei no minúsculo porão, nem sei se eu podia chamar disso, talvez a melhor coisa seria chamar de cela. Entrei e abracei meus joelhos, estava chorando e estava com tanto medo. Por mim mesma, por minha burrice e até mesmo minha inocência de achar que ele me perdoaria. Ele fechava o alçapão enquanto eu permanecia quieta, como se tivesse que sentir o que era meu castigo. Eu estava cansada, mas tinha que me comportar para que ele realmente não perdesse a paciência.

- Bobby? Pode conversar comigo? – perguntei, mas era quase que óbvio que eu não devia falar nada, não tinha mais permissão para isso. Mesmo assim olhei pelas grades ao escutar os passos dele, o que ele estava fazendo afinal? Pude escutar o som do armário sendo aberto e novamente os passos dele, talvez tivesse ido para o segundo andar. Consegui escutar um barulho alto, não como um tiro, mas era simplesmente um som incômodo. Não podia imaginar o que era, apenas tinha que continuar presa ali. Não sabia quanto tempo havia se passado, só sei que continuei a abraçar meus joelhos rezando para que tudo ficasse bem que nem antes. Não queria pensar em mais nada, mas minha mente só repetia “Hanbin tem que ir embora”. Essa seria a única forma de Ji-won parar de me bater, não era? Olhei para as grades e escutei os passos dele mais uma vez. Estavam um pouco lentos e eu não sabia o que estava fazendo, de repente descobri o que estava fazendo. Havia jogado um balde de água gelada em mim, me assustei sentindo como a água que caía sobre mim era gelada, eu estava tremendo de frio, isso era pior ainda mais por causa do clima frio. Eu não podia dizer nada, não é? Escutei o alçapão ser aberto e Ji-won me olhar vendo como eu tremia.

- Posso confiar em você?

Fiz que sim com a cabeça, ele ainda me olhava e fazia um sinal para que eu saísse dali e eu obedeci, saí dali ainda com o corpo molhado, agora eu evitava olhá-lo com medo de que isso o irritasse.

- Pelo menos me poupei de ter que enterrar um corpo, talvez eu esteja exagerando afinal. Mas não tinha o direito de me dopar, entendeu? Da próxima vez, vai acabar me forçando a algo extremo. Sabe que não quero que isso aconteça, não é? – ele falava passando a mão em meus cabelos com um leve sorriso falando com a voz calma – Vou preparar um banho para você. Sobe e pegue uma camisa minha, está bem? – ele falava enquanto eu concordava com a cabeça, olhei para trás vendo Hanbin na porta da sala, estava ainda completamente machucado, mas nos olhava um tanto assustado a me ver naquele estado. Ele queria falar algo, mas não o fez. Talvez tivesse visto como o que eu fiz acabou por me deixar naquela situação, Ji-won o olhava vendo o curativo como se aquilo o deixasse com raiva e então suspirava profundamente – Eu tenho que dar banho em Jihye, faça algo para que ela coma. Você tem que ser útil para alguma coisa por enquanto.

Hanbin estava estranho, como se visse o meu estado como sua culpa. Por isso ele apenas havia concordado com a cabeça e caminhado para a cozinha sem falar uma palavra que fosse, segui meus passos para a escada e subi para o segundo andar indo ao quarto sentindo um cheiro estranho, caminhei ainda tremendo de frio enquanto vi Ji-won entrar no banheiro. Quando entrei no quarto para pegar alguma camisa dele, senti meu corpo paralisar de vez, há tempo atrás ele havia me dado um pássaro azul, foi o primeiro presente que havia me dado. A gaiola estava aberta e andei até ficar ao lado da cama vendo o pássaro completamente estraçalhado no chão, o sangue no piso de madeira escura. Dei alguns passos para trás e me sentei no chão novamente em lágrimas a me lembrar de que quando eu havia ganho aquele pássaro ele havia dito “Se parece com você”. Ele me mataria se eu errasse com ele mais uma vez? Levantei me sentindo mal por ver aquele animal morto e o cheiro insuportável. Encarei a porta e andei até o corredor e entrei no banheiro o vendo preparar meu banho. Ele ia me matar? Não, ele não faria isso de verdade, não é? Dei um passo para trás e o olhei, ele fechava a torneira vendo a banheira um tanto cheia, colocando os sais de banho na água quente e me olhava com um jeito calmo como se nada tivesse acontecido.

- Não pegou a camisa? Sem problemas, eu pego uma para você. Uma vermelha talvez, fica bem quando veste vermelho – ele sorria – O banho está pronto, pode entrar.

Abaixei a cabeça pela primeira vez incomodada pelo medo que eu sentia.

- O que foi? Ah... É o pássaro? Sinto muito pelo cheiro, eu limpo depois – falava estendendo a mão segurando a minha, me puxando gentilmente – Eu tive que descontar minha raiva em algo. Não quero que se preocupe com nada, logo tudo vai ficar bem. – falava com calma esperando que eu entrasse na banheira, entrei na mesma o sentindo tirar minha camisa e passar a água em minhas costas, eu sabia que ele ainda estava com raiva pelo o que eu havia feito e com certeza destroçou aquele pássaro para não me bater. Senti a esponja deslizar em meu corpo, eu ainda estava em silêncio e desviei o olhar por um tempo.

- Bobby... Posso te perguntar uma coisa?

Ele riu e passava a água em meus cabelos.

- Não vou te matar se é isso que quer saber.

- Entendo... – falei baixo sem entender meu nervosismo, eu devia me sentir aliviada por saber que ficaria viva apesar de tudo. Ele me puxava abraçando meu corpo e beijando meu rosto carinhosamente, virando meu rosto para si, olhando em meus olhos.

- Não gosto de te ver assim, sei que odeia ser trancada no porão, mas você não facilitou nada – falava dando um leve sorriso, beijando meus lábios levemente – Eu te amo, sei que ás vezes isso te assusta. Mas eu não quero ter que te machucar. – ele falava sorrindo mais uma vez encostando a testa na minha – Vou fazer tudo o que me pedir se você voltar a sorrir para mim.

Sua voz estava no tom calmo que eu estava acostumada, então sorriu para mim voltando a passar a esponja em meu corpo, beijando meus lábios uma última vez, assim se levantando e saindo do banheiro e voltando com uma camisa mais quente. Saí da banheira secando meu corpo com a toalha branca, deixando que me vestisse em seguida. Era uma camisa larga e vermelha, ele gostava quando eu vestia aquela cor mesmo que soubesse que eu gostava mais da cor azul. Andei até o corredor ainda com medo e desci as escadas para ir á sala, não queria ficar no quarto com o cheiro de animal morto lá. Sentei em um dos sofás encarando a lareira acesa. Hanbin deve ter acendido talvez? Suspirei baixo pensando se quando ele fosse embora, que talvez tudo melhoraria. Eu ainda estava quieta, como se ainda não pudesse falar nada. Encarei a mesa de centro da sala vendo Hanbin colocar a bandeja ali, eu estava cansada e não queria pensar no que havia acontecido afinal. Encarei o chá e o sanduiche que havia feito e estendi minha mão pegando a xícara, tomando alguns goles lentos. Hanbin havia andado até a porta do quarto que havia virado o dele e se sentava no chão me olhando por um tempo.

- Jihye... Você consegue me perdoar? – ele perguntava – Por minha culpa ele te deixou assim. Eu podia ter sido mais cauteloso para que ele não desconfiasse.

Eu não havia respondido, apenas tomava o chá tentando me esquecer de tudo que ele havia feito. Quase que atirou na própria testa, se cortou com uma tesoura, ele estava se machucando tanto mesmo sabendo que poderia acabar morto por Ji-won.

- Não foi sua culpa, você se machucou e eu só achei que não devia morrer daquela forma – falei baixo tomando mais do chá, ele ainda parecia se culpar e me olhava como se quisesse se aproximar, falar algo que me acalmasse. Mas eu não queria que ele me tocasse, não queria mais ser punida por estar confusa do jeito que eu estava. Coloquei a xícara na bandeja e peguei o sanduiche dando a primeira mordida, estava bom, mesmo que eu não tivesse fome alguma. Olhei para a janela vendo como ainda nevava, sempre piorava quando anoitecia. Eu estava com medo ainda, nem mesmo sabia o que eu fazia antes quando eu tinha medo. Comecei a me perguntar se estaria tudo bem se eu simplesmente expulsasse Hanbin daquela casa, que dissesse para ir embora e nunca mais voltar a me procurar. O que aconteceria? Eu simplesmente não sabia o que pensar. Comi mais do sanduiche e encarei Hanbin, ele estava quieto também, ainda com o rosto machucado, o ferimento no braço parecia melhor eu acho – Ele matou meu pássaro.

- Sinto muito – ele falava baixo a me olhar – Jihye... Eu menti para você.

- Mentiu? Isso não importa muito bem... – falei suspirando baixo ao terminar o sanduiche – Eu só quero dormir para essa noite acabar de vez.

Ele me olhava como se quisesse falar algo, mas não conseguia.

- As buscas, elas haviam diminuído e foram para outro rumo. Sim, eu e seu irmão estávamos te procurando, mas então a maior parte das buscas foi para um caminho diferente. – ele falava desviando o olhar como se houvesse algo que eu não soubesse ainda.

- Do que está falando? – perguntei o olhando atentamente.

- Jihye. Seu pai foi morto.

Eu não consegui compreender, como isso era possível? Não podia ser verdade. Levantei sem conseguir falar mais nada, queria negar que ele estava falando algo como aquilo.

- Não. Está mentindo. Pare de mentir para mim.

- Eu queria estar mentindo, por que acha que eu estava pensando tanto que poderia te encontrar morta? Seu pai morreu no começo das buscas, foi uma notícia que se espalhou rápido... Depois disso as buscas perderam força, disseram que você poderia estar morta. – Hanbin se levantava me olhando com certa piedade por saber que eu ainda não acreditava nele – Jihye... Eu sinto muito.

- Ele não pode tê-lo matado...! – falei em lágrimas sem querer acreditar naquilo e por impulso olhei a porta da casa, correndo até a mesma, por sorte estava aberta e saí da casa sentindo o vento frio, corri pela neve sentindo a mesma em meus cabelos e esfriar minha pele, eu ainda chorava desesperadamente. Não queria sentir aquele desespero, não queria sentir mais nada, mas era meu pai. Mesmo que nós nunca tivéssemos nos dado bem, eu nunca o desejei morto! Eu estava com medo e não sabia mais o que eu era, amava Ji-won, mas ele havia matado meu próprio pai, estava me mantendo trancada e me machucando mais e mais. O que era o que eu sentia? Eu não conseguia parar de chorar e me virei parando de correr na neve vendo Ji-won correr atrás de mim. Não, por favor, eu não sei o que eu sou, nem mesmo o que você é. Eu o amava? O odiava? Eu não sabia mais o que eu devia sentir.

- Jihye! Volte para casa, está nevando! Isso vai fazer mal para você! – ele gritava e corria para se aproximar de mim, mas eu dava passos para trás balançando a cabeça negativamente.

- Não! Você matou meu pai! – gritei tentando fazer com que se afastasse de mim – Você mentiu para mim, disse que estava negociando com meu pai! Você mente e me bate! Como que pode fazer isso e ainda me manipular o bastante para que eu te obedecesse?! – falei em lágrimas já soluçando de tanto chorar, queria que tudo aquilo acabasse e o olhei ainda tremendo com o frio – Por que não me mata de uma vez?!

- Jihye, não entende, eu tive que fazer isso! Eles estavam perto de te achar, eu não tive outra escolha! – ele gritava tentando se aproximar mais uma vez, segurando em meu braço, me puxando com força – Volta, por favor! Eu prometo que tudo será diferente, mas não pode me deixar sozinho aqui, não posso te deixar ir embora! Por favor, Jihye, eu sei que eu não sou uma pessoa boa, mas eu te amo de verdade! Deixa que eu mostre de novo que eu só quero o seu bem, por favor...! – ele falava tentando me arrastar para de volta para a casa, a neve caía sobre nós e eu ainda chorava, eu o amava e isso era doentio, ele também estava chorando, implorando para que eu voltasse – Pode me bater, me prender no porão, tudo o que quiser...! Mas, não me deixa sozinho! – ele falava alto ainda em lágrimas, senti um nó na garganta com o jeito que falava, mas olhei para frente conseguindo ver Hanbin correr até nós com algo trás do corpo. Havia acertado em cheio a cabeça de Ji-won com o taco de baseball, o mesmo que ele havia escondido de mim, acertou duas vezes fazendo com que Ji-won caísse em meio da neve, havia apagado, não o suficiente para morrer, mas estava machucado e caído em meio da neve branca. Eu ainda chorava e senti meu coração doer ao vê-lo jogado na neve daquela forma, ainda respirava, mas a cabeça sangrava. Hanbin me olhou por um momento enquanto jogava de lado o taco de baseball.

- Eu disse que acabaria com tudo isso.



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