1. Spirit Fanfics >
  2. Stockholm Syndrome >
  3. O ódio de Jihye

História Stockholm Syndrome - O ódio de Jihye


Escrita por: 1llusion

Notas do Autor


Capítulo de última hora :x Só por curiosidade: O que estão achando do relacionamento dos dois?

Capítulo 5 - O ódio de Jihye


Mais uma vez nada, ele não deixava que eu escutasse o que falava ao celular e finalmente minha perna estava ficando melhor, mas eu continuava na sala, estava com dois travesseiros já que Ji-won dizia que não precisava dormir, então havia feito uma grande compra de apenas coisas para mim. Travesseiros, cobertores, comida, tudo. Ele cuidava de mim, mesmo que eu ainda estivesse com as mãos amarradas, era sempre a mesma coisa todos os dias. Ele fazia de tudo por mim e eu continuava quieta, esperando por alguma ordem, algo que me levasse a crer que tudo estaria indo de acordo com seus planos. Nos últimos dias eu já conseguia andar, mas... Não, eu não ia até a porta, toda vez eu encarava aquela porta e pensava “não posso sair”, não queria deixá-lo bravo. Comecei a pensar na marca em seu braço, ele marcaria quantas vezes eu tentasse fugir. Não desisti de minha liberdade, mas para onde eu iria? Não tinha roupas quentes, muito menos sapatos, não sabia onde eu estava. A única certeza era que ele havia mandado a prova de que eu estava viva, mas apenas isso. Meus cabelos estavam curtos, eu estava presa naquela casa, mas já havia se passado mais algum tempo. O bastante para que meu medo ficasse tão sólido a ponto que eu evitasse gritar, não que eu estivesse conformada, mas eu só não queria voltar para aquele porão. Quando criança meu pai havia me trancado no quarto e apagado a luz, dizendo que eu poderia sair quando eu refletisse sobre o que eu havia feito. Foi uma besteira, eu era criança e tinha estragado uma gravata dele. Senti falta de meu irmão, ele sempre cuidou de mim e me perguntei se estava me procurando. Não importa, não me acharia e mesmo que tivesse sucesso nisso... Não. Eu não queria isso, Ji-won atiraria nele. Eu tinha que me manter calma, não tinha? Mesmo com medo. Eu acordava todas as manhãs com o som daquele pássaro azul que ele me dera, me sentei no sofá ainda sonolenta e olhei em volta, eu não estava dormindo muito bem e ele colocava algo em meu suco, em meu café. Talvez algum remédio para que eu dormisse, olhei o vendo dando comida para o pássaro, logo sorrindo para mim como sempre fazia.

- Bom dia, meu anjo – ele falava calmamente terminando de dar comida ao pássaro e me olhava atentamente – Dormiu bastante.

- Tem me dado alguma coisa?

Ele sorriu de lado ao se levantar apontando para a bandeja de café da manhã, novamente panquecas, um suco e um pedaço de chocolate branco. O cheiro estava bom, ele não parecia se cansar de fazer aquelas coisas para mim, mesmo me sentindo tonta, o olhei esperando a resposta enquanto me cobria melhor com o cobertor, não havíamos falado nada sobre o beijo daquele dia. Ele só ficava me olhando e fazendo tudo o que eu precisava, os banhos, as refeições, sempre cuidava de ver como estava meu ferimento, trocando o curativo sempre que podia. Andava até mim, passando a mão em meus cabelos.

- Sim. Apenas remédios, para que eu possa dormir um pouco – ele falava se sentando ao meu lado, colocando a bandeja no colo, pegando parte das panquecas com o garfo e levando até minha boca, comi com calma sentindo o gosto bom, eu estava me sentindo exausta e balancei a cabeça negativamente.

- Pare de me medicar, eu estou cansada... Por favor – pedi o vendo me olhar, ele sabia que eu não havia desistido de fugir, mas eu não gostava de acordar com aquela certeza de que ele havia me medicado – Por favor, Bobby. – pedi mais uma vez enquanto ele fazia com que eu comesse a panqueca, ele estava sério quanto á aquele pedido e eu entendia isso, afinal, logo eu estaria completamente bem da perna e poderia tentar fugir novamente, comi da panqueca que me dava e o olhei encolhendo os ombros – Bobby. Eu não te pedi mais nada... Só isso, não pode fazer isso por mim?

Ele respirava profundamente e me olhava ainda sério pegando a faca da bandeja, fechei meus olhos com força, não sabia o que pretendia. Mas, abri lentamente os olhos vendo que ele estava cortando com a faca a corda que amarrava minhas mãos. Era sério isso? Ele estava cumprindo com sua palavra, olhei a marca que as cordas haviam deixado em minha pele, ele gentilmente dava um beijo naquelas marcas, eu ainda não acreditava que ele havia me soltado finalmente. Depois de tanto tempo, eu tinha conquistado um pouco a confiança dele? Olhei como passava os dedos na marca e me olhava com um sorriso suave.

- Uma coisa de cada vez – ele falava ainda olhando as marcas, eu estava aliviada de não estar mais amarrada, era estranho sentir isso. Não é algo que eu desejaria para que alguém soubesse como é, não sei como explicar. Era como se a corda tivesse começando a ser parte de mim, mãos separadas, livres. Era... Estranho. Olhei a gaiola e o pássaro, comecei a pensar que talvez houvesse o dia em que eu abrisse a gaiola e ele continuasse ali dentro, por que simplesmente se acostumou com sua prisão. Eu estava acostumada com minhas mãos amarradas? Com aquela situação? O olhei suspirando profundamente concordando com a cabeça. Entendia a situação que eu estava. Uma coisa de cada vez. Minhas mãos tremiam como se eu não as usasse há muito tempo – Não, não. Deixa isso comigo. – ele falava pegando o chocolate e levando á minha boca, mordi o chocolate o olhando. Tomei um pouco do suco, deixando que levasse a bandeja, o olhei por um tempo até me levantar, doía andar mesmo que lentamente, eu sabia que eu teria uma grande cicatriz na perna. Encarei os livros na estante, sempre tudo organizado como eu havia pedido certa vez. Encarei todos os livros, virei meu rosto o vendo na cozinha, saindo dali e me olhando por um tempo – Vem me fazer companhia.

- Onde? – perguntei.

- Só venha me fazer companhia. – ele falava já andando pelo corredor, andei calmamente o seguindo até o banheiro, ele abria a torneira da banheira e deixava a água cair até que enchesse boa parte da banheira, colocando alguns sais de banho, desviei o olhar ficando com o rosto vermelho ao ver que ele estava de costas e simplesmente tirou a camisa e a calça junto com a cueca, entrando na banheira fechando os olhos por um momento aproveitando a água quente e então me olhava com um leve sorriso, olhei em volta vendo que havia um pequeno banco ali, o arrastei para o lado da banheira e me sentei por instinto juntando minhas mãos sobre meus joelhos ainda sem olhá-lo, era estranho como ainda sentia minhas mãos amarradas, ele riu e ficou a me olhar em silêncio por um tempo – Já te vi sem roupas antes, talvez fosse a hora de me ver assim também. Não vai olhar em meus olhos quando falo com você?

Olhei em seus olhos ainda completamente sem graça, senti a mão dele ir até meu rosto fazendo um leve carinho ali, ele costumava fazer isso quando eu estava dormindo, mas há alguns dias ele havia começado a fazer isso normalmente. Não queria me sentir assim, mas meu coração sempre acelerava quando ele fazia isso.

- Há câmeras em todos os lugares da casa?

- Sim, todos. – ele sorriu e se sentava passando a esponja para mim, peguei a mesma passando o sabão na mesma passando em suas costas timidamente, ele fechava os olhos como se estivesse aproveitando aquilo e abria os olhos falando baixo – Poderíamos comer juntos alguma hora, até hoje só faço suas refeições. Poderia fazer algo para mim de vez em quando, já que sua perna está melhor, pode andar até a cozinha e fazer algo. – falava fechando os olhos voltando a se deitar na banheira, senti meu rosto corar ainda mais e passei de leve a esponja em seus ombros tentando não olhar muito para seu corpo.

- Eu não sei cozinhar. – falei ainda passando a esponja em seus ombros, ele riu e segurava minha mão fazendo com que eu passasse a esponja em seu peito, rindo mais ao ver como eu ficava mais sem jeito com isso – Eu tentava cozinhar para Hanbin, mas ele não gostava de minha comida.

- Eu vou gostar. Posso cozinhar com você, vai ser bom te observar fazer outras coisas. – ele falava dando um grande sorriso ao me olhar, passando a outra mão em minha nuca me puxando para perto dando leves beijos em meu rosto, fechei meus olhos sem saber como reagir á isso, eu não me entedia como podia me sentir paralisada daquela forma ainda mais por tudo o que ele havia feito, virei meu rosto fechando meus olhos com força largando a esponja, ele me olhava franzindo o cenho tentando virar meu rosto para si – O que houve? Está passando mal?

- Não pode me beijar, eu sou sua refém... Você atirou em mim, me deixou três dias em um porão frio e escuro e disse que me deixaria mais tempo lá se  eu não me comportasse! Eu não posso fazer isso... Não posso estar confusa – falei tentando me levantar, mas ele me segurava pelo braço me puxando para dentro da banheira me abraçando com força sem deixar que eu saísse daquele banheiro.

- Mas você gostou quando te beijei, não me venha com isso por que sabe que sente algo mais do que ódio por mim. Pare de negar isso por que não vou deixar você ir embora, não podia deixar que você saísse daquele porão quando só falava do desgraçado do seu noivo! – ele falava com raiva me segurando com força – Está com raiva, mas tem medo de descontar em mim? Você não vai sair daqui até que eu diga que vai, entendeu bem? Mas eu vou descontar esse seu ódio se é isso que quer! – falava alto saindo da banheira vestindo o roupão branco que usava quando saía do banho e olhava em volta encarando o espelho, indo até o mesmo encostando as mãos na pia, o olhei assustada, meu corpo sempre tremia de medo quando ele aumentava o tom de voz daquela forma. Ele sempre era tão calmo, quando isso acontecia o que eu podia esperar?

- Bobby precisa se acalmar, eu... – falei saindo da banheira, não entendia o que ele queria dizer com descontar o ódio que eu tinha dele, como alguém poderia fazer isso? Eu tinha ódio por ter me machucado e me mantido no porão, por me amedrontar e fazer com que o medo tomasse conta de mim. Como que ele poderia descontar a minha raiva afinal?

- Não. Eu vou descontar a sua raiva, isso vai te fazer feliz, não é mesmo? Me ver com dor vai te deixar feliz, não vai? – ele falava olhando para o espelho e depois de respirar profundamente batendo a própria cabeça contra o vidro, tinha ido com força a ponto que o vidro se quebrasse, eu não consegui acreditar que ele estava se machucando só por causa de minha raiva.

- Bobby, para com isso! Tem que parar, está sangrando! – gritei mas ele ainda batia a cabeça ali, estava sangrando e me desesperei correndo até ele o puxando para longe do espelho, estava machucado e pude ver o sangue, os machucados na testa e na lateral do rosto. Comecei a chorar por ele ter feito isso, eu devia ficar feliz de vê-lo naquele estado? Não, eu estava preocupada, apavorada por ver todo aquele sangue. Meu coração estava apertado, eu tinha medo dele, mas não conseguia vê-lo machucado. Estava me sentindo culpada por ele ter entendido que precisava se machucar para me fazer feliz, passei a mão em seu rosto sem saber como me acalmar – O que estava pensando?! – abri o armário do banheiro pegando a caixa de primeiros socorros e o puxei pela mão o forçando a andar até a sala, o sentei no sofá e abri a caixa tentando limpar o sangue sem pensar duas vezes. Eu não entendia a mim mesma, se fosse no primeiro dia em que eu estive ali eu teria é batido a cabeça dele mais vezes nos cacos de vidro para que sangrasse cada vez mais e agora eu estava cuidando dos ferimentos dele? Estava preocupada e brava por ter se machucado?

- Pelo o que falou ainda tem raiva de mim, vai me odiar sempre. Pensei que me ver machucado faria você feliz – ele falava gemendo de dor enquanto eu tirava alguns cacos de vidro e limpava a ferida com cuidado, as lágrimas ainda caíam por meu rosto e ele, mesmo com toda a dor dos machucados, conseguia dar um sorriso de lado – Mas, me ver machucado te deixa preocupada. Admite isso?

- Pare de sorrir como se estivesse se gabando disso. – falei brava limpando as feridas, por sorte impedi que se machucasse mais, me foquei em fazer os curativos mesmo que ele resmungasse uma hora ou outra, mas me olhava com um sorriso de lado passando as mãos em minha cintura discretamente até que eu terminasse de tratar de seus ferimentos, o olhei ainda séria, mas ainda tinha medo o bastante para aumentar o tom da voz – Eu tenho permissão para ir á cozinha...?

Ele sorriu mais uma vez concordando com a cabeça, eu odiava a obediência que eu aprendi a ter como se fosse um animal de estimação dele. Andei até a cozinha e ele me seguiu ficando na porta deixando a chave das gavetas no balcão, eu podia pegar uma faca e matá-lo, mas... Algo me impedia disso. O mais perigoso era que ele estava vendo claramente isso. Ele me olhava como se estivesse encantado, como se estivesse orgulhoso de ter me controlado daquela forma. Eu estava quieta e bufava a cada passo que dava sabendo que ele estava me olhando, comecei a fazer um café e cruzei os braços ainda quieta.

- Está cuidando de mim – ele falava ainda na porta da cozinha – Pensei que se me machucasse isso te enxeria de felicidade. Eu ainda vou te fazer sorrir para mim.

- Duvido muito de sua capacidade – falei ríspida e em seguida por impulso falei – Desculpa.

Ele tinha me dado tanto medo que acabei com aquela mentalidade de pedir permissões, de me desculpar e, droga, como eu me odiava por estar assim. De estar cuidando dele. Ji-won ficou a me olhar fazer o café em silêncio como se me ver na cozinha fosse algo bom, fora de toda aquela rotina.

- Está fazendo café forte? – ele perguntava.

- Só sei fazer assim. O que vai comer?

Ele sorria mais uma vez enquanto na cozinha.

- Ainda tem torta de maçã, mas é só pra você.

- Precisa comer – falei servindo o café em uma das xícaras perto da pia e coloquei sobre o balcão o olhando ainda sentindo vontade de chorar por ter se machucado por minha causa – Posso comer com você. – falei aquilo o vendo olhar em meus olhos dando um leve sorriso, Ji-won andava até a geladeira tirando da mesma a torta tirando apenas um pedaço e servindo em um prato, colocando sobre o balcão, havia pego apenas um garfo e pegava um pedaço da fatia levando á minha boca. Parte daquele cuidado não me dava tanto medo, mas mesmo assim ele ainda era algo a ser temido. Mesmo assim, por que eu me senti tão desesperada ao vê-lo machucado? Ele atirou em mim. Eu devia estar enlouquecendo, uma vez meu irmão havia falado sobre um filme em que uma garota raptada acabou desenvolvendo algum sentimento por aquele que a levou. Eu não queria pensar nisso, comi o pedaço de torta que Ji-won me dera, ele me entregava o garfo com um sorriso ao me observar pegar um pedaço da torta e levar até sua boca. Ele parecia com fome, como se não comesse há dias. Eu estava fora de mim, só podia ser isso. Ji-won riu levemente e comia mais da torta e tomava meu café enquanto eu olhava meus ferimentos.

- Como o café está? – perguntei.

- Ótimo.

Desviei o olhar tentando reprimir ao máximo aquele sorriso por saber que ele estava mentindo, meu café era horrível. Hanbin sempre fazia piada que, quando quisesse torturar alguém, pediria para que tomassem meu café.

- Você mente. – falei – Sei que o café está horrível.

- Nada que você faz é horrível. – ele falava tomando todo o conteúdo da xícara como se quisesse provar que havia gostado e então andava até o sofá se sentando sentindo ainda mais dor, fiquei a olhá-lo dali, me perguntando se era uma boa chance para fugir. Mas o olhei ficando na porta da cozinha.

- Música clássica – falei baixo – Eu gosto. Se eu escutar, acho que vou ficar feliz... Pode fazer isso? – pedi ainda o olhando timidamente, ele me olhava dando um sorriso de lado.

- E o que eu não faço por você? – dava uma leve risada e ficava a me olhar em silêncio – Senta do meu lado, ficar longe de você faz meus machucados doerem mais, sabia?

Que manipulação mais pobre. Mesmo assim funcionou para que eu andasse até o sofá me sentando ao seu lado, ainda me culpava por aqueles ferimentos. Estava começando a ver que talvez fosse tarde demais, talvez eu estivesse presa a ele a ponto de me preocupar e de até mesmo chorar por vê-lo sangrando. Senti sua mão em meus cabelos novamente e percebi que realmente já era tarde demais, eu o odiava ao mesmo tempo em que gostava do jeito que fazia tudo por mim, era loucura sentir algo por um completo psicopata, mas o que eu podia fazer? Peguei o cobertor e cobri seu corpo, Ji-won me puxava para um abraço fazendo com que eu descansasse minha cabeça em seu peito, talvez ele me matasse, talvez não. Minha sentença já estava escrita de qualquer forma. Fechei meus olhos por um minuto o sentindo se deitar no sofá comigo por cima de seu corpo, deslizava os dedos em meus cabelos agora curtos e me olhava fixamente segurando meu rosto com as duas mãos me puxando para perto até que seus lábios tocassem os meus, novamente senti aquele beijo que havia afastado todos os meus pensamentos e dúvidas, estava mais intenso dessa vez e apertava meu corpo contra o dele, mas parava uma vez ou outra por ainda sentir a dor dos ferimentos, mesmo assim pode me virar ficando por cima de meu corpo beijando em luxúria meus lábios querendo provar mais uma vez que eu não era mais a mesma pessoa do passado, não era noiva de Hanbin, não era filha de um dono de editora, não era sequer colega de trabalho dele. Queria provar que eu era simplesmente dele. Como uma propriedade que havia pego e feito dele.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...