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História Stockholm Syndrome - A resposta


Escrita por: 1llusion

Capítulo 8 - A resposta


O porão, mesmo com mais coisas, ainda me assustava. Eu ainda pensava no que Ji-won estava escondendo de mim, era assustador saber que ele me observou desde que eu estava na faculdade, pensei em como teria sido isso. Ele simplesmente me viu e decidiu que me sequestraria na hora certa? Preparou tudo para isso? Ele já havia comentado que havia projetado aquela casa somente para o plano de meu sequestro, ele passou mesmo anos projetando tudo, procurando o local mais afastado, comprando aquelas terras, tudo? Anos planejando tudo e se empenhando em conseguir o emprego de editor, para se aproximar de mim? Era diabólico saber como ele havia se tornado obsecado por mim. Passei as mãos em meus cabelos sem saber muito bem o que pensar sobre isso, meus cabelos estavam crescendo já. Quando tempo havia se passado? A cama era macia, não consegui achar a camisa que eu vestia antes, muito menos o roupão. Ele havia levado? Eu o amava, mas isso não era extremo? Como se eu não precisasse de roupas ali, acho que havia levado para evitar que eu ficasse andando pelo porão, estava frio então a única forma de me aquecer era me manter nos cobertores. Ele estava demorando mais para me trazer as refeições, deveria estar ocupado com as mudanças na casa e eu só podia ficar ali. Não adiantava eu tentar abrir a porta do porão, estava trancada. Abrecei meu golfinho de pelúcia pensando em como eu odiava não poder andar livremente pelos corredores, olhei o botão que servia mais como um alarme. Se eu o apertasse, podia escutar um som no andar de cima, assim que ele escutasse, viria até o porão. Ultimamente ele estava mais agitado, estava mais feliz ao ver que eu não gritava ou chorava para que me tirasse dali, eu apenas o esperava. Pensei mais uma vez no irmão dele, como eu havia odiado alguém me olhando daquela forma, apenas esperei que ele nunca mais viesse. Também por que eu não sabia como uma pessoa voltaria á uma casa em que havia um casal transando contra a janela. De vez em quando eu simplesmente pegava o violino e tocava para me acalmar, mas era sempre por um curto período de tempo, não era agradável ficar sem roupa no frio daquele porão, tinha que me enrolar nos cobertores para me aquecer de fato. Eu já havia tomado café da manhã, ultimamente ele deixava na mesinha do porão. Tinha mais coisas dessa vez, como estava muito ocupado não podia ir ao porão tantas vezes ao dia, então sempre deixava muita coisa para que eu comesse. Panquecas, suco, torta, sopa, as vezes até mesmo pizza, era sempre a predileta dele, mas dizia que eu tinha que me alimentar. Eu tinha emagrecido no tempo que fiquei ali. Por alguma razão comecei a pensar em mim mesma como um animal de estimação dele, como um animal que você acorrenta para não fugir, que o mantém preso, dá comida, banho... E assim, quando o solta, já sabe que está domesticado o bastante para não fugir. Eu não via a luz do sol há um bom tempo, suspirei profundamente olhando para o lado, saí um pouco da cama e liguei o som, não muito alto, apenas para escutar a música clássica. Deitei na cama mais uma vez me perguntando quando que eu sairia do porão, escutei a porta se abrir e me enrolei melhor no cobertor o vendo descer as escadas, parecia cansado por estar trabalhando tanto e encostava a porta me olhando calmamente.

- Você veio, eu só posso escutar os seus passos no andar de cima – falei – O que está mudando lá? – perguntei sem aguentar minha curiosidade, ele ria e andava até mim negando com a cabeça me avisando que eu não podia fazer perguntas, beijava meus lábios e em seguida olhava em meus olhos sorrindo.

- Hoje é meu aniversário, sabia? – ele sorria – Nem parece que já é dezembro e está aqui comigo. Vai me dar algum presente? – falava calmamente, me assustei ao perceber a data em que estávamos. Eu estava a praticamente um ano ali? Senti meu rosto corar e encolhi os ombros sem saber o que eu poderia dar de aniversário, abracei mais uma vez o golfinho de pelúcia e o olhei sem saber e dei um sorriso tímido.

- Eu não tenho nada para te dar, Bobby... Quer que eu faça o meu café horrível de novo? – falei dando uma risada ainda vendo o sorriso que ele tinha, passando os dedos lentamente em minha perna, aquilo fez com que meu rosto corasse ainda mais ao olhá-lo entendendo o que queria dizer, o que era estranho por que sempre ele dava uma pausa do trabalho com a casa, descia e transava comigo, como se isso aliviasse seu estresse. Ele tirava o cobertor de mim e sorria mais uma vez.

- É que tem algo que ainda não fiz, gostaria que isso fosse meu presente – ele falava tranquilamente ao se levantar e ir até um pequeno armário perto da escada tirando do mesmo uma corda indo até mim, me virando e amarrando minhas mãos para trás de meu corpo, eu não gostava de ficar naquela posição, sem conseguir ver o que estava fazendo ou para onde olhava, não havia amarrado muito forte, talvez para não me machucar, eu estava com um pouco de medo mesmo que aquilo estivesse sendo quase uma rotina, senti sua mão alisar minhas costas com calma – Relaxa, sabe que eu te amo, não sabe?

Era a primeira vez que ele realmente falava, aquilo me fez sorrir como se estivesse tudo bem, ele não me machucaria novamente quando fez quando eu tentei fugir. Ele devia ter percebido que eu estava apaixonada por ele, mesmo que não fosse saudável eu amar desesperadamente meu sequestrador, era isso. Tentei ficar mais confortável e deitei a lateral de meu rosto no travesseiro suspirando baixo.

- Podia dizer isso mais vezes. – falei fechando meus olhos ao sentir os beijos em minhas costas, minha pele sempre se arrepiava com aquele contato, ele deslizava os dedos nas laterais de meu corpo, abrindo minhas pernas, eu já esperava para que fosse que nem das outras vezes, o toque agressivo, o jeito que apertava meu corpo, ele tirava as roupas que vestia e deslizava mais uma vez a mão em minhas costas olhando atentamente cada parte de meu corpo como se ainda não acreditasse que eu estava ali. Mas então, se inclinava sobre mim, ficando próximo de minha orelha.

- Não me odeie por isso, prometo cuidar de você depois. Aguente só um pouco, meu anjo.

De alguma forma, estranhei que falasse isso, mas antes que eu falasse qualquer coisa que fosse senti suas mãos apertarem com força minha cintura e eu sentir uma dor que eu jamais havia sentido, fechei meus olhos com força tentando negar que era isso que ele queria, eu nunca havia tido nenhuma relação anal com Hanbin, ele havia dado a ideia uma vez ou outra, mas eu sempre me recusei. A dor era assustadora, não sabia como alguém poderia aguentar isso, era como se eu não conseguisse mover meu corpo, não por que eu estava com as mãos amarradas, mas era por que a dor era realmente insuportável. Estava indo devagar e isso só era ainda mais torturante. Eu não conseguia falar, a dor havia tomado conta de mim, ele gemeu quando forçava mais finalmente conseguindo, apertando mais meu corpo como se ali fosse tão apertado quanto prazeroso para ele, minhas pernas tremiam e eu sentia as lágrimas em meu rosto, ele se movimentou apenas um pouco, logo parando ao ver como meu corpo tremia, tirando a corda de minhas mãos e me virando, era como se eu estivesse em estado de choque, tremendo por causa daquela dor que eu nunca havia sentido.

- Desculpa, doeu mais do que deveria, não é? – ele pela primeira vez em todo aquele tempo pareceu realmente preocupado com o estado em que eu estava, me pegando no colo ignorando o sangue nos lençóis e andava até a porta do porão que estava aberta, saindo dali e me levando para o que seria o quarto branco. Estava diferente, a cama havia mudado, era maior, as paredes estavam pintadas de um tom de azul claro, mas eu não conseguia pensar em nada além daquela dor que eu ainda sentia. Como que um homem podia gostar de algo tão doloroso? Meu corpo tremia e eu sabia que eu estava sangrando, ele me deitava na cama e me olhava por um tempo passando a mão em meu rosto – Está tremendo, Hanbin nunca fez isso com você, não é? – falava se levantando da cama e saindo do quarto, voltando depois de um tempo com um remédio, tive que tomar o mesmo enquanto ele arrumava mais travesseiros para mim, me cobrindo com o cobertor, secando as lágrimas que ainda caíam por meu rosto – Esse remédio é para dor, não sei se funciona para isso, mas temos que tentar. Não chore, não gosto de te ver triste desse jeito. Você aguentou bem, estou orgulhoso de você.

- Está doendo... Muito. – falei ainda trêmula fechando os olhos com força, não conseguia falar muito, meu corpo todo tremia, ele dava um beijo em minha testa. Talvez tivesse pensado que Hanbin já tinha feito isso comigo.

- Eu sei, devia ter ido mais devagar com você. Essa é ironicamente uma das únicas coisas que eu não sabia sobre você – ele alisava meus cabelos, eu estava odiando aquilo, se ele me amava por que me machucava daquele jeito? Estava mesmo se sentindo culpado? Ele se levantava e fechava a cortina, indo de volta á cama, se deitando ao meu lado beijando meu rosto como se quisesse me manter calma – Eu disse que cuidaria de você depois.

Pude sentir seu abraço e como de hora em hora ele me olhava para ver se eu ainda estava em estado de choque. Eu me lembrei que ele era um psicopata, talvez só tivesse parado com medo que eu estivesse sangrando demais, quem garantia que ele realmente estava arrependido? De alguma forma estranha, eu permaneci naquele quarto sem dizer uma palavra que fosse, ele sempre vinha e me dava comida na boca, trazia suco e passava a mão em meus cabelos, havia colocado o som no quarto e colocava música clássica para que eu dormisse. Ele não gostava muito daquele tipo de música, mas ficava ali, sentado em uma cadeira no canto do quarto me observando até que os remédios que me dava acabassem tendo efeito e que eu dormisse. Meu corpo doía, eu estava o odiando por ter feito isso comigo. Mas, aos poucos pude ver que ele trazia mais coisas para aquele quarto, como a televisão, parecia que havia comprado alguns filmes para que eu visse. Todos os que eu gostava. Continuava a cozinhar tudo o que eu pedia, até mesmo havia trago o meu pássaro para o quarto. Não tenho tanta certeza, mas acho que levou algumas semanas para que eu não me sentisse mais tão dolorida. Foi assim que, pela primeira vez em todo aquele tempo, me sentei na cama e me levantei andando devagar, olhei o armário vendo um bilhete no mesmo. Era a letra de Ji-won dizendo que era um presente, abri o armário ainda me sentindo lenta e encarei ali um vestido azul claro, ia até a metade de minhas coxas e era bonito, leve. Minhas mãos tremiam, mas vesti da mesma forma. Ainda estava com medo por me lembrar o que ele havia feito, mas saí do quarto e andei pelo corredor até a porta da sala, ele estava no sofá, lendo um livro parecendo um tanto entretido nisso. A sala estava bonita, nem parecia que era a bagunça de antes. Deveria ter dado trabalho colocar aquilo tudo ali, agora havia uma lareira ali, o tapete parecia macio e tudo ali parecia aconchegante, organizado quase que simetricamente. Olhei tudo ainda na porta e o olhei mais uma vez, minhas pernas tremeram assim que ele levava o olhar até onde eu estava, dando um sorriso a me ver de pé.

- Meu anjo – ele sorria me olhando como se me ver com aquele vestido o fizesse ainda mais feliz – Está melhor? Está tão linda de vestido.

Não me chame assim. Você forçou aquilo e sabe muito bem, não avisou nada e disse para que eu aguentasse. Fiquei ali o olhando seriamente fechando meus punhos, queria batê-lo, mas temia que repetisse aquilo comigo. Ele sorriu de lado e se levantava deixando os óculos e o livro sobre o sofá, tirando a arma e colocando a mesma no chão chutando a mesma até mim, encarei a arma ainda sentindo raiva dele.

- Pegue a arma, tenha cuidado. Ela deve ser pesada para suas mãos, poderá mirar em qualquer parte de meu corpo, qualquer parte poderá me fazer sentir muita dor, se quiser mesmo me matar sugiro que aponte a arma para minha cabeça ou para o meu coração – ele falava tirando o casaco me olhando fixamente fechando os olhos – Você me odeia por que eu forcei aquilo, não é? Se atirar mesmo, é melhor que mire em meu coração.

Abaixei pegando a arma, era realmente pesada. Pensei em como ele havia me dominado, como eu estava presa á ele como se fosse meu dono, como se eu só tivesse permissão de andar se ele deixasse. O olhei pensando no que eu sentia, era amor mesmo? Isso era doentio? Levantei a arma aos poucos apontando para ele, minhas mãos tremiam como se meu corpo dissesse que já era tarde demais para que eu tentasse machucá-lo.

- Por que quer que eu atire em seu coração? – perguntei, ele ainda estava com os olhos fechados e dava um leve sorriso, sem medo de saber que eu havia pego a arma.

- Meu coração já é seu de qualquer forma, se eu for morrer é melhor que seja pela pessoa que eu amo. – ele suspirava já esperando pelo tiro, mas ao escutar isso senti mais lágrimas se formarem em meus olhos. Eu tinha que fugir daquela casa, mas eu já o amava a ponto de pensar que seria doloroso voltar para minha vida, para Hanbin e para meu emprego. Durante aqueles dias, Ji-won estava mais cuidadoso. Se eu atirasse, tudo aquilo acabaria. Mas, minhas mãos não me obedeciam, abaixei a arma caindo de joelhos no chão de madeira escura e abaixei a cabeça sem entender a mim mesma, ao meu coração e até os meus próprios pensamentos.

- Não me machuca mais desse jeito, por favor. – falei largando a arma, Ji-won abria os olhos me olhando vendo que eu havia largado a arma. Andava até mim e se abaixava alisando meus cabelos calmamente me olhando sem querer se afastar de mim.

- Tem a minha palavra. Eu te amo, lembra? – ele sorria mais uma vez, levantei meu rosto vendo uma marca em seu pescoço, ele havia se mutilado por causa do que havia me feito? Senti seus lábios nos meus e me abraçar me trazendo para perto, me carregando até perto da lareira, se sentava perto da mesma comigo em seus braços, ali estava aconchegante, ele me acomodava naquele abraço beijando minha cabeça, estava mais gentil. Mais calmo. Olhei em volta e encarei os quadros que sempre permaneciam tampados com panos brancos.

- O que são?

- Você. – ele dizia ainda me abraçando beijando mais uma vez meus cabelos, ele havia mesmo me pintado...? Fiquei olhando pensando em como ele deveria ter feito isso, essas coisas normalmente demoravam para ser finalizadas – Mas não pode ver. – ele ria segurando em minhas mãos, entrelaçando nossos dedos – Tenho medo que não goste.

- Você não pode me negar isso...

Ele ria e se levantava indo até os quadros tirando o pano de um deles, olhei o quadro vendo como eu estava bonita nele. Era eu sentava no sofá, olhando o pássaro azul na gaiola. Ele me via de uma forma tão bonita assim? Sorri timidamente o olhando vendo que ele voltava a guardar o quadro, voltando a se sentar atrás de mim, me abraçando cuidadosamente dando um beijo em meu rosto.

- Não vou te tocar daquele jeito. Eu já te machuquei antes por querer fugir daqui, mas não devia te machucar quando quer estar aqui – ele falava gentilmente me olhando de uma forma apaixonada, mexendo em meus cabelos, o jeito que estava me encarando fizera meu rosto corar, dei um leve sorriso achando que nunca mais conseguiria escutar isso dele. Estava arrependido de ter me amarrado e forçado aquilo? Não sei ao certo, mas era o mais próximo de um pedido de desculpas que eu poderia ganhar. Ele começou a acariciar meu rosto de uma forma gentil e suave ficando em silêncio por um tempo – Talvez, no futuro, pudéssemos ir para outro lugar.

- Eu sigo suas regras, vai me levar para onde quiser... – falei timidamente encarando a lareira, ele sorriu mais uma vez passando as mãos em meus ombros, massageando levemente ali – Para onde quer ir...? Aqui não está bom?

- Por enquanto está. – ele ria e dava um beijo em meu ombro tirando do bolso da calça algo pequeno, levando até minha mão. Encarei vendo que era a aliança de noivado que eu havia ganhado de Hanbin, não entendi por que ele estava me devolvendo. O olhei ainda segurando a aliança enquanto ele olhava em meus olhos da mesma forma apaixonada de antes – Ainda ama Hanbin ou será que ama apenas á mim agora? Já te fiz minha, mas quero saber qual é a sua escolha agora.

- Minha escolha? – encarei a aliança, eu sentia algo por Hanbin? Eu estava confusa mesmo? Pensei um pouco ao encarar aquela aliança, me lembrando de como antes eu estava cansada de procurar tudo para a cerimônia, dizendo sempre para mim mesma se era aquilo que eu queria. Eram tantos gastos, tanta coisa que eu não escolhia com tanta vontade como se me casar fosse apenas um dever meu, eu gostava de Hanbin, mas eu havia escolhido o bolo do casamento com o pensamento “é tão bonito, por que não estou feliz com isso?”, tudo eu permanecia com um olhar preocupado. Então, qual era minha escolha? Não importa qual fosse, eu continuaria presa ali, uma refém eterna de Ji-won. Mas agora eu simplesmente o amava, tremi ao pensar que eu estava desesperadamente apaixonada por um homem psicopata que me machucava e me mantinha presa ali, mas era tarde para negar isso. Suspirei profundamente sabendo que eu não tinha mais saídas desde o momento que eu sabia que eu amava Ji-won, então coloquei a aliança no chão olhando a mesma por um tempo – Eu amo você, Bobby.

Ele sorria virando meu rosto para si, beijando meus lábios apaixonadamente, me abraçando em seguida completamente feliz com a resposta, então parava por alguns segundos olhando em meus olhos.

- Então, talvez deva ser a minha vez de te dar uma aliança.


Notas Finais


Próximo capítulo terá algo realmente tenso :x


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