História Stole My Heart - Lucy's Birthday

Sexta-Feira, 21/03, 16:00 p.m.

Estou em casa, tentando, me arrumar para a competição. Coloco uma saia branca, uma blusa azul com estampa de flores, saltos brancos e um par de brincos. Faço uma maquiagem básica, e vou para a frente do espelho. Começo a ensaiar as falas. Quando termino pela primeira vez, o nervosismo toma conta de mim. Começo a tremer.

-Lice, eu... – Chandler abre a porta, olho para ele. – Meu Deus. O que aconteceu? Você tá... Branca... Branca como cera.

-To nervosa. Sabe como é, né? Digo, o nervosismo.

-Calma! Vai dar tudo certo. Tenho certeza que vai. – Sorrio. – Eu vou buscar água. Você precisa.

Ele levanta e desce as escadas. Desço as escadas atrás dele, e sento em cima do balcão. Ele abre a geladeira, enche um copo de água e me entrega. Bebo um pouco.

-Então... Você e o Charlie estão de boa de novo? – Ele me encara, sério. Parece que vou lembrar uma bronca e tanto.

-Eu sei que você falou que devia ficar um tempo longe dele, mas... Não consigo. Eu sei. Você acha que estou errada. E eu não discordo.

-Eu acho que ele não te faz bem. Aquela falta de confiança não te faz bem. Todo aquele ciúme não te faz bem, Alice. – Ele permanece sério.

-Você não gosta dele, né?

-Acho que ele não te faz bem. Talvez faça como amigo. Mas como namorado não. Desculpa, estou sendo controlador demais, mas não consigo evitar. Não consigo pensar em você sofrendo por causa dele. – Assinto.

17:00 a.m.

Já estou na quadra, que está decorada com várias faixas de cima a baixo. Há quatro pequenos palcos enfileirados. Um ao lado do outro. Olho para os quadros dos meus concorrentes. São todos tão lindos. Me sinto inferior.

A porta do ginásio abre, e vejo Ivy, Beth e Will.

Ivy está usando um vestido verde, seus longos cabelos loiros caem em cachos, e a maquiagem, provavelmente feita por Beth, nos olhos, é um simples delineado, e nos lábios, um vermelho escuro.

Beth, está usando a mesma roupa de hoje de manhã: um vestido azul claro com estampa de flores amarelas, os óculos, que ela intercala entre os dias, um salto alto branco, o delineado simples e o batom vermelho escuro, quase vinho. Uma câmera pende em suas mãos, assim como nas de Will.

Sorrio para eles. Os três caminham na minha direção.

-OI! – Will fala.

-Oi! – Respondo. 

-Esse é o seu quadro? – Ivy fala, olhando para o meu quadro.

-É... Gostou?

-É... Incrível! Alice, eu.. Eu sabia que você era talentosa mas não sabia que era tão talentosa assim!

-Obrigada! E então, o que traz vocês aqui, cedo assim?

-Temos que começar as entrevistas e as fotos antes de encher.

-Oh...

17:35 p.m.

O ginásio está cheio, e eu estou sentada no meu pequeno palco, até que os juízes venham até o meu quadro, para eu explicar. O nervosismo vai acabar me matando. E então, vejo um par de olhos que me tranquilizam. Um par de olhos azuis. Chandler. Ele aparece, diante da multidão desorganizada. E sorri para mim. Ele me passa tal tranquilidade, que relaxo na mesma hora. Sorrio de volta para ele. Ele começa a atropelar um monte de gente para chegar até mim.

-Oi! – Ele fala, sorrindo, e olhando para o quadro. – É lindo, Lice.

-Obrigada. – Sorrio.

-Ta aí o porquê de você ter feito esse mistério todo. Valeu a pena. Está realmente lindo.

-Obrigada, Chan. De verdade, me sinto mais segura com você aqui.

-Vai se sentir mais segura ainda quando os outros chegarem. – Ele pisca.

Assim que levanto o olhar, vejo Emma, Thomas e Lu. Sorrio para eles e aceno levemente.

17:50 p.m.

Os juízes estão em frente ao meu pequeno palco, junto aos meus amigos e o meu professor de artes. Todos estão aqui, menos Charlie. Onde diabos aquele garoto se enfiou?

Respiro fundo, repasso a minha explicação mentalmente e começo:

-A intenção dessa tarefa foi algo que, de fora, longe, e por cima, é simples: Devemos representar, de alguma maneira; o que somos. Uma pessoa comum pensaria: Fácil, somos humanos; apenas, ossos, carne, pele, órgãos. Mas isso seria pura mentira. Demorei, por muito tempo, para entender como me representaria. Porque de fato, todos nós somos mais que um conjunto de ossos e órgãos, muito mais que pele e carne. É uma tarefa difícil. E então me dei conta, que somos o que somos porque carregamos uma história conosco. O ser humano, e seus extraordinários sentimentos são vida. Essa sou eu. Separada, sou apenas um monte de cacos, pedaços, de uma história, porém, se juntar tudo, formo alguém. E somos todos assim. A tarefa não é exatamente sobre nós, é sobre a nossa história. Então, essa pintura, além de contar quem sou, conta a minha história. Eu sou isso tudo junto de uma maneira organizada, porem feita para se desorganizar involuntariamente. 

Paro de falar, e olho para os juízes, esperando qualquer reação, mas seus rostos continuam impassíveis. Uma mulher ruiva, com o cabelo amarrado e de óculos anota algo em um caderno, e depois se volta para mim.

-Então, Alice... Você quer dizer que a nossa historia nos influencia em quem somos?

-Sim, senhora. – Ainda bem que tem um anel de noivado no dedo anelar dela.

-Pode me dar um exemplo, por favor? – Ela me pergunta.

-Com prazer. Por exemplo, ninguém nasce mal. A história dessa pessoa, e tudo pelo que ela passou, a fez ser assim.

-Está bem. Alguém tem mais perguntas?

-Eu tenho. – Um homem de óculos e cabelos grisalhos fala. – Você tem conhecimento que citou Rousseau?

-Sim. É um dos filósofos que mais respeito, mesmo tendo o citado sem querer, porque concordo plenamente com ele, nesse assunto. Mas, se esse exemplo não ficou bom, posso formar outro, senhor.

-Não, não. Está bem. Me admira uma garota tão jovem ter tamanho conhecimento sobre um filósofo tão antigo quanto Rousseau. Não tenho mais perguntas, alguém mais?

Todos fazem que não com a cabeça.

-Obrigada. – Falo, sorrindo.

Eles saem, e eu finalmente solto o ar que nem sabia que estava prendendo. Desço do pequeno palco para falar com o meu professor, e então com os meus amigos.

-E então? – Pergunto, nervosa.

-Acho, que dentre todas as apresentações que eu assisti, ou seja todas, até agora, a sua está entre as 3 melhores. Em primeiro lugar. Acho que impressionou o senhor Langstill, o que vai te ajudar muito, porque ele nunca se impressiona.

Relaxo um pouco ao ouvir aquilo.

-Obrigada, senhor Montinez.

Caminho até os meus amigos e sorrio.

-Como eu fui?

-Me dá um abraço, sua linda! – Chandler fala, abrindo os braços, caminho rapidamente até ele e o abraço. – Você foi ótima. – Ele sussurra.

-Valeu. – Sussurro de volta e me desvencilho, relutante, dos seus braços. Me viro para os meus outros.

-Você foi ótima, Lice. – Evan fala. – Palavra de colega de artes. – Ele levanta a mão esquerda e sorri. O ato me faz gargalhar.

Todos me dão parabéns de uma maneira diferente. E então, pergunto:

-Alguém viu o Charlie? Ou, sabe o porque dele não ter vindo?

Eles fazem que não com a cabeça. Droga, Charlie. 

18:00 p.m.

Eu e Chandler estamos saindo do colégio. Todos foram para casa uns 15 ou 20 minutos atrás por variados motivos. Charlie não veio.

Caminho ao lado de Chan silenciosamente, perdida em meus pensamentos.

-Será que ele esqueceu? – Pergunto.

-Hum?

-O Charlie. Será que ele esqueceu que era hoje? – Pergunto.

-Não sei, Lice. Ele falou que viria? – Faço que “sim” com a cabeça. – Então, ele deve ter esquecido. – Sinto uma pontada de desgosto nessa frase.

18:15 p.m.

Entramos em casa e eu caminho até a escada.

-Alice.. – Chan chama, viro para ele. – Vai fazer alguma coisa agora? Preciso ir gravar, e o Andy tá quase chegando para me buscar, será que pode pedir pro Gray lavar a louça?

-Vou pra casa da Lucy daqui a pouco, mas aviso pra ele, qualquer coisa eu deixo um bilhete e... Pera. Andy?

-É... O Andrew.

-Andrew Lincoln?

-.......Sim......?

-Oh, shit.  (Gente eu coloquei em inglês porque dá um efeito melhor)

-Ai, meu Deus. Lá vamos nós de novo. – Ele se joga no sofá. – Calma. Ele é só uma pessoa. Você precisa se acostumar, porque eles vem me buscar para gravar o tempo todo. Calma. Calma. Calma.

-Eu to calma! Tá eu preciso subir pra me arrumar, porque 19h tenho que ir pra casa da Lucy.

-Que horas vais sair de lá?

-Sei lá umas 22h, 22:30. Por quê?

-Como vai voltar pra casa?

-De taxi ou a pé. Por que?

-Quer carona? Posso pedir para o Andy. É caminho, a gente sempre passa pela casa da Lucy. Posso ligar pra ele. 

-Sério? Quer dizer.. Não vou atrapalhar?

-Eu duvido. Vou ligar pra ele, tá?

-Tá, eu vou lá pro quarto tá?

-Tá. – Ele fala, já com o celular na mão, discando o número do Andrew.

Subo as escadas e vou para o banho.

-Alice? – Chandler bate na porta do quarto. – Só pra avisar que ele disse que pode te dar carona.

-Tá, valeu! – Grito de dentro do banheiro. Andrew Lincoln vai me dar carona.

Deixo a água escorrer pela minha cabeça e descer até os pés. Passo shampoo de pêssego, e depois passo condicionador. Deslizo o sabonete de creme com pêssegos (eu gosto muito de pêssegos) pelo corpo, e então enxaguo. Saio do banheiro, enrolada na toalha e caminho até o closet.

Pego uma calça jeans, uma blusa preta de gola alta e sem mangas, um par de botas e caminho para fora do closet. Deixo tudo em cima da cama e volto para o banheiro. Escovo os dentes, pego o secador, abro as gavetas, e pego o enxaguante bucal.

Volto para o quarto e me visto, e então vou para a penteadeira e começo a secar o cabelo. Ao terminar, passo chapinha. Começo a revirar a minha gaveta de joias, e então decido usar a corrente que o Chan me deu. Ouço uma buzina e caminho para a minha varanda. Andrew Lincoln. Ai. Meu. Deus. Vejo Chandler saindo de casa e andando até o carro. Sorrio. Ele dá oi para Andrew e então vira para trás e olha pra cima.

-Tchau, Lice. Até mais tarde. – Ele sorri, acenando.

-Tchau. – Sorrio e aceno de volta.

Andrew abaixa o vidro e fala algo, Chandler acena uma última vez e entra no carro. Observo-os se afastando, e então entro.

P.O.V. Chandler

Estou sentado no sofá, assistindo televisão, quando Gray entra em casa e deixa a mochila no canto da sala.

-Gray, só pra lembrar que hoje é o seu dia de lavar a louça.

-Eu sei. Não precisa me lembrar. – Ele bufa.

-Credo, que foi? Judy Hills tá pegando alguém?

Ele me encara como se fosse louco.

-Judy Hills é minha amiga. E, ela é demais pra qualquer babaca da minha sala.

-Tá se incluindo nisso, ou é brincadeira?

-É óbvio que estou me incluindo. E não, ela não está pegando ninguém.

-Então vai atrás dela. Ué, Gray. Parece que eu não te ensinei nada.

-Graças a Deus que você não ensinou. Sua primeira namorada era grossa, a Hana era louca,  e agora tem Brianna, que é uma antipática.

Ouvimos um barulho vindo lá de cima, Gray encara a escada.

-Se a Alice ouvir a nossa conversa, aposto 50 dólares que a gente perde cada um uma mão. Ou pior... – Dou uma gargalhada. 

-Tá, vou subir. To cheio de dever de casa.

Assinto e volto para a sala. Começo a jogar GTA, até ouvir o som da buzina de Andy. Pego as minhas chaves, script e essas coisas e caminho para fora de casa.

-Oi Andy. – Falo.

-É ela? – Ele pergunta. Não entendo direito a pergunta. – A menina que mora com você, Alice? – Ele aponta para a varanda do quarto da Lice.

-É. – Viro-me completamente para dar tchau a ela. Aceno e sorrio. Ela acena e sorri de volta. Andy baixa mais o vidro do carro.

-Vai ficar aí babando ou vai entrar, mocinho? – Ele fala, rindo de mim. Reviro os olhos e entro no carro.

P.O.V. Alice

Sento na cama, e pego a minha bolsa que está no chão. Olho para as anotações e me lembro da prova de física que teremos terça. Tenho 10 exercícios de ciências e 1 de biologia. Tá não é muita coisa. Pego os meus materiais e o meu computador e caminho até a escrivaninha. Começo pelo único exercício de biologia, depois faço os dez de ciências, e então passo para física.

19:00 p.m.

Estou terminando o terceiro tema da prova de física quando Lu me liga. Vamos juntas para a festa da Lucy.

-Oi, Lice. To aqui em baixo.

-Tá, to descendo, beijos.

Desligo o celular, pego a minha bolsa e caminho até o quarto de Gray. Bato na porta três vezes.

-Chandler eu já lavei... – Ele começa, mas então me vê diante dele. – Ah... Desculpa, Lice. – Ele se endireita na cadeira.

-Tudo bem. – Dou risada. – Só pra avisar que to indo, ok?

-Ah, tudo bem... Indo pra onde mesmo?

-Casa da Lucy.

-Oh, ok... Ah, eu já lavei a louça. Sei que o Chandler te pediu para me lembrar. – Assinto e dou meia volta. – Ah, o Lice...

-Hum? – Viro-me de volta.

-Depois.... Pode me ajudar com o dever de matemática?

-Claro! Amanhã, pode ser?

Ele assente, e então saio e encosto a porta. Desço as escadas e atravesso a porta.

-Oioi! – Lu fala, caminhando até mim. Ela usa um vestido preto e uma bota até o joelho da mesma cor.

[...] 

-Então... Aquele negócio do irmão da Lucy... Deixa quieto, tá?

-Que coisa? – Respondo e dou uma leve piscadela. Ela dá uma risada e assente.

19:15 p.m.

Chegamos na casa de Lucy, e batemos na porta. Josh, o irmão dela, atende.

-Olá, meninas. – Ele me dá um beijo na bochecha, e beija levemente a mão da Lu. Ele fica a encarando por uns segundos, que parecem perturba-la. Emma aparece atrás de nós e nos cumprimenta. O ato faz Josh parar de olhar para a Lu, fazendo-a relaxar. –Então! Entrem. Lucy está esperando vocês no quarto. Eu as levo lá. – Ele nos dá passagem. Caminhamos as três, uma ao lado da outra, e Josh nos conduz, primeiro passando pela sala de jantar. – Pai, mãe.. Essas são: Alice, – aponta para mim. – Luiza, – Aponta para Lu, e a encara daquela maneira de novo. – E Emma. – Aponta para Em.

-Oi! – Nós três falamos.

-Boa noite, meninas. – O pai de Lucy levanta e caminha até nós. – É um prazer conhece-las.

-Oi! – A mãe de Lucy caminha até nós. Percebo o quão parecidas as duas são. – É um prazer conhece-las.

Damos oi para os pais de Lucy e subimos as escadas, atrás do irmão dela.

Ele abre a porta de um quarto, dando visão a Lucy e Sophie. Lucy levanta rapidamente. Ela usa um vestido verde, um cinto e um salto alto preto. Sophie está usando uma calça jeans, uma blusa azul e um par de tênis pretos. E então, reparo na roupa de Emma, já que não tive muito tempo para olhar para ela direito desde que chegamos. Ela está usando uma calça jeans, uma blusa rendada, novas, bordô puxada para o roxo, e um tênis. Entregamos os presentes para a Lucy e começamos a conversar.

20:00 p.m.

-Lucy, onde é o banheiro? - Luiza pergunta. 

-Primeira porta a direita, depois da porta azul.

-Ok... Já volto. – A Lu levanta e sai do quarto. Assim que ela fecha a porta, Lucy, e Emma começam um pequeno ataque silencioso.

-Gente! Eu acho que o meu irmão ta dando em cima da Lu! Mas ta muito na cara. Já mandei ele disfarçar mais! Vai acabar assustando ela.

-ENTÃO! Hoje, eu cheguei quase que junto da Lu e da Alice, e ele cumprimentou a Alice e eu super normal, mas beijou a mão da Lu! E ficou encarando ela como se tivesse a comendo com os olhos!

-Acho que ele vai assustar ela. – Solto.

-Mas, o Lucy.. Como o seu irmão é? – Sophie pergunta. – Quero dizer, com garotas... Tipo, a gente se conhece desde os 5 anos, mas eu nunca vi ele agindo dessa maneira.

-Ah, quando ele realmente tá interessado.. Ele age bem na cara de pau, encara descaradamente e tal.. Mas, ele sempre trata a garota com o maior respeito do mundo, então.. Se ele quiser algo com a Lu, acho que não tem muito com o que se preocupar. E, se ele machucar ela.. Bem.. Ele não vai machucar ela nem que queira.

-Como assim? – Pergunto.

-Bom.. Quando o Josh começou a sair muito, eu tinha 12 anos... E, eu tinha uma amiga que era tipo, doente, por ele. Mas, eu tinha medo que isso cagasse com a nossa amizade. Então, eu e ele fizemos um “pacto”. Se ele ficasse com qualquer amiga minha, ele não poderia machucar ela.

-O que ele ganhava com isso? – Emma pergunta, sem entender por que Josh seguiria o pacto.

-Seguinte: Ele não machuca nenhuma amiga minha, e eu não machuco nem ele, nem os amigos dele.

-Você bate nele? – Pergunto, incrédula.

-Não....? Mas eu sei fazer pessoas se sentirem um lixo apenas com palavras. Podem perguntar pro Sam. Enfim... O problema é que Josh não é do tipo que namora. Vai que ela muda ele. 

Todas concordamos, lembrando como ele ficou quando ela brigou com ele.

P.O.V Luiza

Saio do banheiro, e dou de cara com Josh, levo um susto com ele.

-Desculpe se te assustei. – Ele fala, de uma maneira assustadora, e viciante ao mesmo tempo.

-Não assustou. – Minto, dando de ombros.

-Desculpe, de qualquer maneira. – Ele fala, e continua me encarando. Aquilo me dá agonia. Desvio o olhar, mas ainda sinto o seu olhar. Respiro fundo, mordo o lábio inferior e olho para ele de novo. Ele encara os meus lábios, e depois os meus olhos.

-Bom, é melhor eu voltar para as meninas... – Falo.

-É... É melhor eu voltar para os livros... – Ele fala, e me dá passagem. Livros? Ele toca o meu ombro quando passo por ele, e entra no quarto antes que eu pudesse encara-lo. Entro no quarto, e opto por não comentar nada sobre o que aconteceu.

P.O.V. Alice

Ouvimos os passos no corredor, e cortamos o assunto "Luiza e Josh" na hora, e acabamos caindo na gargalhada.

-Qual é a graça? – Lu fala, encostando a porta.

-Estávamos falando dos garotos.. – Lucy responde.

-Ah..

-FALANDO EM GAROTOS! Tenho uma novidade. – Emma fala, animada.

-O QUE?! – Todas falamos, juntas.

-Então... Quinta o Thomas foi lá em casa... E.... A gente..... Vocês sabem....

-TÁ DE BRINCADEIRA! – Luiza fala, animada. Emma assente.

-Amiga, você não é a única! – Sophie se anima.

-Você também, Sophie?! – Lu pergunta.

-Mais ou menos... Não chegamos tão longe, mas foi quase... Tipo, demos uns pegas na cama dele... Mas.. Fiquei com medo por causa do pai dele.

-Mas o Norman é de boa... – Lucy fala, sem entender muito.

-Eu sei! Mas... Ah, sei lá. – Ela cai para o lado, na minha perna. – É tão ruim?

-Não. Demorei quase 7 meses, não vejo problema. – Emma comenta.

-E você e o Charlie, Alice? – Lu pergunta. Suspiro. Eu e o Charlie. 

-Eu e o Charlie... Eu e o Charlie... É... É complicado.

Elas assentem.

De fato, o meu relacionamento com o Charlie é complicado. Ciúmes, falta de confiança, brigas e discussões da parte dele. Eu sempre acabo machucada. Tem vezes que me pergunto o por que de eu ainda estar com ele. Mas, quando ele não age por impulso... Ele... Ele me faz tão bem...

[...]

Descemos para assistir um filme, e Josh está sentado no sofá, lendo um livro.

-Josh, a gente vai ver um filme, te incomoda? – Lucy pergunta. Ele levanta o olhar e sorri.

-Não... Sentem aí. – Ele bate três vezes no lugar ao lado dele.

Todas nós sentamos, e o único lugar que Lu conseguiria sentar, é justamente ao lado dele. Ela revira o olhar levemente e senta ao lado dele.

P.O.V. Luiza

Não sei se foi uma simples coincidência, ou se elas fizeram de propósito, mas, precisei sentar ao lado de Josh. Ele sorri, e volta os olhos pra o livro. Bufo de leve. Josh morde os lábios e dá uma risada, baixinho. As nossas mãos ficam uma ao lado da outra, e separadas por alguns centímetros.

-Que tipo de filme vamos assistir? – Pergunto.

-Terror! – Lucy, Sophie e Alice falam.

-Ah... Terror não. – Emma choraminga.

-Terror sim! – As três reforçam.

-O que você acha, Lu? – Em pergunta para mim, sinto o peso do olhar de todos.

Bufo e dou de ombros.

-Tanto faz.. – Sinto ele sorrindo. Olho para ele, pelo canto do olho, e ele está realmente sorrindo, porém, continua olhando para o livro. Elas acabam escolhendo um filme de terror.

[...]

O filme está na metade, e sinceramente, eu ainda não entendi o que tem de assustador nele. Cruzo as pernas e suspiro, entediada. Emma está agarrando levemente o meu braço direito. Sinto Josh me encarando, de novo. Tomo coragem e olho para ele, com a maior cara de paisagem. Ele continua me olhando, e então olha para a minha mão, que está quase encostando na dele, e se volta para o meu rosto novamente. Ele abre um sorrisinho tímido, e eu volto o olhar para a televisão, retirando a mão de perto dele e repousando-a no meu colo. Ele continua me olhando. Dessa vez, não consigo evitar, e sorrio de volta. O que está acontecendo comigo?

Eu realmente não sei o que está acontecendo. Nunca senti nada assim por ninguém. É uma sensação estranha. Parece que essa coisa me tira todo o oxigênio, e isso me irrita, mas.. Me faz sorrir ao mesmo tempo. Não consigo entender o que está acontecendo. Mas.... Josh está me dando nos nervos.

Alice P.O.V.

Estávamos sentadas na seguinte ordem: Sophie, eu, Lucy, Emma, Lu e Josh.

Emma está quase morrendo,.

Sophie está vendo o filme e recebendo 15 mensagens do Mingus por minuto.

Lucy está rindo da cara da Emma.

Eu estou pensando no Charlie, e no porque dele não ter ido hoje.

Lu parece estar entediada e desconfortável com Josh.

E o próprio Josh está alternando entre ler o livro, assistir o filme e olhar para a Lu.

No geral, ninguém ta prestando atenção.

Está tudo numa boa, um silencio completo, até o momento que a Lucy tem a ótima ideia de dar um susto na Emma. E o pior: foi em um momento muito tenso do filme. Emms deu um grito desesperado, que fez Sophie pular, e Lu também. Por milímetros ela não pulou no colo do Josh.

-SUA BOSTA, LUCY! QUE SUSTO! – Emma bate nela, de leve, com a almofada. Elas começam uma guerra de almofadas, e uma delas acerta a Sophie que se junta as duas. Logo depois eu me junto a elas, e uma almofada acerta a Lu, e o impacto a faz quase cair em cima de Josh. Por pouco, porque ele a segura pela cintura.

-Opa... – Lucy fala, segurando a risada. Luiza e Josh se olham, e levantam, nos atacando com cócegas.

-HAHAHAHAHAHAH PARA PARA! – Ouço Lucy gritando com Josh, enquanto Luiza faz cócegas na Emma. Eu e Sophie estamos paradas, rindo da situação. Então, Josh e Lu nos notam. Eles caminham até nós. Fudeu.

Josh começa a me atacar, e eu sinto muitas cócegas. Sophie está berrando com a Lu.

-PARA, JOSH! POR FAVOR PARA! HAHAHAHAAH PARA POR FAVOR, JOSH!

Acabamos fazendo uma “guerra de cócegas”.

22:00 p.m.

Recebo uma mensagem do Chandler:

“Lice, eu e o Andrew estamos chegando, pode ir para fora? Em uns 5 minutos chegamos aí. Beijos,

     – Chan ❤”

-Gente, o Charlie tá quase aqui na frente, eu preciso ir... – Emma fala.

-Também preciso.. O Chandler acabou de mandar mensagem pedindo para eu ir lá pra fora... – Falo.

-Tá bem... Eu levo vocês na porta. – Lucy fala. – Sophie, vem? – Ela fala, e Lu percebe o que ela está fazendo, e mostra o dedo do meio pra ela. Lucy faz um coraçãozinho com as mãos. Descemos as escadas, deixando Luiza e Joshua (Descobrimos que Josh é apelido) sozinhos.

-Tchau, babys... Obrigada por virem! – Lucy fala, nos abraçando.

Abraçamos as duas, e saímos.

Caminho para fora da casa ao lado de Emma. Sentamos na calçada e ficamos lá, em silêncio, por uns segundos.

-Então... Você e o meu irmão estão brigados?

-Não, Emms... Não. É que.. Eu só fiquei magoada porque ele não foi hoje, mas.. Nada de mais. Não quero brigar com ele.

-Ah, porque.. Sabe, eu noto o quão triste você fica quando ele fica com ciúmes demais de você, e... Eu entendo, é chato. Mas você sabe que não é por mal, né?

-Não, eu sei... Só que às vezes é demais pra mim.

-Eu sei, Lice.. E ele sabe também, pelo que me parece... Ele se sente um monstro quando você fica triste por causa dele.

-Ah...

O carro de Charlie para na nossa frente e a janela desce.

-Em, pode entrar, por favor...Eu.. Preciso falar com a Alice.

Ela assente e levanta, deposita um beijo na minha bochecha, e entra no carro. Charlie sai no mesmo momento, e caminha até mim parecendo bravo. Por que diabos ele está bravo Quem deveria estar brava sou eu. Engulo a raiva que nem sabia que estava sentindo e olho para ele, tentando parecer feliz.

-Por que o irmão da Lucy estava te agarrando? – Ele pergunta, com raiva.

-Agarrando? Ele não... – E então lembro do ataque de cócegas. – Ele não estava me agarrando. Estava fazendo cócegas. Algo super normal, que eu odeio. A gente tava brincando, todos nós, inclusive. Por que acha que ele estava te agarrando? – Ele não responde. – Estava nos espionando, Charlie?

-Ele te agarrou, apertou a sua perna, a sua cintura e a sua barriga.

-Porque eu sinto cócegas nesses lugares! Até a Emma fez isso em mim! Olha, não lhe devo explicações. Você deve. – Já estava quase chorando.

-Eu devo? O que eu fiz?!

-TODOS ESTAVAM LÁ, CHARLIE! MENOS VOCÊ! – Começo a chorar. 

-ONDE, ALICE?!

-NA COMPETIÇÃO! VOCÊ DISSE QUE ESTARIA LÁ! ME DEU A SUA PALAVRA! EU PRECISAVA DO SEU APOIO E VOCÊ NÃO FOI! ONDE VOCÊ ESTAVA?!

-NÃO INTERESSA ONDE EU ESTAVA! NÃO INTERESSA O PORQUE DE EU TER DEIXADO DE IR, ALICE! AQUELE CARA ESTAVA TE AGARRANDO, E VOCÊ VEM BRIGAR COMIGO POR CAUSA DE UMA COMPETIÇÃO IDIOTA?!

-ELE NÃO.... Competição idiota?

Acho que foi aí que ele caiu em si. Sua expressão de raiva vira uma mistura de arrependimento e medo. Vejo o carro de Andrew, e dou as costas para Charlie, com lágrimas nos olhos.

-Alice, espera... Desculpa.

O encaro com nojo e caminho até o carro.

-Eu esqueci que era hoje, desculpa!

Limpo as lágrimas e cumprimento Chandler e Andrew dentro do carro.

-Oi! Ahn.. A porta tá aberta?

-Sim, senhora. – Andrew fala e eu entro no carro. Vejo Charlie entrando no carro dele.  -Oi, prazer! Sou o Andrew... – Ele vira para trás e estica mão, aperto a mesma.

-Alice, prazer.

-Andrew: Um dos caras que estavam mais ansiosos para te conhecer, sim ou claro? – Chandler fala, virando para trás. – Você tá bem?

-Hum? To... – Forço um sorriso. – Estava ansioso para me conhecer?

-Só eu e o elenco inteiro. Norman foi o felizardo que te conheceu primeiro. Desde que o Chandler falou que uma garota ia morar na casa dele, todo o mundo lá no set se animou! Ele não contou quem ajudou a montar o quarto?

-Não... Vocês ajudaram a montar o meu quarto?

-Todos nós. – Chandler revira os olhos. – E todos estão ansiosos pra te conhecer... Principalmente o Steven, a Kate e a Lauren... – Dou risada, com vergonha. – Cara, por que não contou pra ela?

-Sei lá, esqueci. Quer dizer, eu nem sabia que ela assistia The Walking Dead quando ela entrou no quarto pela primeira vez. Dai imagina, chega a garota, te tratando como um cara normal, e você vai lá e fala: “Eii, eu faço The Walking Dead. O elenco que me ajudou a montar o quarto.” – Ele faz uma voz engraçada, que faz eu e Andrew rirmos.

As minhas lágrimas continuam rolando pelo meu rosto. Droga. Chandler parece desconfiado. Viro o rosto e encaro o caminho diante da janela. Nós três conversamos durante o caminho inteiro, eu tentei parecer bem durante esse espaço de tempo. Não sei se funcionou.