01/07, Sábado, 16:05 p.m.
Mari entra no quarto e coloca a bolsa com roupas na poltrona ao lado da minha cama.
— Pronta para dar o fora daqui? — Ela pergunta. Sorrio.
Ela me ajuda a levantar e apoio o meu peso na perna boa. Entramos no banheiro e ela me ajuda a tirar a roupa do hospital.
— Precisa de ajuda? — Faço que sim. Ela me ajuda a ficar em pé para eu tomar banho. Desligo o chuveiro.
— Depois eu tomo um banho de verdade em casa. — Ela assente e me dá a toalha.
Ela me ajuda a vestir a roupa e saímos do quarto. Logo de cara vejo Chandler e o meu pai conversando com o médico. Chandler é o primeiro a me ver. Ele sorri e caminha na minha direção. Meu pai vem um pouco depois.
— Pronta para ir? — Chandler pergunta. Seu sorriso é tão convidativo que quase o beijo. Se o meu pai não estivesse ali, eu o beijaria. Olho nos olhos dele.
— Uhum. — Desvio o olhar e ele se afasta um pouco. — Você sabe quanto tempo vai demorar para eu andar normalmente?
— Um tempinho ainda, filha. — Meu pai responde. Solto um longo suspiro ao pensar que dependerei de muita gente até me recuperar.
[...]
Deixo a água morna correr pela minha cabeça e chegar até as costas. Espalho o shampoo pelos meus cabelos com os olhos fechados. Tomar banho sentada em uma cadeira é mais cansativo que parece. Tiro o shampoo do cabelo e passo condicionador.
Como será que vai ser agora? Será que, agora que aquele homem está morto, tudo volta ao normal? Como vai ser na escola? Caminhar pelos corredores com várias pessoas me observando com pena enquanto ando apoiada em Chandler vai ser fácil? Tiro o condicionador dos cabelos e chamo Mari. Ela me entrega uma toalha e me ajuda a levantar em questão de segundos.
Visto uma camisola e sento a cama. Meu pai entra para me ajudar a trocar o curativo. Depois que eles saem, para voltar para o hotel, Chandler entra. Deitamos na minha cama. Depois de um longo silencio, falo:
— Será que os pesadelos vão parar?? — Ele olha para mim. — Agora que acabou?
— Acho que sim. Não se preocupe muito com isso, — ele fala, passando a mão pelo meu cabelo — descanse.
Sorrio e dou um selinho nele.
10/07, Segunda-Feira, 16:03 p.m.
Me olho no espelho do closet. Suspiro. Essa é, de longe, a pior de todas as minhas cicatrizes. Passo a mão pelo local onde a bala me atingiu, e então nos meus joelhos, e depois pelos meus pulsos. Solto outro longo suspiro. E então sinto alguém atrás de mim. Olho para o espelho. Chandler. Ele me abraça por trás.
— Eu acho que essa cicatriz te deixou ainda mais linda... — Ele sussurra. Faço que não.
— Não precisa mentir para fazer com que eu me sinta melhor, Chandler.
— Mas eu não estou mentindo. — Ele me puxa para mais perto dele. — Eu realmente acho que ela te deixou mais bonita... Não pela cicatriz em si, mas sim pelo significado que ela carrega. Ela prova que alguém tentou te derrubar, e você aguentou. Ela prova o quão forte você é. E força é beleza. — Viro-me para ele. Ele coloca as mãos no meu pescoço e me puxa para perto dele. — Não precisa se preocupar com isso, Lice. Você é linda de qualquer jeito. — Sorrio e o beijo. Antes que eu perceba, as minhas pernas estão enroscadas na cintura dele e ele me carrega até a minha cama. Ele senta comigo em seu colo. O beijo continua, lento e doce. Tenho a impressão de que agora é o momento. Desabotoo a sua camisa e ele para.
— Você tem certeza sobre isso? — Ele pergunta. Faço que sim.
E então, tiro a sua camisa e a jogo longe. Ele tira a minha blusa do pijama delicadamente. Seus lábios depositam um beijo delicado no meu pescoço. Sinto seus lábios formarem uma trilha até o meu ombro. Suas mãos correm pelas minhas costas. Viro as posições para que eu consiga tirar a sua calça. Ele arranca o meu short do pijama, e assim, me encontro somente de calcinha e sutiã, e ele, somente de cueca. Deito a cabeça no travesseiro. Ele beija os meus lábios e passa para o meu pescoço, sem desviar o olhar dos meus olhos. Meu corpo responde rápido aos seus movimentos. Suas mãos estão firmes no meu quadril, enquanto as minhas passeiam pelas costas dele. Ouço um ruído vindo do andar de baixo. Ele para ao perceber a minha tensão.
— Relaxa, não é ninguém... Os meus pais vão voltar amanhã de manhã e o seu pai não tem a chave de casa. — E então me lembro, Gina e Will foram até Denver. — E Gray não vem pra casa hoje. Temos até as 18h sozinhos. — Mari, Lauren e Kate vem me visitar 18:30.
Mudo as posições e fico em cima dele.
— Farley, estou tentando controlar a minha natureza de garoto com os hormônios a flor da pele. Você está me deixando meio nervoso...
— O que? Nunca me teve tão perto com essa pouca quantidade de roupas? — Mordo o lábio inferior. — Estou tirando a sua concentração? — Mordo o lóbulo da orelha dele e passo para o pescoço distribuindo leves beijos e alguns cupões. Ele me faz a mesma coisa. Eu tenho para mim que a tarde vai ser bem interessante.
[...]
— Você... Lembra quais foram os seus motivos? — Chandler pergunta. Estou com a cabeça apoiada no peito dele, e o mesmo acaricia o meu ombro.
— Bem, eu não me lembro claramente, mas sei que em algum momento analisei os motivos pelos quais valem a pena morrer, e os motivos pelos quais valem a pena viver... Não me lembro quais foram os meus, mas sei que uma boa parte deles tinha a ver com você... Você, Mari, os meus pais, Kate, o elenco... As pessoas que conheci aqui, as pessoas que tenho no Brasil.... Vale a pena viver a vida para ter você, para tê-los perto de mim de novo.
Ele me beija.
[...]
Saio do chuveiro com a toalha enrolada no corpo. Visto um pijama novo e sento na cama. Começo a pensar na tarde de hoje. Três pessoas entram no meu quarto e eu levo o meu olhar a elas.
— Oh, querida... — Lauren fala, ao perceber que estou olhando para a cicatriz um pouco acima do meu joelho.
— O médico disse que ela pode diminuir, mas não sumir... Eu vou olhar para ela todos os dias, preciso me acostumar com ela... E.... Talvez, se eu me esforçar de verdade, talvez acabe gostando dela... Do mesmo jeito que gosto dessas agora... — Passo a ponta dos dedos pelas cicatrizes nos meus pulsos.
— Não está tão ruim quanto você pensa, mas se for te fazer sentir melhor, consigo dar um jeito de esconder...
— Não, Lauren... Obrigada, mas não... Chandler está certo... Essa cicatriz me prova o quão forte eu sou. Sabe, um homem atirou em mim, e eu estou bem... Acho que concordo com ele, eu não devo esconder isso.
— É, Sis... Não esquenta com isso. “As melhores pessoas sempre carregam uma cicatriz”, lembra? — Mari fala, se referindo a uma frase de “A Escolha”, o terceiro livro da série de livros “A Seleção” da Kiera Cass. Sorrio, e lagrimas molham as minhas bochechas. A abraço.
Kate apoia a cabeça no meu ombro.
— Eu tenho orgulho de você, Lice. Tenho mesmo.
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