Mesmo tendo mentalizado “as duas opções são boas” durante o curto espaço de tempo, suspiro aliviada ao olhar para um sinal de menos azul no lugar do resultado. Negativo, ufa.
Levanto e encaro o meu reflexo no espelho. Não sei porque fiquei tão preocupada, sempre usamos camisinha. Fazer o que, o psicológico é o pior inimigo que temos. Lavo o rosto e escovo os meus dentes. No momento em que saio do banheiro, Chandler levanta da cama. Sei o que aquele olhar significa: preocupação.
― Não. ― Respondo a pergunta que sei que está louco para fazer. Ele suspira, é um alivio para nós dois. ― Desculpa por toda essa minha paranoia, mas... Eu fiquei assustada.
― Tudo bem, amor. ― Ele me abraça. ― Agora, se arrume. Vamos almoçar com o pessoal e depois temos que ir para o Greater Philadelphia Expo Center antes das 15h....
― Tudo bem. ― Dou-lhe um beijinho e caminho até a cama. Tomei banho quando acordei, então não vejo necessidade em tomar de novo. Visto uma calça jeans verde, uma blusa de manga comprida e um colete jeans, calço um par de botas. Faço uma maquiagem bem simples e sento na cama, esperando Chandler. Desbloqueio o meu celular, e então me dei conta de que não abri o twitter desde ontem de manhã.
As minhas notificações estouraram ontem com vários desejos de feliz aniversário. Nossa, que antipática, eu nem agradeci. Curto alguns tweets de aniversario que eu achei fofinhos, tem uns vídeos muito amorzinhos que fizeram usando os vídeos que os meus amigos publicam de mim, principalmente de vídeos meus cantando que é normalmente o Chandler quem posta. Posto:
“Muito obrigada por todos os desejos de feliz aniversário!! Vocês são incríveis e moram no meu coração! ❤”
Um vídeo em especial me chama a atenção; uma fã gravou o Chandler me pedindo em namoro ontem, e postou.
“@ChandlerRiggsBR: Como a maioria sabe, Alice Farley, namorada de Chandler, fez aniversário ontem, e o Chan decidiu fazer uma surpresa para o seu aniversário: pedi-la em namoro! Aqui está o vídeo do pedido mais fofo que vocês verão hoje!”
Assisto o vídeo, e dou risada de tão feliz que fico por alguém ter realmente gravado.
“@AliceFarley: Agradecendo infinitamente a quem gravou isso ❤”
Algumas pessoas curtem imediatamente, e então uma notificação do Snapchat chega: “aa Sis s2 enviou-lhe um snap”. Abro instantaneamente. “Sis tenho que te contar uma coisa, vai no whatsapp quando puder”
A chamo no momento em que termino de ler a mensagem.
~Alice Farley: Oii, Sis! Que aconteceu?
~ Judith do meu Carl✨: Ai, Sis nem te conto! Adivinha quem me chamou para sair?
~Alice Farley: Quem? O Dudu?
Dudu, na verdade Eduardo, é um garoto que estudava comigo desde o terceiro ano, e até onde eu sabia, ele tinha uma “pequena” quedinha pela Mari. Como sei disso? Ele me contava. Ele começou a sentar na minha frente no sexto ano, porque a professora de filosofia achou que eu, a Mari e o Theo falávamos demais quando estávamos juntos. Bobagem, obvio. Então, ela decidiu colocar um em cada canto. E, me colocou atrás do garoto que menos falava na sala, o Dudu. Aí está o problema para os professores: Alice Farley conversa com todo o mundo! É, isso aí! Toma essa, Dolores Duarte. Enfim, eu fiz amizade com o Dudu, e ele me contava que tinha uma quedinha pela Mari desde o quinto ano.
~Judith do meu Carl✨: Não (?)
~Judith do meu Carl✨: Eu nem falo com ele direito
~Judith do meu Carl✨: Tá, tá
~Judith do meu Carl✨: O THEO!! DA PARA ACREDITAR?
Dou um gritinho de felicidade e surpresa, e sorrio ao pensar nesses dois juntos.
~Alice Farley: TA DE BRINCADEIRA?!
~Alice Farley: MEU DEUS QUE LEGAL!! QUANDO?
~Judith do meu Carl✨: HOJE! ELE ME CONVIDOU PARA IR NO CINEMA!
~Alice Farley: MEU DEUSS, AMIGA TO MUITO FELIZ POR TI! ME CONTA TUDO!!
~Alice Farley: preciso almoçar agora e depois vou pra Walker Stalker, mas de noite eu te chamo, ok? Beijoss boa sorte!
Bloqueio a tela do celular e Chandler, já pronto, para de frente pra mim. Dou um pulo de felicidade e dou risadas animadas.
P.O.V. Mari
Deslizo os dedos pelas roupas no guarda-roupa. Visto uma saia jeans branca, uma blusa vermelha e prendo o meu cabelo em um rabo de cavalo baixo. Calço um par de botas, faço uma maquiagem leve, já que não curto muito maquiagem, e pego o meu celular. Coloco algumas roupas dentro de uma mochila, o meu carregador e sento na cama. Meu corpo todo treme de nervosismo. Por anos, eu gostei dele em silencio, e agora... Só de imaginar que...
Não, Mariana. Não se iluda desse jeito, ele pode te querer como amiga.
Algumas horas antes...
O meu celular vibra repentinamente, seguido por um toque continuo, sinalizando uma ligação. Ignoro até parar de tocar, não estou afim de atender. Desvio o olhar do caderno repleto de anotações para a tela do telefone quando para.
“Theo ― Uma chamada perdida”
― Tá de brincadeira. ― Murmuro para mim mesma. ― Puta que pariu, Mariana. Você é muito burra.
Ligo de volta, ele atende no segundo toque.
― Oi! Desculpa, eu tava estudando e não vi o telefone tocar.
― Tudo bem... ― Só de ouvir a voz rouca dele já fico nervosa.
― Então, que foi?
― Bom, eu... Eu estava aqui estudando pra prova de semana que vem, e eu pensei... Ah, deixa pra lá.
― Agora fala. ― Peço, passando a mao pelo cabelo.
― Bom, eu queria saber... Se caso eu te chamasse para ir no cinema agora, você aceitaria?
Ai. Meu. Deus.
― Humm, quando? ― Me faço de indiferente. Mesmo que eu esteja surtando, consigo agir naturalmente. Graças a Deus, senão eu já teria entregado o jogo de bandeja.
― Hoje. Tem uma sessão as 18:30. Você quer? ― Jesus, Maria e José.
― Pode ser. A gente se ve no shopping?
― Eu posso passar para te buscar.
― Theo, você não tem carteira de motorista.
― Será mesmo?
― Tem?
― É falsa, mas tenho.
― Hum, melhor não arriscar. ― Dou risada.
― Eu juro que sei dirigir.
― Tudo bem. Vou confiar, viu?
― Ótimo. Te vejo as 17:30, pode ser?
― Isso seria ótimo.
― Ok, beijos.
― Beijos. ― Desligo o telefone.
Pulo da cadeira e solto um gritinho extremamente histérico.
P.O.V. Alice
14:50 p.m.
Entramos no centro de eventos e em menos de vinte minutos, eu e Norman estamos caminhando e entregando pizza para o pessoal da fila, assim como ontem.
P.O.V. Mari
Sexta-Feira, 22/04, 15:00 p.m.
Daqui uma hora Theo vai passar aqui para me buscar; eu, ele, Duda e um outro garoto que não conheço vamos para a casa de praia dele para passar o final de semana. Visto uma calça jeans, um top e calço um par de tênis. Ouço a buzina do carro dele. Saio de casa rápido. Jogo a mochila pelo ombro e desço as escadas. A ponta da trança feita com pressa bate contra a minha clavícula a medida que eu desço as escadas. Tranco a porta da frente e caminho até o carro. Ele abre a porta para mim, e eu entro. Theo tira os óculos de sol e sorri para mim.
― E aí? Pronta?
― Sim.
― Ótimo. ― Ele sorri.
[...]
Ele estaciona e dá a volta no carro para abrir a porta para mim. A casa é grande e as paredes são brancas, o jardim é extenso e repleto de flores. Ele abre a porta, dando visão a uma casa extremamente linda. Não é pra menos, a mãe dele é arquiteta. A decoração da casa é baseada em tons claros. O sofá enorme tem um tom castanho (puxado para o cappuccino), as cortinas que dão para o jardim de trás são em um tom creme. A mesa de jantar é grande e é feita de madeira de demolição. Há uma belíssima palmeira no canto da sala. É tudo tão bonito, a energia do lugar é tão leve que fico impressionada. Algo peludo encosta na minha perna; olho para baixo, é um gato.
― Ah, Bigodes! Aí está você! ― Theo abaixa para acariciar o gato.
―Não sabia que você tinha um gato. ― Abaixo e acaricio o gatinho atrás das orelhas. Ele ronrona.
― Achei que não gostasse.
― Hein? ― Dou risadas. ― Eu tenho uma gata.
Ele sorri.
― Que bom. É reconfortante saber disso.
― Por quê?
― Hum, nada... ― Ele desvia o olhar. ― Bem, vamos... Vou te mostrar o seu quarto. ― Murmuro um “Okay” e o sigo até o tal quarto. Ele abre a porta, e é lindo. Meu queixo cai.
O quarto tem as suas paredes revestidas em um papel de parede creme; uma cama descansa no canto do quarto. Há um pequeno armário no outro canto, e um espelho grande está apoiado na parede. Uma rajada de vento bagunça a cortina, dando visão ao lado de fora; cujo dá direto na praia.
― É lindo. ― Comento, contemplando o lugar. Viro-me para ele, que está apoiado na parede. Ele abre um sorriso que me faz congelar.
― Vou contar para a minha mãe que você gostou, ela vai ficar feliz da vida. Vai te amar ainda mais.
Ai, meu Deus.
― A sua mãe me ama?
― Sim. As vezes chega a ser irritante. “A Mari é tão querida”, “Ah, como eu adoro aquela menina...”, “Como é bonita aquela sua amiga, a Mari...” ― Caio na gargalhada. ― É sério, ela realmente fala isso.
― É bom saber que ela gosta de mim.
― É difícil achar alguém que não goste. ― Coro violentamente ao ouvir isso.
A campainha toca; graças a Deus, porque eu fiquei completamente sem resposta.
[...]
― Então, já que todos já conhecem a casa, que tal irmos para a praia? Esse calor já ta começando a me gastar a paciência. ― Theo sugere. Concordamos.
Vou até o meu quarto junto com a Duda, que vai dividir o quarto comigo, e lá pego os meus óculos de sol, protetor solar. Visto um short jeans, um top preto, calço um par de sandálias, e pego o meu celular. Solto a trança malfeita e eu e Duda saímos do quarto. Sinto o olhar de Theo pousar em mim. Cruzo os braços por vergonha.
―Vamos?
Pegamos cadeira de sol e vamos até a praia, que fica a menos de 50 passos de distancia da casa.
[...]
― Já está tarde, devíamos ir... Eu to ficando com frio. ― Falo para Theo. Duda e o garoto que descobri que se chama Guilherme já voltaram para casa.
― É que... ― Ele faz uma pausa breve. ― Eu prometi para mim mesmo que não iria embora até fazer uma coisa...
― E o que é?
― Hum... Posso te contar uma coisa? ― Faço que sim. ― Não vai me julgar?
― Não, claro que não.
― Bem, eu meio que gosto de uma garota... ― Doeu.
― E?
― E, eu queria saber... Como posso contar para ela?
― Pega ela de surpresa. ― Me esforço para não chorar. ― Faz ela....
Sou interrompida por um beijo. Sinto as mãos dele na minha cintura. Retribuo o beijo, mesmo que tenha sido realmente pega de surpresa. E então percebo: Pega de surpresa.
Quando o beijo acaba, o encaro com um sorriso enorme no rosto.
― Eu?
― Você não tinha notado?
― Notado o quê?
― Eu vivo te olhando, todos os dias, por muito tempo, há tipo... Uns dois anos.
― Hein? Por que nunca contou para mim??
― Porque obviamente, você tinha chances com coisa melhor.
― Quê? Theo, eu estou afim de você desde o sexto ano.
― Mas.... Mas e o Bruno?
― Theo, será que não entende? ― Sorrio. Passo a mao pelo seu cabelo, que está envolto por uma bandana, que o deixa extremamente bonito. ― Bruno era só um nome que eu e a Alice te demos secretamente, para que pudéssemos falar sobre você na sua frente sem que percebesse.
― Então... "Bruno" sou eu? ― Ele sorri. Faço que sim. Ele me beija mais uma vez.
E então, finalmente em seus braços, me sinto quente novamente.
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