História Stone Angel - Talvez.

(POV) Daniel

 Estava no salão principal, apenas fitando aquela pichação na parede que antes era perfeitamente limpa. Olhei para a escada e vi Well alí conversando com Thomás e a menina que conheci mais cedo, decidi me aproximar. 

 - Então, vamos mostrar o orfanato pra ela! – Well falou sorridente. 

 - Posso ir junto? – Perguntei enquanto me aproximava mais, fazendo todos virarem e me encararem. 

 - Não. – Well rosnou, olhando com indiferença pra mim. Me senti mal e, novamente, culpado. 

 - Claro que pode, quanto mais melhor. – Andy falou me olhando com um sorriso. Sorri de volta agradecendo sua simpatia. 

 - Well, você está doente, lembra? – Ouvi Thomás dizer olhando para o menino pálido a minha frente. 

 - Mas eu estou melhor, olha. – Falou pegando a mão de Thomás e colocando em sua testa. Confesso que tive um ataque de ciúmes por dentro, mas por fora eu estava sem expressão. 

 - Não, você está a mesma coisa de antes, isso se não estiver pior. – Falou Thomás puxando Well para a escada, mas o mesmo não queria subir. 

 - Eu não vou subir e ficar sem fazer nada naquele quarto. – Falou Well com um bico emburrado. Ele era tão fofo. 

 - Nem se eu ficar lá com você? – Perguntou Thomás, com um sorriso enorme em seu rosto. 

 - Eu posso e vou ficar com ele, aliás o colega de quarto sou eu. – Falei e todos voltaram seus olhares para mim, surpresos talvez?! 

 - Ele não quer ficar com você, Daniel. – Falou Thomás olhando para mim debochado, eu também o olhava, só que com certeza, com raiva nos olhos. 

 - Ninguém te perguntou porra nenhuma Thomás. – Falei com raiva, com meus punhos já contraídos. 

 - Parem de ser infantis. – Falou Well com raiva, olhando pra mim. – Você não tem o direito de exigir alguma coisa depois de como me tratou essa semana inteira. – Falou olhando em meus olhos, logo depois olhando para Thomás. – E você, não é meu namorado, posso falar por mim mesmo. 

 Depois que acabou de falar, subiu as escadas e disse que não queria como companhia nem eu e nem Thomás. Ele realmente estava machucado e a culpa era inteiramente minha, eu sou um idiota e tenho que resolver isso. E eu vou. 

                               _ 

 (POV) Well

 Não acredito que Thomás e Daniel brigaram pra ver quem viria me fazer companhia, eles são tão crianções. Thomás é tão legal comigo, sempre foi mesmo depois de tudo o que passamos. Daniel foi tão legal quando chegou também, mas logo depois começou a me ignorar e me machucou tanto. Eu não me entendo, porque o mais sensato era eu me apaixonar novamente por Thomás, mas eu não consigo, insisto em gostar do que não me faz bem. Daniel é um idiota e eu quero esquece-lo, mas como? Meus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta do quarto. 

 - Se não for o Thomás nem o Daniel, pode entrar. – Falei com meu rosto enterrado no travesseiro. 

 - É o Alex. – Falou entrando e rindo do que eu falei. – Quer conversar? 

 - Sobre? – Perguntei ainda com o rosto contra o travesseiro. Queria muito conversar e pedir conselhos a Alex, uma vez que ele era o melhor conselheiro de todos. 

 - Você sabe, levanta vai. – Pediu se sentando na ponta da cama. 

 - Eu estou apavorado Alex. – Falei me levantando e fitando o garoto de olhos verdes. – Thomás me faz tão bem. 

 - E o que há de errado nisso? – Perguntou me olhando com sua expressão de compreensão. 

 - Nada, o errado sou eu. Eu gosto do Daniel. – Falei e abaixei minha cabeça. 

 - Eu sei, todos sabem. – Falou erguendo minha cabeça pra cima de novo. – Você deve dar uma chance pra ele, ele está confuso sobre seus sentimentos. Tente entender, você também já passou por isso com Thomás. Você deve mostrar que mesmo que ele esteja confuso, você sempre vai estar ao lado dele, como amigo ou mais que isso. 

 - Mas e o Thomás? – Perguntei, afinal ele era importante pra mim e eu não queria ferir seus sentimentos. 

 - O Thomás é alguém que você já amou, alguém que você tem um respeito muito grande, talvez você esteja confundindo isso com amor de verdade. – Falou olhando nos meus olhos. 

 - Você acha que tem como amar duas pessoas ao mesmo tempo? – Perguntei o olhando, esperava que a resposta fosse não, seria bem mais fácil. 

 - Sim, você pode amar os dois, mas só pode se apaixonar por um. – Falou como se já tivesse passado por isso. Talvez ele esteja certo, mas então, por quem eu estou apaixonado? 

 - Como vou saber por quem estou apaixonado? – Perguntei, eu estava aflito e sem saber o que fazer naquela situação. 

 - Não sei. – Admitiu. – Talvez você já saiba e talvez não queira aceitar. 

 - Talvez. – Falei e me deitei. Eu estava cansado, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Eu sabia por quem estava apaixonado e realmente eu não queria aceitar.  

- Vou deixar você descansar agora. – Falou se levantando da cama. 

 - Obrigada por me ouvir. – Agradeci com o meu melhor sorriso no rosto, ele sempre foi um bom amigo pra mim. 

- Não precisa agradecer. Você quer que eu chame alguém? – Perguntou com um sorriso no rosto. Eu tinha certeza de que ele queria que eu dissesse "sim", aliás, eu também queria. Decidi que agora eu iria me abrir, se for pra me magoar, que seja por ter tentado e não pelo contrário. 

 - Sim.

                              _ 

 (POV) Daniel

 Eu estava aflito por não poder ir atrás de Well, mas eu entendia que ele precisava do seu tempo e eu estava disposto e dar o tempo que ele quisesse. Depois que ele subiu, eu fiquei conversando com Andy, Thomás e Rick que também havia se juntado a nós. Estávamos jogando conversa fora quando vi Alex descendo as escadas. 

 - Well quer falar com você. – Alex disse se dirigindo ao Thomás. Quando iria me sentir mal por ter sido deixado de lado por Well, me surpreendi com o que Alex falou em seguida. – E com você também, Daniel. 

 - Nós dois? – Perguntou Thomás o olhando confuso. Eu não perdi tempo e fui em disparada ao encontro de Well, queria ver ele, pedir perdão pelo que eu tinha feito e tudo o mais. Quando cheguei perto do quarto, abri a porta e encontrei ele alí, deitado em sua cama, ele estava doente e frágil, era a minha chance de falar e ele iria escutar. 

 - Well?! – Chamei e ele logo se virou pra mim, seu nariz vermelho por conta da gripe era extremamente fofo. 

 - Daniel?! – Falou se levantando e sorrindo. Aquele sorriso.. era meu ponto fraco. Eu fiquei tão feliz por ele ter me recebido bem desta vez, que poderia pular de alegria. 

 - Está tudo bem? – Perguntei chegando mais perto e me sentando na ponta de sua cama. 

 - Ah, apenas uma gripe, febre. – Espirrou. – Nada demais. – Falou e nós dois gargalhamos. 

 - Espero que melhore logo, a aula fica chata sem você por perto. – Falei sorrindo e o olhando nos olhos. 

 - Prometo que vou melhorar logo. – Falou sorrindo de volta, também olhando nos meus olhos. 

 - Me desculpa pelo jeito como tratei você essa semana. – Falei e logo abaixei a cabeça, estava envergonhado e triste por ter machucado ele esse tempo todo. 

 - Ei, tá tudo bem, não precisa se desculpar. – Falou passando a mão em meu rosto e puxando meu queixo pra cima para voltar a olhar em seus olhos. – Você estava confuso, eu entendo, vamos esquecer isso?

 - Claro, vamos. – Falei sorrindo, apenas apreciando seu toque em meu rosto. Eu queria beija-lo, mas Thomás entrou no quarto logo depois, chamando a atenção de Well. 

 - Well, tá tudo bem? – Perguntou preocupado enquanto se aproximava. 

 - Tá, tudo está bem. – Falou sorrindo intercalando seu olhar de mim para Thomás. – Como sei que vocês tem aula agora, estava pensando em depois da aula nós três assistirmos um filme. 

 - Ah, pode ser. – Falou Thomás, com um sorriso de ponta á ponta. 

 - Acho uma boa ideia. – Falei sorrindo junto a eles. Seria legal, como da última vez.

 - Então está combinado. – Falou com animação. – Agora vão, se não podem perder a aula. 

 - Ok, vamos sim. – Falou Thomás se levantando e eu logo fiz o mesmo.

 Enquanto estávamos saindo, olhei pra trás e vi Well se deitando. Meu coração se apertou, então eu voltei e dei um beijo em sua testa, o fazendo olhar confuso e surpreso pra mim. 

 - Tchau Well, melhoras. – Falei e fui correndo pra fora do quarto. Me senti tão bem em deixar meu coração comandar minhas ações, faria isso mais vezes.

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 (POV) Thomás

 Quando desci, vi Rick e Andy ainda conversando, faltavam uns 5 minutos para a aula começar, então fui já entrando e me sentando. Hoje teríamos aula de artes e o professor era uma graça. Depois de um tempo vi Daniel entrando e caminhando até mim, logo se sentando na carteira ao meu lado. 

 - Posso sentar aqui? – Perguntou e eu apenas assenti. – Hoje tem aula de que mesmo?

 - Artes. – Falei sem o olhar. 

 - O quê? Temos Artes aqui? – Perguntou animado. Me surpreendi com seu entusiasmo. 

 - Sim, semana passada o professor tinha faltado, então é por isso que você nunca teve. – Falei, agora o olhando. 

 - Que ótimo, eu amo desenhar. – Falou e eu novamente me surpreendi. Não tinha a mínima ideia de que ele gostava disso. 

 - Posso ver alguns desenhos seus? – Perguntei curioso. Será que são bons? 

 - Eu não tenho nenhum aqui, mas depois eu deixo você ver. – Falou sorrindo e eu assenti. Depois da aula começar, o professor disse que era para desenharmos uma paisagem que transmitisse uma mensagem, porém sem usar palavras e nem letras. Pensei que seria difícil para todos, mas estava enganado. Daniel desenhava muito bem, quase como um profissional. 

 - Você realmente desenha muito bem. – Falei olhando para seu desenho. Era uma praia e passava harmonia e paz. 

 - Obrigado Thom. – Falou sorrindo, sem tirar seus olhos de seu desenho. 

 Depois de longas horas, quando a aula enfim terminou eu me levantei e fui em direção ao meu quarto, precisava de um banho demorado e depois ainda ia encontrar Well e Daniel para assistirmos seja lá qual for o filme. 

                               _ 

 (POV) Daniel

 Quando a aula terminou eu fui em direção ao meu quarto pra pegar uma roupa e ir tomar um banho, estava muito cansado. Quando cheguei vi Well dormindo, não quis acorda-lo então apenas peguei uma roupa e quando estava prestes a sair ouvi ele me chamar. 

 - Daniel. – Chamou manhoso me fazendo virar em sua direção. Ele ainda não tinha aberto seus olhos direito, estava todo sonolento, muito fofo. 

 - Oi meu amor. – Falei e logo o vi com seus olhos arregalados e uma expressão de surpresa em seu rosto. 

 - Você me chamou de "amor"? – Perguntou risonho e eu corei na mesma hora, o fazendo abrir mais seu sorriso. Eu juro que nem percebi que tinha saído essa palavra da minha boca.

 - Não, eu não falei. – Tentei o convencer mas foi em vão. Eu já tinha dito aquela palavra bem alto e em bom som. 

 - Chamou sim. – Falou se sentando, logo depois fazendo sinal para eu me sentar também e eu assim o fiz. – Não fique tímido, é comigo que está falando. 

 - Eu sei, amor. – Falei e ele logo deu o sorriso mais lindo do mundo, aquele que eu nunca resisto. Eu gostava de chamar ele de amor, era como se ele fosse meu e aquilo apenas servisse como uma prova disso. Eu estou apaixonado por ele e isso é bom, não é como eu pensava, eu realmente estou feliz.