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História Storm - Dramione - No silêncio selado.


Escrita por: raveenaa

Notas do Autor


ei bebes, boa leitura ❤
❌ Cuidado, Daniel está te observando ❌ 👇

Capítulo 8 - No silêncio selado.


Fanfic / Fanfiction Storm - Dramione - No silêncio selado.

No coração humano tem tesouros ocultos.
No segredo mantido, no silêncio selado...
Os pensamentos, as esperanças, os sonhos, os prazeres..
Cujo charme se romperia se revelado.
- Charlotte Brontë, Evening Solace



Hermione



Eu nem sei por onde começar.

Estou sentada em meu quarto, o quarto em que fiquei hospedada por três semanas durante o treinamento na casa de Sirius, sentada no escuro, esforçando-me para conciliar tudo o que acabou de acontecer à algumas horas atrás.

Harry raptado, Malfoy raptado.

Duas pessoas diferentes. Dois conjuntos de decisões muito diferentes.

Duas vidas muito diferentes.

É como se o tempo em que fiquei na base dos Malfoy tivesse sido como uma névoa e só agora consigo pensar claramente.

Daniel Greengrass está do nosso lado. Do lado de Dumbledore. Da A.D.

Isso pode ser tão aterrorizante quanto icônico. Conheço-o a seis anos e nunca, em hipótese alguma, passaria por minha sabia cabecinha que ele estaria disposto a se vingar do Lorde Morto. Talvez seja uma armadilha na qual Daniel esteja infiltrado para obter informações para seu Lorde. Mas se fosse, se ele fosse uma ameaça, por que Dumbledore o aceitaria de bom grado? 

Nunca confiei em Daniel. Não será agora que irei. 

Já considerei todas as possibilidades do que pode estar, ocasionalmente, acontecendo com Harry. Sabe se lá onde ele está. Sabe se lá onde Lucius Malfoy o levou. 

Ron, que veio me ver mais cedo e estava com um olhar cansado e aparentemente, com muita raiva, me informou que Harry foi pego durante o intervalo de uma aula para a outra, ninguém viu quem e quando. Mas tudo indica que Lucius o tenha levado, até mesmo Malfoy confirmou que o pai tinha planos para rapta-lo. Ron disse também que é bem provável que Lucius o tenha levado para a Sede.

A Sede que não consegui chegar perto. A missão que não participei e que se, tivesse participado, poderíamos estar nos dirigindo até lá agora para resgatar Harry.

Faltou tempo.

Harry, cujo menino sempre esteve comigo. Doce e corajoso Harry, meu coração dói só de pensar na possibilidade de que talvez nunca mais o verei novamente ou que talvez quebrem ele tão tão profundamente que não há mais concerto.

Penso nas semanas em que fiquei na base, em Isaac: tímido e inteligente. Mare: astuta, brava e sincera. Lívia: doce e tão esperta quanto Isaac. Kaz: forte, corajoso e indecente. As pessoas que convivi por três semanas e que não pareciam fazer a menor idéia no que estavam se metendo. 

Gostaria tanto que as coisas fossem diferentes, não que eu me importe muito com a situação deles, porque, apesar de tudo, deve ter sido escolha dos mesmos lutar pelo monstro cujo destruirá todos que se oporem a ele. Mesmo que essas quatro pessoas tenham tornado minha passagem pela Base mais leve e tenham sido companheiros durante esse tempo, não muda quem eles são. E por quem lutam.





Após um banho quente onde tiro todos os resíduos restantes de Evangeline, olho para o espelho à minha frente. Olhos escuros me observam. A regata branca, calça jeans preta e jaqueta de couro preta, fazendo contraste com a pele pálida devido a falta de sol no subsolo e o cabelo castanho molhado já formando cachinhos preso em um coque. Estou parecendo um corvo com essa roupa escura. Observo meu corpo com atenção. 1.65m, relativamente magra, e completamente diferente da garota prateada. Senti falta de mim mesma.

De volta às origens, também sentirei falta de Evangeline. 

Ainda sinto receio de jogar o traje que ganhei durante a estadia nos Malfoy, portanto, guardo-o em uma gaveta. Não que eu vá precisar, claro, porque Evangeline era pelo menos 10cm maior que eu, Hermione.

Era.

Ouço um toc toc repetitivo na porta. 

- Hermione! – Grita Gina. – Vamos lá alteza, temos que conversar!

Suspirando, me afasto do espelho e abro a porta. 

- Já disse para não me chamar de altez...

Sou interrompida por um loirinha que me abraça com força.

- Sentimos sua falta, Mione. – Diz Luna, me apertando. 

Sorrio entre os cabelos loiros, definitivamente, isso foi o que mais senti falta.

- Senti saudades de vocês também, muita. – Digo, após Luna se afastar para analisar meu rosto.

Neville sorri brilhante e Gina continua demandando que eu conte tudo o que aconteceu.

Suspiro enquanto eles me arrastam para a cozinha de Sirius onde estão quade todos os integrantes da A.D.

- Hermione. – Cumprimenta Dumbledore, sorrindo e sereno.

- Olá. – Retribuo, acenando para ninguém em especial.

Sento ao lado de Ron e Gina e pego um pãozinho.

Sorrio olhando para o grupo.

- Alguma novidade sobre o paradeiro de Harry? – Pergunto, depois franzo a testa. – Onde está Daniel?

- Está conversando com Draco. – Responde Dumbledore, vendo minha expressão, ele acrescenta. – Ele está fazendo isso a meu pedido, Daniel não é uma ameaça, Hermione.

Estreito os olhos.

Eu zombaria dessas palavras se não tivessem sido ditas por Dumbledore.

- Então vocês confiam nele? – Pergunto.

Apesar de gostar de Daniel e termos passado bons bocados juntos, ele ainda é um comensal.

- Não. – Resmunga Ron, soltando um palavrão. – Nem no chefe dele que está trancado em um quarto no corredor que você acabou de sair.

Malfoy. Ele está falando de Malfoy.

- E o que iremos fazer com ele? Com Daniel? – Mudo de assunto, olhando ao redor. – Até onde sei ele ainda é um comensal e vamos simplesmente deixar ele ficar aqui? Sabendo de tudo o que está acontecendo e do que estamos planejando?

Os outros se recostam na cadeira, claramente tão desconfortáveis quanto eu em relação a Danie.

- E o que você sujere, alteza? – Diz Gina em um tom ácido e estou surpresa por esse comportamento repentino de defender Daniel. – Que expulsamos ele daqui para ir direto até Lucius? Levando a nossa barganha? Você sabe melhor do que todos nós que ele não deixaria Malfoy conosco se fizermos isso.

- Ginevra! – Repreende Moly.

- E o que você sujere, alteza– Retruco. – Que deixamos ele aqui para descobrir todos os nossos planos e do mesmo jeito ir até Você-Sabe-Quem contar tudo? 

- Como você pode ter tanta certeza em relação a lealdade dele, Mione? – Responde ela, amarga. – Talvez a sua.  – Ela para e sorri. – Não vale a pena discutir isso com você

Solto uma risada ríspida.

- Ó não, por favor, eu faço questão de que você termine o que ia falar. – Ela levanta a cabeça, os olhos presos nos meus. – Vamos, você nunca foi de medir palavras, Gina. Não seja agora. 

Ela curva os lábios.

- Talvez a sua lealdade esteja comprometida, alteza– Gina inclina a cabeça. – Ou já esqueceu de tudo o que passou com eles? Talvez você esteja duvidando de si mesma e acuse Greengrass de traição só para se sentir melhor. – Ela senta ereta, me encarando com insistência. – Você não o deu nem tempo de se explicar e já está o acusando! Talvez devêssemos desconfiar de você.

O silêncio que se seguiu foi tão denso que poderia ser cortado com uma faca. 

Depois de tudo o que eu tinha passado, em tão pouco tempo, eu não sabia como lidar com mais aquilo.

Faço uma careta, fecho os olhos e tento olhar para dentro – na direção de qualquer canto escuro que eu possa encontrar. Me encontrar.

Havia muitos. Mas só ouvi aquelas três palavras insinuadas por Gina ecoando contra o latejar constante de traidora, traidora, traidora

Quando começo a sentir tranquilidade e minha respiração começa a se normalizar..

- Não vou negar que aprecio muito duas garotas brigando por mim. Mas, aqui não é hora nem lugar para isso, não é meninas? – Fala Daniel com escárnio, saindo do corredor. – Talvez depois vocês possam fazer isso enquanto estivermos a sós em meu quart..

- Cala a boca. – Gina rosna, encarando-o.

Minha máscara de tranquilidade está no lugar novamente. 

- Então, vai se juntar a nós ou tem planos de admirar seus músculos no espelho? – Pergunto, sorrindo.

Daniel me da um sorrisinho e Ron lança um olhar furioso em minha direção.

Daniel dá dois tapinhas em meu ombro. Lavanto o olhar.

- Ceder o lugar para as visitas faz parte da educação básica, querida. – ele sussura.

Não estou certa se ouvi bem.

A idéia da faca posicionada ao lado do prato ir parar direto no belíssimo olho esquerdo de Daniel nunca me pareceu tão tentadora.

Em vez disso, me levanto, sorrio incrédula e observo Daniel sentar na cadeira que eu estava a poucos segundos atrás.

Quando olho ao redor, vejo Ron fulminando Greengrass. Jorge e Fred olhando-o maravilhados. Dumbledore e Luna escondendo um sorriso e os outros olhando de mim para Daniel, como se fôssemos atrações de um circo que desconhecem. Gina está com o rosto tão vermelho que poderia explodir.

Vejo que o lugar ao lado de Ron está desocupado e cutuco seu ombro. 

- Você pode.. por favor.. ir.. – Digo, indicando a cadeira ao lado.

Ron parece confuso por um momento, quando finalmente entende, se arrasta para a cadeira ao lado.

Desconfortável, sorrio sem graça, sento na cadeira de Ron e enfio um bolinho na boca.

Uma cena patética, constrangedora e completamente desnecessária.

Daniel geralmente costuma causar esse efeito.

Belisco seu braço sobre a mesa e a sensação de vê-lo disfarçar uma careta de dor é satisfatória.

- Isso– ele sussura ao meu lado. – Não faz parte da educação básica, querida. 





- Conseguiu algo? – Pergunta Gina, quebrando o silêncio que se seguiu após Daniel sentar.

Ele direciona o olhar do pãozinho que estava comendo para Gina que está ao seu lado.

Todas as oito pessoas sentadas na grande mesa de Sirius o observam desconfiados. Alguns visivelmente incomodados e desconfortáveis com a presença de Daniel.

- Com Draco? – ele pergunta e volta a mastigar o pão.

Daniel não parece se importar com a situação. Nem com possíveis rejeições das pessoas ao seu redor.

Ele se comporta como se fôssemos indiferentes.

Nem amigos. Nem inimigos.

Ninguém importante. Ninguém relevante o suficiente para que o faça se sentir ameaçado.

Ou é loucamente insano. Ou realmente não vê perigo nenhum nas pessoas a sua volta, nem mesmo em Dumbledore.

- De quem mais seria? – Retruca Gina, revirando os olhos.

- Nada. – Ele diz olhando para Dumbledore. – Aliás, não foi muito inteligente da sua parte deixar uma cadeira no quarto que ele está. Eu poderia ter ficado cego, ou talvez perdido a audição.

Engasgo com o bolinho.

- Foi tão ruim assim? – Pergunto.

- Ah, você sabe. Provavelmente ele não deve estar acostumado com traições, principalmente do seu melhor amigo. – Ele suspira e se recosta na cadeira. – Nem com amigos virando inimigos.

- O que conseguiu extrair dele? – Sirius vai direto ao ponto.

- Algumas ofensas, ele também fez questão de jogar na minha cara todas as besteiras que já fiz. – Greengrass coloca o cotovelo na mesa e acomoda seu rosto na mão, ele observa Sirius enquanto fala. – Recebi algumas ameaças e por pouco tive a visão afetada. – Ele sorri, divertido. Cretino. – Já disse que não conseguirei tirar nada de Draco, ele está magoado comigo, e com muita, muita raiva.

- E onde está a mãe do garoto? Narciza? – Sirius pergunta.

- Não sabemos. Não sabemos o paradeiro e não temos notícias dela a dez anos. Ninguém sabe onde ela está, se está viva. Isso nem Draco pode nos informar. Alguns dizem que está com Lucius na Sede ajudando a governar, outros dizem que está morta. Ela é um fantasma no mundo bruxo. – Daniel finaliza, dando de ombros.

Interessante.

- Mais uma carta na manga que Lucius possuí. – Digo, suspirando.

- Talvez.

- E como iremos entrar em contato com Lucius? – Ron pergunta. 

- Isso eu resolvo, ainda tenho contatos na Base, eles vão fazer questão em me relatar para Lucius, afim de ganhar algum crédito com o mesmo. – Ele ri com escárnio. – Tolos.

- Você não era tão querido lá, afinal. – Digo, observando Daniel.

Ele ri.

- Os melhores geralmente levam uma bagagem de inimigos consigo. 

Ele olha agora para Dumbledore.

- Precisamos que ele diga onde é a Sede de Lucius. Ele sabe. O único que sabe. – Daniel passa a mão pelo rosto. – Lucius se certificou de que ninguém saiba o paradeiro desse maldito lugar, ele fez Draco jurar que nunca contaria nada para ninguém, e ele não contou. Nem para mim.

Bufo.

- Não contou porque não confiava em você, simples. Pelo jeito ele estava certo, não é? Judas. – Falo, com um veneno silencioso em cada palavra.

A risada de Daniel sai amarga. Ele me ignora e volta a falar com Dumbledore.

- Aliás, pensou em minha oferta? – ele pergunta, com uma suavidade incomum.

- Que oferta? – Ron resmunga, lançando-o um olhar de desprezo.

Daniel encara Rony.

- É para Granger, Weasley.

Olho para Dumbledore, esperançosa. Meu coração começa a acelerar com a expectativa.

- Você foi muito corajosa durante o tempo que ficou envolta daquelas pessoas, Hermione. – Dumbledore diz, sereno.

Eu sorrio enquanto luto para engolir o elogio e presumo que ele acabou, mas Daniel interrompe.

- É, Granger. Estamos tão impressionados que eu disse a Dumbledore para lhe oferecer outra tarefa. Sabemos o quão bem você lida com elas.

- Está interessada? – Pergunta Dumbledore.

Eu digo sim, sim, sim, é claro que eu estou interessada, estou definitivamente interessada, muito, muito interessante por, enfim, ter algo para fazer, para ajudar Harry, algo a realizar e Daniel diz:

- Ó que bom, ficamos bem felizes em ouvir isso. Porque não consigo pensar em ninguém mais adequado para essa posição em especial do que você, princesa. – Ele espeta um pedaço de torta e enfia na boca, me olhando com um sorriso preguiçoso no rosto pálido. 

Eu sorrio.

O sol e a lua e as estrelas me chamam e dizem "feche o sorriso, idiota, está ficando difícil, para nós, ver", e eu não ouvi, apenas continuo sorrindo. E, peço a Dumbledore detalhes sobre a minha tarefa. Aquela perfeita para mim.

E ele conta.

- Eu gostaria que a senhora ficasse encarregada de cuidar do nosso.. visitante.. e interrogá-lo. Juntamente com Daniel.

E eu paro de sorrir.

Encaro Daniel, que ri – um som curto e frio – a balança a cabeça.

Canalha.

- É claro que vamos supervisionar todo o processo. – Dumbledore continua. – Assim, sinta-se a vontade para me fazer perguntas e falar de suas preocupações. Mas precisamos tirar vantagens da presença dele aqui, e isso significa tentar fazê-lo falar.

Ele fica quieto por um instante.

- Daniel disse que ele.. parece ter um estranho tipo de apego a você, Hermione, e, desculpe-me, mas acho que seria conveniente explorarmos isso. Acho que não podemos nos dar o luxo de ignorar qualquer vantagem possível que apareça. Qualquer coisa que ele possa nos contar sobre os planos do pai ou onde pode estar realmente Harry terá valor incalculável para nossas missões. E não temos muito tempo. – Ele diz. – Temo que a senhora precise começar já.

E eu peço ao mundo para se abrir, eu digo: mundo, por favor, abra, porque eu adoraria cair em um rio de magma e morrer, só um pouquinho, mas o mundo não pode me escutar porque Dumbledore ainda continua falando e diz:

- Talvez você possa convencê-lo a ter bom senso? Dizer a ele que não queremos machucá-lo? Convencê-lo a nos ajudar a recuperar Harry. Sei que isso é muito difícil e que a senhora já deve ter passado por muita coisa, mas, não temos pessoas próximas a Malfoy nesse momento que possa nos ajudar. Apenas a senhora e Daniel, e ele, infelizmente, não teve progresso algum até agora. Talvez você consiga algo.

Eu digo "ó", eu digo é claro, "ele está em algum tipo de cela? Atrás das grades ou algo assim?".

No entanto Ron retruca "quem se importa?" e Dumbledore apenas ri, achando graça em minha repentina e inesperada hilaridade e diz "Não seja tola Hermione, não temos nada assim aqui. Sirius não pensou que algum dia teria que manter alguém preso nessa casa. E nunca faríamos isso. Mas, sim, ele está em seu próprio quarto, e, sim, a porta está trancada. Até o momento, ele ainda continua apreensivo e agressivo, portanto, quem entra naquele quarto, fica atrás de uma barreira que eu mesmo lancei para que Draco não os machuque.

E foi engraçado, porque lá está: um balde de gelo, por toda a minha cabeça, pingando, vazando, entrando em meus ossos, e, na verdade, não, não era nem um pouco engraçado, porque tive de dizer: "Sim, é claro. Eu aceito a tarefa, por Harry."

Dumbledore fica tão aliviado, como se tivesse mergulhado em uma piscina quente que tinha certeza de que estaria congelada.

- E se Hermione conseguir tirar algo de Malfoy, como saberemos que é verdade? Por que ele iria querer prejudicar o pai? – Questiona Gina, amarrando o lindo cabelo ruivo em um coque no topo da cabeça.

Conhece-te a ti mesmo, disse Pitágoras. Mas ele era um homem de números e não se pode contar com eles. Sun Tzu nos diz: Conhece teus inimigos. E bom, eu tive tempo suficiente para conhecer os meus.

- Está nos chamando de mentirosos? – Daniel sorri, dando de ombros enquanto observa todo o processo das mãos de Gina. – Não sabemos. Não levem em consideração o sentimento que Draco nutre por Lucius, ele o despreza, com toda razão.

Estreito os olhos. Gina me olha rapidamente antes de desviar.

Ela não perde uma.

- Ó sim, perdoe Gina pelo erro. Esquecemos que vocês comensais não mentem. São muito orgulhosos para isso, afinal. – Falo, irônica.

- Não se engane, princesa. Para alcançar nossos objetivos podemos fazer de tudo, inclusive mentir. – Ele retruca, no mesmo tom irônico. – Mas sim, somos dotados de algum orgulho, afinal.

- Orgulho? – despreza Sirius. – Alguns chamariam isso de arrogância. Arrogância e avareza, e desejo do poder.

- Draco é sem dúvida arrogante. – Responde Daniel. – O Lorde Morto é a alma da avareza, e o querido Lucius deseja o poder em cada momento que passa acordado. Eu, no entanto, sou inocente como um cordeirinho. Devo balir agora? – E sorri.

- Poupe nossos adoráveis ouvidos de suas bobagens, Daniel. – Repreende Gina.

Sorrio.

- Imagino então que o sentimento que Lucius nutre por Malfoy é recíproco?

- Talvez seja. Lucius nunca demonstrou muito afinco pelo filho, na verdade nunca mostrou afeto por ninguém. Mas ele ainda vê algo em Draco, algo que talvez salve seu amigo.

- Ou não. – Respondo, amarga.

- Não seja ingrata. Você terá bastante tempo para debater isso com Draquinho. Talvez depois que tudo isso acabar você tenha tempo suficiente para agradecer.

- Cretino. – Sussurro.

E, agora, aqui estou, sentada, ignorando as vozes de Gina dizendo "Por que é sempre ela que fica encarregada das partes mais legais nessa droga ?" Ou de Ron dizendo que a idéia de eu estar próximo de Malfoy é inadmissível e que não me deixará fazer tamanha burrice, ou até mesmo de Molly, Fred e Jorge conversando a respeito dos perigos que irei correr, ou do ridículo risinho maldoso de Daniel.

Estou aqui, começando a me perguntar. 

EM QUE DIABOS

EU FUI ME METER.




Antes de Daniel sair da sala em que todos estávamos, seguro seu braço.

- Ainda não confio em você. Não entendo o motivo pelo qual está aqui, mas eu juro, juro que se estiver armando algo, misericórdia vai ser a última coisa que irei pensar quando estiver cuidando de você. – Sussuro, dura.

Todos já se retiraram da sala, Daniel e eu fomos os últimos a terminar o jantar. Fiz questão de espera-lo.

A risada de Daniel sai amargamente suave.

- E por que não confia em mim, princesa? – Pergunta em um tom afiado.

- Não ouse jogar comigo Daniel, as regras aqui são outras. Você não gostará do resultado. – Eu falo, o mais calmamente possível.

Um sorriso breve, de deboche.

- Isso não é um jogo, princesa. 

- Eu sei, mas se fosse, eu ganharia. Não use seus joguinhos comigo Daniel, e não ouse ferir essas pessoas. Será a sua sentença de destruição se o fizer.

- Já acabou? Estou cansado. Sabe, talvez não seja Draco o único arrogante desse lugar, afinal.

Sorrio sarcástica.

- Não confio em você por um único motivo: somos parecidos.

Ele faz uma careta de desdém, observando meu rosto.

- Então não julgue-se tão duramente. – Ele sussura próximo ao meu ouvido. – Sabe, você é bem ingrata, eu poderia ter te delatado a Draco no momento em que chegamos na Base depois do ocorrido com Mark, mas eu não o fiz. Eu esperei e analisei. Eu estava começando a gostar de você, princesa. Não me decepcione.

Eu o empurro, encarando-o com nojo.

- Não se preocupe, não tenho nenhum interesse por você. – ele ridiculariza, afiado e mordaz. – Gosto de garotas boas, e você não é nem um pouco. Você é egoísta e má.

Surpresa com seu pronunciamento, começo a me defender.

- Não sou...

- Não me entenda mal, princesa. Gosto disso. Significa que podemos ser amigos algum dia.

- E por que diabos eu ia querer ser sua amiga?

Ele puxa o braço que eu ainda segurava, com um sorriso de estranho contentamento.

- Porque sou tão egoísta e tão mau quanto você.




- Não dance muito na ponta dos pés. – Disse Daniel a Gina quatro dias depois, enquanto passávamos a habitual tarde morna no ringue de treino no jardim de Sirius. – Pés plantados, adagas em punho. Olhos nos meus. Se eu tivesse em um campo de batalha, estaria morta com aquele movimento.

Rio com escárnio enquanto limpo minhas unhas com uma faca em uma espreguiçadeira.

Cretino. 

Há dias eles estão nessa. Gina, que não perde tempo, pediu a Daniel que a ensinasse a lutar. Disse que seria útil e convenceu seus pais e irmãos a deixarem. Dumbledore disse que não teria problema nenhum. Eles deixaram.

Agora, todos os dias a tarde eles treinam até suas roupas ficarem ensopadas de suor. E todos os dias estou aqui, observando.

Mas o real motivo não é que estou com medo que Daniel faça mal a Gina. Nem que estou desconfiada o suficiente para supervisiona-lo. Talvez seja um pouco, mas não inteiramente.

Ainda não confio completamente em Daniel. Uma vez comensal, sempr comensal. Mas não acho que ele seja tolo o suficiente para fazer algo contra um de nós, especialmente com Gina, por quem mostrou real interesse. Ugh.

E também nesses últimos quatro dias que se passaram ele se mostrou muito útil. Tanto para Dumbledore quanto para nós. Ajudou nos planos e agora está treinando alguns de nós, inclusive eu. Além de suas visitas a Malfoy.

Malfoy.

Ainda não tive coragem suficiente para dar o primeiro passo na missão que Dumbledore me designou. E Daniel sabe muito bem disso.

- Ela ouviu nas dez vezes que você falou, Daniel.

- Continue falando, Granger, e vou arrastá-la para o ringue e ver o quanto realmente tem praticado.

Apenas continuo limpando minhas unhas e tento afastar esses malditos pensamentos que rondam minha mente e estão me deixando louca.

- Me toque, Daniel, e vou arrancar sua parte preferida. Por menor que seja.

Daniel solta um grunhido cruel.

Mas Fred desce as escadas e nos interrompe.

Ele olha para as adagas nas mãos de Gina, para os corpos suados dos dois e por fim, para mim. 

- Desculpe interromper quando as coisas ficavam interessantes.

- Felizmente, para as bolas de Daniel. – Digo, me aninhando na espreguiçadeira.

Daniel solta um grunhido fraco em minha direção.

Fred sorri e olha para Gina, que está apoiando as mãos nos joelhos, recuperando o fôlego.

- Mamãe quer falar com você.

Enquanto os dois se retiram, Daniel caminha em minha direção.

- Não pensei que fosse do seu feitio se esconder e se acovardar. 

- Não sei do que está falando. – Digo, fechando os olhos e me concentrando somente em minha respiração.

- Sabe sim. – Ele diz. – Talvez eu não seja tão mau e egoísta quanto você, afinal. Se fosse meu melhor amigo que estivesse nas mãos do inimigo eu faria de tudo para salva-lo.

Abro os olhos e observo seu rosto, a luz do sol fazendo com que seus olhos pareçam mais absurdamente verdes.

- Não seja hipócrita. Seu melhor amigo está preso com os inimigos e você não está fazendo nada pelo que estou vendo. E além de tudo, você o traiu, coisa que eu jamais faria com Harry. – Digo, fechando os olhos novamente. 

- Talvez sejamos mesmo muito parecidos. – Ele responde irônico, dando de ombros. – E tem certeza de que não o traiu? Ou preciso refrescar sua memória sobre o beijo que deu em Draco?

Meu calcanhar de Aquiles.

- Quieto. – Resmungo.

- Escuta, sei que deve ser difícil lidar com toda essa situação, mas eu preciso da sua ajuda. Draco não quer ceder nenhuma informação que precisamos, ele está resoluto e muito magoado comigo. Eu preciso que você tente. – Ele diz, sentando na beirada da espreguiçadeira.

Abro os olhos e olho para ele.

Daniel parece cansado. As olheiras embaixo dos lindos olhos verdes evidenciam as noites mal dormidas. Eles também estão vermelhos.

A camiseta preta está amassada e suada e seu cabelo preto como carvão está desgrenhado, como um ninho de passarinho. 

- Eu sei.. – Suspiro. – Eu só preciso..

- De tempo? – Ele interrompe dando uma risadinha cética. – A única coisa que não temos, princesa. Olha, Draco não é um monstro de sete cabeças que você imagina, você viu isso durante as semanas que conviveu conosco. Ele simplesmente... não tem escolha. Faça-o ceder. Estamos perdendo tempo. O tempo de Potter está acabando, precisamos tentar algo. Você não entende? Draco não vai te matar, você viu com seus próprios olhos que ele apenas faz o que faz porquê foi ensinado assim... Por que continua a julga-lo tão duramente? Custa muito você apenas.. tentar?

- Foi isso que ele fez comigo durante seis anos, lembra? O que vocês fizeram. – digo, me recostando de novo na espreguiçadeira.

- Eu sempre achei que fosse a mais esperta de nós, Granger. – Ele fala, desapontado. – Mas parece que você não faz idéia do que está fazendo. – Engulo em seco, sentindo um nó na garganta. – Isso tudo é uma vingança para você? Essa demora trata-se da porra de uma vingança egoísta? Não seja infantil. Não seja tola, Granger. Faça isso pelo Potter! – Ele parece irritado agora, seu rosto está corado de raiva e ele parece muito, muito bravo. – A vida de pessoas está em jogo se não fizermos nada. Pare de ser infantil. Pare de se martirizar pelo que você fez! Foi só um beijo, pelo amor dos Deuses! Só faça o que tem que fazer, como todos nós estamos fazendo. Isso não é uma brincadeira, Granger, muito menos um jogo no qual você escolhe quando agir.

E foi como se ele tivesse me dado um tapa na cara. Obrigo meu cérebro a procurar uma resposta.

- Quem é você para me dizer o que fazer, Daniel? Todos estamos com problemas aqui! Só me dê a porra de um tempo antes de ter que fazer isso, deixe-me resolver os meus problemas! – Rosno, irritada com a atitude dele. Daniel, apesar de tudo, está conseguindo extrair alguns detalhes de Malfoy, Dumbledore disse que me daria tempo suficiente para digerir tudo o que está acontecendo. Eu só estou usando-o. Não é como se eu fosse conseguir algo de Malfoy, ele nunca, jamais, ajudaria Harry e a mim.

- Problemas? – ele levanta e solta uma risada curta e amarga. – Até onde eu vejo, você tem comida no estômago e roupas no corpo e um lugar para fazer xixi em paz quando der vontade. Não são problemas. Isso é viver como um rei. E eu gostaria muito se você crescesse e parasse de andar por aí como se o mundo tivesse cagado no seu único rolo de papel higiênico. Porque é idiota. É idiota e ingrato. Pare de descontar suas frustrações nas pessoas que se importam com você! Sei que as semanas que você ficou isolada com todas as pessoas que te matariam se soubessem quem você é, deve ter sido difícil, mas você não faz idéia do que todo o restante do mundo bruxo está passando agora. É muito pior do que você passou durante aquelas semanas! Você não faz idéia. E não parece se importar nem um pouco também. Faça o que tem que fazer! Pelo seu amigo, porra! Ajude-o. Talvez não dê certo, talvez Draco não fale nada, mas e se der? E se ele nos ajudar? Tem mais coisas no mundo acontecendo do que apenas você e seus sentimentos, Granger. O que você está sentindo te assusta? Ótimo! Lide com eles ou engula-os. Mas faça alguma coisa! Pare de sentar no escuro contando todos os seus sentimentos e sobre sua tristeza e solidão. Acorde. Você não é a única pessoa no mundo que não quer sair da cama pela manhã. Você pode ser o que quiser. Assim, faça uma escolha. Faça uma escolha e pare de desperdiçar o tempo de todo mundo. Pare de desperdiçar o seu tempo. Ou seu orgulho será a sua ruína, a nossa ruína, princesa.




E simples assim, quatro horas depois, estou parada em frente ao quarto de Malfoy, com Daniel ao meu lado.

- Tem certeza de que não está com vontade de fazer xixi? – Pergunto.

Estamos parados, lado a lado, olhando para a porta a nossa frente.

- Não, não quero. Nem adianta pedir. – Ele responde, emitindo um estalo com a língua.

- Ah qual é. Eu mesma faria se pudesse, mas sendo menina não dá.

- Eu sei. Tão injusta, essa vida. Mesmo assim, não vou fazer xixi no meu melhor amigo por você. 

- Ingrato. – Resmungo, contrariada. – Tenho certeza de que se eu entrasse ali com um balão de xixi ele não ousaria de aproximar 5cm de mim. 

- Ah. – Daniel finge pensar no assunto por cerca de um segundo e meio. Não.

Bufo.

- Que seja. Mas ele bem que merecia.

- Você está hesitando. Apenas entre. – Ele diz, tentando soar gentil.

Se não fosse pela situação que estou prestes a passar, eu zombaria dele.

Preparo-me e dou um passo a frente. 

Há dois bruxos que nunca vi antes de guarda do lado de fora da porta de Malfoy. Isso não quer dizer muito, mas me dá uma gota de calma. Aceno com a cabeça para cumprimentar os guardas e eles me cumprimentam com tanto entusiasmo que chego a pensar se me confundiram com outra pessoa.

- Muito obrigado por ter vindo. – Um deles diz para mim, com os cabelos loiros, longos e desarrumados caindo nos olhos. – Hoje ele está totalmente instável desde que acordou, está jogando coisas pelo quarto e tentando destruir as paredes... Está ameaçando nos matar, todos nós. Diz que não quer falar com ninguém e só se acalmou porque dissemos que você estava vindo.

O antônimo de excelente.

Eu consigo abrir um sorriso fraco e digo que verei o que posso fazer para acalma-lo. Eles acenam com a cabeça e destrancam a porta.

Daniel se aproxima e aperta meu ombro, tentando me confortar.

- Algum conselho? – Sussurro, ele me observa com aqueles olhos absurdamente verdes.

- Não demore muito lá dentro, princesa. Sabe como ele é, pode convencer alguém a pular de um penhasco se a pessoa o ouvir por tempo suficiente.

Bufo.

- Bata na porta para nos avisar quando estiver pronta para sair. – Os guardas me dizem. – Chame por nós e abriremos a porta.

- Estarei bem aqui. – Daniel sussurra perto do meu ouvido. – Esperando por você.

Estou balançando a cabeça, sim é claro e com certeza, e tentando ignorar nó de medo em meu estômago.

Ficar sozinha com ele e não saber o que ele pode fazer ou do que ele é capaz e estou muito confusa, porque nem sei mais quem ele é.

Ele é 100 pessoas diferentes.

Ele é a pessoa que me humilhou por seis anos. Ele fez tudo para prejudicar meus amigos. Ele é a pessoa gentil que me ensinou como manusear uma espada. Ele é filho de Lucius Malfoy; ele é o garoto treinado para ser um assassino frio e sem coração treinado pelo homem que achava que podia confiar. Uma criança que busca desesperadamente a aprovação do pai. Eu o vejo como o líder de um setor inteiro, ansioso para conquistar o que quiser. Eu sinto-o me beijar com tanta intensidade que não sei, não sei, não sei no que estou me metendo.

Não sei quem diabos ele será desta vez. Que lado seu me mostrará hoje.

Mas, depois, penso que agora deve ser diferente. Porque ele está no meu território agora, e está em desvantagem.

Ele não vai me machucar.

Eu espero.




Eu entro.

A porta fecha fazendo barulho, mas o Malfoy que encontro dentro desse quarto não é um que eu consiga reconhecer. Ele está sentado no chão, com as costas contra a parede, as pernas dobradas na altura do peito e os braços apoiados sobre os joelhos. Não está usando nada além de meias, uma camiseta branca simples e um calça preta. Seu casaco, seus sapatos e camisa chiques estão jogados no chão. Seu corpo é tonificado e musculoso e mal fica contido sob sua camiseta de baixo; os cabelos são uma bagunça branca, desgrenhados provavelmente pela primeira vez na vida.

No entanto, ele nem levanta o olhar quando dou um passo a frente. Não se retrai.

Esqueci, de novo, como se respira.

E, então...

- Por que demorou tanto – ele diz, com a voz muito baixa. amor



Notas Finais


eai? comentem o que acharam pls 💚 até a próxima bbss


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