História Story of my life - Sua presença

Capítulo 2

Eram 05h40min da manhã, Adam – seu pai – “invadiu” o quarto de Tris, já que a porta ficava aberta todos os dias com certa frequência. Assim que entrou acendeu as luzes e desligou o ventilador – Tris possuía um ar condicionado em seu quarto, mas raramente usava – Tal ato fez com que o quarto ficasse abafado, estando impossível de continuar dormindo.

Levantou-se de seu amontoado de lençóis presente na noite passada, estava triste até para pensar em arruma-lo, mesmo sabendo que levaria bronca de sua mãe depois.

Assim que fechou a porta do quarto para começar a se arrumar, ouviu gritos vindo do andar de baixo, já sabia do que se tratava – outra discursão de seus pais sobre reformas na casa – antes descia para tentar ajudar, mas com o passar do tempo viu que isso não adiantava, então escolheu ficar em seu quarto ignorando a briga, por mais que isso a irritasse.

Lentamente começou a se despir, olhou fixamente para a roupa na qual estava vestindo, sabia que possuía vários pijamas de marcas famosas, mas preferiria se vestir com roupas velhas pelo simples fato de serem mais confortáveis.

Seu uniforme era composto por uma simples blusa sem manga com o logo da cidade em sua lateral, junto a ele uma calça jeans escura. Optava por um all-star preto com um laço pregado em sua lateral, na qual ela mesma tinha customizado. No cabelo, duas tranças nos lados da frente, prendendo-as para trás com uma presilha em forma de morango. Mesmo com o uniforme não abandonava seu estilo fofo e recatado. 

Abriu o guarda – roupa se assustando com a quantidade de vestidos que viera em sua direção, queria apenas pegar um perfume, ainda sem abri-lo o cheiro de chocolate se espalhava entre as frestas do objeto.

Pegou sua bolça lilás e um casaco preto e branco listrado, chutando alguns vestidos, a maioria deles eram avaliados em quantias muito altas, mas nesse momento eram só pedaços de pano costurados.

Ouviu seu despertador tocar, nele marcava-se 06h05min da manhã. Não entendia ao certo o porquê de ainda não ter se livrado dele, sendo que estava em sua companhia desde o 7° ano, sempre com a mesma música, e nunca, nunca se cansava de ouvi-la.

Olhou pela janela, seu pai estava no carro a esperando, como fazia todos os dias de segunda a sexta.

_Já pode descer, seu pai odeia esperar – Olhou para o canto do quarto, lugar onde se localizava a porta, onde Nina -sua mãe- estava encostada com uma vasilha de plástico em sua mão, dentro dela um pedaço de pizza de chocolate com alguns granulados coloridos em volta – A cozinheira mandou te entregar, ela disse que é seu lanche favorito – sua mãe deu uma longa pausa, analisando o quarto de Tris, em especial sua bagunça, tendo consigo uma expressão de nojo e reprovação – Eu não vou receber minhas amigas nesse chiqueiro.

_Meu quarto não faz parte da ala de visitas – Disse com expressão de tedio, pegando o lanche da mão de sua mãe, indo em direção a porta.

_Por isso mesmo que não vou trazer elas aqui! – Grita direcionando seu olhar até Tris, que estava ainda no começo da escada. Segurava forte a maçaneta.

_Cya¹ - Diz fazendo um sinal de “tchau” com sua mão desocupada, não ligando para a fala da mãe. Sua expressão era de completo tédio.

Parou no meio da escada, percebendo o quanto o carpete estava sujo, costumava prestar mais atenção até nos mínimos detalhes de sua casa, estranhando o porquê de não ter percebido isso na noite passada.

Continuou a traçar seu rumo até a porta da frente, quando abriu, deu de cara com seu pai encostado no carro, a olhando de forma furiosa por ter demorado.

_Vamos, entre no carro, não tenho o dia todo – Seu pai disse abrindo a porta da frente do carro, deixando alguns papeis brancos caírem de suas mãos, rapidamente os pegou, sabia de fato que precisaria deles mais tarde.

Tris entra no carro sem dizer nada. Parte do peso de sua bolça estava incomodando suas costas, então a jogou em seu colo para tentar aliviar um pouco da dor. Estava ciente de que não colocou o cinto, mas nesse momento pouco a importava.

_Não sei o porquê de vocês continuarem indo para escola, já é quase natal e as aulas ainda não acabaram – disse seu pai, angustiado, enquanto olhava para a mochila pesada encolhida nos braços de Tris.

 _ Esqueceu-se da greve dos professores? Temos que repor cada segundo de aula por causa deles – Tris comentou, olhando para a paisagem fora da janela do carro. Com uma mão apoiando seu queixo.

_ Arg... Esses professores de escola pública... – Disse demonstrando raiva e negação – Deveríamos te colocar em uma escola particular ano que vem.

_Também acho! - Tris falou elevando um pouco o tom de voz, dando um sorriso tímido. Seu pai sabia o quanto sua filha queria estudar em uma escola particular.

_ Vou pensar no seu caso – Disse com um sorriso.

O resto do caminho foi silencioso, Tris continuou olhando a paisagem, enquanto seu pai prestava atenção no volante. Ela percebeu que começou a serenar assim que sentiu alguns pingos pousarem de leve em seu rosto, não perdeu tempo e fechou o vidro, permanecendo assim até chegar à escola.

_Chegamos – Disse seu pai olhando para a enorme construção.

Sua escola era pequena em altura, sendo que possuía um único andar, porém era grande em extensão, com várias salas e divisórias. Ao seu redor um campo com as mais bonitas e chamativas flores. Sua pintura era composta por tijolos largos e vermelhos, com um telhado ríspido de cor verde.

_Cheguei cedo, como sempre – Falou Tris ao perceber a ausência dos alunos.

_Você sabe que tenho que chegar cedo ao trabalho – Disse seu pai.

_Sei você repete isso todo o santo dia – Concluiu com um sorriso, enquanto descia do carro. Rapidamente correu para sua sala, por causa da chuva se molhou um pouco, mas isso não a impedia de olhar o jardim da frente da escola, era uma cena linda de se ver, e Tris se negava a dispensar a natureza.

Assim que chegou à sala, deixou a mochila em cima de uma bancada ao lado de sua mesa, sentando junto a ela, e lá permaneceu por alguns minutos olhando a chuva.

_Olha só o que o Japão dos anos 40 trouxe para o século XXI – Pronunciou uma voz vinda do fundo da sala, sendo facilmente reconhecível por Tris, sem duvidas era a dona de todo seu sofrimento, Hanna.

Hanna era sempre a 2° aluna a chegar na sala faltando 20 minutos para a aula começar, e sempre dedicava esse tempo para implicar com Tris, que sempre resolvia a ignorar, por mais chato e irritante que fosse.

_Que tal parar de tentar ser tumblr e me emprestar o dever de matemática? – disse Hanna cruzando os braços, com um tom sarcástico em sua voz.

_Por que você não faz? Se esqueceu de que é a aluna mais inteligente da escola? – falou Tris revirando os olhos.

_Tenho coisa melhor para fazer – Hanna falou com um sorriso maléfico, jogando uma borracha em direção á Tris, pegando na grade da janela, por pouco não quebrou o vidro. Tris se assustou com o ato, chegando um pouco para trás.

_Deixe ela em paz Hanna – A voz rouca vinha da porta, Tris olhou distraída e percebeu que se tratava de sua “melhor amiga” Evelyn.

_Deixo – Hanna comentou baixinho, jogando outro pedaço de borracha, dessa vez em Evelyn – Se você me emprestar o dever de matemática.

_Feito – Sem pensar duas vezes, Evelyn tirou o caderno de sua mochila, ameaçando entrega-lo para Hanna – Deixe ela em paz pelo resto do dia.

_...Posso esperar ate outra pessoa chegar – Falou Hanna cruzando os braços mais uma vez, a expressão em seu rosto era de raiva.

_Pode, mas com essa chuva, eu duvido quem alguém mais venha para escola – Evelyn disse com autoridade, dando ênfase em sua ultima frase – Além disso, o temporal da semana passada arrancou parte do telhado de outra sala, por que mais alguém se arriscaria? 

Hanna não disse nada, com a cara fechada, apenas arrancou o caderno da mão de Evelyn, indo em direção a sua mesa. Antes de se sentar olhou para o céu nublado e chuvoso através do vidro, achando que tinha feito uma boa troca.

Tris apenas observou a cena, se encantando com o modo que Evelyn a defendia, já que isso raramente acontecia.

_Vai acabar levando um choque – Falou Evelyn ao se aproximar de Tris – Relâmpagos podem acontecer a qualquer hora do dia, ainda mais estando tão vulnerável.

Tris olha para o céu na mesma hora, observando alguns indícios de luzes em zig-zag, rapidamente se afastou da janela, descendo da bancada onde estava sentada em direção a sua carteira.

_Você fez meu desenho? – Diz Evelyn sentando ao lado de Tris. Percebeu que ela não demonstrava lembrar de quaisquer desenhos, fazendo uma cara de confusa – Aquele da coruja, te pedi faz duas semanas.

Após Evelyn especificar o desenho, Tris logo se lembrou de um rabisco de coruja que havia feito na semana passada.

_Fiz sim – Disse Tris retirando o desenho de dentro de sua mochila, mostrando-o para Evelyn.

_Oh My God, eu adorei! – Gritou pegando o desenho da mão de Tris, seus olhos chegaram a brilhar – Você poderia tatuar uma coruja dessas em mim.

_Me lembra quando eu pegar a maestria – Disse Tris sorrindo, deitando a cabeça em sua mochila.

_impossível pegar mais maestria – Disse Evelyn olhando para o desenho, em seguida para seu braço, imaginando como seria certa tatuagem. 

_Obrigada, Evelyn – Disse Tris com um sorriso tímido. Não sabia reagir a elogios – E obrigado por me defender da Han-

_Eu acabei! – Gritou Hanna interrompendo a fala de Tris, indo em direção as duas garotas para devolver o caderno – A maioria das contas estavam erradas, então eu as corrigi – Diz sorrindo de modo sarcástico, encarando suas unhas com a palma da mão um pouco fechada – No meu caderno, claro.

_Engraçadinha, me devolve agora – Evelyn disse estendendo sua mão, estava segurando o desenho com dois dedos afastados do polegar e indicador, que seriam usados para receber o caderno.

_Hum – Murmurou Hanna, fingindo entregar o caderno para Evelyn que arqueava uma das sobrancelhas a sua espera. Mas como esperado por Tris, Hanna faz o contrario disso, pegando rapidamente o desenho da mão de Evelyn – Um rabisco de coruja? – falou com um olhar irônico para Tris – Aposto que não gastou nem meia hora nisso.

_Você sabe o que significa “deixa-la em paz pelo resto do dia”?

_Ah, por favor, o combinado deixou de ser valido – Disse Hanna sorrindo com um canto da boca.

_Desde quando?! – Diz Evelyn, se levantando brutalmente da cadeira.

_Desde agora. A maioria dos seus exercícios estão errados, então não adiantou nada eu ter copiado eles... Apenas serviu de suporte para eu mesma resolvê-los.

Evelyn a olhava com desgosto e irritação, se não fosse por estar em um espaço público com certeza já teria tomada alguma providencia drástica.

_Eu sabia que isso não duraria até o fim do dia... – Tris falou baixinho, mas nem mesmo um sussurro escapou dos ouvidos de Hanna.

_Sinceramente Evelyn, você é uma pessoa incrível – Diz olhando para Evelyn, a mesma não dava importância para sua fala – Só esta andando com a pessoa errada – Hanna lentamente direcionou seu olhar para Tris.

_Não me diga com quem fazer amizade, eu sou a autora da minha própria historia – Diz confiante.

_Que seja – Debochou Hanna saindo de perto das duas, depois de jogar sem qualquer cautela o desenho na mesa de Tris.

_ Que delicada... – Falou Tris, olhando para o desenho agora com um amassado.

_Super – Falou Evelyn em um tom de ironia – Desculpa não conseguir fazer mais nada.

_Você já faz muito por mim – Disse Tris com um sorriso, tentando desamassar o desenho.

_Ei – falou Evelyn sorrindo – Sei que isso não iria te recompensar, mas poderíamos ir naquela Rave hoje!

_De novo essa rave? Não tinha ido ontem? – Falou Tris um pouco emburrada, não gostava da ideia de Evelyn ficar a levando para lugares barulhentos.

_Mesmo com os ingressos eu fui – diz meio cabisbaixa – É chato ter que ir a festa sozinha, você não tem com quem partilhar seus momentos de alegria e loucura.

 _Então quer companhia para beber – Concluiu Tris, levantando suas sobrancelhas.

_ É...quase isso – Disse Evelyn um pouco envergonhada – Vamos, por favor! Faz tempo que eu não saio com você! – implorou.

Tris não escondia seu desgosto por festas, mas não iria deixar Evelyn na mão.

_O que vai ter demais nessa rave? – Falou Tris, fingindo se interessar no assunto.

_ Bebidas, danças, músicas, cores neon... Coisas básicas de uma festa – Disse Evelyn, percebendo que Tris estava perdendo o interesse – E o mais legal, disseram que um cara vai imitar o DJ Marshmellow no palco, eu vi alguns vídeos dele, ele é muito bom.

Tris virou o rosto para a janela, pensando se seria uma boa ideia aceitar o convite.

_ Vamos, eu sei que você adora o DJ Marshmellow – Falou Evelyn, tentando fazer com que a amiga fosse para a festa.

_Certo, eu vou, mas com uma condição – Falou Tris, Evelyn estava quase explodindo de alegria – Vou usar as minhas roupas.

_Ah... – Evelyn reclamou baixinho – Ok, melhor do que nada.

A partir de sua fala, o sinal bateu, fazendo a professora de historia aparecer na sala, e começarem com sua aula normal.