1. Spirit Fanfics >
  2. Madness >
  3. Capítulo 09

História Madness - Capítulo 09


Escrita por: YsBelieber

Notas do Autor


Boa leitura <3

Capítulo 10 - Capítulo 09


Fanfic / Fanfiction Madness - Capítulo 09


    "Isso é mais que algo passageiro." 

Abri os olhos devagar sentindo o carinho de uma mão mais pesada sobre meus cabelos, passeando com os dedos gélidos entre meus fios os tirando do meu rosto. Respirei fundo, pondo a mão sobre a boca ao bocejar e depois coçar os olhos. Quando senti um beijo ser depositado em minha bochecha eu sorri, mexendo-me devagar e abraçando seu corpo.

— Precisamos levantar. — Disse Dylan, chamando minha atenção.

— Que horas são?

— Nove e meia. 

— Eu pedi que me acordasse às sete. — Murmurei.

— Não ia conseguir descansar em menos de duas horas quando cheguei. — Falou. — Precisava dormir um pouco mais. Como se sente? 

Eu fiquei calada, sem responder. Me aproximei mais afundando o rosto em seu peito e fechei os olhos agarrando sua camiseta tendo certeza de que ele estava ao meu lado e me aconchegava em seus braços me protegendo como se nenhum dos meus problemas existissem. Era o que eu mais queria e mais precisava naquele momento: da sua presença. 

— Vamos?

— Preciso tomar banho. 

Bocejei me levantando devagar e cocei os olhos respirando fundo. Fiquei sentada alguns segundos, observando pela luz solar que refletia nas cortinas adentrando o quarto e me dando a oportunidade de perceber os poucos objetos caídos no chão. Havia algumas peças de roupas também caídas como a camiseta de Dylan e minhas peças externas. 

Fui só de roupa íntima para o banheiro mesmo, tomando o meu banho e me secando cuidando das higienes matinais e necessidades. Me vesti enquanto Dylan se arrumava, cuidando da sua aparência. Eu não me sentia nem um pouco disposta para aquele dia, mas sentia que precisava comparecer ao trabalho, senão eu enlouqueceria pensando nas coisas que vivi e relembrava em sonhos. 

Cuidei da ração de Thor deixando limpo o chão da cozinha e arrumei a cama por último antes de me retirar com Dylan, entrando no carro e indo até o departamento. O caminho foi em silêncio, e eu pude sentir a mão do moreno acariciar minha coxa pelo tempo que eu fiquei encarando a paisagem pelo vidro do carro. Suspirei longo, inalando o máximo de oxigênio antes de sair do veículo e entrar no prédio dirigindo-me para o segundo andar onde eu logo me situei com os papéis da minha mesa.

— E a limpeza das águas?

— Estamos terminando. Acredito que até segunda-feira da semana que vem tudo já está mais estabilizado. — Dylan respondeu, e eu assenti preenchendo algumas lacunas no computador para depois imprimir. — Por que me perguntou de Justin?

— Que Justin?

— Justin Hall.

Olhei Dylan. O rapaz estava parado em sua mesa com as mãos cruzadas e encarava-me atento esperando por alguma resposta. Em menos de dez segundos, eu tentei formular a melhor resposta que o fizesse desistir da curiosidade que sentia. 

— Era um rapaz do comitê mesmo, você estava certo. — Disse, enfim. — Estavam falando que ele desviou algum dinheiro, não entendi bem porque peguei o assunto no meio do caminho.

Ele balançou a cabeça, olhando o vazio poucos segundos antes de voltar ao que estava fazendo. Terminei meu serviço levando os papéis para a recepção e logo fui para o restaurante cuidando do meu almoço sem a presença de Dylan. Olhei bem os papéis que eu tinha conseguido com Clare, tentando clarear as ideias e colocá-las em seus devidos lugares. Eu precisava resolver aquilo.

Peguei minhas coisas olhando para o rapaz que cuidava de suas pastas na mesa e me aproximei devagar, tendo certeza de que ele não iria me questionar mais sobre o homem. Me inclinei, pegando seu rosto pela lateral e colando nossos lábios em um beijo intenso, deslizando os dedos pelos seus fios claros e os agarrando com firmeza mantendo nossas bocas coladas por tempo suficiente.

Suas mãos foram para minha nuca, mas uma delas deslizou pelas minhas costas arrepiando-me e encontrando minha bunda onde apertou sem o pânico por sermos flagrados em local de trabalho. Eu precisava daquele beijo, e Dylan correspondia certamente aos desejos que eu tinha no momento.

Me despedi com um selinho, desejando boas aulas para ele e me afastando logo depois indo pegar o ônibus que me levaria até a faculdade. Não passei em casa, perderia mais tempo se o fizesse. Olhei minha grade curricular do dia e notei que haveria apenas uma aula importante, pois o resto seria complementado com palestras de formandos de semestres passados em prol dos TCCs que estavam se aproximando. Bruna ficaria encarregada de pegar as anotações com Ivan, e isso facilitaria para que eu fizesse o trabalho com eles mais tarde.

Esperei por Clare, entregando as minhas coisas para que ela guardasse em seu quarto. Ajudei-a a tirar os materiais da mochila, colocando uma toalha e um par de roupas limpas que eu havia trazido, com os papéis protegidos dentro de uma pasta que era forrada por plástico e lacrada com dois sacos reforçados. Caminhei para fora da faculdade, indo até o carro que Clare dirigiu me levando para o porto de Boston, onde eu trabalhava.

— Está mesmo preparada para isso?

— Estou. — Balancei a cabeça, olhando pela janela o respingar de água. — Só temos essa noite para fazer isso. 

— O que Dylan falou?

— Ele se recusou a me dizer que conhecia Justin Hall. — Suspirei. — Perguntou porque eu queria saber quem ele era, mas inventei uma desculpa qualquer e falei que era alguém do comitê.

— Acha que ele engoliu?

— Sinceramente? Não.

Desci do carro ao chegarmos, andando em passos ligeiros e silenciosos pela estrada de madeira que nos levava ao cais. Clare seguiu-me atenta, verificando que não havia ninguém além de nós duas. Havia dois barcos parados no cais, e o que era maior de todos onde eu coordenava as coisas, não estava. Umedeci os lábios me aproximando da escada que levava à sala de vigilância e respirei fundo, entregando a mochila para Clare.

Despi-me, sentindo a temperatura fria bater em minha pele causando-me alguns arrepios. A morena ajudou-me a guardar as roupas na mochila, e tirou de dentro a pasta escondida dentro dos sacos colocando no pequeno bote inflável, com espaço para somente uma pessoa. Ele era preto, e Clare me ajudou a cobrir o saco com um plástico grudado nas extremidades do bote. 

— Quanto tempo eu tenho?

— Cerca de vinte e quatro horas a partir de agora.

Assenti com a cabeça olhando uma última vez para a água antes de mergulhar fechando os olhos rapidamente quando senti minha pele queimar como se eu tivesse pulado diretamente no fogo. Minha garganta trancou-se, e eu soltei um grito abafado pelo líquido transparente e poluído que no lugar de ondas sonoras soltou bolhas de água com oxigênio dentro, tremendo o ambiente que me rodeava e sufocando em seguida.

Meu corpo se contraiu, e eu precisei me encolher para depois esticar os membros e permitir que toda aquela água salgada penetrasse os poros dilatados do meu corpo. A água entrava por minhas narinas e boca, engasgando-me e sufocando-me até o último segundo que eu pude manter os olhos abertos até que todos os meus órgãos internos fossem preenchidos pelo sal e microplásticos familiares que aos poucos se habituaram ao novo ambiente fazendo-me acostumar com o líquido que insistia em afogar-me por dentro.

Minha pele rasgou-se, e as pernas que aos poucos se debatiam tentando nadar até a superfície agora segundo após segundo se grudaram formando uma cauda dolorosa e apropriada para me locomover. O sangue escorria pelos lados, e alguns peixes que nadavam por perto se assustaram fugindo com a possível ameaça que minha transformação gerou a eles.

Passei os dedos pelo rosto, sentindo minha pele se esticar e se reforçar adaptando-se ao novo lar. Os meus dedos se juntaram, e logo depois se soltaram dessa vez com barbatanas ligando as artérias de um membro ao outro. Minhas unhas cresceram, e eu podia sentir minha respiração se acelerando tentando o mais rápido possível se acostumar ao novo oxigênio gerado pelas plantas submersas. Encarei o fundo que sumia abaixo de mim, soltando um último ruído grave antes de finalmente aceitar o novo lugar onde estava, formando uma ventania de água que finalizou a transformação curando as cicatrizes e aliviando as dores corporais devido ao processo.

Respirei fundo, olhando os raios solares penetrando fracamente a água gelada e logo depois voltando à superfície onde Clare me aguardava. Sua mão segurava um relógio, e a outra abraçava a mochila tendo certeza de que ninguém a roubaria.

— Uma hora a menos.

— Preciso que esteja aqui quando eu voltar.

— Se você voltar. — Disse, e eu levantei minha mão para abraçar seus dedos que se esticaram. — Saberei o que fazer quando o tempo esgotar.

— Muito obrigada, Clare.

Me inclinei, fechando os olhos ao ter nossas testas coladas em sinal de lealdade e respeito. Suspirei algumas vezes, e logo me afastei pegando a corda do bote e afundando dentro da água para carregá-lo por fora nadando em alta velocidade para longe do cais. 

Era prazeroso estar em casa novamente, percebendo o quão as espécies marinhas haviam se reproduzido e crescido pelos dias que eu havia me ausentado. A dor da transformação havia piorado pelos dias que eu fiquei sem contato com a água, e isso era o bastante para deixar alguns hematomas quando eu voltasse à minha forma humana. Puxei mais oxigênio, ganhando forças para voltar a nadar.

Tubarões passaram por mim, e eu precisei parar para descansar um pouco. Olhei por alguns minutos os raios solares penetrando fracamente a água no ambiente onde eu estava, brincando com a corda em minha mão observando distraída as inúmeras espécies passando a todo momento por mim. Havia uma baleia não muito longe dando vida a um filhote que nasceu com pressa para nadar, já se virando e girando várias vezes acostumando-se ao novo lar. 

Sorri de lado com a cena, percebendo o quão maravilhoso eram as criações existentes na natureza.

Olhei para cima novamente, me assustando com o barulho de um barco. Subi devagar expondo apenas meus olhos fora da água e olhei ao redor encontrando o oceano completamente vazio, sem a presença de nenhum navio ou barco. Suspirei, olhando o bote e voltando a afundar nadando em alta velocidade até Maine. Quando cheguei, respirei fundo algumas vezes me aproximando da ponte de madeira abraçada ao bote que eu tinha trazido. Havia dois homens fumando ali perto, e logo que eles saíram eu joguei o bote nas tabuas de madeira certificando-me de que não havia ninguém ali, tomando impulso e pulando nas tabuas respirando ofegante pelos poucos minutos que eu repousei esperando que toda a água do meu corpo secasse e desse entrada em um novo - porém familiar - processo de transformação. 

— Vamos lá.

Me livrei dos vestígios da minha cauda se desfazendo em cinzas e peguei o bote o esvaziando. Sacudi o máximo que consegui tirando a pequena toalha do saco lacrado secando assim o bote e podendo embrulhá-lo novamente para ficar do tamanho da minha mão, guardando na minha bolsa. Sequei-me por completo, me vestindo e pegando o envelope indo até o lado de fora daquele pequeno jardim exposto à água marinha.

Logo eu estaria de volta. 

Observei com atenção onde eu estava, tentando decorar os prédios de referência que eu passava conforme andava rápido, levando em consideração o tempo que eu tinha para descobrir todas as coisas que precisava para voltar para casa em paz. 

Olhei as horas no meu celular, vendo que tinha gastado três horas para chegar em Maine. Ao ligar para Clare, ela demorou cinco toques para me atender, pedindo desculpas por estar conversando com Ivan sobre a faculdade.

— Onde você está?

— No centro. Tem muitos prédios aqui, me sinto perdida. — Ri nervosa, passando pelas pessoas que atravessavam a calçada de pedras. — Como eu vou encontrar o departamento?

— Está com o mapa?

— Sim, mas não está ajudando muito. — Suspirei. — Maine ainda é uma cidade grande, e eu preciso encontrar ainda hoje.

— Olha o endereço no envelope.

Abri o mesmo com certa pressa tirando os papéis grampeados de dentro e observei o endereço por alguns segundos, sem saber ao certo como eu faria para encontrar. O endereço não se referia a um prédio no centro, mas sim a algumas coordenadas dentro do oceano, eu precisava dar um jeito.

Fechei os olhos por poucos segundos, respirando fundo. Me aproximei de uma pessoa desconhecida que vendia alguns lanches em local público e perguntei do nome que aparecia no final das referências, vendo o rapaz explicar-me como eu faria para chegar lá. Pedi que anotasse em um papel para mim e agradeci com um sorriso gentil me afastando. 

— Conseguiu?

— Acho que sim.

Clare continuou na ligação me acompanhando enquanto eu andava rápido pelas ruas iluminadas de Maine, passando por alguns pontos turísticos que eu comentei acerca antes de me desviar a atenção virando a rua na direita e usando um beco com atalho. Os prédios eram antigos, e a construção deles em contraste das pinturas recém-feitas para reformar a cidade davam uma pequena paisagem histórica de Veneza. 

Quando cheguei no departamento, agradeci mentalmente ouvindo Clare comentar sobre a aparência do edifício, me dando a certeza de que estava no local certo. Respirei fundo, olhando o céu escurecer sobre mim enquanto eu criava coragem para entrar no local.

— O que vai dizer na recepção? — Clare perguntou.

Fiquei pensativa por alguns minutos, encarando a porta de vidro fechada com poucas pessoas do lado de dentro andando para os lados com um pouco de pressa. Era cerca de sete horas, e eles estavam se arrumando para ir embora depois do turno acabar.

— Vou perguntar por Justin.

 


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...